Capítulo 4 – Duendes

                Em nenhum momento eu fiquei com medo do garoto desconhecido. Quando ele se aproximou de mim, o garoto olhou dentro dos meus olhos e disse:
                - Então você que causou aquele incêndio? – perguntou o garoto com um olhar de espanto.

                - Bem... Digamos que sim! – exclamei olhando fixamente nos olhos dele.

                - Você tem noção do que poderia ter acontecido se eu não tivesse apagado aquele fogo? – perguntou novamente o garoto.

                - Amigo, eu derrotei um inseto gigante com esse incêndio. Caso eu não tivesse feito isso, iríamos morrer! – gritei.

                - Iríamos? Então você está acompanhado? – perguntou o garoto.

                - Eu e minha amiga estávamos caminhando perto daquela caverna – respondi apontando para a caverna.

                - Me desculpe está fazendo essas perguntas, mas eu nunca pensei encontrar outro jovem além de mim nesse mundo – disse o garoto.

                - Eu ia falar a mesma coisa. É... Como você se chama? – perguntei.

                - Eu sou “Klaus”, muito prazer – disse Klaus apertando minha mão.

                - Me chamo Leskion – eu disse sorrindo.

                - O que você e sua amiga fazem nesse mundo? – perguntou Klaus curiosamente.

                - Na verdade eu vim parar nesse mundo por acaso – respondi sem hesitar.

                - Entendo. Mas não é por acaso que você está aqui. Deve haver algum motivo – disse Klaus.

                - Não sei se devo te contar isso, mas... Eu sou o Herdeiro do Antigo Dragão do Fogo – eu disse.

                Klaus ficou paralisado quando ouviu que eu era o Herdeiro do Antigo Dragão do Fogo. Acho que ele sabe de alguma coisa...

                - Quer dizer que você projeta o fogo? – perguntou Klaus espantado.

                - Essa é uma das habilidades que eu posso usar – respondi seriamente.

                - Sua amiga deve estar preocupada com você – disse Klaus mudando de assunto.

                - É mesmo... Venha comigo, vou apresentar ela a você – eu disse sorrindo.

                Percebi que Klaus não parava de olhar para a Caverna enquanto andávamos.

Ele é loiro, tem olhos azuis, magro, tem a mesma altura que a minha e usa camiseta preta com uma jaqueta azul claro.

                Quando nos aproximamos de Siana, ela olhou Klaus dos pés a cabeça, como se não tivesse confiando nele.

                - Siana, esse garoto que está aqui do meu lado se chama Klaus – eu disse olhando pra ela.

                - Muito prazer em conhecê-la Siana – disse Klaus com um sorriso no rosto.

                - Você é aquele garoto que apagou o incêndio não é? – perguntou Siana intencionalmente.

                - Nossa! Você está machucada? – perguntou Klaus mudando de assunto novamente.

                - Minha perna sofreu algumas lesões por causa daquele monstro gigante – respondeu Siana.

                - Não podemos voltar pra casa desse jeito, temos que encontrar algum medicamento que possa curar esses ferimentos – eu disse preocupado.

                - Isso não é necessário. Logo eu estarei melhor – disse Siana.

                - Leskion... Podemos ir à Cabana do Lenhador perto daqui, lá Siana pode descansar e arranjaremos alguma solução para os ferimentos – sugeriu Klaus.

                - E quem mora nessa neste lugar? – perguntei desconfiado.

                - É um senhor que vive sozinho trabalhando duro nos seus cultivos – Klaus respondeu.

                - O que você acha Siana? – perguntei olhando pra ela.

                - Meu pai ficaria preocupado com os meus ferimentos, acho melhor seguirmos Klaus até essa Cabana – respondeu Siana.

                - Onde fica a Cabana do Lenhador? – perguntei a Klaus.

                - Devemos caminhar pelo leste dessa caverna, passaremos pelo Jardim Silencioso e logo chegaremos à Cabana – Klaus respondeu.

                Como não há opções nessa situação, o jeito é concordar com a ideia de Klaus. Ele parece confiante demais... Ele deve está nesse mundo a mais tempo do que eu.

Estou tendo um pressentimento de que algo ruim vai acontecer á Klaus nesse caminho.

                Caminhamos lentamente por causa de Siana. Pelas trilhas que percorremos, eu vejo muitas coisas esquisitas: árvores-vivas, livros jogados na grama e ouro espalhado pra todos os lados...
                - Vocês não acham que nesse lugar houve alguma luta? – perguntei para Siana e Klaus.

                - Isso está parecendo que houve um assalto – respondeu Siana.

                - Concordo plenamente – respondeu Klaus.

                - Se fosse um assalto, o ladrão não teria deixado tanto ouro espalhado no chão – eu disse confuso.

                 - Acho que o ladrão não deve está longe daqui – disse Klaus.

                - Já que esse ouro não tem dono... Vamos pegar! – eu disse com um sorriso no rosto.

                - Não acho uma boa ideia Leskion. E se o ladrão voltar aqui e não encontrar esse ouro? (...) – disse Siana com medo.

                Como sempre, Siana está certa nessa situação. Mas pra quê deixamos escapar todo esse ouro, quando simplesmente podemos pegar? Ainda bem que eu trouxe minha mochila antes de sair de casa. Recolhi todo o ouro que estava espalhado no chão, já que nem Siana e Klaus queriam me ajudar... Continuei a caminhar normalmente até que várias criaturas esquisitas aparecem! Eles tinham orelhas pontudas, altura inferior a nossa e sua pele era esverdeada. Eu tive um susto muito grande ao se deparar com eles...

                - Mas quem são vocês e o que querem? – disse Siana assustada com a aparição das criaturas.

                - Calma Siana! Eles são apenas “Duendes”, não irão nos machucar – respondeu Klaus.

                - Parece que o garoto de cabelo dourado sabe de muita coisa – disse Dwin.

                - O suficiente, agora se nos derem licença... Precisamos passar – disse Klaus irritado.

                Os Duendes estavam nos cercando lentamente... Siana parecia não confiar nas palavras de Klaus: “não irão nos machucar”.

                - Parece que vocês têm algo que nos pertencem – disse Dolf.

                - Eu sabia que cedo ou tarde o dono daquele “material perdido” iria aparecer – disse Siana com os olhos ofegantes.

                - Não sabemos do que vocês estão falando – eu disse seriamente.

- Não sabem? Suponho que um de vocês carrega ouro numa mochila... Estou errado? – perguntou Dwin cinicamente.

                Todos estavam olhando pra mim, mas eu não fiquei com vergonha em nenhum momento... Afinal, aquele ouro sem dono estava espalhado no chão, eu só fui me assegurar que aquilo estaria em boas mãos comigo!

                - O que foi? Por que estão todos olhando pra mim? – perguntei assustado.

                - Vamos logo Leskion! Devolva o ouro que você recolheu no caminho – exclamou Siana.

                - Eu encontrei esse ouro, não roubei nada! – eu disse.

                Logo os Duendes se irritaram com a situação e tomaram a mochila das minhas costas! Siana parecia não acreditar que estávamos passando por isso... Klaus queria que esse problema acabasse rapidamente. Dwin abriu a mochila e percebeu que o ouro havia sumido! Os Duendes ficaram furiosos.

                - É... Mas... O ouro estava ai... Como ele pode ter sumido? – eu disse espantado olhando para a minha mochila vazia.

                - Parece que o nosso Chefe vai ficar furioso Dwin – disse Dolf friamente.

                - Sabe o que vamos fazer agora? – perguntou Dwin para mim seriamente.

                - Eu não acredito que isso esteja acontecendo... Leskion! – exclamou Klaus.

                - Galera... Vocês viram que o ouro estava na minha mochila! Não tem como ele ter sumido do nada – eu disse desesperado com a situação.

                - Dolf... Vamos levá-los imediatamente para o nosso Chefe!  - disse Dwin com uma corda na mão direita.

                - Claro Dwin! – respondeu Dolf com um sorriso no rosto.

                A partir desse momento, Dwin e Dolf começaram a correr em círculo, fazendo com que nos fiquemos amarrados na corda!

                - O quê? Mas que rapidez foi essa? – perguntou Klaus impressionado com os Duendes.

                - Deixa de besteira Klaus, vamos desamarrar essa corda e derrotar esses Duendes! – eu disse calmamente.

                Mas algo parecia está diferente naquela corda. Por mais que eu tentasse me soltar dela, uma força emitia sobre ela fazendo com que nunca nos libertássemos.

                - Droga! O que há com essa corda? Não consigo desamarrar! – gritei enfurecido.

                - Não adianta humano – Dolf disse.

                - Como assim não adianta? – perguntou Siana curiosamente.

                - Essa corda é mágica garota! Força física não irá ter efeitos nela, entendeu? – respondeu Dwin olhando fixamente para Siana.

                - Estamos perdendo muito tempo aqui Dwin, vamos logo! – exclamou Dolf.

                Não demorou muitos segundos, e logo fomos arrastados por um vulto nas sombras! Nossos corpos foram deslizados no chão até sermos lançados contra uma árvore.

                Ao abrir os olhos, eu vejo que não estou mais no Jardim Silencioso... Logo percebi que meu corpo inteiro estava amarrado com aquela corda mágica. Eu estava numa espécie de cela vazia e escura. Nem Siana e Klaus estavam comigo... Onde será que eles estão agora? Não posso esperar aqui pra saber isso!

                - Ei! Alguém! Por favor, me tirem daqui! – gritei desesperado.

                Só que ninguém apareceu... Estava muito escuro, quase não enxergava direito. Minutos depois, eu ouço vários passos se aproximando da minha cela... Quem poderia ser? Um pequeno feixe de luz começa a ilumina aos poucos a cela, logo a porta se abre.

                - Quem está ai? – perguntei espantado.

                - Então você é o ladrão? Venha humano... O nosso Chefe quer ver você! – exclamou um Duende.

                - Chefe...? Espera ai, só pode ser engano! Eu não sou ladrão! – gritei desesperado.

                Minhas palavras não adiantaram... Três Duendes surgiram e me levaram da cela até a uma sala de reunião, onde havia inúmeros Duendes á minha espera. Eu nunca tinha visto tantos Duendes na minha vida! E todos eles estavam me encarando como se eu tivesse feito algo muito ruim.

                Não demorou muito tempo e o Chefe dos Duendes apareceu! Ele era um pouco mais alto que as outras criaturas e também tinha uma espécie de “coroa” na cabeça. Nem se movimentar eu podia. O Chefe dos Duendes ficou me observando lentamente e logo ele anunciou:

                - “Estamos reunidos aqui, para discutir sobre o furto que esse humano cometeu” – exclamou o Chefe dos Duendes, apontando o dedo para mim.

                Essa reação causou tumulto entre os Duendes. Eu era o único humano que estava presente naquela sala. Olhando em minha volta, percebi que um Duende estava me encarando seriamente, com olhares desprezíveis. Isso não me afetou, e acabei prestando atenção no que o Chefe dos Duendes iria falar sobre mim. 

            - “Segundo as regras do continente Kaziles, aquele que ousa furtar um material de valor dos Duendes, irá levar uma punição cabível” – citou o Chefe dos Duendes olhando para mim.

            - Eu não tinha a intenção de cometer esse erro... Perdoem-me! – implorei para os Duendes mudar de idéia.

            - Eu, Darlan, vou analisar a situação do indivíduo! – exclamou o Chefe dos Duendes.

            A atitude de Darlan fez com que os Duendes discutissem entre si. Muitos falatórios, gritos e tumulto estavam acontecendo naquele momento... Todos estavam contra mim, e um dos Duendes estava calado no meio da multidão me encarando! Ele era o único que não falava nada, só fazia me olhar inúmeras vezes. Qual seria o problema dele? Agora só resta saber o Darlan vai fazer comigo.

            - Que entrem os cúmplices do humano! – exclamou Darlan.

            Os Duendes começaram a abrir o caminho para Siana e Klaus poderem passar no meio da multidão. Isso fez com que minhas esperanças voltassem. Sinto-me aliviado ao ver que eles dois estão bem... Mas algo não parecia está certo.

            - Chefe Darlan! Por favor, solte meu amigo – Klaus implorou de joelhos no chão.

            Nunca esperava essa atitude de Klaus, já que ele não me conhece muito bem. Siana estava do lado de Klaus, chorando após ter me visto amarrado.

            - Só existe uma maneira libertar o humano – disse Darlan olhando fixamente nos olhos de Klaus.

- E qual seria? Eu farei o que for preciso!

            - Pois muito bem... Como estamos passando por uma situação nada agradável, irei contar a você. Há muitos anos atrás, o nosso vilarejo vivia em paz e harmonia, todos os dias era motivo de sorrir, até que... Um grande Ogro Brutal apareceu e nos ameaçou de entregar todos os nossos bens e materiais de valor para uma Bruxa chamada “Elandra”! Só que nem tudo foi ocorreu como ele quis...

Flashback On

                Era um dia normal em Jandmer, o vilarejo dos Duendes. Alguns deles trabalhavam duros para manter as necessidades da vila. Enquanto que Darlan, o chefe dos Duendes, dormia em sua casa... Várias criaturas malignas invadiram Jandmer procurando por ouro! Mas Dwin surgiu no caminho e interrogou o bando:

                - Como conseguiram invadir o nosso vilarejo? O que vocês querem da gente? – perguntou Dwin na frente de uma multidão de Duendes.

                As criaturas malignas tinham formas diferentes, todos eles pareciam está furiosos por não conseguirem destruírem nada! Eles abriram um caminho para um Ogro passar entre eles.

                - Não devemos satisfações, idiota! Queremos que vocês entreguem todo o ouro que possuem se não, iremos destruir todo esse lugar e matar essas criaturas repugnantes!

                Dwin não aceitou a proposta do Ogro, e começou a insistir para que as criaturas malignas fossem embora.

                - Se vocês acham que entregaremos os nossos bens... Estão enganados!

                - Isso parece ser um insulto? Vamos fazer um pequeno teste do que vai acontecer com vocês, tolo!

                Não passou muitos segundos e o Ogro pegou o seu porrete de pedra enorme e atacou Dwin com toda a sua força sem piedade! Dwin ficou caído no chão, e por sorte, o Ogro não o matou.

                - Vocês chamam isso de defesa? Corra seu imbecil até o seu Chefe, e o traga aqui agora! – gritou o Ogro com Dwin.

                Só que Dwin mal conseguia ficar de pé, estava confuso pelo golpe que tinha levado. Os Duendes eram muito fracos e não podiam lidar com o bando. Sendo pressionado, Dwin tentou correr o mais rápido que podia em direção a casa de Darlan. Enquanto que o Ogro e o bando permaneceram no mesmo lugar. Dwin chega desesperado na casa de Darlan, alertando que o vilarejo tinha sido invadido por um bando de criaturas malignas!

                - Chefe! Chefe! Invadiram a vila! Estamos correndo perigo de morte, por favor, vá falar com eles. E lembre-se que não podemos entregar o nosso ouro – disse Dwin com falta de respiração e seu corpo cansado.

                - Calma Dwin. Vou resolver esse problema agora! – disse Darlan com muita convicção em relação ao perigo que a vila corria.

                Enquanto Darlan saia de sua casa até onde o Ogro estava, um dos Duendes que ouviu a conversa de Dwin, simplesmente estava materializando alguma coisa nos cômodos de sua casa. Seu nome é Drenk.

                - Isso deve salvar o vilarejo por enquanto – disse Drenk enquanto cruzava seus braços.

                Ficando impaciente, o Ogro gritou pelo nome do Chefe dos Duendes. Não demorou muito tempo para Darlan aparecer...

                - Vá embora Ogro, aqui não é o seu lugar! – exclamou Darlan.

                - E quem disse que eu quero ficar aqui? Apenas vim buscar o ouro valioso de vocês, então... Entreguem! – gritou o Ogro furioso com a reação de Darlan.

                - Me diga quem está por trás disso?

                - Cala a boca velha idiota e entreguem logo o ouro!

                - Sinto muito em dizer isso, mas não vamos entregar nada a vocês!

                - Ah não? – disse o Ogro olhando para o céu. – Eu avisei.

                Esse foi apenas um sinal para que as criaturas malignas começassem a destruírem as casas e matar todos da vila! Darlan ficou impressionado com a velocidade das criaturas e viu diante de seus olhos, os Duendes sendo mortos e casas destruídas! E o Ogro alertou:

                - Eu disse a você, Elandra que não estava para brincadeiras. Além do mais, quando se trata de ouro.

                - Então quer dizer que a bruxa Elandra está por trás de tudo isso? Já imaginava – disse Darlan com os olhos cheios de lágrimas.

                Ao sair de sua casa, Drenk corre em direção ao Ogro, carregando um pote cheio de ouro caindo no caminho por onde ele corria. De frente a frente com o Ogro, Drenk oferece o pote cheio de ouro em troca da paz entre eles.

                - Como havia pedido... Aqui está todo o nosso ouro!

                - Agora sim! Estamos nos dando muito bem, parece que você é mais inteligente que seu Chefe – disse o Ogro sorrindo para Drenk.

                - Mas Drenk? Não pode fazer isso! – gritou Darlan.

                - Não tem jeito, é a nossa única opção...

                Nesse momento, o Ogro tomou o pote cheio de ouro de Drenk e disse:

                - Isso aqui fica com agente.

                Darlan não acredita que Drenk fez isso. Como isso não podia mudar, ele pediu que o Ogro mandasse as criaturas pararem de destruir o vilarejo. Logo o Ogro cumpriu sua promessa, juntamente com ele e as criaturas malignas foram embora.

                Drenk pediu perdão para Darlan. Os Duendes ficaram arrasados com a tragédia que passaram... Tempo depois, eles estavam reconstruindo suas casas. Mas o desespero ainda não havia acabado! O Vilarejo foi invadido novamente!

                - Ora, ora... Os Duendes estão felizes de novo? Espero que tenham mais ouro dessa vez! – resmungou o Ogro.

                Darlan foi o primeiro a encarar o Ogro. Seu olhar não parecia nada amigável...

                - O que você veio fazer aqui?

                - Oh... Parece que desta vez você ficou zangadinho não é?

                - Diz logo o que quer! Se você veio atrás de ouro, pode esquecer! – gritou Darlan.

                - Darlan... Não sabia que poderia prever o futuro... Ah! – disse o Ogro sorrindo. – Claro que viemos buscar mais, Elandra não está satisfeita com aquela “merreca” que vocês nos deram.

                - Já era de se imaginar que ela mandaria vocês invadirem o nosso vilarejo novamente, mas o fato é que não temos nada para oferecer... Gastamos tudo na reconstrução das casas! – exclamou Darlan.

                - Como eu não tenho pressa... Vamos dar um prazo de nove dias, se não tiverem, esqueçam que tiveram vida! – disse o Ogro.

                - Vá embora daqui!

                - Já estamos de saída tolo.

O Ogro e seu bando foram embora desta vez... Darlan ajoelhou-se no chão e olhou em volta da vila, imaginando o que faria para salvar todos os Duendes. Os dias se passaram até que Dwin e Dolf encontraram uma pilha de ouro no Jardim Silencioso. Decidiram carregar esse ouro para sua vila, onde ofertariam para a Bruxa Elandra...

Flashback Off

                - E foi isso que aconteceu – disse Darlan com seus olhos cheios de lágrimas.

                - Eu não imaginava que vocês estavam passando por uma crise dessas... Faltam quantos dias para o Ogro vim buscar o ouro? – perguntou Klaus. 

                - Só resta uma noite para que as criaturas Scrowgans voltem...

                - Scrowgans? Então é assim que essas criaturas malignas são chamadas...

                - Sim. Foram criados pela bruxa Elandra. Não sabemos o certo em que tipo de feitiçaria ela usou, mas sei que foi Magia Negra!

                - Seja o que for. Eu irei derrotá-los e vocês não precisarão passar por isso novamente!

                Eu ainda não entendo, por que Klaus esta arriscando sua vida por mim? Pelo que Darlan contou, esse Ogro deve ser muito forte. Klaus não poderia enfrentar esse monstro sozinho! Siana não pode fazer nada agora, nem ela mesma sabe se defender...

                - Eu também irei! – exclamou Siana olhando para mim.

                Fiquei sem palavras nesse momento. Nunca imaginaria que Siana fosse capaz de fazer isso por mim. Por que eu fui tão fraco? Eles me avisaram tanto para não pegar naquele ouro, mas minha ganância falou mais alto... Eu não posso deixar esses dois se arriscarem por mim!

                - Eu recuso a ajuda desses dois! – gritei.

                A minha atitude surpreendeu a todos que estavam presentes na sala. Todos estavam espantados com a minha reação.

                - Tem certeza disso Humano? – perguntou Darlan.

                - Absoluta! – respondi ligeiramente olhando para Siana e Klaus.

                - Não seja infantil Leskion! Não é hora pra isso! Estamos aqui para te salvar, então renuncie sua decisão para o Líder dos Duendes! – Siana gritou, com suas lágrimas caindo ao chão.

                - Não há outro jeito Leskion – disse Klaus.

                - Vão embora daqui! Vocês não fizeram nada, a culpa é minha! Eu devo encarar os fatos, não ponham seus pescoços por minha causa! Por favor, Klaus, leve Siana de volta para o nosso mundo...

                - Eu sinto muito Leskion... É que – disse Siana.

                Mas antes de ela terminar de falar, eu a interrompi.

                - Ainda bem que você entendeu Siana.

                - (...) Não posso voltar pra casa e deixar você aqui. O que eu iria falar para a sua mãe? Você não pode me mandar ir embora, porque eu vou ti salvar e essa é uma decisão minha! – exclamou Siana com uma determinação inacreditável.

                - É Leskion... Não iremos a lugar nenhum sem você, além do mais, sou eu que quero salvar essa vila! Já que, essa é a decisão que pode salvar você e a todos os Duendes – disse Klaus.

                - Siana, Klaus, por que estão fazendo isso por mim? – perguntei seriamente.

                - Não só por você Leskion, também pelo vilarejo Jandmer! A propósito – disse Klaus. E juntamente com Siana – Somos amigos!

                Essas palavras foram necessárias para que minha coragem e confiança despertassem novamente! Os Duendes que estavam presentes na sala tiveram um grande espanto a partir daquele momento. Principalmente Dwin e Dolf, que haviam nos capturados, estavam surpreendidos com a determinação de Siana e Klaus! Darlan ficou emocionado.

                - Estou contando com vocês, meus amigos! – eu disse com um sorriso no rosto.

                - Pode deixar! – exclamou Klaus olhando pra mim.

                - Então pessoal? Não temos muito tempo! Amanhã os Scrowgans virão novamente... E dessa vez vocês não estarão sozinhos! Essa bruxa Elandra vai ver o que bom pra tosse! – exclamou Siana com entusiasmo.

                Os Duendes vibraram de alegria e emoção nesse momento. Mas só um estava calado e quieto... Darlan pediu para que os Duendes me levassem de volta para a cela novamente. Fui tranquilo, pois sabia que os meus amigos eram capazes de salvar a vila!

                Siana ficou perguntando informações sobre os Scrowgans aos Duendes. Klaus estava procurando alguns equipamentos feitos pelos Duendes, mas nem todos eram adequados para o que ele tinha em mente...

                Elandra... Quem será essa bruxa tão odiada pelos Duendes? O que ela pretende fazer com todo esse ouro? Como ela conseguiu criar uma raça de criaturas malignas chamados de Scrowgans? Espero que meus amigos consigam derrotar todos eles!

                Em um lugar distante do vilarejo Jandmer, uma mulher de manta negra, está escolhendo algumas poções de experimentos. Os frascos eram de todas as cores, até alguns tinham fragmentos estranhos... No escuro, ela começa a rir sozinha.

                - Como aquelas criaturas são imbecis! Esses Duendes nem têm ideia do que irão enfrentar amanhã...  Acho que não será necessário eu invadir aquele lugarzinho nojento pessoalmente... Se bem que uma “bruxa” como eu, não precisaria utilizar meu tempo precioso com aqueles seres repugnantes! Falta muito pouco, a quantidade de ouro que resta na vila será minha e com isso, irei acelerar o meu feitiço de matéria-ilusória! Ou eu não me chamo Elandra! – disse a bruxa sorrindo.