Todo Criminoso Tem Um Vizinho escrita por Ohana_GF


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Capítulo betado por mim mesma :P Aproveitem!



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Meu nome é Vitor Forward, tenho trinta e dois anos e sou melhor que você. Podem chamar isso de arrogância, mas eu chamo de pensamento lógico. Quando se possui o dom que tenho, as barreiras são facilmente ultrapassadas e os objetivos rapidamente conquistados. O dinheiro e o poder são apenas consequências.

Algumas pessoas me impõe maior resistência. Não são tão transparentes quanto outras, impossibilitando que as decifre tão facilmente. Mas essa resistência não perdura. Como disse, as barreiras são facilmente ultrapassadas.

O dom do simples desvendar é muito mais sutil e útil do que se possa imaginar. A manipulação, que vem logo após a finalização do primeiro, não é uma dádiva. É apenas a junção de raciocínio rápido e conhecimento. Algo aprimorado com o tempo.

Em todos os meus bem aproveitados anos de vida, jamais havia encontrado alguém que me fosse imprevisível. Alguém... particularmente igual a mim. A não ser, por ele.

Mas antes que eu conte como chegamos àquele quarto, em uma tarde chuvosa, preciso contar o inicio. O meu inicio.

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Em Várzea Grande, no dia treze de dezembro de 1975 eu nasci. Uma criança pequena para os padrões. Por ter sido o único filho homem dos meus pais – tenho duas irmãs –, fui muito mimado. Tinha tudo o que queria sem nenhum esforço. Alguém mal acostumado desde pirralho.

Até meus doze anos fui uma criança pequena e magricela. Mas isso não influenciou em nada minha convivência com outras pessoas. Primeiramente elas ficavam encantadas com o contraste entre minha pele branca e meus cabelos negros e depois, completamente maravilhadas com meus olhos únicos. Após isso – como rapidamente percebi – elas se expunham a mim, esperando ansiosamente que fizesse o mesmo.

E então finalmente dei-me conta da existência do meu dom. Aprendendo pouco a pouco como usufruir-lo com maestria. Para aos treze anos, com o corpo formado e altura demais para a pouca idade, já ser líder de todos os times esportivos da minha escola, melhor colocação em qualquer dos simulados e claro, o mais cobiçado entre as garotas – e garotos – da cidade, em todas as fachas etárias.

Era o orgulho dos meus pais e da família. Popular, inteligente e sempre fora de encrencas. Minha vida parecia um filme americano sobre a High School. E sinceramente... Eu não estava satisfeito.

Aquela vida era chata e monótona, cada dia igual ao anterior. Minha infância estava acabando e eu não estava ganhando nada melhor em troca. Até que aos quatorze anos, descobri o sexo.


Oh! Meus quentes quatorze anos. Após a primeira vez, com uma menina esquelética de pele sardenta, eu sabia que não poderia parar por ali. Eu precisava de mais. Muito mais.

A cada dia uma garota diferente, um lugar diferente e uma posição diferente. Porém, eu ainda não estava satisfeito. Somente aquelas meninas não amenizavam toda a minha libido. Acontecendo então, minha primeira vez com um homem.

Um dos meus professores, acredite. Bem jovem! Lembro-me perfeitamente da sua pele clara e cabelos loiros. Lógico que fui passivo. Deixe-me invadir por aquele indivíduo. E gostei.

Passei a diverti-me com as meninas e mais o meu belo professor. E novamente, eu estava ficando insatisfeito. Eu queria estar por cima, saber como era subjugar um homem, tê-lo de quatro por você, em todos os sentidos. Então foi a vez de um de meus supostos amigos. Fodê-lo no banheiro feminino foi simplesmente excitante.

E a cada mês uma nova experiência sexual, uma nova forma de prazer descoberta. Sempre fui a favor de que se algo lhe traz satisfação, que se danassem as moralidades. Faça do mesmo jeito. Finalmente eu havia aprendido a ir contras as regras. E esse simples ponto, moldou o homem que seria no futuro. 


Minha libertinagem sempre muito bem escondida. Ninguém tinha conhecimento de meus momentos de devassidão.  Somente todos aqueles que dividiram um colchão – ou o que fosse – comigo, mas que obviamente mantinham-se em silencio. Uma noite ao meu lado valeria qualquer favor. E durante pouco mais de um ano, vivi quase uma vida dupla. Até o fato decisivo aos meus quinze anos.

Infelizmente ou não, nunca fora ligado verdadeiramente a ninguém. Nem mesmo meus pais, as pessoas mais próximas a mim, conquistaram minha real afeição. Ser tão intimo da essência humana na realidade lhe afasta dela. As pessoas e suas atitudes tornam-se simplesmente efêmeras. Mas algo que nunca se mantera longe a mim, fora o senso de justiça. Eu podia ser mau e frio como por diversas vezes fui em minha existência. Mas injusto, nunca!

E ao presenciar o adultério de meu pai, com uma aeromoça com idade para ser sua filha, meu senso se manifestou, e pela primeira vez eu dei um soco na face de alguém. Juntando toda a força que podia, mandei um de meus genitores de encontro ao chão, completamente em choque. Discutimos, nos esmurramos e no mesmo dia, fugi para São Paulo.

A primeira grande reviravolta estava prestes a ocorrer.

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Cheguei à cidade grande sem dinheiro, sem comida. Somente com uma mochila nas costa e um mau humor do cão. Durante três dias me virei como pude. Dormia sentado em bancos públicos, arranjava comida em inauguração de lojas que tive conhecimento por outdoors, tomava “banhos de gato” em banheiros de rodoviária. Mas em nenhum momento cogitei voltar. Meu orgulho era grande de mais para isso. Contudo, no fim do terceiro dia... Finalmente aconteceu. A grande reviravolta. O meu futuro exposto bem frente aos meus olhos.

As ruas já estavam escuras e por mais uma vez eu me perdia em meio aquela imensa cidade. Andava com as mãos postas dentro dos bolsos da calça jeans, completamente despreocupado. Não me passava pela mente que havia tido uma tremenda sorte em não ser assaltado, morto ou estuprado. Eu ainda tinha quinze anos no fim da contas. Pouca maturidade para notar que o mundo era mais negro do que imaginava.

Mas possuía discernimento suficiente para chegar à conclusão de que o homem jogado ao chão, implorando aos pés de outro homem em meio aquela escuridão, não significava nada de bom. Rapidamente escondi-me atrás de uma caçamba de lixo, bem próxima as duas pessoas, e somente fiquei a observar, maravilhado.

Aquele que jogado ao chão usava de todas as formas para ser atendido, não era nada mais do que um dependente químico. Um viciado. A porcaria de um drogado.  Mas que naquele instante despertou algo completamente febril em algum lugar do meu ser.

A sua expressão atormentada. Os olhos fundos, cheios de lagrimas prontas a escorrerem. A boca se mexendo freneticamente, procurando palavras para que o homem completamente impassível a sua frente lhe desse mais alguns comprimidos, e que deixasse pagar depois, junto com os tantos mais que lhe devia.

Mas o outro estava irredutível. E pior. Queria sua grana naquele instante. Não se incomodava com o estado deplorável do seu cliente. Parecia até mesmo entediado, acostumado com pessoas implorando aos seus pés. 

Os soluços pararam, e o homem se levantou, perguntando ao outro se ele tinha alguma coisa em seus bolsos. Se ele tivesse, o mesmo pagaria o que lhe devia. Um sim foi o que recebeu. Somente o que esperava para arrancar uma faca de sua calça e fincar sem piedade no ser a sua frente. Que como resposta, puxou uma arma de seu casaco, atirando três vezes.

Dois corpos caíram inertes no chão. E eu arregalei os olhos, para logo depois sorrir. Aquela havia sido a cena mais linda em toda minha vida. Observar a fragilidade e decadência de um ser humano. A facilidade em que ele se deixava envolver. Em que se submetia ao degradante. O simples que era o desvendar e manipular. Ao menos para mim. Eu queria aquilo, aquelas expressões, aquele sentimento febril correndo por meu corpo. Eu havia encontrado...

Fui em direção aos corpos. Tirei-lhes o dinheiro e as drogas. Finalmente eu havia encontrado meu meio de sobrevivência.

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O tempo passou rápido. O que eram dias transformaram-se em meses. E os meses em anos. O mundo continuava o mesmo, mas não São Paulo. A grande cidade possuía então, Vitor Forward. Ocomerciante” mais procurado de toda a cidade. Jovem, bonito, inexpressivo e ganancioso. Tudo o que Forward queria, ele obtinha. Tudo o que eu queria, acabava em minhas mãos.

Mas eram somente boatos. Aos vinte anos eu amadurecera e aprimorara minha arte, meu dom. Poucos conheciam minha imagem ou meu nome, nunca os dois. Manter-se sob o sigilo, sob as sombras, aprende-se ser a grande jogada neste tipo de comércio. O clandestino. O comércio contra as regras.

Eu havia encontrado a vida não monótona que queria, distante dos dias sempre iguais em minha infância. Contudo, após cinco anos da chegada aquela grande e diversificada cidade, a mesma se tornara pequena de mais para as minhas vontades exacerbadas. Era necessário expandir-se, ampliar os negócios que manejei com perfeita maestria.

Minha decisão fora tomada, e em poucos meses meu comércio espalhava-se para fora de São Paulo, ganhando cada vez mais força, cada vez mais espaço. O que somente acalentava o sentimento febril e lógico, meus cofres.

Com tudo encaminhado, próximo ao meu aniversário de vinte e um anos, resolvi voltar a minha antiga cidade. E por lá ficar e estabelecer-me. Uma fachada, um álibi e um conforto. Mas antes uma pequena investigação seria necessária. Meu orgulho carecia permanecer intacto.

Facilmente soube sobre meu pai e seu caso extraconjugal, que aparentava ter tido um término. Pena que não totalmente. No mesmo ano em que parti, o relacionamento acabou, mas a mulher estava grávida. Um irmãozinho bastardo? Foi o que pensei. E precisava urgentemente saber a verdade.

Em uma tarde nublada e comum para os dias de São Paulo, mandei uns de meus homens atrás da jovem mulher e seu pequeno filho de cinco anos. Algo para um exame de DNA necessitava ser coletado. Não podia ser visto, mas acompanhei tudo de perto.

Quando avistei a figura magra e de longos cabelos mel passar pela entrada do elegante clube de lazer, as memórias voltaram facilmente. Jamais esqueceria aquelas feições. De certa forma era até mesmo grato a repugnante mulher. Sem sua intromissão possivelmente não traçaria o caminho que tracei. Mas só. Isso não incluía o fato de dar-me um maldito irmão. Estava casada com outro homem, o filho incontestavelmente seria dele? Não poderia arriscar.

E então o avistei pequenino e gracioso, escondendo-se atrás das pernas da mãe. Os olhos verdes decorando tudo ao seu redor.

A segunda e última grande reviravolta estava prestes a ocorrer.

ELE

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O copo que segurava foi de encontro ao chão. Meus olhos ficaram petrificados e algo desconhecido passou a pulsar rápido em meu peito. Um sentimento diferente, que fez com que um arrepio desenfreado se alastrasse pelo meu corpo. Completamente o oposto do algo febril adorado por mim. Foi melhor!

Levantei-me lentamente, sem nem mesmo perceber, e caminhei até aquela pequena figura deixada para trás por sua mãe. Quando parei ao seu lado, os olhinhos verdes suaves me encararam. Confiantes demais para uma criança de cinco anos.

- Que foi? Não falo com estranhos, moço.

E correu com suas perninhas curtas, parando somente quando o chamei.

- Ei, pirralho! Qual o seu nome?

Ficou apenas me olhando por alguns segundos, desconfiado. Levou uma das mãos frente ao rosto, contando três dedos e os mostrando para mim, com a mais perfeita face arteira.


- Três letras. Tente descobrir, bobão!

Mostrou a língua e me deixou para trás, com um inevitável sorriso. E lógico, o maldito delicioso sentimento. Desde quando um pivete como aquele deixava Vitor Forward sem ação? Alguém já havia feito aquilo? Nunca.

Quando me recompus, saí do clube as presas e completamente transtornado. Sentia-me um pedófilo acuando uma criança. Esta que poderia ser meu irmão bastardo e que pretendia repugnar com todo o empenho. Porém, porque invés de dentro daquele carro onde estava eu queria era estar lá, tentando adivinhar o nome de três letras?

A mesma pergunta ficou em minha mente por dias, por anos. O exame de DNA ficara intacto dentro de uma gaveta, mas nunca esquecido. Não tive a coragem de talvez, acabar com a única desculpa que tinha para evitar aquela criança. Irmão bastardo... Repugne-o! Nem mesmo a necessidade do meu orgulho, me fez abrir aquele maldito envelope antes de voltar para Várzea Grande.

Cinco anos passaram-se rapidamente. Tinha minha própria casa, construída e decorada a minha escolha. Uma empresa que era nada mais que uma fachada, dezenas de subordinados e testas de ferro ¹  e obviamente, incontáveis clientes. Meus negócios não mais se resumiam ao Brasil, alastraram-se em uma velocidade sobre humana por toda a América. Dominando, infiltrando-se e consumindo. Mas eu ainda não estava satisfeito, queria mais. Mais dinheiro, poder, sexo e mais do sentimento febril.

Vez ou outra colaborava com alguma instituição beneficente. Não me pergunte por que, não saberia responder com certeza. Quando se segue uma vida como a que levo, às vezes uma boa ação se faz necessária. Mas não pense que é para me redimir de meus supostos pecados, não a nada a se redimir e muito menos a se arrepender. Se tenho um lado mau, logo teria um lado bom. Isso é uma das verdades do ser humano. Ninguém pertence somente a uma vertente, alguns só usufruem mais de uma do que da outra.  A qual me destaco? Pense e responda por você.

O que sei é que aos vinte e cinco anos, sofri meu primeiro atentado. Experimentando a adrenalina que era ter o cano gélido de uma arma contra sua testa. Provar da linha tênue entre a vida e a morte. Mas ainda não era meu momento, quem acabou com uma bala na cabeça não fora eu. E nem mesmo precisei puxar o gatilho, o miserável fez por si mesmo. Dom!

Neste mesmo momento abri meus olhos para o simples fato de que nada, nem mesmo eu, era imortal. Um dia tudo seria deixado para trás, minha vida, meus negócios. O que manejei com proficiência simplesmente se reduziria ao nada. Por isso, finalmente o envelope fora aberto e a passagem para São Paulo fora comprada. Aquele algo desconhecido em meu peito, já passava a bater mais rápido.

___________________

Parei minha BMW uma esquina antes da grande escola particular. Fora fácil recolher informações, em menos de uma hora tinha tudo que necessitava em mãos. Às seis horas da tarde a criança, com seus já dez anos, era liberada do horário escolar e esperava por quem quer que fosse a pessoa da vez para pega-lo.

Uma garoa leve caia do céu acinzentado humedecendo tudo em seu caminho. Quando desci do carro, logo fui pego por uma brisa fria que bagunçou meus cabelos e fez o garoto não muito longe de mim – sentado em um banco – contorcer-se todo em busca de conforto.

Estava diferente da última vez em que o tinha visto. Os cabelos pintados de laranja e curtos, levemente arrepiados e em seu pescoço uma estranha faixa preta. Onde estavam os pais daquele menino? Bom, não importava. Os olhos verdes ainda eram os mesmo, combinando perfeitamente com sua beleza simples, mas única. Havia crescido, as pernas estavam mais longas e sua presença graciosa, invertera-se para uma um pouco mais rebelde. Aquele algo acelerou-se mais e minhas pernas travaram por um momento. Deuses! Lembro como o sentimento que me invadira mais uma vez era simplesmente delicioso. Aquele porcaria de febril ficava no chinelo.

Não era desejo, não era tesão. Caramba era apenas uma criança! Era algo maior, um elo inexplicável. Uma familiaridade irreal. Era quase como... afeição? E então, depois de anos de vida, minha primeira e única real e verdadeira ligação. Comecei a andar até ele. Sentado naquele banco, sozinho. Mas logo parei e um vinco se fez em minha testa. Um homem de uns quarenta anos, mas com uma aparência bem mais velha, colocou aquelas mãos ressecadas no ombro dele.

E logo eu soube que a situação não estava nada boa. As feições do homem, o sorriso simpático de mais. O indicio de segundas intenções. A face quase extasiada só de tocar na carne do garoto. Era óbvio o que o individuo queria. E o que eu fiz? Por um primeiro momento, nada. Por mais que meu impulso fosse quebrar aquelas mãos que o tocaram, eu precisava ver sua reação. Era para isso que eu estava ali. “Conhecê-lo”. Tantos anos de inexpressividade e controle não me deixariam naquele momento.

O moleque se levantou e caminhou lado a lado com o homem para um pouco longe dali. Os segui rapidamente, vendo ambas as silhuetas entrarem em um pequeno beco, atrás de um sebo. Para então ouvir apenas um grito esganiçado.

Quando vi aquela cena... Eu fiquei feliz. Não, eu não sou um monstro. E ainda continuo sendo melhor do que você. É que ao ver aquele corpo grande debruçado sobre outro bem menor, que estava simplesmente parado, em silencio, procurando com os olhos algo a sua volta... Eu soube que havia encontrado alguém imprevisível. Ele não se debatia, não chorava, nem mesmo pedia por ajuda, enquanto o homem explorava suas roupas, procurando retira-las do corpo levemente bronzeado.  Mas então ele fez algo. Seus olhos verdes acharam o que procuravam. Um pedaço de madeira rapidamente foi contra a cabeça do homem, que caiu para o lado, segurando a fronte com força.

Com dificuldade, ele se levantou. O corpo de criança tremendo, as pernas quase não se mexeram. E eu completamente extasiado com meu achado, fui até lá. Passei pelo beco escuro, os dentes logo trincaram em raiva. Aquele era o momento de despedaçar as mãos imundas. Parei ao lado do garoto, e disse com a voz mais controlada que pude.

- Agora vai Kim! Eu termino por você.

E ele correu. Só voltaria a vê-lo dali há sete anos. Meu doce e imprevisível Kim. Minha ligação...

... Meu amor.

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Havia parado de chorar. Os olhos estavam bem inchados e o cabelo totalmente desordenado, além das roupas que estavam molhadas e possuíam resquícios de sangue como nas mãos. Estas que ainda não paravam de tremer. Vê-lo abalado daquela forma era incomodo. Não sabia qual seriam as reações que meus atos desencadeariam. Se disser que estava receoso, acreditaria? Pois é. Vitor Forward receoso. Mas não tinha problema quando o assunto era Kim Search.  Por ele e somente por ele eu seria e faria o necessário.

Suspirou e passou a mão direita entre os fios, descendo então para o pescoço. Adorava aquela mania dele, que quando estava sobre forte estresse utilizava para se acalmar. Era lindo quando mordia seus lábios carnudos, bem sobre o piercing, e piscava lentamente. Ficar inexpressivo ao seu lado era uma tarefa tão árdua. E mais árduo ainda era estar ao seu lado e simplesmente não poder pular sobre seu corpo e fodê-lo de todos os modos possíveis. Caramba ele não era mais um garotinho! O sentimento não era mais apenas afeição, era algo muito maior e que englobava a porcaria do tesão, que era muito. Depois que se experimenta uma vez, é ainda pior. Quer saber o que senti? Pois eu digo.

Quando aquela cadela nos interrompeu no banheiro de sua casa, tive vontade de eu mesmo matá-la. Kim exposto daquela forma, remoendo-se por estar com um homem, por estar comigo e ainda por cima gostar. Era excitante de mais saber que por mais que não quisesse ele não conseguia manter-se afastado. Mas a vagabunda tinha que surgir.

Disse-lhe algo e faria acontecer. E os dois meses de viagem a trabalho foram simplesmente insuportáveis pela primeira vez na minha vida. Eu sabia que o afastamento era necessário para os meus planos, por isso tratei do assunto da viagem naquela mesma oportunidade, mas fora um sacrifício.

Na minha volta, realmente não esperava encontrá-lo naquela festa. Na festa de um dos meus clientes e ainda por cima com aquela companhia, o que me surpreendeu de uma maneira nada boa. Quão próximos eles estavam? E depois ainda por cima, o encontro aos amassos com uma puta de uma vagabunda. Ele reparou na minha fúria, sei que sim. Ótimo!

Porém aquela noite compensou qualquer infortúnio. Vê-lo entregar-se a mim, experimentar do meu corpo – gostar do meu corpo – e simplesmente ordenar que eu o fodesse, abalou todas as minhas estruturas. Sua pele macia, seu gosto doce, suas expressões deleitantes. Após doze anos de espera ele estava em meus braços. Minha satisfação não poderia ter sido maior e mais saborosa.

De somente relembrar meu corpo adquiria uma temperatura nada saudável. O que me fez passar umas das mãos sobre a testa chamando a atenção de Kim, sentado na cama, encostado a cabeceira bem ao meu lado.

- Não me lembrava... Quando te vi há alguns meses, só reconheci sua voz. Meu cérebro apagou grande parte daquele dia, quando eu tinha dez anos. Mas eu sempre ouvia uma voz sem dono nos meus sonhos.

- É normal isso acontecer após situações traumáticas.

Encarou suas mãos que já não tremiam mais, sorrindo sarcasticamente, fazendo um barulho desgostoso com a boca logo depois.

- Pff... É! E pensar que a Anna teria um caso logo com o seu pai. Eu já nasci totalmente ferrado mesmo. Principalmente pra chamar a atenção de um bobão como você.

Sim, meu coração acelerou na menção daquele insulto infantil de anos atrás. Ainda mais quando os olhos verdes encararam os meus da mesma maneira confiante.

- Você sabe que o que eu mais queria era bater em você até não sobrar mais nada, certo?... Mas eu não consigo fazê-lo. Também sinto essa maldita ligação, porém não pense Vitor, que eu sou seu. Pois ainda não sou!

-... Ao menos não até me contar de uma vez por todas, por que me trouxe para essa cidade, por que me testou e se eu passei nessa porcaria.

Como sempre... Imprevisível!


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Notas finais do capítulo

Testa de ferro ¹ - Expressão que se refere a alguém que se apresenta em nome de outra pessoa, de alguma organização ou idéia que não é de sua própria autoria moral ou material, mas que apresenta ser.
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Muahhahahaaha ! E aí o que acharam da surpresinha? Capítulo narrado por Vitor-gostoso-Forward. Caraaa como eu enrolei e esperei pra fazer isso, KKKK. Após um ano escrevendo como Kim, foi um pouco problemático. Mas espero que o resultado final tenha sido fodenha, rs.

Finalmente "a história de Forward foi contada". E caraaa, como ele é extremamente f*** e doo maaal Itiete, tiete)! Mas ainda tem mais, cof cof, então né, hihihi

Todo Criminoso Tem um Vizinhoo - Feliiiz aniversário meu amor (abraça história (?)²²²). Um ano! Nossa, to me sentindo uma mãe no aniversário do filho. Que coisa estranha o.O UHAUAHAUHAU

Booooom, deixa eu parar por aki que o negócio já ta tosco. Maaas é que eu to tão feliz!. A noite foi boa *-----*. HAHAHA Brink's! Quero opniões e comentários nesses capítulos especiais hem.
Até o próximo

Bjao**



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