Vagner dá uma camiseta e uma bermuda para Mayumi vestir após toar um banho. Ambas ficam enormes nela.

 - Ficou grandinha, mas melhor que dormir de calça jeans né? – diz Vagner.

 - Verdade. Bem, eu já vou deitar tudo bem?

 - Sem problema, vou tomar um banho e depois deito também. Boa noite. – diz Vagner dando um selinho em Mayumi e saindo do quarto.

Ele toma um banho rápido, mas ao voltar para o quarto já encontra Mayumi dormindo.

Ele faz o possível para não acorda-la e deita ao seu lado. Ele deita de costas para ela. Mayumi nem se mexe.

 - Sono pesado hein japinha? – diz baixinho na orelha dela.

Não demora muito e Vagner também acaba dormindo.

No meio da noite mayumi começa a se mexer muito e falar algumas coisas, o que acaba fazendo Vagner acordar.

Ele ainda sonolento olha para Mayumi e acredita que ele está tendo um pesadelo. Ela não para de falar e parece chorar.

 - Não sei se quero me solta! – dizia ela. – Por favor, assim não, eu não quero.

Ao ver aquilo Vagner decide acorda - lá.

 - Hei Mayumi? Acorda, acorda. – dizia ele já sentado ao lado dela da cama.

Ela acorda assustada e o abraça que de inicio não entende nada.

 - Calma japinha, ta tudo bem. Foi só um pesadelo.

 - Não, não foi. Era tudo tão real, eu sentia a dor, o mal estar, tudo!

 - Será que foi alguma lembrança sua?

 - Não sei Vagner, por favor, me abraça, por favor.

Ele a abraça e nota que ela está chorando, pois sente que sua camiseta está toda molhada.

 - Você quer falar sobre o pesadelo?

 - Não! Nunca mais quero lembrar daquilo, daquela sensação, nunca mais! – responde ela abraçando Vagner ainda mais forte.

 - Tudo bem, como você quiser. Fica calma agora, vai passar. – diz mexendo nos cabelos dela.

Depois de um tempo Mayumi dorme novamente, mas Vagner permanece abraçado a ela. Pouco antes de também acabar dormindo, ele está pensativo, tentando descobrir o que aquele pesadelo trouxe as lembranças de Mayumi para que ela ficasse daquele jeito.

Ele teve uma idéia sobre o que fazer, mas não contaria nada a ela.

Na manhã seguinte ele acorda, mas não se levanta. Mayumi está deitada em seu peito e ele não quer acorda - lá. Fica então por alguns instantes olhando para ela. Aquele rosto sereno, bem parecido com o período que ela ficou em coma, mas não tinha nada de igual ao rosto que ele viu na noite passada. O que quer que fosse que Mayumi ainda não tivesse se lembrado, definitivamente a atormentava e muito.

Algum tempo depois Mayumi acorda e ao perceber que está dormindo no peito de Vagner levanta rapidamente.

 - Calma, porque essa pressa pra levantar? Não estava confortável não? – diz ele sorrindo.

 - Não é isso, mas fiquei sem graça, desculpa.

 - Esquece isso. Como você está? Dormiu bem?

 - Mais ou menos. Eu tinha uns flashs, mas não lembro ao certo o que eram.

 - Certo. Com o tempo você vai lembrando, fica calma ta? Se arruma, vamos tomar um café na padaria e te levo pra casa.

 - Não vou te ver mais hoje?

 - Claro que vai, mas eu falei pra sua mãe que te levava pra casa de manhã. À tarde eu passo lá e a gente sai pra algum lugar ta bom?

 - Tudo bem então.

Eles então tomam café em uma padaria próxima a casa de Vagner e ele leva Mayumi pra casa.

 - À tarde a gente se vê japinha. – diz dando um selinho nela.

Assim que Mayumi entra em casa, Vagner faz uma ligação.

 - Bom dia cabeça de fogo, tudo bem? Comigo mais ou menos. Tem a ver com ela sim, mas não brigamos não. Mas tenho que falar com você sobre uma coisa que rolou e talvez você possa me ajudar. Certo, posso passar aí na sua casa? Ok, to passando aí agora então. Até. – diz desligando o celular e dando a partida no carro.

Manuela e Mayumi não moravam tão longe uma da outra, então Vagner chegou logo. Ao abrir a porta para ele Manuela até se espanta com a pontualidade.

 - Nossa, quando você disse que estava vindo pra cá não pensei que fosse tão rápido!

 - Tava na casa da Mayumi. To atrapalhando alguma coisa? Venho depois se for isso.

 - Não, foi só o jeito de falar, entra aí.

Vagner entra e Manu pede que ele se sente. Ela fica no sofá de frente ao que ele sentou.

 - Fala Guinho, o que aconteceu com você a May?

 - Com a gente em si nada, mas ta acontecendo alguma coisa com ela.

 - Como assim? Me explica isso melhor.

 - De ontem pra hoje ela dormiu na minha casa. Estava tudo bem, mas à noite ela teve um pesadelo, sei lá ao certo. Ela ficava repetindo algo como “não quero, me solta” e quando acordou estava chorando e super nervosa. Custou pra ela dormir de novo. Mas também têm acontecido outras coisas estranhas.

 - Tipo?

 - Há um tempo fomos ao cinema e ela teve uns flashs lá, mas não sabia ao certo de quem. Não sei o porquê, pode até ser coisa da minha cabeça, mas acho que tem algo ligado com o pesadelo que ela teve.

 - Pode ser mesmo.

 - Então eu estou certo, você sabe de alguma coisa! Fala Manuela.

 - Olha Guinho, realmente tem um lance nisso tudo, mas não acho certo você saber por mim, a May que tem que te contar.

 - Como ela vai me contar se nem ela lembra que lance é esse? Fala logo Manuela, eu preciso saber. A Mayumi tinha um namorado antes do acidente, isso eu sei, mas eles não tinham terminado?

 - Terminaram, na verdade aquele filho da puta que terminou com ela!

 - O que é então Manu? Me conta logo, preciso saber.

 - Olha Guinho, há uns dias a May veio me procurar, assim que vocês começaram a ficar mais “íntimos” se você me entende.

 - Certo, mas e daí?

 - Tudo bem, eu vou te contar, mas você vai ter que me prometer que não vai dizer nunca pra May que eu te contei isso, porque nem pra ela eu quis contar.

 - Nossa, pelo visto é coisa pesada.

 - Pra ela é, por isso não quis ajudar-la a lembrar disso, na verdade por mim ela nunca mais voltaria a lembrar daquele verme, mas como ela está tendo esses flashs e até pesadelos, logo ela vai lembrar.

 - Chega de enrolar cabeça de fogo, fala logo!

 - Eu vou falar, mas nunca diga pra ela que eu te contei. Mesmo que ela lembre sozinha e te fale, aja como se não soubesse de nada.

 - Já entendi, pode confiar. Fala logo, o que rolou com a Mayumi e esse ex dela?