A Terra Onde Há Dragões escrita por moonfall


Capítulo 3
Capítulo 3




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A aula se tornara extremamente interessante, anotou tudo o que o professor disse num caderno de capa de couro verde que ele havia distribuído a todos. A pena subia e descia na folha amarelada, deixando um rastro de nanquim atrás. Rapidamente duas folhas já estavam cobertas de anotação. Outros professores entraram e saíram da sala, estes explicavam a sua especialidade. Após a aula foi para casa e cuidou de seu ovo como tinham lhe ensinado na tal escola. Encontrou Alice sentada na mesa da sala, lanchando.

– Alice, o que o mestre faz se vamos para a aula? – esta dúvida ficou martelando na sua cabeça durante toda a aula

– O mestre, Helena, treina você. A teoria é na escola mas a prática é com o seu mestre.

– Hum... Mas como assim na prática?

– Horas, para fazer a sua sela você precisa de alguém que lhe dê dicas e te inspecione, e como você espera domar um dragão sem ter contato com ele?

– Ah, entendi. E porque no meu quarto tem uma janela apontando para o céu?

– Para você estudar astronomia e navegação, como pretendes ir para algum lugar montada em seu dragão sem a referência das estrelas?

– Com um mapa, eu acho. - respondeu a garota

– Mas e se você perder o mapa ou não tiver um? - retrucou Alice

– Verdade... Obrigada Alice, hum... Posso ver você domar um dragão?

– Apenas depois que o seu eclodir, falando nisso onde ele está?

– Aqui comigo...

– Coloque ele logo em uma bacia com água quente!

– Tudo bem...

Então um estalo forte ressoou na casa.

– Meu deus ele está eclodindo! – Exclamou a loira

– Ah... O que eu faço Alice? – Helena estava começando a entrar em desespero

– Coloque-o aqui em cima.

A garota tirou-o da bolsa que estava carregando-o e o ovo que antes era liso estava agora coberto de rachaduras, ela podia sentir um pequeno ser se movendo do outro lado da casca. Após colocá-lo sobre a mesa quadrada, o primeiro pedacinho de casca caiu.

Era visível que ele estava lutando pra sair, com a pequena patinha e ele empurrava a casca que cedia com dificuldade. O tempo pareceu se prolongar em quando as garotas assistiam a lita do pequeno dragão, abrindo espaço no mundo e após muito esforço a casca cedeu e se quebrou e um pequeno lagarto preto caiu na mesa. De tão negro, quando a luz batia em suas escamas elas ficavam num tom azulado. Ele tinha olhos enormes, cuja cor era âmbar. Mas quando ele olhou para ela, seus olhos brilharam em um amarelo intenso como ouro.

– Oi pequeno. - sussurrou Helena

O pequeno filhote de dragão deu um bocejo, mostrando seus minúsculos dentes brancos. As escamas eram extremamente finas apesar da cor forte, seus chifres eram pequenos e delicados assim como os espinhos dorsais. As asas eram desproporcionalmente grandes para o seu corpo, assim como sua cauda, porém as suas garras eram muito pequenas como suas patinhas. Tudo nele era delicado e fino, não parecia um dragão colossal como os das histórias.

A garota estava muito feliz e então o dragãozinho foi em direção a sua mão, Helena o acariciou e ele era muito frio, então ele escalou seu braço e se enrolou no seu pescoço. A morena tremeu com o frio dele, mas em pouco tempo o cachecol gelado aqueceu.

Ela se virou e foi em direção ao quarto, tinham procedimentos que deveria fazer. Sentou na escrivaninha e checou as anotações em quanto o filhote explorava o arredor.

– Vem cá pequenino, antes de qualquer coisa eu tenho que começar o seu treinamento. - chamou

O dragãozinho pulou da cama para a escrivaninha para cama rapidamente mas perdendo o equilíbrio escorregando no encontro com a mesa rolando até bater na parede. Porém antes que a garota percebesse o que tinha acontecido ele já estava de pé. Helena pegou uma almofada de penas, colocou-a em cima doda escrivaninha e ajeitou o filhote em cima dela.

– Tipo bem, primeiro passo: criar um laço de amizade com o dragão, oferecendo comida e acariciando, sempre mantendo contato visual. - leu - Vou na cozinha pegar um pouco de carne, fique aí.

Helena saiu do quarto e pegou um pouco de carne cozida que tinha na cozinha e ao virar-se para voltar ao outro cômodo se deparou com seu dragão no meio do caminho. Ele a estava seguindo. A garota estendeu um pedaço de carne que o filhote rapidamente roubou de sua mão e o engoliu. Com uma mão pegou o filhote do chão levando-o de volta para o quarto e colocando-o de novo na escrivaninha.

– Você está com fome?

O dragãozinho olhou esperançoso para ela, como se entendesse o que ela dizia.

Depois de alimentá-lo e acaricia-lo ela o deixou na almofada e foi dormir. Após uma noite agitada ela acordou na manhã seguinte com calor, viu o pequeno réptil dormindo em seu pescoço, ele estava enroscado como um cachecol, com sua cauda descendo pelo peito da garota.

– Ah, bom dia pequenino.

E Helena alisou as escamas do filhote que olhou para ela e bocejou.

O dragão começou a correr pela cama de Helena e a saltar da escrivaninha para o topo do guarda roupa e de lá para a poltrona, ele era rápido apesar de desajeitado.

– Helena acorde, seu mestre tá te chamando! – Alice gritou do outro lado da porta.

Helena se levantou, vestiu a calça, a bota e as meias e colocou uma camiseta com um colete. Encontrou seu mestre do lado de fora da casa.

– Soube que seu ovo eclodiu, então vamos começar o treinamento.

– Mas estou com fome! E a escola? – respondeu Helena encarando ele

O réptil preto seguiu a garota e escalou as pernas dela, subindo pelo seu corpo até se enroscar em seu ombro.

– Hoje você não vai para a escola. Caso você não saiba, a escola dá aula por dois dias e o terceiro é o dia que os mestres treinam seus aprendizes.

– Ah. – a barriga da garota roncava violentamente

– Coma este queijo e vamos para a arena de treinamento.

Após fazer o que o mestre lhe dissera, se encaminhara para a arena de treinamento, esta era um espaço semelhante a um estádio sem a arquibancada e os shows, ela não possuía teto e era feita de enormes blocos de pedra maciça. Nela se encontravam alguns outros mestres, distantes uns dos outros, treinando seus aprendizes que estavam em um estágio diferente do dela. A arena era dividida em oito fatias para que vários aprendizes pudessem treinar ao mesmo tempo, na parede estavam presos uma sorte de equipamento para vários tipos de estágios de aprendizado.

– Helena, deixe seu dragão nesta pedra e vá para lá - disse o mestre apontando para uma pedra do outro lado da sua área de treinamento – Depois você deve assoviar e o seu dragão deve ir até você, mas tente fazer um assovio diferente, para que ele possa te identificar. Quando ele lhe alcançar de um desses cubinhos de carne e faça-o voltar para a pedra do outro lado. Deve fazer isso repetidamente até ele ir dez vezes das dez vezes que você chamar.

O mestre entregou um balde de alumínio contendo cubos de carne sangrenta, crua.

A garota fez o que lhe foi ensinado Helena assobiou mas não era muito o forte dela, quando o dragão o ouviu, foi correndo até ela.

– Dê um pedaço de carne à ele quando chegar ai!

O dragão chegou até ela e ela lhe jogou uma carne. Ele comeu agradecido.

– Faça ele voltar para esta pedra aqui - disse o mestre - rápido Helena!

– Como?!

– Ordene, não aprendeste nada nas aulas não? - disse o mestre impaciente

– Só peguei a parte de como cuidar do ovo!

– Faça ele vir para cá logo!

– Pequenino, vá para aquela pedra lá - disse Helena

O dragão obediente voltou para lá.

– O nome dele é Pequenino? - perguntou o mestre com seu típico sorriso sarcástico

– Não tive tempo para pensar...

– Se você chama-lo assim o tempo todo ele vai se acostumar com o nome "Pequenino". Queres que ele atenda pelo nome de pequenino?

– Que tal... Orik? - respondeu Helena pensativa

– Já tem.

– Hum... Cabrig?

– Que raios de nome é esse?

– Tá, hum... Que tal Prezu?

– Preso? - o mestre se controlava para não rir

– Não, PreZU, tipo preto e azul.

– Não, pense melhor garota!

– Que tal Âmbar?

– Não, dê um mais original!

– Tens alguma sugestão? – a garota perguntou já aborrecida

– O dragão é seu.

– Que tal... Scroll?

– Pare de inventar esses nomes estranhos e pense em algum bom de verdade.

– Neron?

O dragãozinho correu até ela e fixou os olhos nos seus.

– Acho que ele gostou. - disse o mestre com alívio

– Oi pequeno Neron!

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– Os dragões levam um ano ou mais para atingir seu tamanho. E é nesta faze que vamos começar a treinar montados, porém antes vamos treiná-lo com os comandos básicos e aí iremos acrescentar outros, durante esse tempo vamos treiná-lo para que fique dócil com você e com os outros cavaleiros mas que também seja ameaçador pra quem enfrentá-lo, ele deve aprender a se defender. - disse o mestre da garota em quanto caminhavam para fora da arena.

– Como assim doma-lo?

– Dragões são como cavalos, tem bons e maus, mas eles precisam aprender os comandos de navegação e aprender a voar com o peso de cinco armaduras de batalha e mais a armadura dele.

– Armaduras? Batalhas?

– Sim, nas batalhas nós os utilizamos para carregar armamentos pesados e eles também lutam, mas por hoje já terminamos o treinamento.

– Nós batalhamos?

– Claro! E muito bem!

– Nós vamos participar de alguma guerra?

– Espero que não, mas se acontecer uma tods nós temos que estar preparados.

– Você acha que está pronta?

– Para...?

– Treinar, todos os dias você deve treinar.

– Tudo bem.

– Vá descansar, beba alguma água, brinque com o seu dragão, estude um pouco. Já está liberada.

O sol do final da tarde pouco iluminava. Helena saiu do campo de treinamento e foi para o riacho nos fundos de casa. Ela lavou o rosto e tomou muita água, então assoviou bem alto. Neron, que a seguia, acelerou o passo então ergueu a assas e saltou, porém logo tombou no chão já que ainda não era forte para voar.

O dragão se aproximou e se esfregou nas pernas dela.

– Para Neron! Isso faz cócegas!- disse Helena rindo Neron parou e exibiu sua linda cor na luz do sol

O dragão negro deu um grunhido que era como se fosse a risada dele.

– Vem Neron, vamos pra casa, temos muita coisa pra fazer.

Encaminharam-se para casa, seguindo o curso do riacho. Entraram pela porta dos fundos e realizaram as tarefas da casa, a garota estudou e depois foi dormir embalada pelas doces letras de seus novos livros.


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