O Fantasma da Ópera escrita por N_blackie


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo VII

Á contragosto, a ópera do fantasma começou a ser preparada para apresentação. Marlene se sentia feliz, apesar dos olhares aterrorizados, por cantar aquele texto escrito por ele. Na noite de ano novo ele a procurara, precisava fugir. Ela iria com ele? Marlene disse que sim. Não suportava o Conde.

Ensaiava ansiosa, buscando a precisão em sua última ópera. O balé corria, mas uma bailarina estava faltando. Lily se encontrava no dormitório do balé, fazendo as malas.

- Depois da noite de hoje, vou embora daqui. – murmurava, e se sobressaltou quando James apareceu, uma flor na mão.

- Olá.

- Oi.

- Pelo visto vamos realmente fugir daqui. – James sorriu animado, e Lily se virou para olhá-lo.

- Duvidou que eu fosse?

- Não. Nunca duvidaria de você.

Lily corou, e James se aproximou dela.

- Eu amo você.

- Não vivemos de amor, sabe. – Lily se virou abruptamente, e sentiu o abraço de James rente a ela.

- Eu sei. Eu quero casar com você.

- Mesmo?

- Eu juro.

Lily relaxou os músculos, cedendo ao abraço que o jovem lhe dava. Virou-se para encará-lo, e suas testas se encostaram. Lily sorriu em silêncio, e correspondeu quando as bocas se encostaram. Era como se tudo pudesse ser resolvido daquela forma e nada no mundo pudesse atrapalhar. Deixou-se entregar, sabendo que em pouco tempo estaria de volta à sua amada Irlanda, terra mágica e protegida de fantasmas.

Horas mais tarde, a peça começava. A música corria e enchia os atos. Marlene sorria ao ver o sucesso e prever a futura aclamação da peça, e estava distraída demais para perceber que em sua segunda troca de roupa havia um jovem esperando. Assim que desceu as escadas o par de braços a enlaçou, e Marlene sentiu-se arrastada para um canto das escadas que os contrarregras usavam, seus gritos abafados por um casaco que havia sido jogado sobre sua boca.

Tateando às cegas na escuridão, Marlene tentou se desvencilhar, mas entrou em pânico quando a voz do Conde surgiu em meio a seus clamores. Assim que se viu livre dos braços jovens que a prendiam, tentou fugir, mas logo estes foram substituídos pelos do conde, e Marlene se debatia sem sucesso para tentar se livrar dele.

- Fique quietinha, só vai doer mais se mexer. – sussurrou o conde com lascívia em seu ouvido. O tom do homem lhe deu ânsia e nojo, mas nada pode fazer para evitar os beijos molhados que ele começou a distribuir pelo seu pescoço, e o arranhão de seu bigode que machucava a pele alva de suas omoplatas. Desesperada, tentou gritar e conseguiu morder o dedo que tentou fazê-la ficar quieta, mas isso só despertou a ira do conde, que lhe deu um forte tapa no rosto. Gemendo de dor e sentindo as bochechas arderem, quis desmaiar para não sentir o pior. Lágrimas escorreram por seu rosto enquanto sentia as mãos de Lestrange percorrerem suas coxas e erguerem seu vestido, e respirou fundo quando ele parou subitamente, seu peso saindo de cima dela. Paralisada de medo, Marlene abriu os olhos, e viu que Lestrange havia parado, pois alguém mais alto, envolto pela escuridão, passara uma corda em torno de seu pescoço, apertando furiosamente.

- Eu disse para se afastar dela. – declarou o fantasma, ignorando o ofegante Conde, que se contorcia na tentativa de se livrar da corda, o rosto tornando-se lentamente vermelho. Marlene tentou impedi-lo de matar o conde, mas estava muito fraca para afastar os braços fortes do fantasma, que só relaxaram quando o corpo inerte do nobre caiu desfalecido no chão, a corda servindo-lhe como colar.

- Pegue suas coisas e me espere fora do teatro. – mandou o fantasma, segurando as mãos de Marlene nas suas. – Estarei em um minuto lá.

Vendo-se fora da ópera, Marlene sequer imaginava que dentro do opulento edifício, no meio da apresentação de balé, o corpo de Lestrange caia dependurado pela corda no meio do palco, instaurando o pânico. Bailarinas corriam como baratas na presença de veneno, e Lily foi a primeira e se lançar na direção de James quando notou que muitos, no terror da visão do corpo de Lestrange, derrubaram velas sobre assentos e cortinas, ateando fogo às mesmas.

O calor enchia e abafava os corredores, e James tentava puxar Madame Potter com força na direção da saída quando a ruiva apareceu.

- Está tudo pegando fogo! – chorou a garota, desesperada. James arregalou os olhos, puxando Madame Potter com ainda mais esforço. A senhora, no entanto, não queria.

- Meu querido, vá.

- Mãe...

- Deixe de ser tolo, se ficar aqui vai morrer. Vá com Lily e a minha benção.

- Mãe.

- Lily, tire-o daqui. – Madame Potter disse, uma lágrima em meio ao sorriso. Atrás dela, as chamas do teatro subiam cada vez mais, e os gritos das vítimas ainda ecoavam na mente da bailarina. Sem vontade alguma, Lily pegou James e correram, o garoto chorando ao olhar para trás. Enquanto passavam pelo escritório, James parou.

- Não adianta mais, James! – desesperou-se Lily, mas o garoto não foi atrás da mãe. Em vez disso, abriu a porta do escritório.

- Não podemos fugir sem dinheiro algum. Vamos!

Com a ajuda de uma estátua, quebraram a gaveta onde a chave do cofre se encontrava. Trêmula e se achando uma criminosa, Lily viu James abrir o cofre e colocar dentro de um saco improvisado as caixas com as joias da ópera.

- Agora sim. Vamos embora.

Marlene arregalou os olhos quando o fantasma saiu em meio às chamas, chamando uma carruagem próxima. Dentro da segurança do cabriolé, o fantasma respirou fundo, mas Marlene não se conformava.

- Você...

- Não fui eu. Se tiver um crime do qual sou culpado é ter livrado uma moça de ser violada.

Num impulso, retirou a máscara distraidamente, e Marlene levou as mãos à boca. O lado escondido tinha cicatrizes enormes da orelha ao canto da boca, e parte do olho era avermelhada por queimaduras que outrora foram graves. Notando o descuido, o fantasma recuou em terror, tentando se esconder, mas Marlene sorriu.

- Porque está fugindo?

- Eu... Não olhe!

- Eu nunca o deixaria. – a moça olhou com sinceridade para o rosto assustado à sua frente. – Nem por um milhão de dores ou cicatrizes eu o deixaria.

A confusão se estampou no rosto do fantasma. Olhava para Marlene como se tivesse acabado de conhecê-la.

- Você é a mulher mais insana que eu conheço.

- Provavelmente a única. Não conhece tantas assim.

- Sim.

- Qual o seu nome? – indagou, e o homem revirou os olhos.

- Sirius.

- Bonito.

- Estranho.

- Seu pensamento. Para onde vamos?

- Inglaterra.

Marlene sorriu, feliz por nunca mais retornar ao teatro em chamas que um dia chamara de lar.


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