Bebi mais um gole de cerveja. Você deve estar pensando, nossa querida Katie Gardner ficando bêbada? De novo? Bem, eles vão me julgar no final de qualquer jeito, então que seja.

-Eu nunca pensei que chegaria o dia em que eu encontraria Katie Gardner em um bar.

Levantei meus olhos para ver um estúpido Stoll parado olhando para mim.

-Você tem algum problema com isso? Por que eu realmente quero ficar bêbada.

Travis gargalhou e sentou ao meu lábio.

-Eu acho que tenho a solução para o seu problema.

Ele chamou o garçom, pedindo um uísque e alguma bebida que eu não sabia classificar pelo nome. Logo peguei o pequeno copinho de bebida azulada e bebi de uma vez, soltando uma lufada de ar pela boca logo depois.

-Ei, cuidado com a dose, você deve ter baixa tolerância ao álcool.

Travis avisou, mas até ele mesmo bebia.

-Cala a boca Travis, eu só quero esquecer-me de tudo por um momento.

Ele sorriu para mim, mas eu mesma não tive coragem de retribuir o sorriso.

-Por que você está aqui?

Bebi mais uma dose daquela bebida.

-Estou com problemas no clube de teatro.

-Ah Travis, estou com tanta pena de você – eu disse já um pouco transtornada e com verdadeira pena.

Ele gargalhou, mas continuou apenas bebendo.

-Você fica engraçada quando bebe.

-Travis – eu disse depois do meu terceiro copo - eu estou girando.

Travis que já havia bebido tanto quanto eu, mas apenas com um grau de diferença, graças as suas porções diárias de bebida, me segurou pelos ombros para eu não cair.

-Isso logo passa, é o primeiro estágio.

Perguntei-me do que ele estava falando quando Travis me entregou mais um copo.

-Vamos jogar um jogo.

Travis disse fazendo minha cabeça dar um pulo de cem metros, eu não entendi exatamente o porquê, eu nunca tinha ficado tão bêbada a esse ponto.

-Você é um pegador Travis Stoll - ele levantou uma sobrancelha confuso - Não me escute, estou bêbada.

Travis apenas balançou a cabeça

-Como se eu te escutasse diariamente...

Revirei os olhos e passei a me balançar de um lado para o outro.

-Me conte sobre esse jogo.

-É fácil, eu faço uma pergunta e você responde.

Travis me deu mais um copo do líquido azul, que estranhamente me lembrava unicórnios em um campo de aboboras, ai o efeito do álcool.

-Vamos lá!

Bati minhas mãos alegremente, me sentindo em uma áurea feliz rapidamente, como se no mundo não houvesse miséria e eu nem fosse uma garota sem namorado e que quisesse apenas dominar o mundo.

-Primeiro: O Will beija bem?

Cocei minha cabeça pensando.

-Dá pro gasto.

Travis soltou um sorrisinho que eu sabia que era malicioso, fiz biquinho esperando pela outra pergunta.

-Eu beijo melhor que ele, Katie?

-Você... – fiquei tonta por um segundo, então sorri bobamente – Você não precisa saber disso, não, não, não.

Se alguém tem mais alguma dúvida que eu esteja bêbada, por favor, pare de ler agora, você não é capaz intelectualmente para ler o resto.

- Vamos Katie, largue de ser bobinha.

Ah, esse era meu novo apelido?

-Não Travis, você já tem um ego grande demais.

-Você acha que eu sou egocêntrico?

Ele perguntou docemente e eu me permitir aproximar-me mais dele, quase caindo.

-Só um pouquinho.

Sorri voltando a me sentar e bebendo mais um copo do líquido azul.

-Qual o nome disso?

-Popularmente conhecido como “a fada verde” – O cara do balcão falou, ele estava escutando nossa conversa?

-Mas é azul!

Exclamei inconformada, Travis sorriu para mim como se soubesse de algo que eu não sei.

-Você ainda não me respondeu se eu beijo melhor que o seu namoradinho.

-Ele não é mais meu namorado Travis – ele levantou a sobrancelha para mim, esperando a resposta – Mas para você saber, eu prefiro beijar você.

Travis sorriu malicioso e se levantou da cadeira colocando a mão na minha perna envolta em jeans.

-Você me beijaria agora?

-Não – Balancei a cabeça negativamente – Você está bêbado.

-Você não está muito melhor que eu.

Sorri ligeiramente com uma vontade de chorar de felicidade, ou tristeza, não sei, mas eu me encontrava em um êxtase total.

-Vamos ser amigos para sempre Travis?

Perguntei feliz me jogando nos braços dele, se eu estivesse sóbria duvido que teria coragem de fazer isso.

-Ah Katie, você quer ser só minha amiga?

-Podemos ser melhores amigos então!

Gritei feliz enquanto a música de lambada tocava no ar e de repente lá estava todos se levantando das mesas. Havia um grande cartaz que eu não conseguia ler perto de uma mesa bem maior que as outras.

-Um concurso de sorvete.

Travis disse enquanto eu me esforçava para ler as palavras.

-Vamos Travis! Eu quero sorvete!

Puxei Travis para o meio da multidão, enquanto um homem tentava persuadir as pessoas a entrarem no concurso, levantei a mão rapidamente.

-Estão vendo? A mocinha de olhos verdes tem coragem de participar!

Ele falou como se eu fosse alguma vez especial no mundo.

-Não, não! É Travis, vai Travis, ganhe um unicórnio para mim!

Travis revirou os olhos, mas foi cambaleando até o palco.

-Aqui, namorado da garota de olhos verdes.

-Eu não sou namorado dela – Travis falou bobamente olhando para mim, sorri corando.

-Ele é sim!

Por que eu disse isso mesmo?

-Vamos começar! Quem será que come mais sorvete em um minuto?

Logo Travis estava se empanturrando de sorvete até cair por cima dele de tão cheio, ele limpou o rosto e se jogou em uma mesa, me fazendo pular feliz até ela.

-E meu unicórnio?

-Eu não ganhei Katie, o cara com bigode engraçado comeu mais sorvete que eu.

Ele bufou triste e eu me sentei á cadeira.

-Travis – pedi com a voz manhosa – Eu posso não gostar de você por um minuto?

-Então, você gosta de mim?

Ele perguntou bebendo mais um copo da bebida colorida, da minha bebida colorida.

- Os rumores são verdade? – Perguntei tentando mudar de assunto – Você beijou Drew e Lou Ellen... Na mesma semana... Você está se tornando pior do que já é, companheiro – Travis apenas continuou a beber, sem nem ao menos me olhar nos olhos ou emitir um chiado - Por que você esta bebendo... Você... Você está me ignorando? Agora você está sendo imaturo.

Travis riu, então finalmente se virou para mim.

-Você não quis me responder.

-Minha pergunta é mais interresante.

Travis balançou a cabeça, como se eu houvesse falado algo engraçado. Mudei de assunto enquanto continuavamos bebendo e conversando besteiras por mais algumas horas.

-Senhor Stoll, o taxi está o esperando, é melhor o senhor ir.

Disse um homem alto, me perguntei se Travis freqüentava muito esse bar.

-Ir para onde? Está divertido aqui!

Ele disse batendo na mesa e rindo, Travis estava tão bêbado quanto eu.

-Já é quatro horas da manhã senhor.

Ele revirou os olhos, mas puxou minha mão para a dele.

-Certo, vamos Katie.

-Ah não Travis, eu quero que Juliano leia minha mão.

Eu disse não saindo do meu lugar.

-Juliano?

-É, o cartomante.

Ele assentiu e logo o levei até uma mesa mais afastada do bar, onde um homem negro e de grandes olhos castanhos olhava misteriosamente para o nada.

-Leia minha mão Juliano!

Pedi me jogando na mesa, Juliano pegou minha mão e me senti em uma áurea metaforicamente alucinógena.

-Vamos ver... Duas linhas cruzadas, um romance pelo que vejo.

-Um romance? Não tem nada ai sobre eu me tornar famosa?

Ele queria me deixar descepcionada?

-Um romance sem chances de dar certo, vocês são incompatíveis demais. Como fogo e gelo.

-Oh Juliano, não gostei do meu futuro.

Então ele levantou seus olhos para Travis, sorrindo misteriosamente.

-É ele? Ele é o seu futuro incompatível?

-Travis? Oh não, ele é só meu amigo.

Mentira. Mentira. Mentira.

-Deixe-me ler sua mão garoto.

Com relutância Travis sentou-se à mesa dando sua mão para Juliano.

-Claro, como eu pensava – ele resmungou - Vocês tem um futuro juntos, mas sem chances de dar certo.

-Você está errado – disse Travis.

-Não, criança, eu trabalho como cartomante a dezessete anos, acho que sei mais do que você.

Travis revirou os olhos e puxou sua mão, momentaneamente sóbrio...

-Você está errado, eu vou provar.

Ou não, por que quanto ele me beijou daquele jeito, eu duvidava que Travis tivesse um pingo de sobriedade.

-Eu acho que vou vomitar Travis.

Eu disse depois do fim do beijo e logo estava correndo para o banheiro. Depois disso, sinceramente, eu não me lembro de nada.

-O... O que aconteceu? -Perguntei com uma cara confusa tentando ao máximo me lembrar do que havia se passado.

-Esperava que você realmente estivesse bêbada.

-O que a gente fez? – perguntei ainda com uma expressão confusa, olhando pro garoto que estava deitado ao meu lado. Primeiro: aquele não era o meu quarto, segundo: eu estava com uma ressaca de matar um, terceiro: eu simplesmente estava apenas com minhas roupas de baixo!

-Acho que você já deve ter alguma idéia, já que eu estou só de boxer, e você só de calçinha e sutiã.

-Você... Você abusou de mim! - comecei a gritar que nem uma louca, me enrolando com os lençóis deixando o garoto com o abdômen a mostra, e sua boxer branca.

-Não abusei - Respondeu ele com uma voz calma levantando da cama e se vestindo.

-Como eu vou saber que é verdade?

-Não me importa que você não saiba a verdade.

Pisquei confusa, procurando com meus olhos minhas roupas pelo quarto.

-Onde estamos?

-No meu apartamento.

Disse ele já vestido, arregalei meus olhos me perguntando onde estaria seu irmão.

-E Connor?

Ele riu se aproximando de mim e apertando minha bochecha.

-Você é tão inocente Katie-Kat, precisa aprender mais sobre o mundo.

Bati na mão dele deixando o lençol cair e mostrar meu sutiã, Travis lançou um olhar malicioso para ele e sorriu.

- Katie... Você tá tentando me seduzir? – ele falou e caiu na gargalhada enquanto eu ficava vermelha. Então logo depois se virou e entrou no banheiro.

-O que fizemos ontem Travis?

-Estávamos bêbados Katie, mesmo se quiséssemos, não tínhamos condições de passar de um beijo – Ele riu - Você quase vomitou suas tripas ontem.

Levantei-me pegando minha blusa e minha calça do chão e vestindo rapidamente. Fui até Travis, escancarando a porta do banheiro.

-Eu fiz alguma coisa de que devo me envergonhar?

-Além de beber todas, ir a um cartomante, me pedir um unicórnio, tirar nossas roupas e tentar me seduzir? Não, acho que não – ele falou momentaneamente serio, então passou por mim e saiu do quarto. Peguei minha jaqueta do chão e vesti rápidamente, saindo atrás dele, Travis estava na cozinha, colocando cereal em uma tigela, parei na frente dele e Travis levantou a cabeça.

-Quer tomar café?

-Quero voltar para casa.

Ele levantou as sobrancelhas e pegou outra tigela colocando cereal e leite.

-Coma, vai fazer bem a você.

Balancei a cabeça ainda confusa e peguei a tigela, Travis me deu uma colher e logo começou a comer seu próprio cereal. Sentei-me a mesa levando a comida, Travis fez o mesmo, sem trocarmos uma palavra.

-Você arruinou minha vida Stoll.

-Que eu saiba, você também se divertiu muito ontem. Por que eu tenho certeza que não estava ficando esquizofrênico quando escutei você dizer que prefere beijar a mim ao Will.

Arregalei os olhos e comi o cereal o mais rápido possível.

E como eu poderia ficar aqui com você e não me comover com você? Me diga, como isso poderia ficar melhor?

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