Babá por Um Dia escrita por Akyra Briefs


Capítulo 1
Capítulo 1




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-Vegeta! – apelou uma voz feminina.

Vegeta, que dava agora um chute no vazio da sala de gravidade, parou ao reconhecer a voz. Com o braço direito limpou o suor que lhe escorria insistentemente pelo rosto para, por fim, volar sua cabeça e encarar a grandiosa tela de comunicação, onde estava delineada as feições de uma bela mulher de cabelos azuis, que lhe caiam suavemente até ao fim a bochecha.

-Que foi? – rebateu ele ao se baixar para pegar numa garrafa de água. - Espero que seja algo extremamente importante para interromper o meu treino.

-Claro que é. – Ela o observou conduzir a garrafa até a boca, o que a fez mordiscar o lábio inferior e perder a noção do que ia dizer.

Ao sentir um silêncio arrebatador inundar aquela sala, Vegeta deslocou um pouco a garrafa da boca e observou a tela de esgueira. Uma Bulma, completamente estática, o fitava de uma maneira cálida. Isso o fez aflorar um encoberto sorriso maroto pelo canto da boca, antes de proferir:

-Fale logo, não tenho o dia todo.

“Droga, ele sabe como me provocar”

Com um suspiro retraído, ela chocalhou a cabeça, desorientada. Tentou, então, retomar a linha de seus pensamentos, aqueles que inconscientemente se tinham desviado para um outro tipo de reflexões um pouco impróprias, assim julgou. Bulma voltou a se concentrar no objetivo que a tinha levado a ascender ao painel de comunicação.

-Trunks me convocou com urgência para uma reunião com uma multinacional importantíssima…

-E o que é que eu tenho a ver com isso? – Vegeta fechou os olhos e cruzou os braços, dando as costas para a tela enquanto caminhava em direção á máquina reguladora da gravidade.

-Se não me tivesse interrompido, saberia o que tem a ver com isso – bufou ela, respirando fundo para prosseguir: – Bom, o único problema é que eu não posso levar Amai.

-Hum, continuo sem saber o que tenho a ver com isso – retrucou descontraidamente, ao moderar a gravidade para um nível inferior ao que estava, voltando a fitar a tela.

-Como a Pan também está ocupada a substituir o Mr. Satan, com os seus discípulos, eu preciso que você fique com sua neta, pelo menos umas três horas, no mínimo – frisou bem a última palavra.

Vegeta arregalou os olhos, perplexo, e escancarou a boca, deixando seus braços caírem-lhe pelo corpo. Pequenas gotas de suor se formaram no cimo de sua testa enquanto se imaginava tomando conta de uma criança irrequieta de alguns meses. Bulma só podia estar louca, ou então escarnecia dele, que seria a opção mais plausível, já que não conseguia arranjar outra explicação melhor para tamanho despautério e ousadia.

-O quê? – sua voz saiu num misto de incredulidade e horror. - Ficou maluca, mulher?

Bulma colocou as mãos sobre a sua cintura delgada, de um modo autoritário, e cerrou o cenho. Vegeta sabia que, quando Bulma tomava aquela posição de ataque, ela conseguia se transformar no ser mais poderoso do mundo, pior do que qualquer um dos vilões que Vegeta alguma vez já enfrentou, ou dos possíveis que viria a enfrentar; o que o levou a vacilar e perder suas futuras reações.

-Sei que você não é a melhor pessoa para eu apelar uma responsabilidade desse tamanho, visto que nem dos seus filhos você se aproximou, quando eles ainda eram bem pequenos, mas infelizmente não tenho mais ninguém a quem recorrer…

-Nem pense que vou tomar conta de uma pirralha – rosnou Vegeta, manuseando rispidamente a cabeça para o lado oposto do holograma da mulher, aborrecido. – Peça á mãe dela, ou ao irresponsável do pai da pequena, que ao invés de estar aqui treinando, está brincando de grande empresário. Trunks que cancele a reunião. Eu não vou dar uma de babá, entendeu?

Quando o silêncio encobriu novamente a sala da gravidade, Vegeta estranhou. Vencido pela inquieta curiosidade que se assomava em seus sentidos, ele induziu seus olhos negros para a suposta tela a fim de saber o que Bulma fazia, mas para seu grande espanto já não havia nenhum holograma na parede da sala. Com a testa franzida, um sorriso triunfante se apoderou dos lábios do guerreiro, que acabou por tirar a camisola e despejar o resto da água de sua garrafa pelo corpo suado.

-Melhor assim – murmurou o Saiyajin ao pegar numa toalha para se limpar, ainda pensativo. – Onde já se viu, o príncipe dos Saiyajins tomar conta de uma criança rabug…

Vegeta se calou bruscamente, quando ouviu a porta de metal da sala da gravidade abrir-se de rompante, e de lá uma mulher extremamente exasperada surgir. Bulma, que trajava um cerimonioso vestido rosa escuro com um lenço um tom mais claro enlaçado no pescoço, avançava a uma velocidade incrível para cima de um Vegeta encrencado.

-Escute aqui, sr. Vegeta, a vida não é só treinar. Existem outras prioridades muito mais importantes. Agora, deixe-me informá-lo que, neste preciso momento, Amai vai ser sua primeira e única prioridade, está me entendendo? – Vegeta engolia em seco, ao ver a mulher oscilar o dedo indicativo bem perto do seu rosto.

-Como se atreve a usar esse tom comigo! – censurou ele entre dentes, mas Bulma não se desarmou do seu ar importunado. – Já lhe disse, eu não vou tomar conta da pirralha e ponto.

-Mas ela é sua neta.

-Pouco me importa, eu não tenho paciência para fazer esse tipo de coisa.

-Deixe de ser casmurro. Não é só de lutas que vive um homem, muito menos de treinos! – Não obteve resposta por parte do Saiyajin. - Está me ouvindo?

-Eu não sou surdo - Vegeta se encolheu, retrucando lentamente: - Apenas estou te ignorando.

Indignadíssima, Bulma crispou os lábios para controlar seus nervos e comprimiu as mãos com toda a força. Por valorosos segundos, Vegeta pareceu temer por sua significativa vida, ao ver aquele penetrante tom azul fulminarem-no, como se de seus olhos disparassem faíscas reluzentes em sua direção, o que o fez estremecer involuntariamente. De súbito, Bulma se acalmou, num arfo carregado de ar. Soltou um meio sorriso contrafeito ao cruzar dissimuladamente os braços.

-Muito bem, se é assim que quer….

Confuso, Vegeta viu-a caminhar elegantemente até a porta da sala da gravidade, o que o deixou intrigado. Bulma não era de desistir facilmente de seus objetivos, muito menos dar o braço a torcer pelo que quer que fosse. Fingindo-se impassível com a atitude dela, e perante a situação, Vegeta abriu uma pequena fenda em seu olho esquerdo para seguir-lhe disfarçadamente os passos, até ela se deter no meio do caminho com um olhar provocador.

-Pois fique sabendo, meu caro, que á noite terá de achar outro sítio para dormir. Minha cama não estará disponível para acolher um presunçoso…- alfinetou, num tom ameaçador, jogando com o ponto fraco de seu oponente.

-Ruff, você só pode estar brincando comigo – grunhiu Vegeta embaraçado, ao desfazer-se de sua postura robusta e mover-se num passo arrastado, com os punhos cerrados e firmes no ar.

-Você já devia de saber que não brinco com coisas sérias. – Um brilho glorioso se apoderou do olhar dela, o que o deixou completamente irritado. - Como é Vegeta? – Bulma abriu a bolsa e tirou de lá um pequeno aparelho. – Quer travar uma batalha comigo? - Ela empinou a sobrancelha, de forma óbvia, o que o arrufou ainda mais.

-Mulherzinha maluca – rugiu, quase num tom inaudível, com os músculos dos maxilares tensos de irritação.

Sentindo-se ridículo, ele voltou a cruzar os braços sobre o peito, melindrado, o que para Bulma significava que seu opositor cedera sobre o ponto que estavam discutindo.

-Este intercomunicador está diretamente ligado com o do quarto da nossa neta. – Ela o ligou e colocou o volume no máximo, podendo assim ouvir-se uma respiração tranquila sair do aparelho. – Através dele, você saberá quando ela acordou.

A ideia de tomar conta de um ser pequeno começava agora a assombrar a mente de Vegeta de uma forma que ele nunca imaginara. Nem quanto travou aquela dificultosa batalha contra Freeza, no planeta Namekusei, Vegeta se sentira tão impotente e vulnerável. Como é que um ser tão inferior e frágil poderia ter aquele efeito sobre si, o Príncipe dos Saiyajins?

As gotas de suor ainda permaneciam inabaláveis na sua testa enquanto Bulma lhe estendia a mão com o aparelho. Como conseguia aquela terráquea, sem o menor esforço, derrotá-lo com tanta facilidade? Ela apenas jogava com os seus pontos fracos, embora fossem poucos, e usava a sua fragilidade feminina, como Trunks lhe havia denominado, para conseguir aquilo que queria. Agora Vegeta percebia o porquê de Goku ter tanto receio e algum cuidado com a mulher, por mais forte que este fosse.

Apesar de habitar há vários anos na Terra, o seu novo e único lar, Vegeta admitia para si mesmo não compreender totalmente os terráqueos, embora já se tivesse acostumado com alguns dos seus costumes e o modo de vida prático. E pensava que, por muitos mais anos que vivesse naquele planeta, nunca iria entendê-los por completo, nem perceber o modo como eles jogavam com seus pontos fracos de uma maneira descarada e despercebida.

Por fim, ele pestanejou vacilante, pensando seriamente em recusar aquele intercomunicador.

-Mas que descaramento – balbuciou para si mesmo ao aceitar contrariadamente o aparelho, olhando-o com os dentes arreganhados, enquanto tentava controla sua fúria temporária.

-Fez uma excelente escolha, meu guerreiro – declarou, divertida com a expressão retraída de Vegeta. - Na cômoda do quarto de Amai terá as instruções necessárias para tomar conta dela - dizendo aquilo, retomou seu passo e saiu da sala.

-Bulma, volte aqui! – berrou ele, num modo desesperado, mas sem sucesso. – Bulma!

-Estou super atrasada – sua voz entoou no corredor da grandiosa casa, á medida que ela movia-se apressadamente para a porta de saída.

Já fora da casa dos Briefs, Bulma tirou de sua bolsa uma pequena caixinha, onde se encontravam quatro cápsulas Hoi Poi guardadas. Sem hesitar, ela pegou na que tinha no rótulo a descrição de “2” e carregou no seu cimo, atirando-a para o chão. Com uma mesma rapidez, a pequena cápsula deu lugar a um mini avião, no qual Bulma entrou ligeira, mas não sem antes encarar Vegeta, que se deteve na porta da Corporação Cápsula.

-Espero que tenha um bom dia de avô. – Ela piscou-lhe sedutoramente o olho, o que fez o Saiyajins ruborizar ligeiramente na face, constrangido.

-Maldição... – praguejou ele ao cruzar os braços, vendo a pequeno avião levantar a uma velocidade surpreendente e desaparecer por entre as nuvens brancas do céu. – Bonito serviço. Só espero que a pequena não acorde tão cedo – resmungou com um evidente mau humor.


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Notas finais do capítulo

Oiii genteee!!!
Este fanfic era para ter apenas um único capitulo, mas acabei por me entusiasmar e acabei por escrever um pouquinho mais do que tinha planeado, por isso achei melhor dividi-la em três ou quatro capítulos pequenos, para não tornar a leitura cansativa.

Espero que gostem
Bjokas grandees***
Akyra Briefs