Leana Silver;

Chorei tanto que até tinha esquecido que forcei o Brian a ficar dentro do armário até agora. Sai correndo e abri a porta. Minha maquiagem estava toda borrada e eu não conseguia parar de chorar.

- Eu não posso mais ver James.

- Ele falou alguma coisa para você? - Brian parecia preocupado. 

- Não. Mas eu não posso. Não posso continuar mentindo. - Brian fez que sim com a cabeça e saiu andando.

- Vou te dar um tempo para pensar. Você precisa. 

Brian Haner;

Bati a porta de casa com força. Preciso de um banho, é disso que eu preciso. Me olhei no espelho e não me reconheci. Quem era essa pessoa que estava mal? As coisas costumavam “sair no banho” para mim, eu costumava não ter sentimentos. E vai ser isso mesmo que vai acontecer. 

Quando deitei na minha banheira e a água tomou conta de mim, me senti mais relaxado. Isso durou alguns minutos, porque a campainha tocou. Que ótimo, não consigo ter mais paz. Ao ver quem era entrei em estado de choque. James. Merda. Ele deve estar mal. Me sequei rapidamente e fiquei olhando seu rosto pelo olho mágico.

- Qual é, cara. Eu sei que você está aí. Posso sentir sua respiração do outro lado da porta. 

- Eaí, viado! - Abri a porta, fingi entusiasmo como sempre. E ele foi se sentando na minha poltrona e eu me sentei ao lado dele abrindo uma Heneiken. 

- Onde está a garota? 

- Nos meus sonhos, estava tentando tirar um cochilo.

- Mas você estava molhado.

- É… Dormir na banheira é relaxante. O que houve?

- Leana. 

- Ela está estranha com você. 

- É, e eu não sei porque. - James parou e olhou para mim confuso. Merda. - Como você sabe?

- Coisa de melhores amigos, eu estou tentando adivinhar onde está a sua cabeça. - enrolei - então… Onde está a sua cabeça? 

- Girando. Não sei o que eu fiz. Eu acho que ela é bipolar. Em um momento estávamos bem, em outro momento mal. Não consigo mais entender. 

- Dê um tempo para ela, mulher é difícil de se entender. Deixe ela te procurar, eu sei que é isso que ela vai fazer. - Menti. Eu nunca vi James assim, ele gosta mesmo dela.

Leana Silver;

Uma semana havia se passado, mas para mim, parecia anos. Anos sem James. Era tão ruim ter que me afastar dele, parece que ele levou parte de mim quando saiu pela porta aquele dia que eu o dispensei sem ele ter feito nada. 

Me espreguicei e levantei da cama. Depois de um banho bem quente, sai e fui na farmácia comprar o teste de gravidez. Eu nunca tive filhos, nunca pensei que eu gostaria de ter, embora fosse ex esposa de um cara. 

-

Quando cheguei em casa, fiquei olhando para o teste em minhas mãos, nem olhei para a porta, então dei de cara com Chuck. Cheguei tão perto que pude sentir sua respiração em minha boca, pulei de susto. 

- Chuck! Você me assustou. - estava de frente para o meu ex marido com um teste de gravidez na mão. Dei uma olhada. Chuck estava com um sobretudo e uma calça jeans meia cinza e um tênis preto. E olhando para mim com aquele olhar que costumava me fazer derreter. 

- Me desculpe, querida.

- O que faz aqui? - ele pegou a minha cintura com força o que fez eu deixar o teste cair no chão. E então, ele me beijou. Fui pega de surpresa. Empurrei ele e dei um tapa em seu rosto. - Idiota. 

- Vim pedir desculpas pelas traições. 

- Foda-se. - e então ele tentou me beijar novamente. Enquanto eu tentava desesperadamente sair de seus braços, James apareceu e deu um soco em Chuck, o que fez ele cair no chão. 

- Está tudo bem Lea? - corei e não consegui conter o sorriso.

- O que faz aqui? 

- Só estava andando pela vizinhança. - ele sorriu. Como eu adoro aquele sorriso. Mas sua expressão mudou ao olhar para Chuck. - Quem é você, babaca? - Enquanto ele se virou aproveitei para pegar o teste e tentar escondê-lo embaixo do meu casaco. 

- Sou o marido da Leana. - Isso deixou James chocado. 

- Como você tem coragem de trair Leana e aparecer aqui sem mais nem menos? - Quando olhei os dois estavam brigando de novo. 

- Ei, parem! Chuck, vai embora.

- Mas…

- Não, sem mais. Eu nunca mais o quero ver na minha frente. Fui clara? 

- Não tão clara como a sua voz sussurrando no meu ouvido. - Chuck estava chegando perto de mim e então chutei o seu amigo e puxei a mão de James para que entrasse. Antes de fechar a porta na cara de Chuck dei um suspiro.

- Agora acho que fui clara. - bati a porta com tanta força que deu pra sentir a metade da minha raiva. Mas agora eu tinha um problema, o teste de gravidez. James olhava para ele de boca aberta. Corei e fui até o banheiro. Quando me olhei no espelho fiquei pensando em uma desculpa para dar. Não encontrei. 

- Voltei. - disse sorrindo.

- Para quem era o teste? - James como sempre muito direto. Demorei para responder, mas precisava pensar rápido.

- Para uma amiga. 

- Quem?

- Val. - sinto que vou me foder com isso no futuro. Ele ficou surpreso e então mudei de assunto. - O que estava fazendo aqui?

- Andando. - Olhei para ele com um olhar de “eu não nasci ontem” e então ele corou, pegou minha mão e respirou fundo. Ah, não. Aquelas borboletas no estômago de novo não. - Eu sinto sua falta. Por que você sumiu assim? - Me senti muito mal. Eu não sabia o que responder e comecei a chorar. Por que diabos eu comecei a chorar? Estava emocional esses dias e nem estava de TPM, que merda. Então ele me abraçou e eu senti vontade de vomitar e corri para o banheiro. Precisava fazer logo aquele teste. Prometi que ligaria para o James assim que pudesse, e então fui para o banheiro. 

-

- Brian, socorro.

- O que aconteceu?

- Estou grávida, mas pode não ser seu. 

- De quem poderia ser?

- Do James. Eu lembro que quando transamos eu comecei a me sentir enjoada depois. Mas não lembro se não usei camisinha. Porra, já que eu estou grávida vou torcer para ser dele. 

- É, eu também. - ouvi uma risada e então ficou silêncio. Só conseguia ouvir a respiração dele, estava tensa. - Eu quero que você não se preocupe, eu irei fazer o teste, mas esse será nosso segredo. 

- Obrigada. Você é um bom amigo.

Brian Haner;

- Eu te amo, Lea. - O que eu estava fazendo? Acabei de sussurrar aquelas três palavras para um telefone mudo. 

Leana Silver;

Liguei para James como havia prometido, marcamos de nos encontrar no Starbucks e ele vai me levar para outro lugar que ele gosta. 

James Sullivan;

- E aí, o que achou? - Perguntei. Estávamos olhando para uma praia deserta.

- Linda. - ela me respondeu e me deu um daqueles sorrisos largos e tímidos que eu tanto adorava. Isso me fez sorrir também. Sentei no chão e estendi minha mão para que ela fizesse o mesmo. Peguei o saco que estava do meu lado e tirei uma garrafa de vinho e duas taças. - Obrigada. Vamos fazer um brinde. - Olhei nos seus olhos com um sorriso torto tentando descobrir no que ela estava pensando. 

- Um brinde. - olhei para baixo e peguei sua mão. Olhei em seus olhos e cheguei perto do seu ouvido. - A nós. - Rapidamente ela foi até o meu ouvido e sussurrou as mesmas palavras que eu, e seu hálito quente me fez estremecer, assim como os beijos que ela me deu em meu pescoço. 

-

Quando acordamos eu estava suando, uau. Essa foi foda. Olhei para os dois lados e não vi Lea. Levantei e a avistei lá perto do mar, sentada. Ao chegar perto vi que ela estava chorando.

- O que houve? - perguntei preocupado. Ela não parava de soluçar. Não me respondeu. Sentei ao lado dela e peguei a sua mão, fiz ela olhar nos meus olhos. - Me conte. O que houve com você? - ela fez que não com a cabeça. Estava ficando tenso. Mudei meu tom de voz, estava com raiva. - Me conte agora, porra. - Acho que meu tom de voz a assustou, ela parou por um momento de soluçar. Fungou algumas vezes e limpou as lágrimas.

- James… 

- Me chame de Jimmy.

- Por que Jimmy? 

- É o meu apelido.

- Mas eu nunca vi ninguém te chamando assim. 

- Por que ninguém sabe que esse é o meu apelido. - vi seu rosto ficar com uma expressão confusa. - Somente minha mãe me chamava assim. Mais ninguém, nunca deixei nem Amy me chamar assim. - expliquei e ela abriu um sorriso, então fiz o mesmo. 

- Jimmy… - ela começou a chorar de novo e então eu a abracei beijando sua testa. - Eu… eu estou grávida. - Levei um choque, mas procurei não parar de abraçar ela, apenas olhei para seus olhos e eu estava boquiaberto. Não tinha o que falar e ela começou a chorar mais. Apenas a apertei em meu abraço e tentei fazê-la parar de chorar, até que a mesma adormeceu. Mas eu não, não conseguia nem tentando. Tudo bem que nem lembro daquela noite, mas pensei, que mesmo chapado, eu achei que tinha sido mais cuidadoso.