Piratas do Caribe: o Tesouro Maldito. escrita por Milly G


Capítulo 6
Ultima Rapiat


Notas iniciais do capítulo

Helloooo para qm estiver lendo esta fic o/
Enjoy! =]



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Como esperava, a água fria deixou as pernas de Brooke entorpecidas, dificultando ainda mais o nado naquele mar caótico.

     Já engolira mais água do que o necessário para encher um barril, mas não parecia que ia deixar-se vencer pelo cansaço.

- Pepper! – a ruiva escutou a voz abafada de alguém, chamando-a.

     “Jack vai tirá-la do mar”, as palavras de Barbossa ecoaram em sua mente, mas há um minuto atrás aquele lhe parecera o blefe mais sem-vergonha que alguém já tinha feito.

     Fechou os olhos, irritada, quando sentiu os braços de Jack ao redor de si, mesmo que estes fizessem seu corpo formigar.

     E lá estava ela, sendo levada de volta ao Black Pearl.

     Jack a jogou no chão assim que subiram a bordo, fitando uma Brooke encharcada e furiosa.

- Devia me agradecer por ter salvado a sua vida. – disse ele, estendendo a mão para a ruiva.

- Eu não pedi para ser salva. – disse ela, ignorando Jack.

- Tecnicamente, isso seria impossível, pois sua linda boquinha estava cheia de água salgada.

- Não foi isso que eu quis dizer. – ela revirou os olhos.

     Barbossa olhou para Jack como se ele fosse um imbecil, por estar lidando com alguém como Brooke.

- Eu odeio crianças... – suspirou o capitão mais novo para si mesmo.

     Brooke parou, de costas para ele, e cerrou os punhos. Pegou rapidamente a espada de um tripulante, apontando-a para Jack.

- É a segunda vez que você me aponta algo, só hoje. – disse ele. – Você é muito interessante.

- Pepper, por favor, não mate nosso capitão. – disse Gibbs, cansado, como se já tivesse repetido aquilo 500 vezes.

- Escutou o homem: não mate o capitão. – Jack sorriu. – Mas devo dizer que eu adoro mulheres mais... duronas.

     Brooke tentou acertá-lo com o punho da espada, mas Jack tinha bons reflexos, naturalmente.

- Ora, vamos lá. – reclamou Raguetti. – Var dar um trabalhão pra limpar se espirrar sangue no chão.

     A ruiva fulminou Jack com o olhar, marchando de volta para a cabine com sua melhor carranca.

Acabou adormecendo mais rápido do que esperava.

     Remexia-se nervosamente na cama, presa em algum sonho ruim. Só despertou quando caiu, levantando-se então num pulo, apavorada.

     Olhou em volta, arfando. Não havia nada de diferente. A cabine se encontrava completamente vazia, exatamente como estava antes.

     “E Jack não veio aqui, de novo”, pensou, quase sorrindo.

     Sentou-se novamente na cama, esfregando os olhos. A pedra em seu pescoço, que antes achava fria, agora parecia realmente uma pedra de gelo, queimando sua pele, quase forçando a garota a tirá-la.

     Mas não o fez, pois sabia que era valiosa. Principalmente para um certo pirata...

     Tentou dormir de novo, mas sua cabeça latejava. As mesmas imagens continuavam bombardeando sua mente, deixando-a a beira da loucura.

     Pulou da cama, dando um grito de raiva.

     Sabia que não conseguiria mais dormir, então resolveu dar uma volta pelo navio.

     Fitava o colar enquanto andava, distraída. A pedra já não parecia tão fria, e ela se perguntava, novamente, o que diabos tinha de tão importante naquela porcaria. E por que é que Jack a queria tanto.

     Sabia que aquele safado a roubaria se perguntasse diretamente à ele, e um pirata nunca abre mão do que conquistou.

- Sem sono, love? – perguntou uma voz conhecida atrás de si.

- Sim. – disse ela, segurando o colar instintivamente.

     Jack observou a reação da ruiva, mas não disse nada por um tempo.

- Você sabe o que é isso, Brooke? – perguntou, assustando-a. Aquela foi a primeira vez que ele a chamara pelo nome.

- Sei. – disse ela, fechando a cara. – É algo que você quer e eu não vou lhe dar.

     O capitão revirou os olhos, suspirando.

- Estou falando sério. – murmurou. – É algo importante.

- Você sabe o que é?

- Sim. – ele fitou o horizonte, onde o sol já dava os primeiros sinais de que ia aparecer. – Ultima Rapiat.

- “Ultima Rapiat”? - Brooke ergueu uma sobrancelha. – O que é isso?

- Significa “ultima lágrima”. Pertencia a um tesouro...

- Amaldiçoado? – a ruiva riu.

- Não ia usar esta palavra, mas ele tem um poder, sim.

- Que poder?

- Quatro pedras em particular. Controlavam os quatro elementos. – explicou. – E para a minha sorte, você tem a pedra que controla o mar. – ele sorriu, aproximando os lábios do ouvido da garota. – Ultima Rapiat.

     Brooke afastou-se um pouco de Jack, incomodada, mas sua atenção estava presa na pedra lápis-lazúli que escorregava por sua mão. O que algo tão fantástico – se é que Jack dizia a verdade – fazia nas mãos de alguém como ela?

- Por que tem esse nome? – perguntou, franzindo a testa.

- Dizem que, há muito tempo, uma jovem aparecia numa ilha sempre que a maré subia, e no dia seguinte pelo menos meia dúzia de marinheiros desaparecia. Ela era belíssima, branca e delicada como espuma. Acreditavam que ela era uma feiticeira...

     Brooke olhou-o com atenção enquanto explicava, pensando que Jack explicava aquilo como se tivesse vivido a experiência. Ele era ao mesmo tempo muito previsível e muito misterioso.

     E ela adorava isso.

- Então – Jack continuava a explicar. – Os nativos se juntaram para capturá-la, e como achavam que ela era algum ser mítico do mar, a levaram até um precipício e lhe aplicaram a Lei de Moisés, para depois jogá-la de lá.

- Quarenta chicotadas. – a ruiva arregalou os olhos. – Por quê?!

- A mulher enfeitiça os marujos, e então os afogava. – Jack encolheu os ombros, fazendo uma careta. – Se bebessem de suas lágrimas, estariam imunes ao feitiço. Mas teimosa como era – ele a olhou de soslaio, mandando uma indireta. – não derramou uma só lágrima até a sua morte. Esta – Jack agarrou a pedra no colar de Brooke, que agora olhando bem se parecia mesmo com uma lágrima. – foi a única lágrima derramada pela vadia, depois de “ter passado desta para melhor”. Mas ninguém a achou, e não se sabe ao certo se ela morreu de verdade, porque, uma semana depois, todos os nativos haviam desaparecidos, e uma outra embarcação que havia atracado na ilha contou que encontravam ossos na praia, toda vez que a maré subia.

     Brooke se encolheu, arrepiando-se. Por pouco não resistiu ao impulso de arrancar aquele colar e jogá-lo longe, para se distanciar daquela história macabra.

- Então essa pedra... – a ruiva franziu os lábios. -... controla o mar?

- Exato. – Jack sorriu, aproximando-se da garota. – Algo grande, não acha?

- Sim... – Brooke viu o que o pirata ia fazer, mas não se afastou.

- Imagine só – os lábios de Jack dançavam pela bochecha da garota, fazendo esta sentir calafrios. – Capitão Jack Sparrow, o Rei dos Mares, o pirata mais temido... – ele se afastou, fitando o horizonte. – Você poderia ser a minha rainha.

     Brooke corou, desviando o olhar, mas sentia aqueles olhos cor de chocolate ainda fixos nela.

- Quantas rainhas pretende ter? – disse ela, sem dar o braço a torcer.

- Depende de qual for a primeira. – sussurrou Jack no ouvida dela, fazendo o corpo da garota se arrepiar de novo.

- Guarde essa sua lábia para outra. – disse ela, dando as costas para o capitão.

     A ruiva foi para o porão, já que toda a tripulação já estava acordada. Analisou a adega cheia de garrafas de rum, e chegou até a pegar uma, mas desistiu de beber. Olhou para a pedra, perguntando-se se, quando Jack disse que sua bússola apontava para ela, era para ela ou para a pedra.

     A resposta era óbvia, mas não deixava de sentir uma pontada no peito.

     Resmungou algo e passou pelo convés às pressas, trancando-se na cabine.

Já era noite quando Jack tirou de Brooke qualquer privacidade que esta poderia ter.

     Entrou na cabine, na ponta dos pés, e se aproximou da garota que dormia.

     Mas Brooke se acostumou a ter um sono leve há muitos anos, já que sempre viveu nas ruas. Abriu os olhos rapidamente quando um passo de Jack se fez ouvir, passando rapidamente sob os braços deste.

- És ágil como uma macaca! – berrou Jack, espantado.

     A garota correu trôpega pelo convés, fuzilando o pirata com os olhos.

- Saia de perto de mim! – rugiu, acordando praticamente toda a tripulação.

- Mas que raios está acontecendo agora?! – reclamou Barbossa, erguendo uma sobrancelha ao ver os dois. – Pelo amor de Deus, Jack! Deixe a garota em paz!

- Não se meta, zumbi. – Jack mostrou a língua para ele, e arregalou os olhos quando uma espada passou rente ao seu pescoço.

     Olhou para trás lentamente, deliciando-se com o brilho furioso dos olhos de Brooke.

- Podemos chegar a um acordo. – disse ele, sorrindo.

- Ah, e o que você tem a me oferecer? – a ruiva ergueu uma sobrancelha, rindo.

- Vejamos – o pirata afastou a lâmina de sua garganta, rondando a garota com os olhos semicerrados. – Que tal... a maior aventura da sua vida?

- Como é? – Brooke arregalou os olhos, perplexa.

- Você ouviu, love. – Jack sorriu sedutoramente. – Parte da tripulação. Uma pirata de verdade. Não é esse o seu desejo...?

     Brooke o fitou por alguns segundos, analisando os prós e os contras.

- Deve ter tomado muito sol na cabeça. – disse ela finalmente, afastando-se para se apoiar no parapeito do navio. – Eu já disse. Não fico neste navio nem que me paguem. Estou aqui apenas como prisioneira.

     Jack olhou-a desconsolado, fazendo beicinho.

- Sem chance, capitão. – murmurou a ruiva, ainda de costas para ele. – No próximo porto você verá que posso desaparecer como pó jogado ao vento.

- Ele não desaparece, love. – disse Jack. – Ele só vai para longe. Mas o mundo não é um lugar tão grande assim, ou não teria achado a pedra por simples acaso.

     Brooke olhou para o céu, sentindo o sol queimar seu rosto violentamente. Foi para a cabine enquanto pensava sobre as palavras de Jack. Olhou para o vestido branco em cima da cama com um sorriso, tratando de desabotoar a camisa branca que usava.

     Enquanto o vestia, lhe passava pela cabeça como achou aquilo, dentro daquele bolsinho tão discreto...

     Ficou estática quando voltou a se lembrar da noite em que entrara naquela bordel acidentalmente. A mulher que lhe deu aquele vestido...

     “Ela era belíssima, branca e delicada como espuma”, dissera Jack.

     Ela bem que achou a mulher estranhamente pálida para alguém que morava em Tortuga.

     Tudo aquilo não podia ser coincidência.

- É tão feio assim? – perguntou a ruiva para Jack quando saiu, com o vestido, chamando atenção de toda a tripulação.

     O pirata a olhou ao mesmo tempo com um olhar confuso e um sorriso malicioso.

- O vestido. – explicou. – Está muito ruim? Eu continuo sendo a “malvestida”? – Brooke continuou a fazer perguntas, com a mente a mil por hora. O que menos lhe importava era a aparência, mas queria esconder o que estava realmente pensando.

     Jack riu, exibindo os dentes de ouro.

- Arrumamos um novo para você quando ancorarmos novamente.– disse ele, triunfante.

     “Consegui”, pensou ele, olhando para Brooke com seu olhar malicioso. 


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Notas finais do capítulo

Vou logo agradecendo às reviews de Sarah_Volturi, Lucy_Victoria e Sarah. Vocês são as que me dão coragem para continuar essa porcaria. Muito obrigada *.* Este ficou um pouquinho maior, né? ^^’ Jack tem realmente uma boa lábia, mas Brooke também é bastante teimosa. A lenda que eu criei, sobre a Ultima Rapiat, foi tudo invenção minha, e pode parecer meio sem sentido para alguns, já que eu não pesquisei em nenhum lugar nem usei nada como referência, só tive um surto criativo louco no meio da noite. Mas espero que tenham gostado! o/