Smile For Me. escrita por believingg


Capítulo 9
I surrender.




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Os raios solares da manhã entravam no quarto de Luísa por entre as frestas da cortina de cetim e batiam contra seu rosto. Puxou as cobertas para si, escondendo-se. Com o sono já perdido, estendeu a mão esquerda para fora das cobertas e pegou o celular que estava em cima da pequena mesa de cabeceira. Quarta - feira, 06h30: dia letivo e ela estava atrasada.
- Férias, voltem para mim... – Disse se espreguiçando.
Riu logo em seguida de sua frase boba. Boba, mas que não deixa de ser verdade, pensou.
Levantou-se da cama espreguiçando-se novamente. Foi em direção ao banheiro. Olhou-se ao espelho e viu as marcas embaçadas da pequena e significativa frase que ela havia escrito ali na noite anterior. Voltou a se concentrar nela - mais tarde daria um jeito naquilo para que ninguém percebesse. Sua face era de sono. Abriu a torneira, molhou as mãos passando-as sob o rosto, percebendo a melhora em sua expressão facial logo em seguida. Escovou os dentes e foi se trocar. Vestiu a calça jeans de lavagem clara e a blusa pólo com o emblema da escola. Calçou o All Star branco e prendeu os cabelos numa desajeitada trança lateral. Lembrou-se de pegar sua jaqueta de moletom. Ajeitou a bolsa sobre o ombro direito e desceu rapidamente as escadas. Adentrou-se à cozinha e os pais tomavam o café da manhã tranquilamente.
- Desculpe, não vou poder tomar café com vocês hoje, estou atrasada – Passou pelos pais como um jato e deu-lhes um beijo na bochecha.
Pegou uma maça bem vermelha na fruteira e saiu disparada. Faltavam quinze minutos para o inicio da aula.
O vento novamente batia contra seu rosto com certa velocidade. As casas, árvores e pessoas passavam rapidamente à medida que ela corria.
Cinco minutos restantes e ela estava à frente do campus. Parou e respirou fundo, andando calmamente em direção à porta principal. Caminhou até a sala de aula sentindo olhos fuzilar em sua direção. Isso já era esperado.
Adentrou a sala de aula e dirigiu-se a ultima penúltima carteira da fileira do canto. Jogou a mochila em cima da mesa e sentou-se, fechando as cortinas ao seu lado logo em seguida.
Murmúrios eram freqüentes. Isso também já era esperado. As garotas a olhavam com desdém e os meninos invejavam Justin.
- Suas fãs são bem irritadinhas, Justin – Murmurou para si.
- Pode apostar que sim, senhorita Lizzie – Ela ouviu alguém dizer.
Virou-se. Violet estava sentada em cima da mesa com os braços cruzados, olhando-a séria.
- Por que não me contou? – Perguntou ela.
Luísa suspirou em resposta.
- O assunto mais falado da escola é a festa de aniversário do Usher... – Continuou Violet, olhando à volta os grupos de garotas e garotos conversarem olhando indisfarçadamente para elas.
- Nem sabia que havia paparazzis, lá – Suspirou novamente.
- Paparazzis, não, mas Justin, sim – Luísa a olhou franzindo o cenho – Não viu a foto que ele postou no twitpic?
- Não acredito que ele fez isso... De novo.
Ah, se eu te pego, Bieber, pensou ela.
- Ele fez – Confirmou.
Luísa suspirou pela terceira vez.
- Você não parece animada... O que aconteceu?
- Se eu te contar o que eu sinto você não acreditaria.
- Esse é o seu problema, amiga. Você é muito descrente – Disse Violet dando um pequeno tapa no ombro esquerdo de Luísa.
Sentaram-se corretamente em seus lugares e o professor Danford entrou na sala, com sua jaqueta e calça esportista, colocando o material sobre a mesa.
As aulas passaram lentamente; química, matemática, geografia... Intervalo.
- E então, Luísa? Como foi o “encontro” com o Bieber ontem? – Disse ele fazendo aspas com os dedos.
- Bom – Ela deu de ombros – Por que o interesse, Max?
- Nada – Revidou – Você parecia tão animada ontem – Completou.
Sem pedir “licença” ou ”por favor”, Max sentou-se à mesa junto de Luísa, Violet e Noah.
- Eu estava – Respondeu com desdém, rolando os olhos.
Debruçou-se sobre a mesa e virou-se para Violet e Noah, fazendo uma careta estranha e debochada.
Max retirou-se dali com olhar furioso e Luísa rolou os olhos mais uma vez.
- O que você tem contra o garoto? – Perguntou Violet, rindo debochada.
- Acredita que ele apareceu na minha casa ontem... Sem avisar – Respondeu erguendo as sobrancelhas – E bem na hora que eu ia sair com... [i]Ele[/i] –Completou.
- Por isso toda essa irritação... – Comentou Noah, olhando para Violet, que ria calmamente da situação.
- Ah, é? E vocês dois? – Perguntou Luísa, sarcástica.
Desde o início das aulas ela havia percebido algo diferente entre Violet e Noah. Oh olhares minuciosos e apertados os entregavam. Um namoro à vista? Talvez.
- O que tem?
- Eu não sou boba, Violet – Balançou a cabeça negativamente, rindo baixo – Olha só pra vocês dois, abraçadinhos... Oun!
- É, a gente se acertou – Respondeu Noah.
Violet abaixou a cabeça envergonhada.
- Poucos dias de convivência e eu já conheço você muito bem. Não escondam nada de mim!
Luísa levantou-se pondo-se entre os dois e abraçou-os ao mesmo tempo.
- Preciso de mais brasileiras carinhosas assim na minha vida – Comentou Noah, olhando para o nada.
Violet deu um pequeno tapa em seu ombro. Luísa riu carinhosamente, voltando para a sala de aula, onde a professora de Biologia já estava organizando o material.

Caminhava pelas ruas de volta para a casa sozinha, já que Violet preferiu aceitar a carona de Noah. Olhava para baixo minuciosamente as pequenas folhas amareladas que estalavam com o peso de seus pés. A mochila de cinco em cinco minutos escorregava de seu ombro, fazendo-a ajeitá-la ali novamente. O vento ainda era cortante. Por sorte ela havia se lembrado de pôr seu casaco antes de sair da escola. Seu cabelo preso agora num frouxo rabo de cavalo desprendia-se vagarosamente do pequeno elástico verde que o unia aos outros fios. Ergueu a cabeça e olhou para o céu. Nuvens e mais nuvens, mas não negras. Nuvens brancas como algodão que ela saboreou tarde passada junto à Justin e a pequena Jazzy. Ah, Justin... Lá estava ele novamente em sua mente.
- Por que você não desaparece, garoto? – Murmurou para si.
Abaixou a cabeça novamente, agora fitando as pequenas pedrinhas brancas desprendidas do jardim de sua casa. Os galhos praticamente sem folhas do carvalho balançavam com o vento, igualmente ao cabelo de Luísa.
- Bom dia mãe, bom dia, pai... – Disse ela ao entrar em casa.
Ao perceber o enorme silêncio em resposta, lembrou-se que os pais estavam trabalhando. Abaixou a cabeça e inspirou o ar profundamente.
Foi em direção à cozinha e um bilhete escrito com letra bordada num papel cor-de-rosa dizia assim:
[i]Filha, os pedaços que você deixou da pizza de ontem estão no micro-ondas.
Beijos, mamãe e papai.[/i]
Suspirou novamente.
As lembranças da noite passada invadiram sua mente. Como ela teve coragem de devorar quase uma pizza inteira tão vorazmente? Riu de si mesma, apertando o grande botão [i]ligar[/i] do aparelho que estava em cima do balcão.
[i]5, 4, 3, 2, 1... Bip, bip, bip.[/i]
Retirou rapidamente o prato ali de dentro. Odiava barulhos de micro-ondas. Por que você precisa apitar?, pensou ela.
Ao contrario de ontem, colocava cada pequeno pedaço da pizza quente na boca, aproveitando e saboreando minuciosamente a mesma. Por um momento, sentiu saudade de um sabor brasileiro... Algo que ela sabia que não veria na América do Norte: guaraná.
Suspirou.
Hoje provavelmente seria o dia dos suspiros.
Afastou o prato de si e colocou-o na pia. Lavou a pouca louça que restara do café da manhã e subiu para seu quarto.
Após algum tempo deitada assistindo algum episódio banal de um seriado familiar que  não recordava o nome, resolveu dar uma volta por Atlanta.
- Quero te conhecer mais, bela cidade – Disse ela, fechando a porta da sala e encostando-se na mesma.
Caminhava lentamente, observando e aproveitando minuciosamente cada detalhe rústico-moderno da bela Atlanta.
Mais à frente, avistou um pequeno e aconchegante parque com um lago e um barco encostado a margem. Alguém estava lá, sentado, sozinho, com um violão em mãos.
Aproximou-se lentamente e reconheceu a bela face angelical do garoto. Luísa estava parada atrás dele, com as mãos atrás do corpo, e um belo sorriso estampado.
- Então... Sua voz fica melhor aqui? – Sussurrou, inclinando-se perto do ouvido do garoto.
Ele virou-se subitamente e abriu um enorme sorriso.
- Hey! Olá, Liss! – Ele disse.
- O que estava tocando, Bieber?  - Disse Luísa, ajeitando-se dentro de pequeno barco de madeira.
Fazia um pouco de frio naquela tarde.
- You smile.
 - Sério?  - Ele assentiu com a cabeça - Continua tocando.
- Tem certeza?
Ela assentiu.
- Okay, let’s go – Ele disse brincando – [i]I'd wait on you forever and a day, hand and foot, you world is my world, yeah, ain't no way you're ever gonna get, any less than you should, because baby, you smile, I smile, oh, you smile, I smile…[/i]
Ele tocava cada nota do violão olhando nos olhos dela e ambos sorriam.
- [i]Your lips, my biggest weakness, shouldn't have let you know, I'm always gonna do what they say, if you need me, I'll come right there, from a thousand miles away...[/i]
Luísa olhava para os lados, pensativa. Ele estava cantando só para ela agora, isso é bom. Ela sorria e balançava a cabeça freneticamente no ritmo da canção. Justin olhava para ela satisfeito.
- [i]When you smile I smile, you smile I smile… Baby take my open heart and all it offers, cause this is as unconditional as it'll ever get, you ain't seen nothing yet, I won't ever hesitate to give you more… Cause baby, You smile, I smile... You smile, I smile...[/i]
Ele parou a música  lentamente, sem deixar de olhar diretamente nos olhos dela. Os dois sorriam juntos.
- Eu amo essa música – Ela disse.
- Ah, é? Bom saber – Respondeu, rindo.
Justin virou a cabeça para o lado e ficou observando alguns patos que nadavam ali. Patos? Luísa pensou. Isso era estranho. Após Justin voltar o olhar para ela novamente, ela o abraçou subitamente.
- O que foi isso? – Ele sussurrou.
Ela separou-se dele e olhou em seus olhos.
- Você é meu grande amigo, agora – Ela suspirou – Sabe, eu nunca fui uma pessoa que tinha amizade com garotos, mas com você... Eu não entendo... É estranho. Você me faz sentir bem, e eu adoro você.
Ela abraçou-o novamente. As orbes cor de mel de Justin brilhavam juntamente com as orbes verde-esmeralda de Luísa.
- Sabe... Eu também fico melhor perto de você – Ele sussurrou.
Justin olhou para ela novamente e sentiu por sua expressão que ela analisava quais palavras deveria dizer, tentando achar a frase perfeita. Mas, ao invés de pronunciar uma silaba sequer, soltou um longo suspiro, e deitou em seu colo, logo em seguida, abrindo um enorme sorriso.
Justin, ela finalmente entendeu, era um grande amigo não um amor. Seus sentimentos embaralhados e confusos não tinham nada a ver com amor. O que ela sentia por ele, era simplesmente uma amizade, uma grande, forte, robusta amizade. A partir do primeiro dia, ela soube que ele seria alguém em quem poderia confiar. Desde o dia em que ele tocou em seu braço e abrigou-a da chuva, ela soube que ele seria uma espécie de herói a quem ela sempre poderia recorrer.
Justin sentiu novamente aquela sensação. Mas, dessa vez, resolveu perguntar:
- Em que está pensando, princesa?
- Hm... – Realmente, Luísa pensava nas palavras que pronunciaria – Estou pensando... Estou pensando em quantos dias ainda temos para ficar assim, juntos.
Justin revirou os olhos e olhou para os patos mais uma vez.
Luísa tinha a cabeça pousada nas pernas do garoto e olhava para sua face angelical. Claro, aquele não era um ser humano. Era um andróide programado para ser perfeito, pensou ela.
Justin novamente encontrou seu olhar com o dela. Suspirou. Acariciou levemente o topo da cabeça dela com os dedos. Ambos sorriam. Ele queria fugir da pergunta que ela havia feito, mas era impossível.
- Olha... – Ele começou – Não quero que pense nisso, ok? Quero que aproveite cada segundo que estamos juntos, nada mais importa agora, melhor amiga.
Uma imensa onda de satisfação alagou o coração de Luísa. Melhores amigos; fantástico. Ela levantou-se mais uma vez e abraçou-o, inalando o doce cheiro de Justin e tentando nunca deixá-lo escapar. Ele acariciava os cabelos macios e cheirosos de Luísa calmamente, também tentando gravar aquele cheiro delicioso dentro de si. Pareciam ler as mentes de ambos.

Para Justin, aquele era um de seus melhores momentos. O vento frio e cortante de Atlanta não fazia diferença para ele e Luísa. E com as pessoas à volta eles não pareciam se importar. Andavam pelas ruas movimentadas de mãos dadas e balançavam-nas para frente e para trás, conforme iam pulando e dançando pela rua. Quatro horas da tarde; pessoas andavam bem agasalhadas por causa do frio que fazia nesse dia. Normalmente, Luísa sentiria o frio que as outras pessoas sentiam, mas hoje era diferente. O calor e a felicidade de Justin contagiavam ela também.
Justin não preocupava-se com paparazzis, fãs histéricas ou coisas do tipo. Ao contrário; aos olhos de Luísa ele parecia maduro o suficiente para cuidar de toda a situação.
- E então, senhorita Ackerman, onde deseja ir agora? – Ele perguntou, fazendo uma reverência.
- Oh, sim! Deixe-me pensar, senhor Bieber – Luísa tomou uma postura de madame e fingiu pensar colocando a mão no queixo e estreitando o olhar – Acho que uma visita ao Starbucks para um café expresso não seria má idéia neste frio, não acha? – Novamente, ela fingiu segura a barra de um vestido, curvando-se para ele.
Justin pegou em seu braço e saíram correndo pela calçada. Luísa corria como um jato e Justin tentava acompanhá-la.
- Quem chegar por último paga a conta – Luísa gritou metros à frente.
- Ah, garota, não vale! Você corre como o Usain Bolt! – Ele arfava, tentando alcançá-la.
Luísa ria e corria sem parar, corria de costas, de lado e olhava para Justin, que ofegava. Cansado, ele parou, flexionou os joelhos e apoiou as mãos neles, respirando fundo. De canto de olho, ele viu Luísa aproximar-se, calma, mas ainda rindo. Esperou mais um pouco até ela ficar bem próxima, tomou ar e saiu correndo novamente, deixando Luísa pasma, parada com as mãos na cintura, olhando-o correr.
Justin corria olhando para os pés, era engraçado de se ver.
- Justin, o – Palavras em vão – Poste! – Sussurrou pro final.
Como ele antes corria, Luísa apressou-se em ir a sua direção. Certamente sentindo dor, Justin esfregava as mãos na testa fazendo caretas estranhas e Luísa ria baixinho.
- Viu só? Da próxima vez, não tente contar vantagem sobre uma dama – Pôs as mãos na cintura, rindo debochada.
Justin novamente fez uma careta.
- Não tem pena de mim, princesa malvada? – Fez bico.
Um bico irresistível, ela admitiu. Mas não disse nada, apenas riu baixinho e completou:
- Vem logo, vamos pra casa pôr um gelo nessa testa. Não quero que você se apresente amanhã com um galo.
Ele a olhou desentendido. Provavelmente não sabia o significado do “galo na testa”. Ajudando-o a endireita a coluna, Luísa percebeu que olhares atentos estavam pousados sobre eles junto de alguns flashes. Claro, pensou, é Justin Bieber.
- Estes caras não te deixam em paz – Murmurou.
Ele apenas assentiu com a cabeça, a mão ainda permanecia na testa.
- Tá doendo muito?
Novamente ele assentiu.


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