“Paaaaai”

Billie Joe Armstrong se encolheu quando a voz chorosa do seu filho, agora com dezoito anos, tomou a sala. “É muito perigoso” Joey passou a mão pelo seu curto cabelo preto e soltou um suspiro pesado.

“Eu já comprei os ingressos” ele murmurou, sabendo que o pai dele não ia ficar muito contente ao ouvir isso. Billie levantou uma sobrancelha e ele se levantou da cadeira. Ele virou na direção da cozinha onde sua esposa estava fezendo o almoço para sua família. Ela deu um sorriso nervoso e voltou a fazer seus sanduíches. Sua postura desafiadora foi derrotada, o garoto tinha ganho esse round.

“Certo” ele resmungou dando um leve empurrão no ombro do filho. “Mas se você se machucar, não espere nenhuma simpatia de mim!” Joey sorriu e o empurrou de volta antes de deixar a sala. Billie se virou para a esposa, que estava tentando o máximo ficar longe da briga que estava acontecendo há mais de meia hora. Ele cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, esperando que ela dissesse alguma coisa.

“O que?” ela perguntou, lambendo a mostarda do dedo.

“O que você quer dizer com “o que”?” ele perguntou. “Você não ia me contar, ia?” ela encolheu os ombros em resposta, um sorriso dissimulado agraciou seus traços exóticos. “Você só estava esperando por mim para o ver correndo no meio de uma roda punk?”

“Você sabe que eu não tomo as decisões quando se trata dele e do Jake.” Defendeu.  Ele passou os braços em volta da cintura dela e apoiou o queixo no topo de sua cabeça. Ela se virou e o beijou gentilmente nos lábios, antes deles escutarem a porta da frente se abrir. Logo Mike Dirnt e Tré Cool entraram na sala, ambos rindo de algo que Tré tinha dito.

“Oi, pessoal.” Billie cumprimentou enquanto deixava sua esposa deslisar dos seus braços.

“E aí, Billie?” Tré disse enquanto roubava um dos sanduíches da bandeja de Adrienne. Ela, brincalhona, deu um tapa em seu estômago , antes de colocar a comida na mesa.

“Jake, Joey! Venham comer!” ela chamou. Um conjunto de passos descendo as escadas foram ouvidos, antes de seus dois garotos bronzeados virem correndo até a cozinha. Tré se juntou a eles na mesa enquano Mike dava um abraço no seu melhor amigo.

“Você está pronto para tocar em casa essa noite?” ele perguntou ao homem menor. Billie sorriu levemente e balançou a cabeça.

“Eu nunca estou preparado para tocar em casa!” Mike riu, concordando. “Joey vai estar lá também.”

“Verdade, cara!” Tré exclamou, batendo na mão do jovem com um sorriso, “Você tem que subir no palco com a gente!”

“Está tudo bem, eu vou dixar outra criança ter seu momento de ser salvo pelo maravilhoso Billie Joe Armstong!” ridicularizou, um sorriso brincalhão aparecia lentamente em seu rosto. Billie rolou os olhos com um sorriso. Seu filho definitivamente havia herdado seu sarcasmo.

“Certo, nós temos que ir, Beej.” Disse Mike. Billie concordou e deu um abraço e um beijo na sua esposa. Ele bagunçou o cabelo de Jakob e apontou o indicador para Joey.

“Você, tenha cuidado, certo?” Joey concordou com a cabeça, dando um abraço ao seu pai. Mike e Tré se despidiram antes de deixarem a casa dos Armstrongs. Adrienne sorriu para si mesma e tirou o prato vazio da mesa. Ela se virou para Joey que tinha um sorriso contente no rosto.

“Ele vai estar te observando o tempo todo, você sabe disso, não é mesmo?” ela perguntou, brincando com com as pontas dos cabelos dele. Ele balançou a cabeça antes de subir as escadas para tomar uma ducha. O melhor amigo dele, Zander, estava chegando para, assim, poderem ir ao show juntos, o que diminuia o sentimento de apreensão de Adrienne um pouco. Pouco menos de uma hora depois a porta da frente se abriu novamente. Adrienne sabia exatamente quem era. Zander Wolfe, de também dezoito anos, entrou na cozinha com um largo sorriso no rosto.

“Oi, Adie!” ele a cumprimentou, a envolvendo em um abraço, como sempre fazia. Ela riu ao perceber o jovem garoto e sorriu. Sempre a maravilhou o quanto ele se parecia com Billie Joe. Ele era exatamente igual a ele, mas novo, obviamente. De sua pequena e magra estrutura aos seus olhos verdes e brilhantes, Zander poderia fácilmente ser o clone de Billie! O engraçado é que os dois nunca se conheceram antes. Zander era o melhor amigo de Joey desde que eles estavam na segunda série. Adrienne e Joey o adoravam , mas nenhuma vez ele e Billie tinham entrado em contado.

“Com fome?” ela perguntou. Ela sabia que a vida familiar de Zander não era exatamente a ideal, e o garoto às vezes parecia tão magro que ela achava que ele poderia voar junto com o vento, então ela procurava  alimenta-lo sempre que tinha a chance.

“Muita!” ele sentou em um dos banquinhos do suporte de bar e bateu levemente em Jakob enquando ela fazia o seu sanduíche. Ele sorriu largamente quando o prato foi colocado em sua frente. “Obrigado, Adie. Eu não como desde ontem de manhã..” Ela deu um sorriso triste e gentilmente tirou seu boné que parecia estar sempre em sua cabeça. Ele comeu o sanduíche e continuou falando com Adie e Jakob até Joey aparecer nas escadas. “Aqui está ele.” Zander olhou com um sorriso antes de fazerem seu aperto de mão que eles sempre faziam quando se viam nos últimos dez anos. Joey, agora vestido em calças pretas apertadas e uma camisa cinza do “Emily’s Army”, sentou-se ao lado do amigo. Zander, que estava usando uma calça skinny preta e uma camisa de baseball preta e branca, tirou os ingressos do bolso e os colocou na mesa. “Eu disse que eu não ia perder.”

“Sim, nós estamos todos impressionados!” Joey respondeu com uma risada, dando um leve soco em seu braço. Ele olhou as horas no celular e se levantou. “Nós deveriamos ir andando.” Zander concordou com a cabeça e levantou. Ele puxou seu capuz e uma jaqueta militar preta que tinha deixado na mesa e fechou ambos antes de dar um abraço em Adrienne. Joey fez o mesmo.

“Seu pai nunca vai perdoar a vocês dois se voltar pra casa com algo quebrado!” ela avisou dando um beijo em sua bochecha. “Tome cuidado.”

“Eu vou.” Ele respondeu enquanto andava em direção a porta da frente. Adrienne suspirou enquando assistia os garotos entrarem no velho Pontiac Sunfire branco de Zander. Seu menininho parecia estar crescendo muito rápido. Depois de acenar para eles, ela fechou a porta da frente e foi assistir um filme com Jake.

“Isso vai ser incrível!” Zander exclamou, batendo no volante com a palma da mão. Joey riu, concordando com a cabeça e ligando o rádio. Ele nunca tinha tido a chance de assistir a um show do Green Day da platéia antes, ele sempre tinha que assistir do backstage. O sorriso logo desapareceu do seu rosto quando ele viu o corte coagulado na mão do amigo. Ele escaneou o resto de seu corpo cheio de machucados, como ele tinha feito tantas vezes antes. Ele encontrou um corte no lábio e uma pista de um olho roxo coberto por maquiagem.

“Seu pai concordou com você vir?” ele perguntou, temendo qual seria a resposta. Zander passou a lingua por cima do seu corte no lábio e manteu os olhos na estrada.

“Eu não contei a ele.” Joey se inclinou para frente, descançando a cabeça nas mãos. Ele sabia que assim que ele voltasse para casa, o pai dele ia enlouquecer. “Eu sei que eu deveria ter contado, mas ele estava bêbado demais para registrar quanquer coisa que eu dissesse, de qualquer forma.” O garoto mais alto concordou com a cabeça entendedo.

“Você sabe que é mais do que bem- vindo para ficar na minha casa essa noite, não é?” Zander sorriu e balançou a cabeça.

“Eu acho que devo aceitar essa oferta.”

Mais ou menos uma hora depois, os dois chegaram no HP Pavilion em San Jose. Depois de estacionar, eles sairam no carro e andaram em direção a entrada. Lá, eles encontraram com seus amigos Max, Cole, Travis e Ben. Eles entraram na arena, andando o mais rápido que podiam em direção da multidão. O show ia começar em um pouco mais de uma hora, então os garotos se sentaram o mais longe que puderam do palco. Eles ficaram assim até a banda de abertura, The Bravery, aparecer. Os garotos se divertiram no começo, mas depois, assim como todos, estavam espremidos na arena, esperando para ver o Green Day. Pouco depois, as luzes se apagaram e um barulho de rádio desconfigurado soou nos alto falantes. A voz inconfundível de Billie Joe tomaram toda a arena e fez todo mundo perder o chão dos pés. Joey e Zander se olharam quando a música acabou, ambos sabendo o que cada um estava pensando. Isso ia ser foda pra caralho. Os riffs de abertura de 21st Century Breakdown encheram seus ouvidos, enquanto a banda andava pelo palco. Tudo ficava ainda mais alto a medida que Billie andava para o centro do palco e dava seu sorriso de um milhão de dólares.

“Puta merda!” Cole gritou quando a música acabou. As milhares de pessoas aglomeradas em San Jose continuaram a gritar durante toda a noite, até que a próxima música fosse Jesus of Suburbia.

“Ok!” Billie gritou enquanto andava de um lado para o outro no palco. “Isso é o que vai acontecer.” Joey se escondeu atrás de Zander, sabendo que seu pai estava observando-o a noite inteira e estava prestes a chama-lo para o palco. “Eu preciso que o melhor guitarrista da Califórnia suba aqui e toque Jesus of Suburbia com a gente!”

“Você poderia relaxar, cara?” Zander perguntou angustiado. Joey o empurrou para frente, fazendo com que suas mãos levantassem, chamando a atenção de Billie. Os dois trocaram olhares, e era como se uma parede de vidro que os dividia, fosse quebrada. Zander nunca tinha percebido antes o quanto ele se parecia com Billie, mas olhando ele pessoalmente, de alguma forma, o fez perceber. Era assustador pra caralho.

“Você.” Billie disse, apontando em sua direção. “Você pode tocar?” Zander ainda estava em estado de choque, mas Cole o balançou para acorda-lo.

”Sim, ele pode!” Cole gritou por ele.

“Em que chave está?” Zander finalmente tinha seus pensamentos em ordem.

”C-Minor” ele gritou fracamente de volta. Billie acenou com a cabeça, ainda olhando para o garoto que era idêntico a ele. Ele balançou a cabeça para ter certeza de que estava vendo direito e passou a mão no rosto.

”Certo, levante sua bunda pra cá!” Zander engoliu em seco e olhou para os amigos que o empurraram para perto do palco. Um segurança musculoso o segurou grosseiramente debaixo dos braços e o tirou da platéia para o palco. Ele tropeçou algumas vezes, mas finalmente se equilibrou e conseguiu subir. Antes que Zander conseguisse processar o que estava acontecendo, Billie segurou seu rosto e o beijou. A multidão foi a loucura, e Zander só conseguia pensar sobre o que Joey estaria pensando naquele momento. “Qual é o seu nome, criança?” Billie perguntou depois de solta-lo.

“Zander.”

“Bem, Zander. Você se parece comigo pra caralho.” A multidão respodeu com um rugido enquanto Billie colocava a correia da guitarra ao redor do pescoço do pequeno garoto. Ele rápidamente a ajustou para que coubesse melhor nele e assim o entregou a palheta. “Pronto?”

“Aham.” Billie olhou para Tré, que estava contando regressivamente com a baqueta. Zander sentiu a adrenalina correndo pelo seu corpo quando a muldidão gritou depois que ele tocou as primeiras quatro notas. Ele sorriu para si mesmo enquanto tocava ao compasso da banda. Billie andou para perto dele quando a primeira parte de City od the Damned terminou, ele colocou o microfone perto da boca, sinalizando para que ele cantasse a próxima parte.

"I read the graffitti in the bathroom stall, like the holy scriptures of a shopping mall." Os olhos de Billie se abriram ao perceber o quando suas vozes eram parecidas também. Era como se fosse uma versão dele mesmo adolscente, parado ali na sua frente. Ele assistiu Mike andando até o garoto e dando um high-five, percebendo como ele alternava seu olhar entre o garoto e Billie. Pelo menos ele não era o único que tinha visto isso. Tré também foi até o garoto e deu um enorme abraço nele, o tirando do chão por alguns momentos, antes de coloca-lo de volta.

“Você quer mergulhar do palco?” Billie perguntou segurando o microfone. Zander encolheu os ombos, dando a guitarra de volta ao rockstar. Billie fez o público gritar “Pula!” antes de finalmente deixar Zander correr da passarela do palco e pular na multidão. Quando ele finalmente encontrou os amigos de novo, Max o agarrou pela cintura e o derrubou no chão.

“Isso foi incrível, cara!” Cole exclamou, prendendo seu amigo menor em uma chave de braço. Zander apenas riu e olhou para Joey, que tinha um enorme sorriso no rosto.

“Cara!” Zander o chamou. Joey colocou seu ouvido perto do amigo para ouvi-lo melhor. “Seu pai me beijou!”