Da janela de seu quarto em Atlanta, Justin observava o farfalhar das folhas em frente a sua casa. Subitamente, lembrou-se de Stratford e de como sentia saudades da neve e das estações de esqui de seu país natal. Claro, em alguns dias os flocos de neve também cairiam em Atlanta, mas, para ele não era a mesma coisa. Sendo chamado apenas de Justin Bieber, sentia como se esse fosse um codinome. Queria ser apenas por um dia, somente o garoto de Stratford, Justin. Sabia que não havia mudado em nada no seu interior, mas o mundo não sabia disso e insistia em tirar-lhe a paz a cada minuto.
Sentiu um arrepio dominar. Ajeitou-se por entre as cobertas. Não lembrava de que uma simples – ou dura – batida num poste poderia gerar tamanha dor de cabeça.
Luísa, cuidadosa como sempre, estava sentada ao seu lado, na sua imensa cama de casal com colchas e lençóis impecáveis. Os travesseiros não poderiam ser mais macios. Os detalhes em azul marinho nas paredes lembraram-lhe de seu quarto e, subitamente, de que deveria ir embora. Mas, agora ela não se preocupava com isso.
- Devo cuidar de você? – Ela disse.
Justin pareceu pensar. Puxou as cobertas de seu lado e ajeitou o travesseiro.
- Com a sua presença, garanto que vou melhorar mais rápido do que nunca – Sorriu.
Luísa pendeu a cabeça para a direita e riu pelo nariz. Deitou-se ao lado dele. Justin a abraçou por trás e ficaram lá, conversando sobre coisas banais do cotidiano. Vira e mexe Justin dizia à ela o quanto sentia falta de seu pai, irmãos e amigos enquanto eles estavam no Canadá. Também contava-lhe que sentia falta de ir a uma escola normal e, ao contrário dele, Luísa dizia que preferia aulas particulares, embora nunca tivesse tido antes; seria como uma experiência nova.
Mentalmente, ela imaginava esse momento todos os dias em sua vida.
Luísa alertou-o de que teria de ir embora em poucos minutos; mais um dia letivo. Justin hesitou, mas argumentando de que teria um longo dia escolhendo roupas para o show de um tal de Justin Bieber, ele logo cedeu.
Com um beijo na bochecha de despedida e um suave “boa noite” ela abria a porta do quarto.
- Sonharei com você, príncipe.