Quarta-feira. Acordei com o querido sol na minha cara e o querido barulho do despertador. Eu estou um lixo.Não consegui dormir direito. Tudo porque pensava no meu amiguinho Andy e no seu beijo que foi muito, mais muito ruim (irônia mode on).

Me levantei com o maior ânimo do mundo! Me arrastando do quarto até o banheiro, fiz o de sempre, higiene, roupas, café da manhã. Meu pai provavelmente deveria ter saído. E eu vou chegar atrasada na escola. Quarta-feira, tem como ser melhor? Acho que não hein.

Desci as escadas, peguei a mochila que estava jogada no sofá e fui andando calmamente até o ponto. É, que merda, não vou chegar atrasada.

O ônibus, como de sempre parara no ponto e eu subi. A mesma bagunça, mas Andy não estava lá...Será que foi por ontem? Enfim.Só vi a louca da Lola, então não tem tu, vai tu mesmo. Brincadeira, amo a Lola!

Fui andando até ela e me sentei ao seu lado.

Eu: O Andy deveria estar aqui, não?

Lola: Bom dia pra você também-Ela riu–Sim, eu acho. Ele me ligou ontem dizendo que não estava muito bem.

Eu:Hm, ele deve faltar hoje então.-Eu falei, eu estava preocupada. Aliás depois que eu o empurrei e disse que tudo aquilo não estava certo...Que venha uma tonelada de culpa!

Lola: Sim. Mas, e ai, o que rolou entre vocês dois, porque eu fui primeiro e vocês ficaram um tempo lá.-Ela falou me encarando. Essa menina tem que desconfiar de tudo, meu Deus.

Eu: N-não rolou n-nada.

Lola: Conta outra cara, tu tá gaguejando e quer que eu acredite que não aconteceu nada?-Ela falou debochando.

Eu: Andy me beijou.

Lola: PERAI, PERAI, PERAI, O ANDY TE B...-Eu botei a mão na boca dela.E segundos depois tirei.

Eu: Olha, ninguém precisa saber amada.

Lola: Tá, tá, desculpa. Mas tipo, eu posso até ser lésbica, mas é o Andy! Ele é lindo, e é caidinho por você! Como você reagiu?

Eu: No começo, eu...eu correspondi, mas, depois eu percebi que não era certo, e sai dali.

Lola: Que não era certo? Tem certeza? Você o ama e não fala nada. Você o ama desde os 10 anos. Vocês dois se amam desde que sei lá! Trocaram olhares.

Eu: Não exagera bitch! Meu terceiro dia de aula e já tá esse fuzuê todo comigo. Grande vida a minha.

Lola: Para de palhaçada ok. Agora anda, levanta que o ônibus já parou.

Descemos.Além de estar morrendo de sono, estava morrendo de preocupação. Andy faltara, e não sei se poderia ter sido por minha causa, mas...eu ainda tinha um pé atrás sobre o acontecido.

Fomos pra sala.O que tinha? Bagunça, professor surtando de novo, e eu viajando. Eu não sabia em qual aula estávamos e então peguei no sono.

–---------//-----------

Lola: Acorda vaca, acorda!-Disse Lola enquanto me sacudia. Acordei meio tonta.–Se apagou mesmo, vamos, tá na hora do intervalo.

Eu: T-tá bom.-Falei ainda meio confusa, pois fui acordada né.

Fomos para um lugar que nunca fomos, o pátio. Nossa, lugar desconhecido pela gente aquele hein!

Nos sentamos e Lola começou a falar.

Lola: Tudo isso ai é por causa do Andy?

Eu: Metade. Eu to morta de sono.-Disse enquanto me deitava na grama.

Lola: Por...?

Eu: Porque eu não parei de pensar no beijo dele!

Lola: Então não é metade, é tudo ele! To achando que esse ano você se rende ao amor amiga.

Eu: Não posso.

Lola: Mas quer.

Eu: Lola, eu posso querer. As pessoas querem muitas coisas. Mas e ai? E se um dia não der mais, e o relacionamento acabar...e a amizade também?

Lola: Você pensa demais no futuro. Vive o agora, se você viver certo agora, você vai viver certo no futuro.-Ela falava me encarando.

Eu: Andou lendo filosofia?

Lola: Internet mesmo!-Falou rindo.

Eu: Sua louca!-Ri junto com ela.–Ai...mas sabe, foi tão...mágico. Queria que aquele momento durasse pra sempre.

Lola: Ai ai, senhorita Gamada...-Falou tirando uma com a minha cara. A olhei seriamente.–Ai tá, parei.

Eu: Em falar em beijo e etc...tu não tava afim daquela loirinha do 2 ano?

Lola: É hétero.

Eu: Ah tá.-Ficamos em silêncio por uns minutos até o sinal tocar. Me levantei junto com ela. E antes que andássemos pra sala.Ela me fala:

Lola: Pensa bem no que você tá fazendo com o Andy. Ele também é seu amigo, cuida dele.

Eu: Eu tenho que pensa com calma nisso.-E fomos andando para sala.

Tivemos aula. Era de história, mas não era da Alemanha. Então...fui mandar um sms pra Deus (se é que me entendem!).

Bateu o sinal e Lola me acordou novamente. Sai em silêncio, só dei um tchau.

Fui andando para casa, meu dia não tinha sido um dos melhores.

Cheguei em casa, meu pai estava na cozinha, só gritei um “Cheguei no hospício” e pude ouvir sua risada. Subi para meu quarto e fui direto para o computador. Mexi um pouco, li meus e-mails e etc. E sai.Até que meu celular toca. Era Andy, ai senhor, ele não morreu, graças a Deus!

Eu: Alô?

Andy: Oi anjo.T-tudo bem?

Eu: Tudo. Aconteceu alguma coisa? Tá doente? Deprimido? Por que não foi pra escola hoje?

Andy: Calma vaquinha, só não estava com ânimo.

Eu: Por...?

Andy: Você pergunta?!

Eu: Me desculpe por ontem, e-eu, não queria te empurrar nem falar aquilo.

Andy: Então queria continuar o beijo?

Eu: N-não, ai meu Deus, você tá me confundido, olha só!-E ouvi sua risada.

Andy: Boba!-Ele falou ainda rindo.-Passa aqui em casa?

Eu: Passo sim boi. Agora?

Andy: Mais tarde...

Eu: A gente vai...fazer alguma coisa?

Andy: Você quer fazer alguma coisa?-Ele falou com malicia.

Eu: Andy!-Disse rindo.

Andy: Tá bom, parei.-Disse comigo.

Ouço meu pai me chamar. Ah, meu querido papai, eu não quero almoçar.

Eu: Andy, vou desligar, tem um senhor aqui me enchendo pra comer.

Andy: Vai lá então vaconilda.

Eu: Obrigada, garoto generoso e carinhoso comigo!

Andy: Sabe que eu te amo né.

Eu: S-sei sim.-Falei sem jeito.-Enfim, beijos, tchau, até mais. -Ele se despediu um com “Beijo, até” e desligamos.

Desci as escadas aliviada, pois Andy tinha dado um sinal de vida hoje. Parece drama, mas um dia sem ver ele eu fico em pânico! Enfim, fui até a cozinha onde a mesa já estava com os pratos e comida. Sentei-me fazendo companhia ao meu pai, e ele puxou assunto.

Pai: Vai na casa do Andy?

Eu: Como sabe?

Pai: Ouvi sua conversa.-Falou depois de um garfada.

Eu: Isso é feio tá!-Disse rindo um pouco e logo após comi.

Pai: Eu sou seu pai.-Disse rindo.

Conversamos, rimos, comemos. Foi um momento bem saudável. Graças a Deus. Meu pai é meio ausente comigo. Não sabe muito o que fazer. A sorte é que eu sou meio independente sabe. Porque se dependesse dele, já teria urubu me cercando...brincadeirinha!

Acabamos de comer e falei pro meu pai que eu lavava a louça. Nossa, viu como sou prestativa? Depois ele não pode vir reclamar!

Lavei os pratos rapidamente e subi para o meu quarto. Liguei a TV e fiquei vendo The Big Bang Theory até dar 16:00.Quando era 16:05 botei uma roupa mais arrumada para ir na casa de Andy, que era muito longe da minha. Eu tinha que pegar um helicóptero!

Desci e me despedi do meu pai. Abri a porta e andei muito, mais muito mesmo, 3 casas depois da minha já é o bastante. Chegando lá, toquei a campainha e Andy atendeu.

Andy: Olá vaquinha!-E me deu um beijo na bochecha.

Eu: Oi boi!-Revidei o beijo.

Andy me deu espaço para entrar e me joguei em seu sofá, sim, eu já era íntima daquela casa.

Eu: Sua mãe não tá?

Andy: Foi no shopping comprar roupa.-Disse se sentando ao meu lado.

Eu: Hm.-Ficamos um pouco em silêncio, até que eu ‘quebro’ o mesmo.–Por que me chamou aqui?

Andy: Queria me desculpar sabe...por ontem...-Disse, sem olhar nos meus olhos.

Eu: Olha pra mim Andy.-E ele fez o que eu pedi.

Andy: Quer me torturar?-Disse dando um risinho.

Eu: Não. Por que...por que me manda cartas? Por que não fala que me ama?

Andy: Acha que é muito fácil não é. Espere até você se apaixonar. Não vai conseguir falar. Se você não for correspondida...-Ai ai Andy, eu queria muito te corresponder, mas não quero destruir uma coisa de 6 anos.

Eu: Não vou me apaixonar por mais ninguém.

Andy: Já é apaixonada?

Eu: Não sei...-Disse olhando pro lado.

Andy: Pode me falar se você for.

Eu: Mas eu disse que não sei, seu louco.

Andy: Acha que é?

Eu: Também não sei!-Disse rindo.

Andy: Vou ter que te obrigar a falar?-Falou arqueando as sombrancelhas.

Eu: Não Andy, não me faz correr!-Disse me levantando e andando para trás, ainda rindo.

Andy: Então fala!-Conforme eu andava para trás, ele andava na minha direção.

Eu: NÃO!-E sai correndo pela casa. Óbvio que ele estava correndo atrás de mim. Cansei e acabei parando, e o bonitão deu de peito comigo. Ou seja, por culpa da gravidade da Terra, caímos no chão.–Olha, você não é levinho tá?

Andy: Fácil.-Ele separou suas pernas entre as minhas, e se levantou, prendeu minhas mãos. Ou seja, ficou de 4. Tô sabendo hein Andy! Brincadeira again.

Eu: Me solta?

Andy: Tá apaixonada?

Eu: Não sei menino!

Andy: Como você não sabe? Tem que ter certeza dos seus sentimentos, seja lá quem for a pessoas.-Ele falou olhando nos meus olhos. Como a mão dele não escorregou? Porque eu estava derretendo!

Eu: Valeu ai o senhor do amor, mas eu não sei, e se soubesse não ia falar.

Andy: Ahh, mas aposto que ia falar pra Lolita!-Disse sorrindo.

Eu: Talvez não. Dá pra me soltar agora?

Andy: Ai...não to afim.-Falou debochado.

Eu: Tá me dando agonia!-Falei rindo.

Andy: Hm.-E aproximou seu rosto do meu.-Sou seu amigo, não pode ter agonia de mim.

Eu: Com você desse jeito em mim, eu tenho que ter agonia sim!-Continuei rindo, ele me deixava nervosa. Andy, seu chato.

Andy: Vou parar então tá?!-Falou, fazendo beijinho de esquimó, como sempre fez em mim. Fiz o mesmo nele, e em seguida me deu um beijo na bochecha.

Andy se levantou de mim (Felizmente...ou infelizmente, eis a questão, parei) e me ajudou a levantar.

Voltamos para o sofá e conversamos. Andy não tocou mais no assunto lá da paixão. Graças a Deus, se não eu ia acabar falando alguma pérola do século! Conversamos mais, vimos TV, comemos besteira, foi um dia bom.Tirando a manhã.

Eu: Andy, já é tarde, preciso ir.-Disse me levantando do sofá.

Andy: Tudo bem princesa. Eu te acompanho até a porta.-Falou se juntando a mim. Fomos até a porta, Andy a abriu, e antes que eu fosse me abraçou.

Eu: Precisava te ver, sabe que como eu sou né...

Andy: Pessimista? Sim, eu sei.-Falou rindo enquanto me abraçava. Ai, como ele me confortava. Tá bom, chega de momento Mary gamadona. Terminou o abraço, todos falam em coro : “AAAAAAAAAAAH”, estou nesse coro hein! calei.

Eu: Tchau Andy!-Disse enquanto andava.

Andy: Tchau Ma!-Ele falou e logo após fechou a porta.

Fui andando para a minha casa, feliz. Feliz em vê-lo, feliz em ver que ele me ama, e claro por ele ter me prendido no chão! Parei, de novo, preciso me controlar.