Quando cheguei em casa e não consegui dormir, parecia que tinham aberto meu peito e colocado um relógio de bolso dentro.

E eu podia ouvir o tic-tac incessante a noite inteira, foi isso que não me deixou fechar os olhos. O tic-tac do meu coração soava como o relógio do juízo final: o fim da minha sanidade.

Hora, eu sabia que era impossível eu ter tido uma conversa com uma morta, se é que aquilo pode ser chamado de conversa.

Mas a idéia de voltar lá e conversar com Rowena novamente era tão convidativa que era quase impossível de recusar. Era impossível eu tentar me convencer de que eu não voltaria ali amanhã de noite. E é claro! Eu levaria as flores.

As perguntas que eu passei a noite fazendo a mim mesmo eram:

1-Quem era Rowena?

2-Ela era real?

3-Se sim estava mesmo morta?

E a pergunta que, mas me afligia no momento:

Que flores levar?

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Na manhã seguinte eu me levantei eufórico.

- O que foi Gerard? Viu o passarinho verde? – minha mãe e suas perguntas.

-Não, eu vi um corvo. –falei do pássaro sem pensar.

Ora!Eu não ia falar o que me animou tanto...

-Mãe, onde você comprou aquelas flores? –apontei para o vaso com umas flores que para mim, no mínimo, eram bonitas.

Nem esperei ela responder. Sai de casa e fui a uma floricultura que tinha no outro quarteirão.

Acabei comprando as flores mais estranhas que eu já vi:

Eram de um roxo diferente, quase azul e o caule era escuro.

Achei que elas não precisariam de vaso para onde iriam, então amarrei uma fita preta nelas.

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A noite veio e eu me arrumei do melhor modo que pude: Uma blusa preta com uma gravata vermelha. Era a minha melhor roupa.

Eu tinha a roupa, as flores e a desculpa para ficar a noite inteira fora se precisasse.

-Mãe, to indo! Até amanhã. Te amo!

-Mande lembranças a Linda!

Eu tinha dito que iria dormir na casa do Frank, mas o fato de ele não estar em casa essa noite, não ia me impedir de ver Rowena.

Rapidamente cheguei aos portões do cemitério. Ainda não tinha escurecido totalmente, eu estava com tanta pressa que nem percebi que o pôr-do-sol estava acabando.

O sol estava de um laranja vivido no final do horizonte, não havia quase nenhuma luz sob as lapides. O que deixava tudo mais bonito, para mim.

Eu fui ate a lapide em que a encontrei no dia anterior: Estava vazia.

Será que ela viria?

O Sol finalmente foi embora, deixando no lugar um céu sem lua.

Novamente o pássaro preto da noite anterior cruzou o céu.

Fechei os olhos e senti o silencio. Tudo estava em paz

-Hoje a noite não tem luar. uma voz desapontada soou no meu ouvido.

Abri os olhos, era ela!

Senti meu coração disparar.

(...)Seu coração é um alaúde suspenso; tão logo o tocamos, ele ressoa.(...)Edgar A. Poe A queda da casa de Usher.