Only You escrita por Lúcia Hill
Notas iniciais do capítulo
Sim para sua surpresa e decepção, o Velho Ernesto resolveu burlar as regras tradicionais e colocar em pratica as suas. Qual será a reação de Luiza?
Assim que acordou, Luiza pode ouvir o galo cantar ao longe e ver os primeiros raios de sol adentrar seu quarto, ainda tímidos. Bocejou, caminhando até a janela imensa, abriu o vidro e sentou-se sobre ela para admirar o nascer do sol, adorava ficar ali, vendo aquele espetáculo natural.
— Bom dia, Sol. — saudou o sol como se ele fosse responder-lhe de volta, sorriu.
Podia sentir os primeiros raios de sol aquecer sua delicada pele, deixando-a levemente rosada, esses momentos sempre eram deliciosos para ela, pois se sentia feliz de verdade. Ouviu alguém bater na porta, interrompendo sua meditação.
— Sim? — respondeu.
— Dona Luiza, o café está na mesa. — soou suave a voz da velha Cole.
Luiza sorriu, desceu da janela e foi até a porta para abri-la, e lá estava ela, tímida, com o rosto cabisbaixo e meio tristonho.
— Então vamos a ele. — Luiza segurou no braço dela, juntando-se ao seu e ambas desceram.
Cole sorriu timidamente, desceram as escadas conversando e sorrindo, mas assim que terminou o degrau, avistou o Coronel Tomas Braxden, sua feição se modificou rapidamente. Luiza sabia muito bem o que ele queria.
— Bom dia. — soou áspero.
Ele se aproximou dela com o chapéu na mão e não esboçou nenhum tipo de reação, apenas saudou-a de volta.
— Bom dia, senhorita Cortez. — ele mantinha os olhos fixos nela.
Luiza sempre o temeu, pois sabia muito bem das artimanhas que os capangas dele faziam pela região, e também sabia do tal interesse dele pelas terras de seu pai, mas nunca ligou para esse assunto.
— Posso saber a que devo a honra da sua presença? — ela demonstrou certa intimidação com a presença dele ali.
Ele se aproximou alguns passos, deixando-a ainda mais nervosa e ansiosa.
— Estou interessado na fazenda, agora que nosso querido Ernesto Cortez faleceu... — antes de ele terminar, Luiza o interrompeu bruscamente.
— Essa não é uma boa hora para falarmos de venda, Coronel Braxden. Meu pai faleceu ontem e não estou com cabeça para discutir sobre vendas. — mantinha os olhos fixos nele enquanto falava. — E, aliás, não sei se quero vendê-la.
Ele fez uma careta, era evidente o sinal de desaprovação, sem dizer mais nada, ele apenas virou-se e saiu. Luiza foi até a janela para verificar se ele estava indo embora, para sua surpresa, parou para conversar com Javier. Sentiu seu sangue ferver nas veias.
[...]
— Meu caro Javier, se me ajudar a fazer com que essa garota me venda à propriedade...— pausou bruscamente, porém logo retomou a fala. —, deixo-te como meu supervisor.
Javier encarou o casarão por alguns minutos, coçou o queixo e se virou para o Coronel.
— Não sou herdeiro, Coronel, e a fazenda é dela. — sua resposta foi um pouco rude.
— Apenas tente, meu filho. — antes de entrar na caminhonete enorme, deu um tapa no ombro do peão.
Luiza ficou ali, parada, espiando a conversa de ambos, estava tão concentrada que não reparou que Javier já havia adentrado no casarão.
— Sabia que é feio ficar ouvindo as conversas alheias, senhorita Cortez?! — soou irônico.
Luiza sentiu o rosto ferver ao se virar e se deparar com ele ali, com os braços cruzados sobre o peito, encarando-a de forma intimidadora, rapidamente ela se ajeitou, fez uma careta pela forma que ele se referiu a ela.
— Ora, ora, eu bisbilhotando... — disse. —, não estou fazendo nada, peão. Aliás, esse assunto é de meu interesse, lembra-se?
Javier sorriu, aumentando a fúria dela.
— Não conversei nada com o Coronel.
Luiza se aproximou dele e disse, antes de sair da imensa sala:
— Assim espero.
Sua mente ficou martelando a manhã toda sobre o que ambos teriam conversado. Javier não ditava em nada ali, pois não era um Cortez e muito menos estava listado no testamento de seu pai, bom, assim esperava.
“Peãozinho metido a besta, mas eu ainda o coloco em seu devido lugar.” pensou enquanto encarava as papeladas sobre a mesinha do escritório, eram tantos documentos que estava ficando maluca, pois a hipoteca da fazenda venceria em dois meses, precisava ajeitar as papeladas, para enfim, levá-las até o contador.
— Por onde começar? — perguntou a si mesma, indignada com tudo aquilo.
Ouviu o telefone tocar ao longe, nunca entendeu qual foi o motivo de seu pai não ter puxado uma extensão para o escritório. Alguém bateu na porta, interrompendo sua linha de pensamento.
— Entre. — grunhiu.
Assim que levantou seus olhos para ver quem era, sentiu seu coração gelar, lá estava ele, parado na porta, para seu desespero total. O advogado Steven. Ele sorriu, deixando-a sem jeito.
— Desculpe-me pela bagunça. — levantou-se sem jeito e apontou para a desordem total do escritório.
— Imagina senhorita, compreendo que esteja um pouco aflita com tudo isso. — indagou.
A sala era um pouco pequena, porém os armários eram feitos de madeira pura e envernizadas, as papeladas estavam em um pequeno monte encostado na parede.
— Sente-se, por favor. — pediu ela.
Ele se aproximou da cadeira, sentou-se, logo em seguida, retirou os papéis do testamento, para enfim, ler na presença dela.
— Bom, vamos às últimas vontades de seu pai. — disse, retirando os óculos do bolso de sua camisa, para ler o testamento.
Luiza se ajeitou na cadeira, sabia que algo não estava em ordem, podia sentir.
— Testamento de Ernesto Cortez. Declaro para todos os fins, na presença das seguintes testemunhas: Todd Burn e Ralph Gilbert, que deixo meus seguintes bens, para minha única herdeira viva, sendo ela Luiza Carter Cortez, a metade de minha propriedade localizada no sul do estado do Novo México, localizado na Região Sudoeste dos Estados Unidos da América...— antes de ele terminar de ler o testamento, Luiza o interrompeu bruscamente.
— Como assim “metade”, Doutor Steven?! – grunhiu.
O advogado a encarou por uns instantes, ela estava com o rosto fechado e vermelho de raiva. Como ele teria feito isso, e para quem havia deixado a outra metade?
— Sim, metade, senhorita Luiza. — respondeu.
Luiza ficou abismada, porém, logo perguntou:
— Mas pra quem deixou a outra metade? — arqueou a sobrancelha.
Steven releu rapidamente o testamento para verificar o segundo beneficiário do senhor Cortez que havia selecionado em seu testamento, logo viu o nome e disse para ela:
— Javier Martinez Garcia, conhece-o? — perguntou, arqueando a sobrancelha.
Luiza arregalou os olhos, estava boquiaberta ao ouvir o segundo beneficiário, sua mente girou em 360º graus e seu coração praticamente parou, sentiu a boca secar.
— O peão? — as palavras escaparam de sua boca, incrédulas.
O advogado nada disse, apenas ficou encarando-a por alguns minutos.
— Impossível, como ele deixa metade de sua fazenda para um peão, que nem é de nossa família?— questionou-o.
— Era o desejo dele senhorita. Se quiser, podemos chamar as testemunhas para confirmar esses desejos.
Luiza cobriu o fino rosto com ambas as mãos e soltou um longo suspiro, agora assim as coisas estavam piores, fez uma última pergunta.
— Então não poderei vender a fazenda daqui dois anos? — descobriu o rosto e o encarou.
Steven reparou que os olhos azuis claros estavam escuros, sua expressão estava modificada e sua respiração pesada.
— Poderá, porém a outra metade, só com a permissão dele. — respondeu um pouco desconfortado.
Luiza levantou-se, colocando ambas as mãos sobre a cintura.
— Droga! — berrou. — Desculpa, doutor Steven, é que... Minha nossa! — virou-se para ele.
— Tudo bem, senhorita, mas devo avisá-lo de sua parte na herança.
Luiza fechou os olhos, encaminhou-se até a porta e pediu para Cole chamá-lo, sentiu seu coração pesar, naquele instante, estava odiando seu pai ainda mais.
“Como pode fazer isso comigo?” pensou com os olhos fixos no canto. Não demorou muito e Javier adentrou a sala, estava um pouco sujo por causa de seu serviço, ele retirou o chapéu e perguntou:
— A senhorita quer alguma coisa? — arqueou a sobrancelha.
Luiza nada disse, o advogado se levantou e estendeu a mão para ele e perguntou:
— Senhor Javier?
— Sim. — segurou na mão dele.
Luiza mal olhou para ele, continuou em pé, encarando ambos, o advogado logo se apressou a contar.
— O senhor herdou metade da fazenda Fronteiras. — disse, encarando-o. — Meus parabéns.
Javier encarou-o sem reação, virou-se para fitar Luiza, que estava em pé no canto, parada, com os braços cruzados sobre o peito, com uma expressão nada amigável. Ninguém acreditou na artimanha do velho coronel Cortez.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Boa Leitura!Agradecendo aos fieis Leitores, sei que é um pouco dificil conseguir alguns, mais com muito prazer posso dizer que ainda tenho e os consideros meus amigos de escrita.Espero que curtam o cap.Dezinhs