The Black Angel escrita por Muitaz


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Demorei para postar mais postei, enfim boa leitura



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    Os anjos não sentem emoções humanas, isso poderia corroer as nossas mentes, e por isso é um enorme erro amar, odiar, sentir basicamente. E quando um anjo se rende a sentimentos, ele é simplesmente expulso. Só um anjo já havia feito isto. Seu nome Lúcifer, ele havia sentido inveja, raiva quis tomar o lugar de Deus, e quase envenenou o pensamento de outros anjos, logo ele foi expulso, desde então é conhecido assim como o lado mal, o negro.

   Havíamos retornado de mais uma batalha, naturalmente nós éramos os vitoriosos. Mas aquilo era um tanto tediante.

   Miguel estava ao meu lado, sua espada na mão, ainda na defensiva. Ele nem sempre fora uma pessoa daquele modo tão... frio. Eu já havia o visto sorrir, mais jovem, compreenda, nós estamos aqui desde que o mundo é mundo, os arcanjos sempre estiveram aqui, diferentemente dos outros anjos, então quando ele estava “jovem” provavelmente, a terra mortal estava ainda em sua primeira era – os tempos iniciais –, e você bom você nem sonhava em nascer.

    Enfim.

    Fomos recebidos por Gabriel, um jovem com olhos de prata e cabelos encaracolados, e Rafael, um menino de cabelos cor de chocolate, pele morena e olhos azuis. Ambos seguravam lanças protegendo a enorme, e única porta, que dava ao Paraíso.

     As portas se abriram lentamente, um vento bateu em nossos rostos, um vento que já fora agradável um dia, mas, como tudo em nossas vidas já havia se tornado um tanto monótono.

   Entramos nem um pouco animados, nem um pouco felizes. Nós dirigimos as nossas “casas” – posso chama-las assim para o entendimento humano -, como sempre.

   Aquilo era chato, não só eu achava, mas, todos. Todos sem exceção. Éramos somente peças, engrenagens, de uma grande estrutura sem a mínima importância. Só servíamos para o bom funcionamento da vida humana. Quer dizer para nada.

   Sentei-me em minha rede, a revolta crescia em meu coração. Eu estava cansada e ferida, por nada. Por simples criaturas que insistiam em destruir as próprias vidas, sem saber o quanto isso nos dava trabalho. Nós estávamos sempre à beira da morte, por nada. Aquilo me enraivecia profundamente. Mas ninguém deveria saber como eu me sentia ninguém poderia saber que eu sentia.

   Passos pesados ruíram, na minha varanda. Deve ser educado ir abrir a porta pensei, mas eu não era educada.

   -Posso entrar? – Perguntou a doce voz que há semanas perturbava a minha mente.

   Eu fechei os olhos resistindo, sabia que a única resposta certa era “não”, mas eu não queria ser certa.

   -Entre... a porta está aberta – minha voz saiu um pouco mais animada do que deveria, eu estava um pouco mais animada do que deveria.

   A porta se abriu, e dois olhos dourados brilhantes iluminaram o quarto.

-O que quer?

-Nada, só conversar, será que é possível – Como Miguel me contrariava, contrariava tudo que eu era, ou melhor, tudo que eu devia ser.

 Levantei as sobrancelhas e ofereci um lugar a ele na rede, sem falar nada. Tinha muito medo do jeito que a minha voz sairia, e se eu conseguiria controlar as minhas palavras.

O silencio era completamente desconfortável, ajeitei-me na rede incomodada.

Engoli a seco, e finalmente tomei um pouco de coragem – coisa que me faltará nos últimos dias -, e disse:

-Então? – Ok isso não era muita coisa, mas ninguém estava dizendo nada, enfim.

Ele olhou para baixo, e permaneceu durante algum tempo daquele jeito. Depois talvez de uma reflexão, olhou para mim. Ele olhou no fundo dos meus olhos, com aqueles perfeitos olhos dourados resplandecentes e que segariam qualquer criatura mortal.

-Eloa... eu tenho que te dizer uma coisa, mas, você vai me odiar... – Sua voz falhava.

Eu segurei ternamente a sua mão, e dei um sorriso torto.

-Eu nunca te odiaria, agora fale.

Ele se levantou e deixou minha mão de lado.

-Você... torna tudo muito difícil! Nem faz ideia do quanto, eu só quis dizer adeus, eu vou embora...

A raiva e a frustração transbordavam de sua alma, seus olhos começavam a perder o brilho e escurecer.

-Não, eu não irei deixar você ir! Não pode... porque quer ir? – Eu não queria parecer tão enraivecida e assustada quanto estava.

Ele bateu o pé com força no chão, e lágrimas caíram de seus olhos... lágrimas.

-Você não entende? Eu... eu te amo! E eu não posso deixar que se contamine com isso é um sentimento, é errado inútil, impuro. Desculpe-me Eloa, mas... eu tenho que ir. Espero que algum dia compreenda que tudo que estou fazendo é para te proteger, por favor, só lhe peço que não me odeie, eu não posso imaginar dor maior que esta.

Aquelas palavras me atingiram como facas, eu sentia o mesmo, eu o amava, eu não poderia viver sabendo que ele fora exilado. Enquanto estivesse viva não permitiria.

Meus membros saíram do meu controle, e eu me aproximei, aproximei mais até que estivéssemos cara a cara. Eu duvidava do meu ato controle a esse ponto, pus devagar as minhas mãos em seu pescoço, e ele traspassou os fortes braços por minha cintura. Eu estava completamente consciente de como aquilo que eu sentira era errado, mas por outro lado sabia que aquilo era a coisa que em toda a minha eterna vida eu havia desejado.

Devagar nossos lábios se tocaram, e por um milésimo de segundo eu me senti completamente humana como eu nunca havia me sentido, sentia a fragilidade de ser mortal, o suor em minhas mãos, o meu coração acelerar, sentia medo extremo medo de estar ali, de estar cometendo tamanho erro, mas o que realmente me aterrorizava era que eu estava gostando de estar errando...

Deixei-o e andei para trás, mordi meus lábios com toda a força que tinha até chegar ao ponto de quase corta-los.

-Me... de... de... desculpa... – Eu gaguejei entre lágrimas.

Lágrimas. Tenebrosas gotas de alma, representavam claramente sentimentos, decidi então que se teria uma chance de salvar Miguel seria aquela.

Corri para fora da casa, passei por alguns caminhos já conhecido, até chegar nos “Portões Exílios” onde quando um anjo era considerado culpado era expulso por ali. Era um portão... feio, estava enferrujado pela falta de uso, gárgulas mal encaradas, seguravam lanças cruzadas que fechavam a entrada. Acho que devo comentar que elas não eram nada parecidas com Miguel e Rafael.

Aproximei-me pensando em como conseguiria descruzar aquelas lanças, eu estava errada, mas... como provar isso?

Lágrimas.

Retirei com a ponta do dedo uma gota salgada do meu rosto, e deixei cair sobre a boca aberta da gárgula.

Crash.

As lanças se descruzaram, os portos de ferro se abriram com um rangindo. A tentação de pular me dominava.

Eu abri minhas asas e me deixei cair sobre o céu enevoado.

Quando minhas asas ficaram negras notei que não havia mais volta.


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Notas finais do capítulo

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