Smile For Me. escrita por believingg


Capítulo 14
You back?




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Vinte e três de dezembro. O primeiro dia de duas semanas de férias para o Natal e Ano Novo. Manoela e Violet estavam com Luísa, e a neve caía violenta pela janela. Embora esse fosse um de seus grandes sonhos, nada conseguia fazê-la levantar da cama. Tudo que ela Luísa desejava era passar esse tempo com [i]ele[/i].
Depois daquele dia terrível em frente a sua casa, Justin e ela não se falaram mais. Mas não foi por falta de iniciativa – não pela parte de Justin. Cada vez que o celular tocava, Luísa desligava; ela realmente se sentia usada.
O colchão do lado direito da cama estava bagunçado, e havia almofadas e cobertores por todo o quarto. Os vidros da janela estavam trancados e as cortinas abertas para que as três pudessem ver a neve cair rápida e silenciosamente quando acordassem.
Luísa se espreguiçou e piscou algumas vezes para despertar. Sentia o cheiro de panqueca vindo da cozinha entrando pelas suas narinas. Panqueca de chocolate, adiantou, como os americanos conseguiam comer todas essas frituras logo cedo? Obviamente ela não comeria aquilo; pediu para que sua mãe preparasse alguma coisa para Violet, que Manoela provavelmente atacaria. Esfregou as mãos geladas no rosto e imediatamente levou-as para debaixo das cobertas de novo.
Manoela pressionou-a tanto na noite anterior e Luísa acabou contando o motivo pelo qual não falava mais com Justin. Sua amiga tentava parecer convincente quando dizia que não queria mais saber de Justin Bieber por ele ter magoado sua melhor amiga, mas Luísa sabia que aquilo não era verdade e, por baixo daquela carranca existia uma amiga fiel, mas também uma fã cem por cento dedicada e, lógico, com uma pontinha de ciúme escondida no porão mais obscuro do coração. Virou o pescoço para o lado e sentiu uma fisgada de dor na nuca. Luísa gemeu baixinho e Manoela remexeu-se no colchão, sem demonstrar nenhum sinal de que estava acordando. Calçou as pantufas silenciosamente e tentou abrir a porta o mais devagar que pudesse, sem conseguir evitar alguns rangidos de madeira desgastada. Dirigiu-se ate a cozinha, onde sua mãe preparava a calda de chocolate.
- Mamãe, você tem algum remédio para dor muscular? – Perguntou sonolenta, com a mão direita pousada na nuca, esfregando-a. Ouviu o barulho da TV ligada, onde seu pai provavelmente tentava assistir futebol e ler o jornal ao mesmo tempo.
- Bom dia – Respondeu sua mãe se virando, ignorando completamente a pergunta. Luísa revirou os olhos e Isabel pousou a mão livre na cintura. Quanta formalidade, pensou Luísa.
- Bom dia, mamãe – Disse ainda revirando os olhos – Agora...
Isabel voltou-se novamente para o fogão.
- Na maletinha dentro do armário do meu quarto.
Luísa sorriu em agradecimento e foi para sala desejar um breve bom dia para seu pai antes de subir as escadas praticamente se arrastando.

Depois do almoço, Violet já havia ido embora. Manoela, que havia chegado na semana passada, e Luísa conversavam. Respectivamente, uma sentada no chão com as pernas dobradas, a outra sentada na rede do quintal, nos fundos da casa, balançando os pés levemente.
Bem agasalhadas, nem se importam com a neve que cai sobre a grama que antes era bem verdinha, e agora deve estar extremamente ressecada pelo frio.
- Nem parece que esse é o seu sonho de infância – Comenta Manoela, olhando para o nada.
- O quê? – Pergunta Luísa. Mas ela já sabia a resposta, e mesmo assim não adiantava. Nada a faria sair para brincar na neve e fazer anjos de neve, bonecos e afins.
Manoela parece ler seus pensamentos e solta um suspiro irônico, revirando os olhos. Luísa se recosta na rede e observa o teto e a neve, alternando-os.
- Eu sei que é por causa dele – Afirma Manoela, sem esperar uma resposta.
Você lê meus pensamentos, pensa Luísa.
- E não é difícil perceber... Até a Lettie me disse que...
Ocorreu a Luísa um estalo. Ela pulou da rede e procurou os olhos castanhos de Manoela:
- Lettie? Já ficaram tão intimas assim, é? – Pergunta, ironicamente. Mas Manoela bufa e revira os olhos mais uma vez, com que dizendo [i]não adianta[/i].
- Não tenta mudar de assunto não, ok? – Ela insiste.
Luísa pousa os antebraços nos joelhos e abaixa a cabeça, soltando um longo suspiro em seguida:
- Sabe, você nunca pode fazer um anjo de neve perfeito, porque sempre haverá a marca das mãos ou dos pés que você usou para se levantar... – Ela suspira e põe a franja atrás da orelha, sem levantar o olhar, logo, tenta criar forças e continua – Mas com Justin é diferente. Sempre vai ser perfeito porque ele vai te dar a mão pra se levantar e não vai te deixar cair – Luísa balança a cabeça negativamente.
Manoela sentou-se ao seu lado na rede e pegou sua mão esquerda, acariciando-a com o polegar, procurou os olhos de Luísa:
- Você dorme e pensa nele. Você acorda e pensa nele. Vocês brigam e você se sente culpada. Você chora e as lágrimas são por ele, assim como os sorrisos – Manoela começa, Luísa fecha os olhos para represar as lágrimas – Você o ama.
Luísa abraçou-a e deixou que as lágrimas caíssem. Agora, ela parecia ter entendido: ela o ama, o ama mais do que uma simples amizade. O ama tanto que nem a distância pôde corroer esse amor. O ama tanto a ponto de fazer pouco caso dos seus sonhos mais intensos. O ama a ponto de odiar a si mesma por tê-lo odiado.
No mesmo momento, o telefone de Luísa vibra.
Era ele.
O mesmo que acelerou se coração desde a primeira vez.
O mesmo que quebrou o seu coração.
O mesmo que depois de um mês e da distância, Luísa não se esqueceu.
Manoela espichou a cabeça, já sabendo quem era. Luísa, sem pensar, atirou o celular no chão e a capinha saiu junto com a bateria. Manoela olhou incrédula para a amiga, ao mesmo tempo que um trovão soou forte e pingos grossos de águas começaram a cair. Luísa levantou rápido da rede, quase derrubando Manoela no chão e foi para o quarto.
Com as portas de vidro da varanda fechadas ela se sentou no chão e abraçou as pernas. As luzes dos postes de iluminação da rua se acenderam. A chuva começou escorrer pelo vidro e tudo pareceu ser decifrado: Justin era como as gotas de água que escorria pelo vidro, e o mesmo era o oceano que os separava.
Luísa não fazia idéia se ele já havia voltado para casa para o Natal, mas mesmo assim ela não pretendia falar com ele. Nem sair de casa para correr o risco de se encontrar com Justin. Ela sabia que poderia estar fazendo tempestade num copo d’água (que ironia, não?), mas ela nunca havia se sentido daquela forma. Ela o amava tanto sem saber, que no primeiro momento que ele a usou, ela se sentiu traída. Pode ser egoísmo, mas Luísa sempre foi tão emotiva, e ela sabia disso.
Manoela entrou no quarto com o celular de Luísa e colocou-o sobre a escrivaninha. E ela sabia perfeitamente que a amiga precisava ficar sozinha. Antes de fechar a porta, ela  se virou:
- Ele está aqui, caso queira saber.
E então fechou a porta, deixando Luísa sozinha absorta em seus pensamentos.


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