Katie Gardner aqui;

Hey, é bom ver vocês! Como vão? Se divertindo muito com minhas loucuras? Pois bem, esperam que estejam, por que tive muito trabalho para lembrar-me de todas as coisas que aconteceram naqueles três meses.

Mas aqui estou eu. Acabo de descer de um avião, alias, acabo de crer também que tenho medo de altura.

E estou em um aeroporto lotado, olhando para todos os lados e me perguntando.

“Onde aquele desgraçado está?”

E essa é a pergunta de um milhão de dólares.

Que pelo visto, eu nunca vou ganhar.

Ai vem todos aqueles pensamentos de será que ele não vai vir? Será que ele desistiu de mim? E se ele não conseguiu pegar o vôo certo e foi parar em Zimbabwe? E se ele... E se?

Ok, “e” pode ser uma palavra muito inocente, mas quando se bandeia para o lado do “se”, viram uma dupla infalível para encher sua mente com problemas infernais.

Peguei o celular do bolso no terceiro toque de “Strawberry Fields Forever” e logo tratei de gritar.

-Travis? Travis, onde você está? Me diz que você não desistiu! São dois meses de namoro a distancia! Eu sabia que você ia desistir! Afinal, quem consegue ficar comigo por muito tempo?

-Calma Katie! Não consegui ouvir nem metade das suas perguntas.

-Onde você está?

-Aqui, e estou vendo você. Sabe, adoro esse seu vestido verde limão, você fica tão inocente e pura, parece uma criançinha.

Ele soltou um risinho e eu olhei para os lados para procurá-lo.

-Não estou vendo você.

-Ah, me deixa olhar um pouco mais para você, daqui a pouco eu apareço.

-Não sabia que você tinha ganhado poderes e agora pode ficar invisível - ele riu mais um pouco, aquela risada doce que eu tanto gosto - Eu estava com tantas saudades.

Falei, com a voz mansa.

-E sei que você não consegue viver sem mim, querida Julieta.

-Travis!

-Ok, Katie, eu só estava brincando, também estou com saudades de você.

Suspirei, ele já estava começando a brincar com minha cara.

-Eu vou desligar. Se não quer aparecer, pelo menos pare de fazer essas brincadeirinhas.

Desliguei o telefone, guardando no bolso da calça e pegando minha mala, tentei andar, mais senti duas mãos me segurarem pelos ombros, me virassem e depois lábios já bem conhecidos se pressionarem contra os meus.

-Essas minhas brincadeirinhas, Katie – ele disse tocando meu nariz – são somente para te fazer sorrir.

Sorri.

-Está vendo? Eu estou certo. Sempre estou.

Suspirei, enlaçando meu braço ao de Travis e nós logo começamos a andar.

Deixa-me explicar uma coisa para você: namorar com Travis Stoll não é difícil... É uma missão impossível.

E pode acreditar, eu sou a pior heroína de filme de ação possível. E se você não quer acreditar que namorar com Travis é realmente difícil, vai lá a listinha:

Ele é ciumento. Tipo assim, muito. Não posso nem olhar para um velhinho que está passando na rua que ele já acha que eu tenho um caso com ele.

Estamos em um namoro a distancia, ou pelo menos estávamos. Já que ele tinha que voltar para Austin e eu tinha que continuar em Seattle até o fim do verão.

Travis é um traira. Conta tudo o que eu faço para minha mãe e eu ainda levo a culpa.

Ele quer que eu vá morar com ele. É, até parece que eu vou dividir meu canto com um ser que nem sabe lavar a própria cueca! Prefiro dividir o apartamento com um monte de garotas chatas e mal amadas.

Estamos em Nova York, e aqui pode ser o lugar mais lindo de todos. Mas aguentar um namoro em um centro urbano como esse nunca foi meu forte.

Ele é Travis Stoll! Preciso de mais alguma razão?

-Você não me mostrou as fotos da formatura! Como foi? Quem foi o orador desse ano? E não pense que vou me contentar com um “foi legal”!

Disse quando já havíamos entrado no taxi que nos levaria para Manhattan, ah sim, Travis moraria lá, já tinha até um apartamento mobiliado e disse que precisava da minha opinião em relação as cores das paredes – como se eu fosse realmente útil em relação a isso - Já eu? Olá Brooklyn! Você é minha nova casa!

-Ok, se for assim, sem “foi legal”. E você não vai acreditar!

-O que? - acho que meus olhos estão brilhando aqui.

-Adivinha quem foi a oradora de turma?

-Silena?

-Pãn!  - ele imitou o barulho de um botão - Errou feio Katie. Annabeth.

Ok, não é como se eu não soubesse que as coisas haviam mudado um pouco por lá, mas é sempre bom ouvir novidades.

-Conta essa historia direito, mocinho.

-Você sabe como é, eu nem tinha ligado para isso, mas quando ela subiu no palanque e começou a discursar eu fiquei um pouco surpreso, ela até falou de você.

-Não brinca! O que?

-Espera, fiz uma gravação.

Travis fez um sinal para eu esperar e tirou o celular do bolso. Logo abriu um vídeo, onde Annabeth usava uma beca azul e tinha um grande sorriso no rosto.

-Ah, essa parte não importa.

-Travis!

Eu briguei quando ele passou uma grande parte do vídeo e logo puxei o celular da mão dele para eu mesma ver.

Voltei para o começo. Ao lado de Annabeth estava Silena e o diretor do colégio, que parecia pela primeira vez sóbrio. E logo apertei start.

-Sinceramente, eu sou a oradora de turma desse ano, mas... Não tenho a mínima idéia do que falar. Eu deveria começar com um bom dia? Então, bom dia para vocês. O começo de um novo dia, logo, de uma nova estrada, ou mais, uma vida – ela sorriu, limpando um lágrima que caia por sua bochecha cheia de blush - Eu jurei que não ia chorar, mas pelo visto faço isso muito facil, não é? Bem, nós chegamos aqui com esforço, mas a formatura não é só sobre ter terminado seus estudos, não, ela faz parte da nossa vida. Alguns passaram com dificuldade pelo ensino médio e outros, com alegria – ela levou seu olhar para alguém perto de Travis, que estava além do vídeo - Posso dizer que mudei muito nesse ultimo ano, não só a cor do meu cabelo, mas também quem sou. Aprendi o valor de uma amizade, de um amor, as conseqüências de meus atos e até como eu não sou a única que importa no mundo – espera, o vídeo ficou preto agora! Droga! Travis deve ter deixado o celular cair... Ah melhor, Annabeth sorrindo de novo e... Olhando para o Travis - E... Tem uma pessoa, uma pessoinha que eu sei que todos lembram, mas que infelizmente não está aqui hoje. Tenho certeza que muitos aprenderam muito com ela. E se ela estivesse ouvindo, ela, Katie Gardner – Ai, eu! - eu diria a ela que por passar por nossas vidas, fez muitas coisas mudarem e eu agradeço não só a todos os estudantes e ao corpo docente desse colégio, como a ela também.

Limpei minha bochecha e esperai o vídeo continuar, mas pelo visto Travis não havia se importado em gravar tudo.

-Cadê o resto?

-Ai, Katie, minha mão já estava ficando dolorida de ficar levantada.

Revirei os olhos e devolvi o celular a ele, que deu um sorrisinho e me abraçou.

-Não precisa chorar princesa, você sabe como é importante.

-Sabe que até agora eu não sabia? É meio difícil acreditar.

Travis afagou meus cabelos e o taxi parou em uma rua de Manhattan, pagamos ao taxista e saímos do carro, na frente do apartamento que deveria ser o de Travis.

-O que aconteceu depois?

-Dessa parte do vídeo? Ela falou mais algumas coisas que eu realmente não lembro e depois... Foi meio estranho, parecia que Percy e Annabeth tinham voltado, sei lá, estavam abraçados e...

-Jura? - um sorriso se abriu nos meus lábios e Travis entrou na recepção do prédio, pedindo a chave ao porteiro e logo entrando no elevador.

-É, as coisas se decidiram bem estranhamente. Annabeth vai para faculdade de arquitetura, Percy vai participar com Rachel de alguma coisa sobre leões marinhos na Austrália, Luke ganhou uma bolsa de estudos na faculdade pelo futebol, Will vai virar medico, Clarisse vai para o exercito, Silena disse que quer ser dona de uma revista famosa, Drew meio que desapareceu, Beckendorf vai trabalhar com o pai na rede de oficinas...

Ele continuou falando e quando o elevador abriu nos deparamos com varias portas, Travis pegou a chave e foi em direção de uma.

-E Miranda e Connor?

-Juntos como sempre – Travis revirou os olhos tentando abrir a porta – Connor disse que eles vão para Las Vegas se casar as escondidas e querem que nós sejamos seus padrinhos, desse jeito, não duvido nada.

Apenas ri e quando me deparei com o apartamento de Travis abri um sorriso entrando rapidamente.

-É lindo! Nossa, você tem uma vista incrível daqui.

-Eu sei...

Ele disse sorrindo e eu me joguei no sofá hiper macio dele.

-E é por isso que eu vou te pedir.

-Pedir o que?

-Vem morar comigo?

Sério, se eu tivesse arregalado mais meus olhos eles teriam estourado.

-Você está ficando louco?

-Hum, só um pouquinho. Mas eu não quero mais ficar longe de você Katie, eu... Meio que me apeguei a você.

Pisquei meus olhos, sentando no sofá onde antes eu estava deitada.

-Travis, eu não te ensinei que quando você se apega demais as coisas você acaba não conseguindo mais viver sem elas?

Ele sorriu e deu alguns passos até se sentar a minha frente no sofá, tirando uma mexa de cabelo do meu rosto e pondo atrás da minha orelha.

- Eu tentei não me apegar, tentei não ligar, tentei não me importar com você, eu tentei, mas como sempre, eu fiz tudo errado.

Passei a mão pelo rosto de Travis, sorrindo.

-Sabe, damos um bom casal. Fazemos tudo errado.

-Eu gosto do nosso erro. Vamos lá, Katie, vem morar comigo!

Abracei Travis, por mais que tudo, tentando inutilmente não parecer piegas demais.

-É claro que eu venho morar com você!

Claro que depois disso veio um beijo e depois... Bem, eu acho melhor nem comentar.

Agora sim, eu tinha meu final feliz. Bom, como a boa princesa de contos de fadas que eu sou – cof, cof - e ótima narradora também, vou terminar o resto da minha, quer dizer, nossa história.

Sabe aqueles três sonhos do começo dessa historia? Ser uma princesa, aparecer na TV e ter um unicórnio? Não exatamente nessa ordem?

Pois bem, eu nunca pensei que eles fossem se realizar, sabe.

E cara, como eu estava errada. Mais uma vez.

Ora essa, eu me sinto como uma princesa! Aqui, deitada nos braços de Travis.

Eu tenho um unicórnio, tudo bem que ele está um pouco sujo de lama, mas aquela lama é muito significativa para mim, então, nada de lavar, além do mais, ele também veio para Nova York comigo.

E sobre ser atriz? Esse é um sonho que agora, eu tenho certeza que eu vou realizar.

Por que sabe, você só precisa tomar coragem na sua vida, faça um pouco de loucuras, se levante do lugar em você está sentado, faça a diferença! Faça a vida valer a pena! Por que eu tenho certeza, que se você fizer, vai me agradecer depois.

Vamos lá, você só tem que se levantar e tratar de mudar isso. Como aquele velho amigo meu sempre dizia “Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar”.

Alias, obrigada Shakespeare.