‘Coração Alagado.

Alagado de água
Alagado de tristeza profunda
Alagado de amarguras.

Profundezas do oceano invadiram minha mente
Invadiram meu mundo e alagou tudo
Levando consigo o que me é de mais precioso.

Meu tesouro não é constituído por pedras preciosas
Mas sim por pessoas que me fazem sorrir, que me fazem feliz
Existem pessoas que me fazem felizes que me deixaram tristes um dia
E isso dói.

A ferida é tão grande que nem a maior desgraça muda o que sinto
Meu coração chora e chora muito
A cada dia chora mais um rio por você.

Você que diz me amar, apenas foge do que sente
Foge do perigo, da tentação
Foge também do que você é
Você quer ser outro alguém, mas você sempre será quem é.

Com isso tudo, torno meu coração um lugar frio
Inabitável, incompreensível e cruel
Por que as águas do destino alagaram-no. ’


- Foi você que escreveu? – Perguntava a indigente que senta ao meu lado esse ano.Não foi a minha avó que escreveu besta!Está bem, só por que estou ‘atacada’ não posso descontar nela.Acho que o nome dela é Martha, talvez.

- Foi, mas nem percebi o que escrevi ao certo. – Dessa vez não menti.A professora de português havia pedido para que a gente escreve um poema, mas não os comuns e idiotas como realmente fazemos, mas aqueles que você escreve e nem percebe, como agora.

- Interessante. – Murmurou um pouco pensativa depois deixando de lado.Virou pra frente e respondeu a chamada.Seu nome realmente era Martha. (Júu ... foi pra tuu essa :D )

- Bom alunos, já passou o prazo de 10 minutos, já podem me entregar. – Professora concluíra a chamada e começara a recolher os trabalhos.Pedi pra Martha entregar o meu, já que não estava me sentindo bem.

- Sakura, está tudo bem? – Perguntava-me mais um indigente, mas dessa vez era a pessoa que sentava a minha frente.Mas será possível que todos me conhecem e eu não conheça ninguém?

- Não, por que a pergunta? – Apesar de eu estar me sentindo péssima por dentro, acho que não aparentava estar por fora.Bom, pelo menos na minha opinião.

- Você está pálida demais e seus olhos estão... Meio claros demais. – Como claros demais?Sei que tenho olhos verdes, já que não sou daltônica, mas como mais claros do que já são?O indigente a minha frente entregou-me um pequeno espelho para observar-me.

Realmente o que o garoto havia me dito era verdade.Estava mais pálida do que o normal e meus olhos pareciam estar quase... Brancos.Eu sei o que isso significa muito bem, ou quase.

Levantei-me e pedi autorização para a professora para sair de sala alegando que estava mau.Só pelo olhar minucioso que fez a mim pude perceber que ela não duvidara do que eu havia dito.Sai sem olhar pra trás e corri em direção ao banheiro.

Tropecei em dois degraus, mas como há corrimãos nessas escadas, consegui me reerguer antes de beijar o chão.Entrei no banheiro dando graças a qualquer um, pois estava vazio.Abri a torneira num impulso e comecei a lavar o rosto.Levantei o espelho de encontro ao meu rosto, já que eu fiquei com o espelho do garoto que havia me emprestado.

Não mudara nada apenas piorava.Meus olhos estavam completamente brancos e isso me assustava.Não agüentei o desespero, apenas gritei.Gritei de medo, após isso, só senti ser abraçada e mais nada.

2 Semanas depois.~

Abri meus olhos lentamente, não tinha muita força até para pequenas ações.Eu me sentia fraca e frágil.Esperava ainda estar no colégio, mas não era, era um lugar totalmente desconhecido.Ouvi murmúrios de pessoas, conhecia todas as vozes, mas pela minha visão embaçada não pude confirmar.

Senti ser abraçada por alguém, mas dessa vez com muito mais força, como se eu tivesse sumido por um longo tempo e hoje era minha volta.O que basicamente parecia ser.A pessoa que estava encima de mim levantou-se e começou a falar totalmente enrolada, mulher eu sei que era, menos qual o seu nome.Forcei a vista e vi que era Ino.O que Ino fazia dentro... De um quarto de hospital?!MEU DEUS!EU ESOTU EM UM HOSPITAL!

Arregalei meus olhos surpreendida.Ino continuava a tagarelar coisas que eu ainda não compreendia e nem pretendia assimilar.Antes mesmo que terminasse o que dizia, Karin a empurrou fazendo com que Ino caísse no sofá que havia atrás de ambas.Agora eu prestava a atenção no que diziam.

- Sakura está bem?Está realmente bem? – Sacudia-me Karin.
- Eu estaria se você parasse de me chacoalhar! – Afirmei um pouco grossa.No mesmo instante ela soltou-me e se afastou um pouco da cama.Agora eu reparava o lugar onde estava.Havia pessoas demais ali: Karin, Ino, Lunad, Martha, Temari, Gaara, Sasuke, Itachi... Perae Itachi? – Eles deixam fazer festa agora nos quartos?
- Você se refere à quantidade de pessoas no quarto?Bom, isso é culpa da Ino. – Apontou Temari para Ino, ela na mesma hora apontou para Lunad, que o mesmo fez apontando para Gaara, que imitou o gesto apontando para Martha, que apontou para Karin que apontou para Sasuke, e por fim parou neste.O gente x-9.
- Vocês também hein?Podem me deixar sozinho com ela? – Perguntou sério o Sasuke a todos que estavam presentes no quarto, mas ao invés de Itachi e Gaara fazerem o que Sasuke pedira, eles permaneceram, mas Sasuke também não os ordenou para sair. - Você tem algo para me contar Sakura? – Começou Sasuke ainda sério.
- Se eu soubesse o que aconteceu, poderia até te contar. – Ajeitei-me na maca em que estava.Itachi estava ainda na janela admirando sei lá o que, já Gaara resolveu sentar-se no sofá.Sasuke estava ao meu lado fitando-me sério, tão sério que eu arrepiava por dentro.

- Quando você foi pro banheiro, você gritou.Não pensei duas vezes e desci rapidamente para ver o que aconteceu, mas você estava segurando um espelho qualquer e observando-se.Estranhei, mas entrei no banheiro assim mesmo.Quando te chamei você virou-se para a minha direção mostrando seus olhos totalmente brancos e então desmaiou. – Ele falava com tanta naturalidade que suas palavras pareciam ser relacionadas a fatos do dia a dia.Dessa vez, Itachi retirou-se de seus devaneios e virou-se em minha direção, assumindo agora a história.

- Sasuke me chamou para ajudá-lo a retirar você de lá, então fui correndo pra sua escola.Mas você estava começando a ter delírios e repetia o mesmo nome.”Sãnan”, freneticamente.Você começou a suar e a se debater, no meio do caminho para a nossa casa você abriu os olhos e começou a falar algumas coisas que não entendemos, foi quando chamamos o Gaara. – Voltei minha atenção para Gaara.Nunca tive muita intimidade com ele, mas sempre o tratava bem quando ia nas reuniões em que Naruto nos chamava.

- Você começou a nos desafiar, dizia que nós iríamos pagar por tudo que causou a você.Chegou a voar no pescoço do Sasuke, mas ele foi mais rápido e segurou suas mãos.Sinceramente, foi a primeira vez que vi você nesse estado, fora aquela briga entre você e a Simon.

- Ele sabe de... – Perguntei a Sasuke, ele pareceu entender o que eu queria dizer.Ele concordou e explicou-me.
- Ele é de família Neutra, não se intromete em assuntos de vampiros, demônios e nem anjos.Na verdade ele não ajuda nenhum lado, mas sabe de toda as histórias, por isso Itachi o chamou. – Ele pegou minha mão e olhou mais fundo nos meus olhos do que qualquer outra vez que ele já tenha feito.Suspirou por um momento, fazendo meu coração disparar e ansiedade. – Por favor, Sakura se está acontecendo algo, conte-nos.
Dessa vez eu não tinha como esconder, precisava contar a eles a verdade que eu conhecia.Permaneci em silêncio durante alguns segundos buscando coragem para explicar uma coisa totalmente sem sentido a eles.
- A partir do momento que eu me mudei pra viver com a minha tia eu venho tendo alguns pesadelos, mas eles cessaram depois de algum tempo.Eram sempre os mesmos: uma mulher, um precipício, e um grito, mas nada.Depois que eu te conheci voltou os pesadelos, mas dessa vez eram mais reais e a mulher dos ‘sonhos’ começou a interagir comigo: gritar, torturar e conversar.Ontem mesmo eu tive um pesadelo...
- Impossível ser ontem Sakura, você está desacordada há 2 semanas. – Duas semanas?O que foi duas semanas para mim?Estive desacordada por um tempo longo sem entender o que acontece comigo e com a vida alheia.Sem entender o fato de Itachi ter me beijado, o fato de Gaara ser de uma família de ‘Neutros’ e de eu ter atacado Sasuke.Talvez nem tenha sido eu talvez...

‘Seus sonhos serão os meus sonhos, suas visões serão minhas visões, mas quando me libertar, você será mais um lixo em meu caminho.’

Realmente não fui eu que pensei isso neste momento, minha voz não era tão grossa e ao mesmo tempo aguda demais.Espantei-me no mesmo momento fechando os olhos e pondo minhas mãos em minha nuca, para ver se uma dor insuportável sumisse.

Abri meus olhos, e a única coisa que eu enxergava era vermelho.Novamente o vermelho vivo, mas aqueles não eram os meus olhos.Aqueles não era os meus pensamentos, esse ódio no coração não é meu, então, de quem é?De quem é esse alagamento de sentimentos?

Fim~