- Onde está Jaxon, Justin? – Perguntei.
- Dormindo – Ele respondeu segundos depois.
Ouvimos o barulho estridente da campainha da casa de Justin.
- Justin, é a campainha! – Gritou Pattie logo depois – Deve ser o seu convidado.
Eu, Justin e Jazmyn estávamos na cozinha conversando sobre assuntos banais. Justin contava-me coisas sobre seu tour. Jazmyn estava sentada sob a mesa de frente para mim e Justin estava ao meu lado esquerdo olhando para nós duas. Jazzy brincava com o meu dedo indicador e seus pequenos olhos brilhavam de satisfação ao tocar em meus  anéis cintilantes. Justin levantou-se da cadeira e foi em direção a sala. Fez um sinal com o dedo para eu esperar aqui. Ouvi alguns murmúrios vindos da sala de estar.
- Hey, Bieber! – Ouviu uma voz familiar dizer, mas ainda não conseguia distinguir de quem era, apenas firmava o olhar para tentar lembrar apesar de não adiantar de nada.
- Hey, bro! – Respondeu Justin.
Ouvi alguns estalos. Deve ser Justin fazendo aqueles toques loucos com um de seus amigos, pensei.
- Espere aí, aniversariante – Ouvi Justin dizer – Tem alguém aqui que quero que conheça – Ops! Ele se referia a mim?
Ouvi passos pesados ficarem mais freqüentes vindos até a cozinha.
- Hey, Liss! – Disse Justin. Virei-me subitamente – Vem aqui – Me chamou com o dedo.
Peguei Jazmyn e tirei-a de cima da mesa da cozinha, pondo-a no chão. A pequena ainda segurava meu dedo indicador. Segui até onde Justin estava e ele me olhou com um sorriso misterioso.
- Justin, estou nervosa... – Sussurrei para ele que apenas pôs seu braço em volta de mim e pousou sua mão em meu ombro direito, puxando-me delicadamente para a sala de estar. Chegando lá, simplesmente travei. Oi? Isso é real? Alguém me segura! Acho que vou desmaiar... Não acredito! Alguém consegue imaginar quem estava vindo até mim com os braços abertos?
- Meu Deus... É o... O... – Sussurrei em português. Justin me olhava confuso. Eu estava ao mesmo tempo encantada, assustada, surpresa.
- Hey! Então você é a Luísa que o Biebs tanto fala? – Ele disse abrindo novamente os braços para mim.
Olhei de canto para Justin, ele estava corado.
- Usher! – Sussurrei mais uma vez.
Ele veio para mais perto de mim e me abraçou. Jazmyn soltou meu dedo e ficou observando a cena com um dedinho na boca. Ok... Usher estava me abraçando na sala de estar na casa de Justin Bieber. Alguém pode me acordar desse sonho? Não! Não quero acordar. Ele soltou-me de seu abraço e permaneceu fitando-me com aquele sorriso encantador.
- Bieber! – Bradei – Porque não me avisou que Usher estaria aqui hoje? Quer me matar do coração, menino? – Disse entre dentes, dando um leve tapinha no ombro direto de Justin. Ele fingiu doer, mas logo depois todos começamos a rir.
- Justin fala muito bem de você, Liss – Usher disse, abraçando-me de lado e guiando-me até o sofá.
- Ah, é? Bom saber – Respondi, olhando para Justin. Usher riu.
Conversamos por muito tempo. Usher era um cara legal! Muito engraçado e tinha muitas histórias para contar. Contou-me também algumas histórias de Justin que eu ainda não sabia. Eu ria muito e Justin escondia o rosto numa almofada de vergonha. Justin era um palhaço. Usher também. Jazmyn veio correndo até mim esticando os braços para eu pega-la no colo.
- Amanhã você e Justin vão me levar para passear, não é? – Ela sussurrou em meu ouvido.
- Claro, pequena! Quer dizer... Se Justin quiser - Disse e virei-me para ele que piscou o olho direito. Voltei-me para Jazmyn novamente – Amanhã eu e Justin vamos levar você para passear.
- Oba! – Ela bateu as pequenas e delicadas mãos afundando-se em meu peito.
A casa de Justin em poucos minutos estava cheia de gente! Mas não havia muitas pessoas famosas... Mas, oi?! Era aniversário de Usher! Era surpreendente não haver famosos ali... O pai de Justin, Jeremy, havia acabado de chegar e Jaxon estava em seu colo.
- Hey, pai! – Justin disse puxando-me para perto de seu pai pela mão – Quero apresentar a Luísa. Amiga nova, brasileira – Continuou. Sorri envergonhada.
- Brasileira? Wow, legal! Eu adoro o Brasil! – Respondeu Jeremy. Confesso que fiquei satisfeita com a última frase.
- O Brasil é mesmo um país ótimo – Sorri.
Ficamos conversando por mais alguns minutos. Jeremy era um cara legal. Apesar daquele jeito dele, ele é bem extrovertido e é bastante jovem. Achei Justin um pouco parecido com ele. Depois de um tempo fomos dar os parabéns para Usher! Cantamos, cortamos o bolo... E alguém pode adivinhar pra quem ele deu o primeiro pedaço?
- O primeiro pedaço desse bolo aparentemente ótimo que a minha colega Pattie fez vai para a minha nova amiga Luísa Ackerman – Usher disse, segurando um pequeno pratinho contendo um pedaço de bolo de chocolate com morangos. Todos os olhares voltaram-se a mim. Acho que corei naquela hora. Era impossível não corar. Eu segui até ele pegando o pequeno pratinho, dando-lhe um abraço apertado e sussurrando eu seu ouvido um singelo “obrigada”.
Depois de algumas horas os convidados de Usher – que eu não fazia idéia de que eram – estavam indo embora. Todos eles eram muito simpáticos e Justin fez questão de apresentar-me a eles, um por um, sem exceções. Sentia-me uma pessoa da família. Todos agiam normalmente comigo e eu fazia o mesmo.
- Hey, Liss! – Usher me chamou para perto dele e me abraçou de lado – Adorei te conhecer, nova amiga – Posso morrer com a última frase?!
- Oun – Eu respondi com os olhos brilhando – Você também é ótimo! – Ele me abraçou mais forte e deu um beijo fofo no topo de minha cabeça.
- Justin fez ótimo em te apresentar para mim – Comentou, eu apenas fiquei quieta.
- Ham-ham – Ouvi alguém pigarrear. Justin.
- Juuuustin! – Eu gritei – Onde você estava?
- Eu estava com Jazmyn lá no jardim. Daqui a pouco meu pai vai para casa – Respondeu, chegando mais perto de mim e Usher.
- Ele vai voltar pro Canadá hoje? Agora? De noite? – Perguntei, espantada. Afinal, já era em torno de 23h.
- Não, não – Ele fez sinal negativo com a cabeça – Ele vai pro hotel.
- Hm...
- E ai, Bieber?! Já fez a proposta pra ela? – Disse Usher. Ela seria... Eu?
- Hm... Vem aqui, Liss – Me puxou pelo braço. Lembrei do dia em que nos conhecemos.
- Que mania feia, Justin! – Rimos e ele me soltou. Justin sabia do que se tratava.
Me puxou para o jardim de sua casa. Havia um pequeno branco à frente. Sentamo-nos lá.
- Pode falar – Incentivei.
- Acho que você sabe que essa semana eu vou voltar com o tour pelos EUA... Mas eu vou fazer um ultimo show aqui em Atlanta daqui a três dias...
- E em que isso me envolve? – Disse, desinformada.
- Quero que você seja minha One Less Lonely Girl – Soltou tudo de uma vez. Arregalei os olhos.
- Isso é... Sério?
- Por que eu brincaria? – Ele respondeu, com o sorriso torto mais lindo estampado em seu rosto.
- Mas é claro que sim! – Respondi, mais feliz não poderia estar. Dei um abraço forte nele, que no inicio se assustou, mas depois correspondeu.
- Que bom! – Sussurrou em meu ouvido. Arrepiei-me toda. Acho que ele percebeu, soltou um riso abafado.
Logo nos soltamos e fomos para dentro. Pattie,  Usher e Jeremy estavam conversando normalmente. Jazmyn estava brincando com uma boneca de pano sentada em uma almofada no chão e Jaxon brincava no colo de Pattie. Suas gargalhadas eram agudas e fofas ao mesmo tempo. Olhando de fora, aquela parecia a visão de uma família feliz. Quem não os conhecesse pensaria que eles nunca passaram por turbulências na vida. Justin e eu entramos e sentamo-nos ao lado de Usher. Eu à direita, Justin à esquerda. Conversa vai, conversa vem, Jeremy tem que ir embora. Jazmyn ficaria na casa de Justin e Pattie, Jaxon iria embora com o pai. Justin era muito carinhoso com os irmãos.
- Acho melhor eu ir embora – Sussurrei perto de Justin. Eu estava sentada ao lado dele agora.
- Já? – Respondeu.
- Tenho aula amanhã, lembra? Amanhã ainda é terça feira. O seu show vai ser na quinta.
- Tudo bem... Vou pegar as chaves do carro.
- Eu prefiro ir embora caminhando – Comentei olhando para o outro lado.
- Tem certeza?
- É aqui pertinho, Justin. Só dois quarteirões.
- Tudo bem, então.
Despedi-me de todos. Aquela foi a noite mais incrível de toda a minha vida! Conheci pessoas muito especiais... Justin, Pattie, Jazmyn, Usher, Jaxon, Jeremy...
Nós fomos caminhando pela calçada sem movimento. Devia ser 00h00min. Perguntava-me se eu conseguiria acordar para ir a escola amanhã. Final de outubro; teria aproximadamente mais um mês de aula.
Apenas se ouvia os grilos cricrilando e os sons de nossos passos lentos e pesados. Por que eu não queria chegar em casa logo? A companhia de Justin me fazia tão bem...
- Gostou?
- Ã? – Balancei a cabeça despertando-me de meus devaneios.
- De hoje. O aniversário de Usher. Gostou?
- E tinha como não gostar? Foi a noite mais incrível, Justin! – Virei-me de frente para ele andando de costas. Ele riu – O que foi?
- Você parece uma boba alegre andando assim, sabia?
- Ah é? – Parei e dei um tapa no ombro dele.
- Esse doeu de verdade – Comentou. Apenas dei de ombros e continuei andando.
De repente a minha visão vira toda de cabeça para baixo. Eu só via o chão e os pés de Justin. Meus braços estavam soltos e eu sentia uma leve pressão sob a barriga. A inusitada posição “saco de batata”. Justin, eu te mato, pensei. (Inspirada em “You are my salvation”. Créditos a Mari linda).
- Me sooolta, Justin! Me sooolta! – Eu gritava e dava socos nas costas dele.
Justin ria.
- Eu estou de vestido, lembra? Não quero ficar pelada na rua e na sua frente – Senti uma risada maliciosa – Me solta, Justin!
Ele ria mais e mais.
- Se meu pai me vê chegando em casa assim ele te põe pra fora à vassouradas, ouviu?! – Nada de respostas – Me põe no chão, Justin! Por favor... – Sussurrei a ultima frase, num tom cansado e de súplica.
- Quando chegarmos na esquina de sua casa eu te ponho no chão.
- Argh – Soltei os braços, derrotada – Não sabia que você é tão forte a ponto de suportar o meu peso.
- Não subestime os meus talentos, senhorita – Ele disse. Suspirei.
Continuamos andando mais até faltar apenas um quarteirão para chegar em minha casa. O silêncio em abundância irritava-me de certa forma.
- Amanhã nós sairemos? – Disse ele após mais alguns passos dados.
- Como? – Disse. Fingi-me de desentendida, pois sabia que ele se referia a Jazmyn.
- Nós sairemos com Jazmyn amanhã? – Repetiu.
- Se você quiser.
- Passo te buscar as duas.
- Tudo bem então – Soltei um suspiro profundo. Justin suspirou também em seguida – Mas se você não me pôr no chão eu não vou.
Ele bufou e colocou-me no chão de frente a ele. Flexionei os joelhos levemente amenizando o baque de meus pés contra o chão, levantei a cabeça logo em seguida, tomando um pequeno susto. Estávamos a poucos centímetros de distância. Justin riu de minha reação e seu hálito gélido esgueirou-se sob minha pele. Arrepiei-me novamente. Seus olhos permaneciam vidrados aos meus. Ele parecia... Hipnotizado. Meu cabelo esvoaçava-se ao vento que aumentava com o tempo. Justin pôs uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha esquerda. Fechei os olhos e abaixei a cabeça arrepiada. Passou seus dedos por trás de minha orelha descendo pelo meu pescoço. Arrepiei-me novamente. Ele voltou seu olhar a meus olhos. Deixando sua mão pousada em minha nuca e nossos corpos a centímetros de distância.
- Sabia que as suas esmeraldas ficam mais belas sob a luz do luar? – Questionou-me. Sorri envergonhada e abaixei a cabeça. Como ele conseguia me deixar louca com tantas belas palavras? Ótimo. Mais uma pergunta sem resposta. Tirou sua mão de minha nunca e usando-a, levantou meu queixo, obrigando-me a fitar seus olhos cor de mel profundamente. Afastei-me subitamente e ele agarrou minha mão, puxando-me para perto novamente. Meus cabelos bateram contra seu rosto e eu passei as mãos para tirá-los de lá.  Ao mesmo tempo em que tirava podia perceber a visão do anjo perfeito à minha frente.
- Justin... – Sussurrei – Eu tenho que ir...
Ele reprimiu os olhos e abriu-os logo em seguida. Sabia que aquela não era a resposta esperada por ele.
- Eu sei o que você quer, mas... Não, não podemos – Sussurrei novamente, agora com a cabeça abaixada.
Ele saiu de perto de mim, virou-se de costas, pousou suas duas mãos sob o rosto e pendeu a cabeça para trás.
- Me desculpe, Luísa! Por favor... – Arfou – Não sei o que me deu, juro.
Arrepiei-me ao ouvir meu nome e senti uma enorme satisfação dentro de meu peito.
Ele virava-se e andava de um lado para o outro, não parava quieto. Subitamente, agarrei sua mão puxando-o para perto de mim e abraçando-o.
- Você é meu amigo, ok? – Sussurrei em seu ouvido – Meu grande amigo.
Ele assentiu.
Despedimo-nos ali mesmo; no meio da rua de minha casa. Acho que ele não queria me acompanhar pelos passos que ainda restavam. Justin foi embora com uma expressão realmente decepcionada. Eu não sabia o que se passava dentro do peito dele, mas... Achei certo pensar em mim. Com certeza nós não sentíamos a mesma coisa... Ou sentíamos? Quantas perguntas sem resposta... Eu estava confusa demais para pensar sobre o assunto nesse dia. Verdadeiramente, eu não sabia o que estava sentindo.
Entrei em casa; silêncio e escuridão. Tirei meus sapatos se saltos pontiagudos que provavelmente fariam barulho no chão de minha casa. Subi as escadas calmamente, inspirando e expirando o ar a minha volta. Entrei no quarto, joguei os sapatos em um canto e fiz o mesmo com meu corpo; joguei-me sob a cama.