Todo Criminoso Tem Um Vizinho escrita por Ohana_GF


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Estava tão ansiosa que não pude esperar mais de um dia para postar o segundo *---* Espero que gostem!
Capítulo originalmente betado por Tsuki.



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Fiquei paralisado. Meus pés não voltaram a se mover. Ter um sonho e ouvir uma voz em seu sonho, até ai tudo bem, mas, a partir do momento em que esse sonho se torna real, convenhamos, é de estremecer.


Uma voz que para mim nada significava, apenas algum desejo oculto em minhas memórias, que agora pertencia a um homem que se encontrava a menos de dez metros de mim.


Prestava atenção em cada gesto, em cada sorriso. Sim, ele sorria docemente para uma bela [gostosa] morena, para quem abria a porta de sua BMW – discreta, por incrível que pareça –, em um ato de cavalheirismo.


Deu-lhe a mão delicadamente, logo depois apoiando seu braço forte sobre seus ombros, encaminhando-a pelo belo jardim da casa que a alguns instantes havia me deixado boquiaberto. Ele era meu vizinho.


Continuei seguindo-os com os olhos, ainda paralisado. Abriu a porta sem retirar o braço da morena. A porta já aberta indicou-lhe o interior, convidando-a á entrar. E nesse pequeno instante seus olhos se dirigiram distraidamente a mim.


Senti meu coração acelerar. Engoli em seco. Sempre quis saber o que meus olhos transmitiram naquele momento, pois pude notar um pequeno sorriso de escárnio se formando em seus lábios. Foi tão rápido, mas ainda sim tão impactante, que só pude sentir minhas pernas retornarem com sua mobilidade normal no momento em que aquela imensa porta foi fechada.


Encaminhei-me para dentro de casa, sabendo distinguir facilmente o sentimento que agora me consumia. Ódio. Estava cheio de ódio, pois naqueles poucos instantes me senti como aquelas ignóbeis aeromoças que tanto desprezo. Fracas e sem valor algum.


Estava tão absorto em meu sentimento que nem mesmo notei o que já sabia que encontraria ali. Moveis rústicos, e que nem mesmo precisavam estar etiquetados para se estipular o preço. O único móvel que notei foi o sofá, que como imaginei devia ter custado uns dez mil. Esquivei-me dele para que não colidisse com o mesmo.


– Mãe. Onde ficam os quartos?


Ela estava no banheiro. Com toda certeza em frente ao espelho retocando sua maquiagem.


– No segundo andar, seu quarto é a terceira porta no fim do hall.


Nem sequer agradeci. Fui ensinado que quando se faz uma pergunta e se obtém uma resposta, deve-se agradecer. Mas ali, naquele momento, e para aquela pessoa, não diria nada.


O segundo andar era maior do que o de minha antiga casa. Tinha uma gigantesca janela de vidro ao lado da porta de meu quarto, que por sinal estava trancada. Conti minha imensa vontade de esmurrá-la até que desabasse e me desse passagem. Não o fiz, apenas desci e peguei a chave mestra em cima da mesa próxima ao sofá.


O quarto era igualmente grande aos outros cômodos. Pelo menos o quarto era de meu imenso agrado. Realmente do jeito que me agradava. Uma grande cama de casal, no centro do quarto, encostada na parede. Ao lado da mesma, pequenas mesas de cabeceira que sustentavam os controles do aquecedor/ar condicionado, TV, DVD, som. Totalmente equipado. Uma pintura cobria a parede esquerda – sentiria falta de quem a fez, um prezado amigo que deixei para trás –, e em baixo da mesma um confortável sofá de couro repousava.


Ao lado direito do quarto uma porta levava ao banheiro, que possuía uma imensa banheira. “Única” exigência que havia feito. Caminhei até lá, observando tudo minuciosamente. Se achasse algo que não me agradasse já possuía o discurso estérico na ponta da língua. Um grande espelho me chamou a atenção. Parei a sua frente.


– Putis, eu to horrível.


Meu cabelo pintado de laranja fosco/vermelho desbotado e que ia repicado até a altura do pescoço, estava todo desgrenhado. Olheiras imensas se ajeitavam sob meus olhos, decorrente de muitas noites mal dormidas. A camiseta branca caía pessimamente em meu corpo magro. Precisava urgentemente de um banho e de uma roupa decente.


Até aí minha raiva que a algum tempo era tão exorbitante, já havia sumido, dando espaço a uma grande exaustão. A cama parecia extremamente atraente.


Peguei minhas malas que ainda se encontravam fora do quarto e as coloquei próximas à cama, para que pudesse desfazê-las mais tarde. Agora só precisava de uma toalha e uma roupa decente. Enquanto escolhia o que usar, uma luz agradável entrava da janela ao lado da cama, que até aquele momento não havia notado a existência. E foi quando olhei por ela, que por mais uma vez naquele dia, fiquei paralisado.


A mesma dava visão para a casa ao lado, ou melhor, para o quarto ao lado e sua grande janela redonda. Por trás dos vidros transparentes do vizinho, pude vê-lo, novamente, acompanhado pela morena. Parados bem próximos a cama, ele a beijava ardentemente enquanto descia de leve as alças do vestido que usava. Logo, a mulher estava nua, e ele por cima dela na cama. Sabia exatamente o que ocorreria naquele quarto, mas não podia desviar meus olhos. Chame-me de pervertido, o que quiser. Mas tenho certeza que você também não os desviaria. Ele acariciava-a com tanta calma, que fiquei com um grito entalado na garganta, um belo de “anda logo, porra”. E como se escutasse meus pensamentos, pude ver seus movimentos começarem. Em pouco tempo a mulher já delirava de prazer, e ele com a mesma feição calma.


Quando enfim terminaram, a mulher aconchegou-se na cama, exausta. E ele, como se nada tivesse acontecido, levantou-se. Não pude vê-lo nesse momento. Apenas quando ele apareceu em frente à janela. Olhou-me nos olhos, como se pudesse enxergar minha alma, e então, sem expressar qualquer emoção na face, fechou a cortina, acordando-me de meu transe.


Quando parei para analisar tudo o que havia ocorrido, senti-me um completo idiota mais uma vez, principalmente quando notei o volume em minhas calças. Asustei-me e corri para o banheiro, ainda em choque.


A tarde correu tranqüilamente, com seus vinte e quatro graus, aparentemente normais para a cidade. Ao menos tranqüilamente para os outros seres que não haviam visto seu vizinho comendo uma baita de uma morena. Vizinho que no caso você ouvia a voz em seus sonhos. Que coisa inusitada.


Acordei já de noite, após um descanso que tirei em minha cama. Que realmente, caramba, era muito confortável!


Lavei o rosto na pia do banheiro, então ajeitando meu cabelo e a franja longa que caia na face. Coloquei minha “gargantilha”, que está mais para uma fita preta amarrada no pescoço. Pode até parecer estranho, mas não vivo sem ela.


Após, encaminhei-me para o primeiro andar, desejando um belo copo de água. Foi só então que parei realmente para observar a casa. Havia uma grande sala de entrada, ao lado uma de televisão. Uma gigantesca porta de vidro levava a cozinha, que por sinal era incrível. Peguei minha água, e voltei a explorar a casa. Aparentemente eu estava sozinho em uma noite de sábado. Se eu estivesse em São Paulo, á essa hora estaria me acabando em uma balada. E a imensa piscina nos fundos poderia acarretar em uma festa digamos que “refrescante”.


Sentei-me no sofá da sala, para passar o tempo. Revendo os fatos dos últimos meses. Foi então que a campainha tocou, tirando-me dos conseqüentes devaneios. Até eu chegar à porta a campainha havia tocado mais uma vez. Estava realmente curioso em saber quem seria. Não conhecíamos ninguém naquela cidade ainda. Talvez minha mãe tivesse esquecido a chave, faria muito bem o seu perfil – não podia acreditar que aquilo resultou em mim.


Abri a porta lentamente e por mais uma vez, o que já estava se tornando “normal” aquele dia, paralisei. Ele estava à minha porta, com um sorriso estonteante, como se não soubesse que o havia visto aquela tarde. Seus lábios começaram a se mover, e tive certeza. Era mesmo aquela voz.


– Boa noite! Meu nome é Vitor Forward, seu vizinho.


Jamais esqueceria aquele nome.






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Notas finais do capítulo

UHUL, meu personagem preferido teve alguma fala! XD Os capítulos ainda estão curtos, eu acho pelo menos. Eles vão continuar assim por um tempo, pois os seguintes já estão escritos, mas os que estou fazendo agora to tentando aumentar.
Recadinho para _sweetsacrifice_ : Tentei tirar alguns "nomes feios" da fic, mas ainda tem um ou outro perdido por aí. Fica meio dificil tirar pois não sou eu quem falo e sim o personagem, e isso já vem do jeito, personalidade dele. É isso!
Mandem reviews por favor =D
Bjaoo**