No dia seguinte a chuva tinha melhorado, então fui para a escola. Era dia 3, e eu iria me mudar no sábado dia 13. Tinha pouco tempo para me despedir de tudo. Da Sara, da Alice, do John  do Peter. Da escola Jessica Micot, e de todos os meus outros amigos, da Carla, a garota que sai do Brasil e se mudou para cá semana retrasada, espero que ela se torne amiga da Sara e da Alice, assim quando (se) eu voltar, não terei todo o trabalho de tentar me aproximar, afinal, ela já vai ser amiga das minhas BFF’s. Como eu vou sentir falta do Jonh, ele é meu melhor amigo desde que eu tinha 4 anos. Ele era um dos poucos garotos que o Peter gostava que eu andasse, não, não me entenda mal, o Peter não é ciumento, mas ele prefere que eu ande com o John em vez de andar com, sei lá, o Kevin, que era o melhor amigo dele, em minha opinião o Kevin não passava de um irresponsável que quer namorar todas as garotas possíveis, mas eu não sou do tipo de garota que controla a vida do namorado, e fica eternamente marcada como a chata ciumenta.

Sai de casa, andando em direção a casa da Sara, eu e ela sempre íamos juntas para a escola.

-Oi Maggie– Aquela garota loira atlética que eu tanto amava veio correndo em minha direção – O que você fez ontem?

-Sara, eu vou me mudar. Para a Inglaterra.

-Não Maggie, você não pode.- Ela disse com os olhos umedecidos – Como eu vou ficar sem você?

-Do mesmo jeito que eu vou ficar sem esse lugar e todos que estão nele – Eu disse apontando para a escola – Com lagrimas nos olhos e um buraco no coração.

Chegamos à escola, por sorte o sinal tocou bem na hora, então não precise ficar consolando a Sara. Ela foi para a sala de espanhol, enquanto eu fui para a aula de história. Coloquei a minha mochila ao lado da mesa onde estava sentado o meu melhor amigo.

-John, eu preciso falar com você na hora do intervalo.

-Eu também preciso.

Eu fiquei curiosa em relação ao motivo, mas o professor Matt nos deu uma prova surpresa, então não  consegui falar com ele direito até o final da aula.

-Tchau Mag, tenho aula de educação física agora.

Eu continuei ali, tremendo de frio por causa do vento que saia da janela e bagunçava o meu cabelo que eu tinha arrumado tão  bem minutos antes. Até que eu senti algo quente em minha nuca, algo confortável. Olhei para trás, tinha sido coberta por um casaco de lã. Tateei o bolso a procura de uma luva, não encontrei nenhuma, mas tudo bem, afinal, não se pode ter tudo, e um casaco já estava de bom amanho. Pousei a minha mão de volta na mesa, logo depois ela foi aquecida pela mão do Peter que ele colocou delicadamente encima da minha. Mandei um beijinho para ele. Ele sorriu, uma lagrima escorreu em minha bochecha, como eu iria sentir falta daquele sorriso, daqueles olhos azul-escuros, daquele cabelo negro rebelde, daqueles lábios rosados e daquele sotaque texano meio estranho. A aula passou tão rápido que nem me lembro de que disciplina era, muito menos sobre o que foi. Só fiquei desenhando aquele rosto em meu caderno, desenhei varias vezes, acho que o fiz para que aquele rosto sorridente se fixasse na minha mente e não me deixa-se esquecer que eu “tinha dono”. O sinal tocou de novo. Peguei o meu lanche e fui correndo para a casinha da arvore das crianças pequenas, eu e o John tínhamos combinado de nos encontrarmos lá, o local fui eu que escolhi, afinal, tudo começou lá, então, lá tudo deve acabar, nove anos depois:

-Me, eu quero morrer.

-O que aconteceu?

- O que aconteceu – Ele repetiu com um leve sarcasmo – A nova paquera da Sara talvez.

-Como é que é?– Meu queixo caiu. Porque a sara esconderia algo de mim?.

-Você não sabia?– Ele me abraçou com um ar culpado – Ela devia estar esperando para te contar pessoalmente.

Eu fiquei com pena dele, ele gostava da Sara desde que ele a conhecera, eu sei que ele estava arrasado, mas estava tentando me ajudar. Se bem que eu estava levemente feliz, a Sara não me contou algo, isso quer dizer que a nossa amizade está fraca, então ela não vai sentir tanto a minha falta.Eu dei um beijo naquela bochecha rosada e disse para ele sobre a mudança, tente ser breve, tentei ser calma, tentei ser forte, tentei ser acolhedora. Tentei achar a melhor maneira de contar isso á ele.Para a minha surpresa, ele não chorou, não parecia nem triste:

-Sério, a Inglaterra deve ser super legal.-Ele disse sorrindo- Não se esqueça da hora do chá, as 17.

Percebi o que ele estava fazendo, tentando me fazer rir, se fazendo de forte para que eu não sofra tanto. Eu jamais conseguiria fazer isso, se a situação fosse ao contrario, eu começaria a chorar, não a rir.

 Garotos, vai entender.