Segui Damon até o palácio vermelho, entramos no mesmo, e dei de cara com um palácio decorado com crânios, e um salão enorme onde há apenas um trono negro ao centro.

–Chame por seu mestre, eu e ele temos assuntos a serem tratados. –Falei o empurrado para ficarmos mais próximos do trono.

–Eu não o chamarei.

–Não é preciso Damon, já estou aqui, afinal este é o meu lar. –Um homem de cabelos loiros, e olhos de um vermelho vivo disse aparecendo no trono a nossa frente.

–Encomenda entre. –Falei soltando Damon.

Damon chamou sua espada que surgiu do chão a sua frente, avançou sobre mim desengonçado, sem equilíbrio já que a pouco perdeu o braço.

–Imbecil. Eu deixei você ir e mesmo assim preferiu a morte. –O cortei ao meio antes que ele me atacasse.

Se tivesse ficado quieto eu não o teria matado, mas não tinha que chamar a espada, tem gente que nunca reconhece que perdeu.

–Ora, ora, ora, o que temos aqui. Quem é você filha da noite? –Lúcifer perguntou com as sobrancelhas arqueadas, me fitando com curiosidade.

–Nyx Night, estou aqui para libertar a Caçadora. Seria de grande ajuda se você o fizesse imediatamente. –Falei firmemente, esticando a espada bruscamente para escorrer o sangue, e a guardando em seguida.

–Então você é a famosa Nyx?! É um prazer conhecer a lenda que quase derrotou Seth e que matou o Ancião Marcus, ouvi muitas estórias a seu respeito. Você realmente é muito boa pelo o que pude ver afinal você acabou de destruir o 2º melhor demônio do inferno inteiro.

–Quem seria o primeiro? –Perguntei curiosamente sem dar muita atenção ao que ele falava mais preocupada com os guardas demônios que ainda não haviam aparecido para me barrar.

–Esta falando com ele.

–Você nem se gabou. –Grifei sua grande modéstia.

– E pelo o que estou vendo temos uma nova número dois. Você sabe quem sou eu Nyx? O que eu proporcionei para você e aos outros demônios? - O homem gritou para mim de seu trono negro.

–Tenho uma vaga ideia Lúcifer, você já pode me poupar das aulas de História, sabe eu era uma boa aluna.

–Então você sabe do que se trata, interessante, na verdade esse é o esperado de uma líder como você. O que você acha?

–Não nego que estava esperando uma recepção calorosa, mas para mim não faz diferença. Solte a Caçadora, e estará tudo resolvido. –Falei com a voz carregada de tédio.

Como esse cara pode ser o SENHOR do inferno? Estou tentando o irritar desde que cheguei e ele não tirou o sorriso da cara, que droga. Estou perdendo a paciência, que já me é limitada.

–O que você quer com a Charlotte? E quem te disse que ela esta aqui?

–Não precisa ser um gênio para saber que você a capturou, já estive presente quando um de seus ataques ocorreu, e imagino até onde você pode ir para conseguir o que quer. Outra coisa, meus assuntos com a CAÇADORA, são assuntos que só diz respeito a mim e a ela.

–Quando o Marcus me disse que tinha uma mina de ouros em mãos, há alguns séculos eu não entendi. Anos depois a Anne vem me pedir ajuda e proteção porque quer tomar a força de uma vampira muito forte. E há alguns dias a Charlotte me disse que a única tormenta de sua vida, é não ter desafiado a Anne por sua causa, sabe o que é isso? Conheço muitos vampiros e demônios que te odeiam, e Seth o rei dos Lobisomens e a Charlotte praticamente têm adoração por você, me pergunto, qual dessas é a verdadeira Nyx? A odiada ou a adorada? –Lúcifer perguntou sorrindo, colocando as pernas sobre o braço do seu trono, e recostando a cabeça no outro braço.

Isso confirma que ele conhece a Anne, agora ele facilitara muito as coisas.

–Sou apenas esta que esta em sua frente. – Falei aparecendo atrás de seu trono e colocando a espada em seu pescoço. –Agora ordene pra um desses merdas que você chama de demônio trazerem a Charlotte, ou vou começar a te retalhar.

–Você realmente acha que tem chances contra mim? Seu verdadeiro criador? Não me faça rir, você nunca conseguira igualar forças comigo, nem a Charlotte que é quase um anjo, e tem a Chave conseguiu, uma cria como você não conseguira.

–Lúcifer, eu tenho mais chances que a Charlotte porque ela é humana e eu uma imortal criada em laboratório. Agora ordene para que a tragam, ou posso começar a me divertir. –Sorri para ele forçando a espada para arrancar um pouco de seu sangue.

O sangue de Lúcifer, o sangue do Rei do inferno escorria em minhas mãos. Isso definitivamente é uma das maiores tentações que eu já senti em minha vida.

–Aqui esta. –Lúcifer apontou com o queixo para a entrada principal. –Não é isso o que você queria?

A Charlotte estava amarrada, com suas roupas rasgadas e manchadas de sangue. Tenho para mim que ela emagreceu um pouco. Será que ela esta muito machucada?

–Solte-a ou eu firo ainda mais o seu mestre. –Falei encarando o demônio.

–Não o faça. –Lúcifer falou entre os dentes, com o olhar em chamas cravado no demônio.

–Certo, se terá de ser assim. –Falei puxando a espada do pescoço do Lúcifer e começando a correr em direção da Charlotte.

Saltei ao chegar a 3 metros de distância de onde eles estavam. O demônio tentou usar a Charlotte como escudo e me fazer parar o ataque, mas eu puxei uma das armas do Klaus e dei dois tiros em sua cabeça, o fazendo cair com no chão com um baque surdo.

–Se tivesse feito o que eu pedi estaria vivo. –Falei usando a minha espada para cortá-lo ao meio. –Como você esta? –Perguntei me aproximando da Charlotte enquanto guardava as armas, estourando em seguida as correntes que prendiam seu corpo.

–Muito melhor. –Charlotte falou tirando a mordaça que antes a impedia de falar. –Pensei que você não viria não depois que eu soube que você esta doente. Porque veio?

–Idiota - xinguei e dei-lhe um meio abraço rápido e fraco, já que estou com medo de ela ainda ter alguma fratura não curada-, porque tem um homem lá em cima, que revirou o mundo atrás de mim. Você realmente acha que depois de saber que o Klaus me procurou feito um louco, eu não os ajudaria? E também eu tenho assuntos a tratar com o seu amigo. –Dei-lhe um meio sorriso, mostrando Lúcifer.

–Eu vou te ajudar. –Ela me disse fazendo menção de ir enfrentar Lúcifer.

–Não, aposto com você minha espada, que você tem alguma fratura não curada, não importa se você é meio anjo ou não, você esta machucada. Me dê cobertura se for necessário, e pense se possível em uma maneira fácil e rápida para sair daqui, tenho certeza que ele esta chamando um exército agora. Eu já volto para irmos para casa. –Falei dando-lhe as armas de Klaus e começando a correr em direção a Lúcifer que agora estava no centro do salão.

***

–Esperou por muito tempo? –Perguntei ao me aproximar.

–Não, não depois de vê-la em ação, devo dizer que começo a entender por que te admiram e te odeiam ao mesmo tempo. –Lúcifer disse enquanto pegava sua espada que surgiu do chão. –O que você quer saber de mim?

–Me dê à localização de onde a Anne está, e eu vou embora e não volto nunca mais. –Falei me aproximando e pegando minha espada de sua bainha em minhas costas.

–“Esta lâmina na mão da melhor guerreira de todos os tempos será a última coisa que você ira ver”. Isto soa um tanto quanto confiante de sua parte, mas devo lhe dizer que é uma bela espada, de um tipo que não se vê há muito tempo, você tem bom gosto, onde a conseguiu?

–Um presente, de reconciliação com alguém. Agora você vai me dizer onde ela esta ou vou precisar tomar uma atitude drástica?

–Não tenho interesse em deixá-la ir, não quando eu posso usá-la para enfeitar minha coroa com a sua glória.

–Não. –Charlotte gritou se levantando do chão onde estava sentada.

A encarei, e fiz sinal para que se acalmasse que tudo se resolveria.

Lúcifer queria ter usado a Charlotte para fazer algo, e não pode graças aos ferimentos nela. Ele acha que tem algum domínio sobre mim, posso tirar vantagem disso. Posso fazer uma troca, isso foi exatamente o que ela fez pelo Klaus, mas dessa vez ao menos eu sei que tenho uma chance.

–Se você tem tanto interesse em mim, liberte a Charlotte que eu fico.

–E se eu não quiser?

–Então teremos que retomar a conversa de antes. –Falei saltando e o atacando com um golpe de cima para baixo.

Lúcifer desviou facilmente de meu golpe. Eu me recuperei rapidamente, e peguei a espada da Charlotte na bainha em minhas costas. Girei meu corpo e balancei os braços como uma hélice, avançando sobre ele complicando os seus movimentos para me bloquear.

Cada ataque, cada investida, aproximava-me de um acerto, um acerto que seria de fato um tanto doloroso para ele.

–Duas espadas? Ah, eu admito estou surpreso por você saber as empunhar tão bem, parece que foi você que as projetou.

–Ela consegue empunhar qualquer coisa que possa ser denominada arma, e as executar perfeitamente e com precisão. –Uma voz masculina conhecida soou atrás de mim.

–Então foi para cá que você veio Marcus. Eu jurava que sua alma estaria em um lugar muito pior, pelo menos é o que você merece depois de sacrificar tantos inocentes por um mero capricho.

–Olha quem fala de matar inocentes, o anjo negro que ceifou mais almas do que os guerreiros mais sanguinários juntos. Ainda esta vendo as lembranças que estão em meu sangue?

–Antes as suas do que as minhas. –Falei sorrindo. –Sabe, descobri coisas muito esclarecedoras em suas lembranças. O mais engraçado é que pra quem queria ser o soberano do mundo você esta se dando muito bem, cumprindo ordens.

–Ótimo, eu não sabia que a minha pequena Nyx havia se tornado uma anciã. Que noticia maravilhosa, pensei que vampiros descendentes como você não soubessem que se ingerir o sangue de um ancião é a chave de tudo, desta vez você realmente se superou. –Lúcifer falou animado.

–Você também bebeu o sangue da Caçadora, isso não te afetou? Afinal o sangue de um vampiro, com o sangue de uma meio anjo tem muitas incompatibilidades. –Marcus me perguntou intrigado.

E como tem, às vezes parece que meu corpo esta em guerra com si mesmo, mas isso vocês dois jamais ouvirão da minha boca.

–Eu estou aqui, isso esclarece muitas coisas pra vocês não? Marcus, eu acabo de descobrir que minha raiva por você não diminuiu nem um pouco mesmo eu tendo te matado, sabe o que isso significa?

–Não, eu não sei.

–Que terei que te matar até que a raiva diminua. –Sorri correndo em sua direção, e saltando no último minuto o decapitando com a espada da Charlotte. Parei a um metro de distância usando minha espada como apoio.

–Sabe o que é mais incrível? –Neguei com a cabeça. –Você sendo em parte demônio não poderia empunhar essa espada, não sem ser morta pela oração nela. -Lúcifer falou com o olhar sério.

–Vai me contar onde a Anne está ou não? –Perguntei o encarando, tentando mostrar indiferença pelo o que ele disse, mas sentindo a dúvida me corroer, já que eu estava me perguntando o mesmo, afinal eu havia tocado a pouco na lâmina e nada aconteceu.

–A probabilidade de você nunca mais voltar aqui espontaneamente me entristece, você é habilidosa e tem raiva demais para ficar livre.

–Não me diga que você vai tentar me prender? Você realmente acha que tem capacidade e demônios suficientes pra isso? Pergunte para o Marcus quando ele voltar ou para a Anne, não respondo bem a ordens, e sempre acabo matando o meu “Chefe”. –Usei um tom de ameaça, finalizando com um sorriso demoníaco.

–Sou imortal, e também seu criador não corro riscos.

–Mas seus demônios correm, e eu não hesitarei em matá-los ou em fugir daqui, faça uma troca comigo, liberte a Charlotte que eu passo o resto da eternidade com você, é pegar ou largar.

–Eles são tão imortais quanto você, a não ser que...

–Sempre há um jeito, você mesmo sabe. –Falei arqueando uma sobrancelha.

–Certo, ela será liberta. – Lúcifer disse encarando a entrada principal atrás de mim, onde a Charlotte deve estar. –Scarlett leve a Caçadora até o portal, Damon fique aqui, tenho um trabalho fresco para você. –Damon e Lúcifer sorriram um pro outro, o que me deu um arrepio, deve se tratar de mim.

Olhei para a Charlotte, ela me fitava com um olhar de tristeza misturado com ódio enquanto a Scarlett a levantava do chão.

–Senhor, posso dizer adeus antes que a Charlotte se vá? –Perguntei fingindo estar ali para me tornar uma demônio exemplo.

–Sim, vá logo. –Lúcifer respondeu sem expressão alguma no rosto, mas pude notar as chamas de seus olhos brilharem um pouco mais.

Idiota, não sabe o que o espera, deveria me amarrar e me cortar os membros para então negociar comigo, do contrário nunca me rendo.

–Porque você está fazendo isso? Você pode derrotá-lo, porque esta se juntando a ele? –Charlotte me perguntou assim que me aproximei para lhe dar um abraço.

–Eu sei o que estou fazendo, saiba que será uma grande surpresa. Isto te pertence, me desculpe se ela esta um pouco suja, mas tive que a pegar emprestada. –Falei puxando espada que pertence a ela da bainha e a estendendo em minhas mãos para que a mesma pegasse.

–Não, ela esta em boas mãos, e tenho a sensação que a nossa amiga demônio sabe onde a minha velha espada está. Por favor, se cuide.

–Você pode fazer um favor pra mim quando chegar lá em cima?

–Claro Nyx.

–Se a Scarlett se aproximar do Dennis, a mate, e ajude o Klaus a o prender se ele quiser vir atrás de mim, irei demorar só mais um pouco. –Falei sorrindo sem graça.

–Pensei que você amasse o Vi...o outro. –Ela disse se contendo em dizer o nome do Vinicius, com medo de que Lúcifer o usasse como fez com o Klaus.

–E eu amo. Dennis é um lobisomem, e meu melhor amigo, você gostará dele. –Falei a abraçando, e demorando a soltá-la, aproveitando para avisar a Scarlett. –Se você tocar no Dennis sem eu estar presente, o Klaus e a Charlotte têm a permissão para te matar, e se não o fizerem tenha certeza que eu o farei -abri um sorriso de canto para ela-. Volte logo, precisarei de sua assistência para minha fuga.

–Certo. –Scarlett falou com o olhar triste.

Então ela realmente estava pensando em atacar o Dennis enquanto eu estou aqui em baixo, esperto da parte dela, muito esperto.

Charlotte me lançou um último olhar triste antes de desaparecer do meu campo de visão logo após sair do palácio.

***