Cheguei em casa faltando algumas poucas horas pra Damon aparecer com sua família, e parei um tempo olhando o comôdo encostada na porta. Com um sorriso no canto da boca acendi um cigarro e fui pra sacada da casa de onde dava pra observar a avenida principal lotada de carros.  Sentei em uma cadeira e coloquei os pés em cima da mesa de centro e acabei adormecendo com o cigarro na boca.

Acordei com o interfone do apartamento tocando insistentemente. Me levantei assustada pisando em cima do que sobrava do cigarro no chão qua havia caido da minha boca. Seria uma tragédia se aquilo caisse na minha roupa.

Olhei pro rélogio e observei que faltavam poucos minutos pra Damon chegar e não tinha preparado nada. Cacete.

Atendi a droga do interfone e deixei o entregador das flores subi enquanto procurava loucamente apressada uma lista de telefones em cima da mesa. Não havia restaurantes de pronta entrega naquela cidade? Segundo cacete que eu grito em menos de um segundo.

- Senhora, as flores?- ouvi a voz do garoto na porta aberta. Ele tinha o rosto tampado pelas flores. Puxei rápida e arrogante as orquideas amarelas da mão dele.

- Elena- o garoto disse detendo a porta quase fechada em sua cara

- Oi- perguntei impaciente enquanto abria a porta de mal grado e reconhecia o rapaz da lanchonete. Arqueei as sombrancelhas.

- A floricultura é da minha tia, as vezes a ajudo depois do trabalho de garçom- ele riu um pouco.

- Legal- revirei os olhos sem vontade alguma de ser cordial, eu tinha que achar um restaurante de pronta entrega e apenas deixei a porta aberta enquanto jogava as flores em cima da mesa e me aguachava em cima da lista telefonica.

- Gostei do seu apartamento, é muito luxo pra deixar a porta aberta diante de um desconhecido...- foi falando enquanto entrava.

- Garoto, se já entregou o raio das flores pode ir embora, ou então senta e me ajuda- falei estressada enquanto discava um número que dava na caixa postal.

- Nossa, pensei que você fosse mais educada- disse sentando do meu lado enquanto ria.

Joguei a lista no colo dele enquanto me levantava e arrumava a sala bagunçada com as malas, e algumas flores que haviam esparramado.

- O que eu tenho que procurar?

- Um restaurante de pronta entrega, procura alguma coisa que dê pra entregar em dez minutos.

- Nossa, acho que não vai ter.

- Se não procurar, ai sim que não vai ter garoto- falei entredentes já irritada.

-É Ryan- respondeu com orgulho.

- Tanto faz.

Meu celular tocou com o barulho mais irritante do mundo. Eu tinha que trocar aquele toque.

(celularmodeon)

- Alô- a mulher na linha perguntou, reconheci minha mãe.

- Katherine, o que foi?- perguntei sem muita paciência.

- Só queria saber se tinha chegado viva aí menina, por que sua consideração é muito grande pra me ligar.

- Infelizmente pro seu desagrado ainda estou viva. Era só isso?- eu e minha mãe nunca tivemos uma relação muito amistosa, por anos tive que conviver com o modo ruim dela me tratar. Sempre preocupada com tudo que era fora de casa, acho que por causa dela meu pai nos abandonou quando eu era nova.

- Não, quero saber se já desistiu de seu plano idiota de enganar o coitado do Damon.

- Você não tem nada haver com isso. Eu sei o que é bom pra minha vida, e se for pra querer mudar algo nisso peço que não me ligue mais- gritava ao telefone e percebi os olhos assustados do garoto que me olhava enquanto ligava ao telefone.

Desliguei a droga do celular enquanto ia pro banheiro limpar as lágrimas que caiam.