Learning To Be a Bitch escrita por JuliaTenorio


Capítulo 30
XXIV- Sabe, ainda existem 25 letras no alfabeto.


Notas iniciais do capítulo

Ultimo capitulo! Mas não fiquem tristes, ainda tem o epilogo, ok?



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Quando o príncipe do seu conto de fadas se torna o cara mal da historia, é hora de pegar uma caneta e uma borracha e mudar o final da historia.

Mamãe deve ter achado que eu estava ficando louca quando joguei o unicórnio da minha janela com raiva, e no mesmo momento tive um arrependimento inusitado e tive vontade de me jogar da janela também para poder salvar o unicórnio, mas já era tarde demais, ele já havia caído nas ruas de Seattle e talvez estivesse morto agora.

Não me entendam mal, eu não acho que um unicórnio de pelúcia tenha vida, tá bom, só um pouquinho, mas meu amor por esses animaizinhos fofos e peludos com um chifre na cabeça é tão grande que às vezes fico meio abismada.

Foi na primeira serie, quando papai me levou até Orlando, era a primeira vez que eu ia conhecer a Disney, eu fiquei encantada claro, sempre fui uma garota que acredita em conto de fadas e finais felizes. Mas sonho por sonho, não sou tão idiota assim, nesse momento, já saquei que eu perdi todas as chances de achar o meu príncipe encantado.

Mas voltando ao assunto Disney, eu no auge dos meus seis anos, a primeira coisa que pedi a papai foi que ele me levasse para fazer a transformação em princesa e logo eu tomava um sorvete enquanto caminhava ao lado dele vestida de Bela, de Bela e a Fera, sabe? Eu podia dizer que eu estava uma fofura. Mas o momento foi logo depois, quando deixei meu sorvete cair no chão e vi o unicórnio ali, em cima de uma estante, brilhando como se a luz dos anjos o iluminasse, só depois que me dei conta que eram os refletores.

E depois daquele dia, meu segundo sonho foi ter um unicórnio. Claro que nunca levei isso muito a sério, mas nunca deixei de amar esses animaizinhos peludos.

Voltando ao fato da minha raiva repentina, eu sabia o que o “T” significava, Travis havia me mandado aquilo, mas... Como? Mamãe teria me avisado se um estranho entrasse no meu quarto para deixar um unicórnio, ou talvez não, já que Travis é bonito e mamãe tem tara por garotos na puberdade... E com hormônios a flor da pele, se eu for lembrar-me daquele dia na casa dele, céus, até ficou mais quente de repente. Sai do meu quarto em direção a cozinha, minha mãe cantarolava uma música dos Beatles – ela costumava ser um pouco hippie quando tinha minha idade, ainda não entendi como acabou casada com o papai e não em uma daquelas organizações para tomar a Amazônia – enquanto preparava um suco de uva.

-Mamãe, você viu alguém estranho entrar aqui em casa ultimamente?

Ela demorou um pouco para perceber minha presença - como sempre, já que sou insignificante - e quando finalmente me viu deixou uma expressão confusa passar pelo seu rosto.

-Querida, por que eu deixaria alguém estranho entrar na minha casa?

Por que você não bate bem da cabeça e também por que têm uma tara por garotos da minha idade, talvez?

-Têm um unicórnio de pelúcia no meu quarto.

Ou tinha...

Ela pareceu ter se lembrado de alguma coisa, então sorriu.

-Ah claro, deixaram para você enquanto você estava na casa do Michael – ela deixou se apossar de uma expressão de decepção – quando eu era da sua idade Katie, garotos costumavam dar flores para garotas, é algum tipo de moda nova dar unicórnios?

Não pude evitar rir, passar pela cabeça da minha mãe que agora as lojas de ursinhos de pelúcias estavam cheias, de tantos garotos que compravam unicórnios para dar para suas namoradas era simplesmente hilário.

-Não mamãe, não é nenhuma nova moda. Deve ser apenas uma brincadeirinha de mau gosto.

Ela me olhou como se eu fosse um Alien, talvez eu fosse já que sou completamente diferente dela e do papai, mas com toda a certeza, não sou verde em nenhuma parte do meu corpo, nem tenho três olhos. Mas logo mamãe voltou a fazer seu suco de uva. Virei-me para voltar para o meu quarto, tentada a dar uma ultima olhada na varanda para ver meu unicórnio.

Olhei e... Quem é o acéfalo que está tocando no meu animalzinho fofinho e peludo? Será algum garoto do colégio? Ele me parecia bastante familiar... Bem, não sei quem é, mas ele já pode se considerar um homem morto. Sai enfurecida do meu quarto e desci as escadas pulando de dois em dois degraus, certo que eu acabei rolando um lance de escada e quase bati minha cabeça na parede, mas me recuperei rápido e continuei a descer, me perguntei por que não fui mais ágil e peguei o elevador, mas a Sra. Foster sempre ficava presa no elevador aquela hora da tarde, eu me perguntava o que ela fazia em um elevador que não podia fazer em casa...

Quando finalmente dei por mim, estava na recepção do meu prédio e logo abri a porta dando de cara com alguém que eu não esperava mais nunca ver em minha vida, nem nos meus piores pesadelos.

Era um alien? Um tubarão? Uma princesa da Disney sedenta por sangue?

Não! Era Travis Stoll! Ali, parado na frente do meu prédio, com um unicórnio de pelúcia na mão e o sorriso mais presunçoso que ele já dera na vida no rosto.

-Sentiu minha falta Katie?

É, eu acho que posso me matar agora.

Pisquei meus olhos umas dez vezes e me belisquei também, só por precaução, mas Travis continuava ali, parado, olhando para mim, como se absolutamente nada tivesse acontecido.

Ás vezes eu penso como minha vida seria perfeita se eu não fosse tão idiota.

-O que você esta fazendo aqui? – eu perguntei meio tonta – E devolva meu unicórnio!

Arranquei o ursinho de pelúcia das mãos dele, me afastando rapidamente.

-Ah, é assim? Sem “Travis eu te amo”? Nem ao menos um “claro que eu senti sua falta Travie querido”? - ele perguntou com sarcasmo, me fazendo cerrar os olhos.

-O. Que. Você. Está. Fazendo. Aqui? - perguntei mais uma vez, mas ele apenas sorriu, não se abalava pela minha raiva, como sempre, já estava acostumado com ela.

-Bem, eu estava em casa, sem fazer nada, sem nenhuma garota para ficar. Então eu parei e pensei “homem, eu sinto falta dela”.

Deixei meus olhos ficarem mais estreitos, então algo se apossou de mim e a assassina com sede de sangue dentro de mim deu caras pela minha expressão, me fazendo ir até Travis e bater na cara dele, com força.

-Por que você fez isso? - ele disse, agora irritado, colocando a mão no rosto vermelho.

Ótimo, consegui arrancar o sorrisinho do rosto de Travis Stoll.

-É meu jeito de dizer que eu te odeio... Pensei que você já soubesse, mas você nunca me dá ouvidos.

Então, ele pareceu se acalmar, por que deu dois passos em minha direção e me olhou atentamente, como que se desculpando mentalmente. Droga, minha cabeça diz “quem se importa?”, mas então meu coração grita “você, sua idiota”.

-Por que você veio aqui Travis? – eu disse com um suspiro, olhando para o chão. Travis deu alguns passos em minha direção e levantou meu rosto, me forçando a olhar para ele.

-A vida é como uma montanha russa Katie, ela sobe e desce, nós somos prova disso. Mas é apenas sua escolha gritar e aproveitar a descida.

Pisquei meus olhos, não entendendo.

-Do que você está falando?

-O que você fez foi errado Katie...

-Eu não quero ouvir - Eu não queria saber nada que dissesse respeito ao que eu fiz, mas parecia que ele sempre voltava ao assunto.

-Eu não disse que você tem escolha. - Ele se curvou um pouco e sussurrou no meu ouvindo fazendo-me arrepiar, acho que ele percebeu porque soltou aquele sorriso zombeteiro de novo. Eu senti vontade de socar, só não sabia se era ele ou eu mesma – Eu não estou exatamente certo de como meus sentimentos são chamados nesse momento.

Levantei minha sobrancelha, Travis surtava de vez em quando.

-Que sentimentos Travis? Por eu você está aqui? De verdade?

-Por que eu estou aqui? Não está na cara Katie? – ele suspirou – eu sei que fui um idiota. Eu disse para mim mesmo que nunca faria mal a você um milhão de vezes e só depois fui notar que eu te magoei quando não aceitei seu sonho. É só que... A idéia de que você iria embora sem se importar comigo... Eu fiquei arrasado Katie. Passei até quase todos os dias escutando “Fucked in Love” do Cobra Starship!

Pisquei meus olhos atordoada, ele não podia estar falando sério.

-Você... Está apaixonado por mim?

-“And now you're gone, but I'm still so fucked in love, with you…” – ele cantarolou e logo depois sorriu – Você pode ser a garota mais inocente, boba e  e infantil que eu conheço Katie, mas isso só te faz ainda mais encantadora.

Não vou disser que eu não esperava aquilo, por que no fundo, eu ainda sou a mesma Katie (romântica, doidinha pelo Travis, princesa da Disney, apaixonada por unicórnios) de sempre. E quando Travis deu mais um passo em minha direção, me puxou pela cintura e acabou a distancia entre nós, eu deixei o unicórnio cair das minhas mãos e retribui o beijo com convicção.

E daí quem se apaixonou primeiro?

Ter Travis ali fazia meu mundo girar mais divagar, ter ele me beijando? Ah, eu nem ao menos podia explicar! Se isso é clichê? Totalmente, mas quem não gosta de um velho clichê água com açúcar?

Quando Travis parou de me beijar, colou a testa na minha, olhando nos meus olhos.

-Miranda mandou disser uma coisa para você.

Ah, então esse não é o momento mágico em que o beijo termina e ele diz “eu amo você”?

-O quê?

-Ás palavras dela: “não me desapontem crianças, vocês sabem como eu amo finais felizes” - ri balançando a cabeça, Miranda sempre adorava falar coisas constrangedoras - Acha que não a desapontamos?

-Bem, seria bom mais um beijo para provar isso.

Ele riu, mas me segurou mais fortemente e me beijou novamente, dessa vez se importando mais com o fato de estarmos no meio da rua.

-E agora?

-Ah com certeza, mas vou precisar de mais desses, para uma resposta de longo prazo.

Travis riu mais uma vez e notei que a risada dele me fez rir também, não por que era apaixonante, mas por que era muito hilária mesmo! Sabe aquelas hienas do Rei Leão? Pois é! Travis conseguia ser pior do que elas.

Peguei a mão dele e o arrastei para meu apartamento – não antes de pegar meu unicórnio do chão - não para terminar o que começamos, não tenho a mente tão poluída assim ok? Bem, talvez só um pouquinho... Mas sim por que Travis era um louco, e como um louco que se preze ele não tinha para onde ir. Claro que você deve estar pensando “Que garoto apaixonado, fez uma viagem de não sei quantas horas sem nada planejado só para se acertar com sua amada e tê-la em seus braços!”.

Bobagem, sim, pura bobagem. Travis ia receber uns bons cascudos mais tarde por ser tão irresponsável.

Mamãe deve ter ficado surpresa quando entrei com Travis no apartamento, por que nos olhou como se os dinossauros tivessem ganhado vida. Então ela olhou para o corpo de Travis e olhou para mim, meio indecisa.

-Querida, eu duvidava, mas agora, vendo esse garoto – deixei um “mãe!” escapar da minha boca – Você tem bom gosto, pelo menos seu pai vai ter um motivo para te provocar agora.

Revirei os olhos e Travis sorriu daquele jeitinho, como se fosse um garoto comportado, tenho que avisar para mamãe que Travis com toda a certeza vai tentar ir até meu quarto durante a noite. Nem queira saber para quê.

-Olá senhora Gardner, você é ainda mais encantadora pessoalmente.

Ele estava tentando conquistar minha mãe?

-Você já me conhecia, querido?

-Ah, Katie já me falou muito de você.

Mentiroso! Eu nunca falei da minha mãe para ele. Isso é pior do que falar de ex-namorados.

-Travis, sem seus olhares sedutores – eu disse para ele que riu – Mamãe, Travis não tem para onde ir, ele pode ficar aqui?

-Claro, mas sem visitinhas ao quarto da minha filha durante a noite, escutou rapazinho?

Ele assentiu e eu revirei meus olhos, pegando a mão de Travis e o conduzindo para o meu quarto.

-Acho melhor nem falar dos meus sonhos eróticos com você para ela.

-Você anda tendo sonhos eróticos comigo Travis Stoll? - Perguntei rindo enquanto jogava o unicórnio na minha cama.

-O tempo todo, em um deles você usava uma fantasia de enfer...

-Eu não preciso saber disso.

Travis deu de ombros e se sentou na cama ao meu lado brincando com o edredom do ursinho Pooh.

-Você vai dormir no quarto ao lado, tem um banheiro no corredor, na ultima porta. Todo mundo geralmente acorda as sete, então não durma muito e mamãe sempre faz panquecas de manhã...

-Katie, eu não dou a mínima para isso.

Ele disse se levantando, segurando minha mão e sorrindo.

-Não?

Ele negou, então com a outra mão tirou algo do bolso da calça, meu Deus. Era a mesma carta que eu havia recebido, um convite para o teste de seleção para a Actors Studio. Eu podia até chorar agora.

-Nós dois, em Nova York, o que você acha baby?

Não respondi a Travis, por que naquele momento eu já estava muito ocupada beijando o mesmo.

Eu me lembro da primeira vez que nos vimos, eu não gostei realmente dele. Mas agora? Essa já é uma diferente historia!

“Tudo vai ficar melhor agora”

When you’re Young – 3 doors down


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Notas finais do capítulo

Quem gostou levanta a mão! E ai? Por favor, sejam sinceras. Ainda falata o epilogo, onde eu vou dar um fim a tudo mesmo, então, não fiquem tristes ainda, repito.
Começei a ler um novo livro! Lonely Hearts Club, indico para vocês se forem fãs de Beatles como eu!
Alias, logo logo vou postar minhas novas historias, resolvi, vou postar as duas, kkkk, então, quem quiser acompanhar... Fico imensamente feliz!
Beijo para vocês! Já já respondo as reviws super lindas de vocês!