Worlds Crash escrita por The_Stark


Capítulo 9
O Abandono de Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Esse demorou um pouco, mais saiu. :D



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            Harry olhou para Quíron como se o centauro não soubesse o que estava falando.

            - Partir? E quando seria isso?

            - Agora mesmo – respondeu o quadrúpede – Tomei a liberdade de pedir a Percy que fizesse suas malas. Elas estão logo ali – e apontou para uma bagagem ao lado da mesa de Dumbledore, que Harry não havia notado.

            - Mas... E os meus amigos? Não poderei nem me despedir?

            Agora foi a vez de Dumbledore interceder.

            - Se despedir? E o que você vai dizer quando seus amigos perguntarem “Adeus? Onde você está indo?”?

            - Então me deixe levá-los! Eles podem ajudar.

            - Harry, não é uma questão de poder ou não poder ajudar. Não tenho dúvidas de que eles seriam de grande serventia. Mas, é uma questão do que a profecia pede. Nós devemos segui-la, entende?

            - E qual é a profecia?

            - Quando você chegar ao Acampamento Meio-Sangue, você descobrirá.

            - Não vou sem saber a profecia – respondeu Harry.

            - Harry...

            Annabeth deu um passo a frente.

            - Tudo bem – falou a garota - se você quer saber, eu vou lhe contar a profecia.

            E, ao falar isso, tirou um pequeno pedaço de papel amassado do bolso. Ao que tudo indicava, ela havia anotado a previsão do futuro ali.

Uma nova guerra está para surgir

E, para impedi-la, dois mundos terão que se unir

Uma sábia irá guiar o caminho

Nessa luta, os oito não poderão ficar sozinhos

O traidor, quando menos esperarem, irá se erguer

As sombras, todos terão que combater

A cicatriz em raio poderá perecer

Espíritos do passado vão aparecer

O Olimpo teme a verdade

Mas, quando dois mundos colidem,

Não há nada a esconder.

            Annabeth se silenciou, esperando algum comentário de Harry. “A cicatriz em raio poderá perecer” não era um comentário animador. Esse era o motivo de Quíron só querer conversar sobre a profecia no Acampamento, mas o garoto tinha o direito de saber com o que estava lidando.

            - “Uma sábia irá guiar o caminho” – falou Harry – É uma clara menção a Hermione na profecia.

            - Não, Harry – respondeu Quíron – Uma sábia irá guiar o caminho. Não podemos estar falando de Hermione e Annabeth.

            - Então por que não falamos somente de Hermione? – Sim, aquilo provavelmente iria ferir os sentimentos de Annabeth. Não era nada pessoal, ele apenas conhecia Hermione a mais tempo.

            - Harry – intercalou Dumbledore – você está indo para um lugar que você não conhece, enfrentar inimigos que você nunca ouviu falar. Hermione provavelmente já ouviu a história, mas, da mesma forma que Annabeth não entende de magia, ela não entendi do mundo grego. A profecia, naturalmente, só pode falar de Annabeth.

            - Tudo bem – falou Harry, ainda tentando puxar seus amigos para a profecia -, mas ela fala em oito pessoas, por que não podem ser meus amigos?

            - Infelizmente, Harry – respondeu Quíron –, ainda não sabemos quem são todas as pessoas. Podemos ter certeza que uma é Percy, pois foi ele que ouviu a profecia. Annabeth, por ser a sábia, clara referência a sua mãe, deusa da sabedoria. E você. Convenhamos que “a cicatriz em raio” não poderia ser mais óbvio. Os outros cinco membros são incógnitas...

            “Por sinal, isso é muito estranho. Em geral, as profecias envolvem três pessoas. Em raros casos, aparece uma com sete pessoas. Mas, com oito? Não me lembro de nenhum caso assim. Sem dúvida, é curioso...”

           Quíron, ao terminar de falar, parecia imerso em seus próprios pensamentos. Harry estava digerindo a tudo isso. Ainda tentava encontrar algo na profecia que fizesse referência a seus colegas.

            - Mas...

            - Harry – intercedeu Dumbledore -, talvez seja melhor você pensar se você realmente quer seus amigos nessa guerra. Afinal de contas, sempre há o risco de vida...

            Pela primeira vez, o garoto pareceu considerar essa hipótese. E, depois, se lembrou de um dos versos da profecia: “a cicatriz em raio poderá perecer”. Estremeceu. Depois, decidiu que refletiria sobre isso mais tarde.

            Se ele poderia morrer, também estariam em perigo Rony, Hermione e Gina... Talvez fosse realmente melhor não levá-los.

            - Quando partimos? – perguntou por fim.

            Quíron abriu um sorriso.

            - Agora mesmo.

            A noite estava fria. Percy, Annabeth, Quíron e Harry caminhavam o mais silenciosa e rapidamente possível. O garoto ainda não tinha certeza de como iriam sair de Hogwarts, abandonar o país, atravessar o Atlântico e chegar em outro continente. São apenas detalhes técnicos, pensou ele.

            - Professor – falou, virando-se para Dumbledore – O que você irá dizer a todos? Quero dizer, com certeza haverão perguntas sobre meu paradeiro.

            O diretor apenas deu uma piscadela para Harry.

            - Não se preocupe com isso. Vou cuidar desse problema pessoalmente.

            Caminharam por mais alguns minutos, quando enfim pararam.

            - Estão aqui – falou Percy.

            Harry olhou a sua volta. O que quer que Percy quisesse dizer com “aqui”, não era ali. Isso porque não havia nada ali. Somente, grama, árvores e mais grama.

            - Do que você está falando?

            E então o garoto ouviu. Eram sons repetitivos e sincronizados. A cada segundo ficavam mais altos. Vinham de cima.

            - Minha nossa! -  falou Harry, quando ergueu os olhos.

            - Humpf – seguiu Dumbledore -, vivi todos esses anos e nunca vi nada assim também – e abriu um sorriso – Bem, vivendo e aprendendo.

            Oi, chefe, Percy ouviu a voz de Blackjack em sua mente. Quando o pégasus pousou ao seu lado, o menino-peixe o acariciou.

            - Já disse para não me chamar assim – e acariciou o quadrúpede.

            A seguir, mais dois pégasus aterrissaram, um ao lado de Annabeth e um ao lado de Harry.

            - Hã, hã, sem chance que eu vou andar num desses.

           Ninguém deu muita bola. Annabeth contou os cavalos alados. Ou a matemática dela estava muito errada, ou...           

            - Você não vem conosco? – perguntou a garota ao centauro.

            - Sem chance – respondeu ele – não tem como um centauro se sentar em um pégasus. Seria, no mínimo, muito esquisito. E, alem disso, ainda tenho assuntos a tratar com Dumbledore. Vão na frente, eu logo alcanço vocês.

             Annabeth e Percy deram de ombro e montaram em seus pégasus.

            - Novamente, eu não vou subir nesse cavalo com asas. Sou capaz de lutar com qualquer um que me force a isso.

            Dumbledore deu um sorriso maroto.

            - Se você insiste. Petrificus Totalus.

            Harry, de repente, ficou parado como uma estátua. Quíron o pegou e amarrou-o ao pégasus.

            - Sinto muito, Harry. Mas é o único meio de transporte rápido disponível. Não podemos aparatar de Hogwarts e o ministro vigiam as passagens por pó de flu. Eles não podem saber que você sabe.

            Os cavalos alados começaram a levantar vôo. Dumbledore ergueu a voz, para que Harry ainda o ouvisse.

            - Não se preocupe! Nós ainda nos veremos!

            E todos desapareceram na linha do horizonte.

            A viagem foi bastante calma. Bem, pelo menos para Percy e Annabeth. Para Harry, foi como andar de cavalinho num tigre selvagem no meio do olho de um furacão. Ele tinha a constante sensação de que as cordas se soltariam e ele iria cair. Mesmo após a magia de Dumbledore perder o efeito, ele não pôde fazer nada, pois Quíron havia amarrado com muita força.

            Ventava muito a noite e Harry viu o sol se por, atrás deles O que era muito estranho, pois haviam saído da Inglaterra a noite. O garoto deu de ombros, fusos horários, pensou ele.

 O garoto não estava pronto para isso. Para o novo continente. Para os novos inimigos. Para abandonar seus amigos. Ele não estava pronto para nada.Mesmo assim, não tinha mais escolha, já havia aceitado. Voldemort havia se aliado a Cronos? E daí? Antes, Harry tinha que chutar a bunda de um. Agora irá chutar a bunda de dois. Ele ainda tinha a ajuda de seus novos amigos e de mais cinco pessoas desconhecidas. Sem dúvida, tudo acabaria bem.

            “A cicatriz em raio poderá perecer”.

            Então, por que esse verso insistia em voltar para sua cabeça?

            Pousaram em Long Island tarde da noite, o que queria dizer que na Inglaterra estava amanhecendo. Os três ainda estavam tontos por causa do fuso horário.

            - E, agora? – perguntou Harry – para onde?

            - É aqui – respondeu Percy – nós já chegamos.

            Ao terminar a frase, apontou para um alto pinheiro onde estava pendurada uma coisa disforme e dourada.

            - Vê? – continuou o garoto – O Velocino de Ouro marca o local onde se inicia o Acampamento. Apenas meio-sangues são permitidos.

            - Meio-sangues? – perguntou Harry, tendo em mente os sangues puros e os sangues ruins, do mundo bruxo.

            - Sim, sabe, semideuses. Metade sangue mortal, metade sangue “deusal”, meio-sangues.

            De repente, todos perceberam o problema iminente.

            - Então, como eu vou entrar? – perguntou Harry.

            Instalou-se um momento desconfortável de silêncio. Como ninguém havia pensado numa coisa tão óbvia?

           - Tente entrar – falou Annabeth, gesticulando para que Harry desse um passo a frente – Quem sabe funciona...

            Ele tentou e, bem, nada impediu ele. O garoto com a cicatriz de raio apenas seguiu em frente, deixando o pinheiro com o Velocino para trás.

            - Mas, como? – perguntou Percy.

            Annabeth deu de ombros.

            - Não faço idéia. Vamos perguntar para Quíron quando ele chegar. Com certeza ele terá uma explicação.

            Os dois passaram pelo portal e correram para alcançar Harry, que já caminhava alegremente pelo meio do Acampamento.

            - Bem – começou Percy -, acho que já está meio tarde para um tour. Então, amanhã nós te mostraremos o Acampamento, e você poderá começar suas atividades como um verdadeiro campista. Quíron também já deve ter chegado, e poderá nos dizer o que fazer.

            - Tudo bem – falou Harry.

            - E outra coisa, não sabemos onde você vai dormir. Normalmente, colocaríamos você no chalé de Hermes, deus dos viajantes, aceita qualquer um, mas não queremos causar alvoroço com um novo campista à meia noite. Entende? Você não conseguiria dormir, o Acampamento não conseguiria dormir e o mais importante de tudo, eu não conseguiria dormir. – e abriu um sorriso, indicando que estava brincando.

            “Eu também te chamaria para o meu chalé, mas como geralmente sou o único lá, não tem nada preparado para um visitante. E daria muito trabalho arrumar agora. Então, acho melhor você dormir no chalé de Zeus.”

            Annabeth pareceu assustada com a idéia.

            - Ele vai morrer eletrocutado, coitado! Zeus não vai permitir isso!

            - Ah, tenho certeza que o Rei do Olimpo não vai nem se importar.

            Harry não estava gostando nada daquilo... Talvez a profecia virasse realidade muito mais cedo do que pensavam...

            - Bom, e onde você sugere que ele durma?

            - No chalé de Hera!

            A cara de Percy se contorceu em horror.

            - Você não tem pena dessa pobre alma?! Hera vai torturá-lo, matá-lo dolorosamente, subornar Hades, trazê-lo de volta, e torturá-lo mais ainda!

            Annabeth pareceu pensar sobre o assunto. E concluiu que, sim, a deusa do casamento era capaz de tudo aquilo.

            - Bem... Não estou gostando muito disso, mas não é como se tivéssemos escolha, não é? Só sobra o chalé de Zeus...

            - Ótimo, então está decidido. Boa noite, Annabeth, te vejo amanhã. Harry, você vem comigo, vou te levar até lá.

            E os dois caminharam até lá.

            - Apenas lembre-se de ser silencioso, ok? Digamos que o Rei do Olimpo não gosta muito de pessoas entrando onde não deveriam – depois deu de ombros – Boa noite.

            E ao terminar de falar, saiu andando, deixando Harry sozinho na noite. O garoto entrou na cabana e abandonou sua mala em um canto. Estava exausto. Deitou-se na cama e deixou suas pálpebras se fecharem. Amanhã seria um longo dia.

            Já haviam se passado algumas horas, talvez o dia já estivesse para raiar, Harry não sabia ao certo. Foi mais ou menos nesse momento que sentiu um cutucão no seu braço. Com medo de encontrar Zeus parado ao seu lado, o garoto levantou em um salto.

            Bem, se fosse Zeus, Harry teria ficado muito menos surpreso. Não fazia o menor sentido que aquela pessoa estivesse ali.

            - Mas... Como? – perguntou ele.

            - Temos muito o que conversar – falou Hermione, parada ao seu lado, no chalé de Zeus.


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Notas finais do capítulo

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