Haviam se passado dois dias desde a ultima visita de Rupert á mansão dos Lockheart.E de tempos em tempos,as dores de Alana voltavam.Ela só agradecia que as dores não lhe ocorriam quando estavam todos juntos.Ela sabia que isso só iria deixar todos preocupados.

Naquela manhã em especifico,Alana acordara um pouco mais tarde,mas estava se sentindo mais leve que o normal.Ela desceu e tomou café da manhã com Eliza que ainda estava bastante sonolenta.

–Como está se sentindo Aaaaalana?-perguntou Eliza bocejando.

–Estou bem.-respondeu ela.-Porque?

–Lembra que encontramos você desmaiada aquele dia?-perguntou Eliza se espreguiçando.

–Lembro-respondeu Alana.-Mas não se preocupe.Aquilo não foi nada.Eu prometo.

–Ok então.-retrucou Eliza.

–Onde está Edward?-perguntou Alana bebendo um gole de leite quente.

–Esta lá fora.-respondeu Eliza mordendo um pedaço de pão.

–Nesse frio?-questionou Alana surpresa.-O que ele está fazendo?

–Ele está pintando.-respondeu Eliza se inclinando na cadeira com a caneca entre as mãos.-Não sei por que ele gosta de pintar a neve.
Alana terminou seu café em silêncio e o mais rápido que podia.Ela queria muito espiar qual era o cenário que Edward estava pintando dessa vez.Ela trocou de roupa rapidamente.Antes mesmo que ela terminasse de se arrumar,Alana reparou que Edward estava conversando com um homem na frente da casa.

O homem era alto,com um barba marrom e uma cartola no topo de sua cabeça.Ele estava bem elegante,mas Alana não gostou muito do casaco de pele que ele usava,era chamativo e parecia ser de um lobo da montanha o que deixou Alana enfurecida.

O homem estava sorrindo e gesticulava muito enquanto conversava animadamente com Edward que não demonstrava nenhum interesse no que o outro falava e dava respostas breves ao homem.

Logo eles terminaram a conversa e o estranho se despediu com um aceno ao entrar em uma carruagem que partiu logo que ele entrou.

Com uma expressão rabugenta,Edward andou em direção a casa e só reapareceu há vista da janela carregando seus materiais de pintura.Alana percebendo que ele estava caminhando para outro lugar além dos terrenos da mansão,terminou de se trocar rapidamente,desceu as escadas e atravessou a sala saindo da casa sem trocar nenhuma palavra com Eliza,o que deixou a menina bastante confusa e surpresa.

Alana seguiu Edward furtivamente e sempre fora de vista.Ele caminhou pela cidade,andando por ruas que Alana não reconhecia,mas naquele momento a unica coisa que lhe importava mais era observar Edward.

Foi nesse momento que ela acabou perdendo ele de vista por alguns momentos e quando virou na esquina que ele acabara de entrar se deparou com o mesmo a encarando.

–O que pensa que está fazendo?-perguntou ele encarando Alana.

–Eu... Eu só.-ela tentou dizer.-Eu estava...

–*suspiro*-Você estava me seguindo, não estava?

–Eu só queria lhe perguntar uma coisa e...-Alana tentou explicar rapidamente.

–Venha.-Edward chamou dando as costas para Alana.

–O que?-Alana questionou seguindo Edward vagarosamente.

–Você queria ver para onde eu estava indo certo?-ele retrucou olhando por cima do ombro.-E queria me ver pintando também não é?

–É.-respondeu Alana um pouco perplexa.

Edward andou calmamente com Alana logo atrás e em silêncio.Ela simplesmente não sabia o que dizer.A atitude de Edward fora completamente inesperada e fizera o coração de Alana palpitar levemente o que a deixou bastante confusa.

Eles entraram num pequeno bosque com um pouco de neve o cobrindo atrás de uma casa antiga e que parecia abandonada,mas ao mesmo tempo estava em perfeito estado.

–É por aqui.-falou Edward olhando e andando cuidadosamente pelo bosque.-Tome cuidado onde pisa.

Eles caminharam um pouco mais pela neve e Alana avistou um pequeno casebre de vidro fosco.Era impossível saber o que havia dentro dele,mas Alana conseguiu reconhecer a sombra de algumas plantas que estavam bem próximas aos vidros.

–O que é isso?-perguntou Alana curiosa.

–Você nunca viu uma estufa antes?-questionou Edward encostando seus materiais de pintura ao lado da porta.

–Não que eu me lembre.-Alana mentiu.

–É onde pessoas colocam plantas para cuidar delas e até cultivarem frutas e legumes.-respondeu Edward retirando um molho de chaves do bolso.

–Então você esta cultivando plantas aqui?-perguntou Alana.

–Não é só isso.-respondeu Edward com um sorriso simpático e calmo.

Edward abriu a porta e quando Alana entrou, um bando de borboletas voaram para o alto.Ela estava surpresa com o que estava observando e ficou paralisada no lugar enquanto Edward calmamente fechava a porta atrás dela.

–Eu não acredito.-Alana sussurou.-As borboletas...

–Eu as recolho quando o inverno está se aproximando.-explicou Edward colocando seus materiais em uma mesa de madeira vazia.-É uma tradição de família.Quase.

–Então....Todos aqueles anos que eu via as borboletas voarem juntas no começo da primavera...-Alana pensou tapando sua boca com as duas mãos em completa surpresa.

–Minha mãe começou com essa tradição quando eu era pequeno.Ela dizia que era para dar uma certa esperança as pessoas e trazer um pouco de mágia ao nosso mundo tão caótico e cético.-explicou Edward observando as borboletas voarem de um lado para o outro.-Quando ela faleceu eu resolvi fazer o mesmo por que sempre gostei de como elas voavam pelo céu.

–Edward...-Alana suspirou impressionada.-Isso é incrível.Eu sempre quis saber de onde elas vinham e como elas simplesmente desapareciam da floresta.

Alana caminhou entre as flores espalhadas pelo chão e pequenas estantes dentro da estufa e tentando alcançar algumas borboletas que voavam ao seu redor.

Edward ficou encarando a cena impressionada e encantado ao mesmo tempo.Ao seus olhos,o sorriso de Alana parecia brilhar como nunca e cada gesto a fazia parecer extremamente delicada e completamente fora daquele mundo onde ele vivia.Foi ai que ele se sentou em um banquinho e começou a desenhar em seu quadro branco sempre olhando de tempos em tempos para Alana que se distraia com as flores e as borboletas.

Depois de um tempo se emocionando com a beleza do lugar,Alana se virou e percebeu que Edward estava distraído pintando algo.

–O que você está pintando?-perguntou Alana curiosa ao tentar se aproximar.

–Não posso lhe mostrar ainda.-respondeu Edward cobrindo a pintura rapidamente com um pano.

–Mas você vai me mostrar quando terminar certo?-questionou ela se sentando outro banquinho atrás do quadro.

–Eu prometo.-retrucou ele com um sorriso sincero.

Alana desviou o olhar e sorriu timidamente para o chão.Ultimamente seu coração parecia bater mais rápido todas as vezes que estava acompanhada de Edward,mas ao mesmo tempo,ela não queria acreditar em seu próprio coração.Não queria estragar o que tinha com Edward por causa de um simples engano.

Foi então que ela pensou no que estava escondendo dele.Ela gostava de Edward e não queria mentir para ele,mas se contasse a verdade...o que ele pensaria?

–*suspiro*-Edward.-chamou Alana ainda encarando o chão.

–Sim?-respondeu ele sem parar de pintar.

–Posso lhe contar uma coisa?-questionou ela insegura.

–Claro.-respondeu ele sem encara-la.

–Eu...-começou ela timidamente.-Eu na verdade fugi de casa.

–O que?-questionou Edward surpreso e se afastando do quadro por um segundo.

–Não é isso.É que...-Alana começou a explicar.-Minha mãe

acreditava que eu poderia fazer tudo o que eu quisesse.Por outro lado,meu pai quer que eu seja um prefeito melhor do que ele jamais foi e eu não acredito estar preparado para nada disso,por isso acabei fugindo.Eu realmente não queria causar nenhum problema há ela ou a meu pai,mas eu realmente não iria conseguir permanecer em casa cheia de duvidas rondando a minha mente. Eu...tive que me afastar um pouco.

–Eu entendo bem isso.-falou Edward largando o pincel na mesa.

–Entende?-perguntou ela encarando-o de perfil.

–Mais do que você imagina.-ele retrucou.-Meu pai quer que eu siga seus passos,mas não estou muito certo se é isso que realmente quero.Hoje mesmo um cavaleiro estava tentando me convencer a participar de um concurso de pinturas,mas...

Fez-se um silêncio que pareceu durar por várias minutos.Alana apenas encarou Edward de longe sem saber o que dizer.Os dois estavam tentando reorganizar seus pensamentos naquele pequeno vilarejo para depois escolher o que querem no final.

–É melhor irmos.-disse Edward por fim.-O sol já esta se pondo.

–Ah.Claro.-respondeu Alana rapidamente.

Alana se levantou rapidamente e tropeçou,mas antes que seu rosto batesse no chão,Edward a agarrou pela cintura e a puxou para si abraçando-a apertado contra si.Alana sentiu o calor do corpo de Edward sobre o seu e escutou o batimento de seu próprio coração que parecia estar no mesmo ritmo que o de Edward.

–Você está bem?-ele perguntou preocupada ainda a segurando.

–E-estou.-ela responde.

Os dois se afastam lentamente,Alana percebe o olhar de Edward sobre si e quando o encara sente como se algo a atraísse até ele.Seus olhos começaram a se fechar e Edward se aproxima vagarosamente fazendo o mesmo até que seus lábios se tocaram.Aquilo tudo parecia um sonho.As borboletas voando ao redor deles e a fragrância das flores,tudo parecia ter saído de um romance antigo.

Alguns momentos mais tarde....

Alana e Edward haviam chegado na mansão sem trocarem uma palavra e ela se dirigiu rapidamente ao quarto de Eliza,que havia saído com seu pai para comprar algo.Edward permaneceu na sala de estar um pouco avermelhado e sem acreditar no que acabara de fazer.

Alana ficou encostada na porta do quarto por um longo período refletindo no que acabara de fazer na estufa.Aquele beijo....Fora muito mais do que ela esperava.Ela jamais pensará que algum dia sentiria algo como aquilo.Era algo mais forte do que ela havia sentido por Claus.Ela se sentia mal por um lado,mas por outro estava nas nuvens.

–Ai Espíritos protetores...O que vai ser de mim agora?

Sem que nossa pequena fadinha percebesse,neve começará a cair muito rapidamente ao lado de fora,mas logo parará e mais uma vez,as pequenas partes verdes que havia aparecido aquela manhã estavam cobertas de neve gelada e branca.

De repente,a batida de uma porta veio do andar de baixo e quando Alana se aproximou da janela ela viu Eliza e o pai voltando enquanto Edward saia novamente. Eliza correu atrás de Edward tentado descobrir o que estava acontecendo e agora na casa estavam somente Alana e o Sr.Lockheart.

Foi então que ela percebera a neve que havia coberto os pequenos pontos de verde daquela manhã.

–Não.-ela sussurrou consigo mesma.-Não pode ser.

Então uma onda de dor insuportável a travessou fazendo a tropeçar e derrubar parte da mobília da casa de brinquedo no chão.No andar de baixo,o Sr. Lockheart se assustou e resolveu andar vagarosamente até o andar de cima.

–Não.Por favor.Agora não.-repetiu Alana para si mesma com lágrimas nos olhos.

Foi com um grito silencioso que Alana sentiu que suas asas haviam ressurgido em seu corpo ainda com o tamanho humano.A dor havia parado,mas o que lhe ocorrera naquele momento não era um bom sinal.

Do lado de fora do quarto,o Sr. Lockheart avistou as asas de Alana enquanto a menina tentava se levantar.Ele abriu a porta e permaneceu em silêncio completamente pasmo e ao mesmo tempo assustado com o que observara acontecer diante de seus olhos.

–Alana?-chamou o Sr. Lockheart.

CONTINUA...........