Babá por Um Dia escrita por Akyra Briefs


Capítulo 3
Capítulo 3




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O som de batida de um ponteiro, que de segundo a segundo completava a sua volta no relógio, quebrava o silêncio temporariamente instaurado naquela divisão infantil. Tanto avô, como neta, encaravam-se sisudamente, de olhares ameaçadoramente estreitos, como se tentassem prever cada movimento insignificante um do outro. Com o telefone na mão, depois de ter rasgado metade das listas telefônicas para descobrir o número de uma Agência de Babás ali perto, Vegeta discou o número sem hesitar. Um prolongado toque suou até uma mulher atender.

 

-Agência de babás, boa tarde! – proferiu uma  educada voz feminina. - Em que podemos ser úteis?

 

-Não é óbvio? – a voz de Vegeta aumentou um tom acima do normal. - Se eu estou ligando para aí, é porque preciso de uma babá para tomar conta da pirralha. Se eu desejasse uma pizza, teria ligado para outro número.

 

-O senhor não me entendeu…

 

-Por acaso está me chamando de burro? – rosnou, evitando gritar com a audácia da mulher.

 

-Longe de mim, senhor, acho que me expressei mal. Bom, o que eu queria dizer é que, na nossa agência, nós atendemos várias funcionalidades ao domicilio, como ajudar pais inexperientes a mudar a fralda dos bebés, ensinar a dar o primeiro banhinho, aconselhar que tipo de papinha é q…

 

-Eu não estou interessado em aprender nada dessas mariquices…

 

-Então, o senhor pode sempre pedir uma opinião sobre vários assuntos a respeito do

 

-Já lhe disse que não estou interessado nisso. – acrescentou mais dois tons acima do normal.

 

-Muito bem! – a mulher bufou para não ser má educada, e tentou outra investida. – Por acaso já pensou em se tornar um dos sócios da nossa agência? Terá descontos fantásticos em alguns dos nossos serviços e

 

-Sabe o que mais, meta esses descontos no…- Amai riu da cara do avô, que apertou firmemente o punho, grunhindo, para não acabar o resto da frase. - Está difícil de entender que eu quero uma miserável babá?

 

-Tem preferência na idade? – aquela pergunta foi a gota de água para Vegeta, que berrou:

 

-Mande a bruxa velha da sua avó, sua coisa degradante. – Uma veia latejava na testa do Saiyajin enquanto ele sentia o sangue ferver-lhe nas veias. – Ande logo com isso, antes que eu me enerve mais.

 

-Está certo senhor, eu vou tratar disso, espere só um momento – a voz da mulher, agora irritada, foi substituída por uma melodiosa música de espera. – “Tiriririiii tiriri tiririii…!”

 

-Quando acabar o meu treino, eu juro que vou mandar aquela agência pro inferno em dois tempos, juntamente com essa terráquea retardada.

 

A música irritante entoava-lhe nos ouvidos, como se de um tambor de guerra se tratasse, pronto para alertá-lo de que o inimigo atacaria a qualquer momento. Mostrando-se cada vez mais impaciente com a espera, Vegeta rangeu os dentes, á medida que batia com o pé ligeiramente no chão. Esse inevitável abalo fez com que toda a estrutura da casa começasse a estremecer, além de uma maré de pelúcias chover das prateleiras do quarto de Amai, que a cobriu por completo. Ao bufar, ele olhou á sua volta, reparando que, debaixo de uma montanha de ursinhos, encontrava-se uma Amai, com uma sobrancelha empinada. Irritado, Vegeta parou, proferindo bem devagar:

 

-Eu vou só contar até três, caso ela não volte até lá, aquela agência vai se arrepender do dia em que poupei a Terra. – Pensamentos algozes passaram-lhe agora pela cabeça e, respirando fundo, começou: - Um…

 

”Tiriri ti riiri ti ririri…”

 

-Dois…

 

“…tiriri tiriri ti…”

 

-Tr...

 

-Desculpe a demora senhor - balbuciou a mulher, como se temesse contar-lhe algo. -, mas o nosso gerente acabou de nos informar que não há nenhuma babá disponível…

 

-Não há? Como assim, não há? – Vegeta colocou o fone bem diante do rosto, gritando com a cabeça enfurnada: - Diga a esse inseto rastejante que eu exijo alguém para tomar conta da pirralha enquanto treino. Se ninguém vier dentro de uma hora, eu vou aí trazê-lo arrastado até aqui.

 

-Mas senhor…- a mulher nem teve tempo de acabar a frase, pois Vegeta já havia desligado o telefone na cara.

 

-Incompetentes. - Apesar de tudo, Amai lançava um olhar glorioso, como se provocasse Vegeta. – Não pense que ganhou a batalha, menininha!

 

A menina esbracejou delicadamente, apontando para cima de um armário, o que fez Vegeta rodopiar lentamente a cabeça para onde a pequenina mão apontava. Com um rosto carrancudo, ele murmurou:

 

-Humpf, você é tal e qual como a família de Kakarotto. Será possível que vocês não pensem em outra coisa, senão em comida?

 

Com um passo arrastado, e cada vez mais indignado, Vegeta pegou numa das cápsulas Hoi Poi, depois de carregar no topo, e atirou-a ao ar, aparecendo uma larga mamadeira. Este a pegou e a levou até Amai, que sorriu em troca, ignorando a fúria passageira do avô. Amai pegou impacientemente na mamadeira e levou-a diretamente, num jeito ansioso, aos finos lábios e degustou do líquido mordo do recipiente. Ela bebia com uma vontade enorme, como se não comesse há várias semanas, o que deixou Vegeta chocado, de queixo caído durante breves instantes.

 

Sim, nesse aspecto, aquela pequena era tal e qual como Kakarotto, pelo menos havia herdado o seu grandioso estômago. Parecia que, quanto mais comia, mais o desejo de se alimentar era óbvio. Em poucos segundos, viu-a descolar o bico da mamadeira e abaná-la, já vazia, exigindo mais.

 

-Nem pense que vai ficar como eles – grunhiu, prepotente, vendo a menina fazer beicinho, o que o deixou novamente atrapalhado, rebatendo num tom mais ameno: – Neta minha não vai virar uma sedenta de fome!

 

Amai estreitou o olhar azul, em tom desafio, o que fez Saiyajin estreitar o seu também. Contrariada, ela apertou a mamadeira na sua mãozinha, desfazendo-a de seguida em mil pedacinhos. Estupefato, Vegeta admirava a neta com um deslumbramento curioso, enquanto os pedacinhos caíam lentamente no chão. Ao cruzar os braços, esboçou um sorriso insolente nos lábios, concluindo que sua teoria estava certa, quanto ao fato da pequena ser superdotada. No fundo, sentiu um orgulho rasgar-lhe aquele semblante altivo, principalmente por perceber que Amai não era tão fraca, como pensara no dia em que nasceu.

Hum, ainda é um ser pequeno para avaliar as suas capacidades! Mas se esta pequena treinar, terá um bom futuro.” Seus pensamentos foram quebrados quando sentiu um cheio estranho no ar, que o fez arregalar os olhos.

 

-Céus, digam-me que você não fez aquilo que eu estou pensando! – Amai agora batia palminhas de forma agitada. -Você só pode estar a brincar comigo! - Neste modo ela derrotaria as Forças Especiais do Freeza em apenas meros segundos, sem precisar mexer um dedo sequer. Cada vez mais indignado, grunhiu entre dentes: - Grrrr! Bulma, nem pense que eu, um Saiyajin de raça guerreira, vai mudar as fraldas a uma pirralha.

 

Contrafeito, moveu-se até á cómoda pequena do quarto, onde tinha um papel com a caligrafia bonita de Bulma, explicando cada procedimento das tarefas que poderia ter que fazer. Ela pensou em tudo, cogitou com um crescente mau humor, aposto até que ela inventou essa reunião só para me obrigar a ficar com a pirralha. Deu uma repassada no papel e no final amassou-o impassível, arremessando-o para o chão, pisando-o. De cenho completamente carregado, ainda contrariado, pegou brutamente nas fraldas e nas toalhitas e voltou-se novamente para o berço, onde agora Amai permanecia deitada. Sem o menor jeito, ele pousou as coisas e desapertou a antiga fralda da menina.

 

Ao deparar-se com o conteúdo da fralda suja, Vegeta prendeu a respiração antes de reagir. Passado momentos, toda a Corporação Cápsula estremeceu com o rugido inesperado do príncipe. Um varredor, que se encontrava ali perto, trabalhando, parou para fitar a casa, perplexo, com uma gota na testa e seus olhos vidrados, formando um minúsculo botão. Ao ver que mais nada se passou, deu ombros e voltou a varrera a rua, como se nada tivesse passado.

 

Com os olhos cerrados, e não suportando o cenário que estava diante dos seus olhos e o cheiro daquela coisa, ele pegou na fralda e atirou-a com toda a velocidade em direção á janela, partindo o vidro. Com sorte, a fralda aterrou, com toda a força, dentro do carrinho do lixo do varredor, que tremeu os olhos, atônito.

 

-Esta casa é esquisita demais para o meu gosto. – murmurou a varredor, saindo de fininho dos arredores da Corporação Cápsula. – Vou pedir a demissão, nunca mais frequento estes lados.

 

Depois de várias tentativas falhadas em colocar a fralda seca na menina, e cada vez mais furioso por seu esforço não dar em nada, Vegeta bufou para conter seus nervos. Com o suor escorrendo-lhe pela testa e a língua de fora, Vegeta continuava a tentar aquela tarefa quase impossível.

 

-Aaaarghhh, malditas modernices terráqueas – praguejou ele em bom tom enquanto a menina tentava agarrar os dedos do avô, com um sorriso inocente nos lábios.

 

Agora era uma questão de orgulho, não iria desistir, muito menos dar o braço a torcer por causa de uma maldita fralda. Com os músculos dos maxilares a se contorcer de raiva, uma nova veia latejava em sua têmpora. Se, para vencer aquela luta contra a fralda, fosse preciso transformar-se em super Saiyajin, o que quase aconteceu, ele transformar-se-ia. Por fim, embora não fosse propriamente aquilo, ele conseguiu apertar a aba.

 

-Pronto, agora não me chateie mais hoje e durma. – Ele limpou o suor da testa, indo na direção da porta.

 

Antes mesmo que o seu avô desaparecesse pela porta, Amai ergueu-se num pulo para se apoiar nas grades de ferro, choramingando algo, como se pedisse a Vegeta para não ir embora. Ao ouvir os burburinhos infantis, quase silenciosos da neta, ele revirou os olhos, apertando a porta entreaberta com firmeza.

 

-Não me diga que adorou a minha companhia? – desdenhou ele, com um sorriso manhoso cravado nos lábios. – Ou está com medo de ficar sozinha? – A pequena baixou o olhar ao fazer um beicinho, ameaçando chorar. – Ahhh, está bom, vamos para sala, assim sempre posso me movimentar.

 


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Notas finais do capítulo

Olaaa!

Desde já quero me desculpar pelo meu atraso, mas como não tenho tido muito tempo para escrever, esse capítulo saiu mais pequeno que os outros anteriores.

Mesmo assim, espero de coração que tenham gostado.
Qualquer coisa: dúvidas, opiniões, críticas ou sugestões, digam-me através de uma Review, para eu saber.

Bjokas***