“Desmaiou nos braços de Siegfried”.

-Vamos Minoru, temos que terminar essa canção!

Minoru tocava teclado e fazia a segunda voz. Michiru programava uma música. Eles iriam cantar no festival do final do outono no colégio, mais um festival.

-Por que temos que cantar essa musica mesmo?

-Porque vão fazer intercambio pra cá, e essa música é muito escutada pela América.

-Bom, que seja, quero me ver cantar isso.

-Você consegue.

Michiru treinava sozinha falando, e dava tudo certo, ela era ótima com esse tipo de música.

-O que a Michiru tanto lê?

-Não sei, Satoshi. –Disse Miteru, ambos estavam em sua própria sala.

-Nee. ~ Satoshi-kun, Miteru-kun, querem fazer uma peça que as meninas montaram?

-Que peça?

-Não mostraremos até decidirem se sim ou não! ~

Miteru revirou os olhos.

-Que seja. –Suspirou.

-Que isso, eu nem aceitei! –Resmungou Satoshi.

-Ele vai também. –Disse emburrado.

-Ótimo!

Elas comemoravam. Satoshi sabia que coisa boa ali não tinha, e ficou mexendo em sua madeixa vermelha.

-Ah, Satoshi-kun, venha com a gente quero que vista a roupa que vai usar.

-Hein?

Elas puxaram Satoshi para o banheiro e o jogaram lá dentro com uma roupa.

-Não vai doer nada, Satoshi-kun. ~

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Miteru se assustou com o grito, e quando foi ver o que era, uma jovem com um vestido rosa extravagante corria pelos corredores, fugindo de duas meninas com caras cínicas. ¹

-MITERU! GRAÇAS AOS DEUSES!

A garota se escondeu atrás de Miteru, ele olhou-a direito, cabelos azuis, olhos azuis e uma madeixa vermelha...

-Satoshi! O que faz em uma roupa dessas?

-E-Elas... São do demônio... To falando... –Dizia desesperado.

As pessoas do corredor se agruparam para ver a beldades, ai todo mundo reconheceu que era Satoshi e Miteru saiu da frente dele.

-Q-Que tão olhando? Perderam o cu na minha cara? –Disse emburrado.

-QUE FOFA. ~ -Disseram todos em uníssono, correndo para abraça-lo.

-Que isso, me larga ai, qual é... EPA, TÁ TOCANDO EM OUTRO LUGAR MANO!

Miteru só ria e logo puxou Satoshi da multidão, que se perdeu dele. As meninas foram atrás de Miteru depois.

-Você também, vem!

O puxaram para o banheiro, e só entregaram uma roupa, mas não entraram junto. Miteru, após verificar bem a roupa e ver que era seguro, se trocou. Era uma roupa toda negra com vários detalhes, muito bonita, e de uma época passada. ²

-Ei, por que eu to feminino e ele tá na mesma?

-Porque faz parte da peça. – Empurraram Miteru para o lado de Satoshi.

-Perfeito!

-... Hã?

-Vocês são um casal na peça! E não adianta dizer que não, já que já aceitaram e os papéis já foram definidos.

-Me recuso. –Disse Siegfried, acompanhado de outras duas garotas. Parou a frente de Satoshi e Miteru- ...Principalmente fazer a peça com eles.

-Por favor. ~

As meninas insistiram um monte, até que, com ajuda de Michiru, conseguiram. A peça se consistia em um drama do século 18. Uma jovem dama disputada por dois rapazes, mas receosa em revelar seus sentimentos para um deles. (Te lembra de algo não é?)

A jovem claramente era Satoshi. O antagonista era Siegfried, que teria que beijar Satoshi. E o protagonista seria Miteru, que ficaria com Satoshi no final, após matar Siegfried. Algo como “Mato o inimigo e fico com a mocinha”.

Claro. Eles não sabiam disso, as meninas pupilas de quem escreveu essa fic decidiram não contar, assim seria mais divertido e eles não poderiam negar.

-Não consigo respirar com isso... –Disse Satoshi, enquanto colocavam um espartilho nele.

-Acostume-se. ~

-Hm... É, se for você, acho que não me importo de beija-lo. Eu preferia o Minoru, de fato. –Siegfried cruzou os braços.

-Chama ele então... –Suspirou- Esse treco aperta mesmo... Mulheres do século 18 deviam não respirar.

-Você está bonitinho. –Ironizou.

Satoshi olhou para Siegfried e por um momento Siegfried realmente sentiu uma atração pelo garoto. Afastou-se no mesmo momento.

-... Vou fingir que isso não aconteceu...

-O que foi?

Miteru chegou, no seu auge de jovem mestre. Ele ficou muito bom com a roupa. Os três ficaram conversando, e quando leram o script, quase surtaram. Mas, já era tarde demais.

Com o tempo, Siegfried foi gostando mais de Satoshi e eles riam bastante juntos. Miteru, possessivo e ciumento, não gostou disso. E já odiava Siegfried, agora então...

Finalmente o festival chegou. Primeiro seria a apresentação.

-Não me sinto bem com isso, espero que não desmaie no meio da apresentação...

Satoshi terminou de se arrumar, parecia muito com uma garota.

A apresentação corria tão bem, que parecia que eles eram os personagens o tempo todo.

Em uma cena, era um baile, e estavam em uma sacada deserta. Siegfried foi até Satoshi e o segurou pela cintura, puxando para mais perto.

-Eliza...

-Meu nome verdadeiro é Elizabeth! –Rosnou, com uma voz feminina perfeita.

-Você sabe que eu...

Nessa mesma hora Miteru entrou, segurando uma das mãos de Satoshi.

-Ela é minha, Sebastian!

-Não, é minha!

“Eu não aguento...”

Satoshi não aguentou mais o espartilho lhe apertando e, sem conseguir respirar, desmaiou nos braços de Siegfried. Isso não estava no script e iria acabar com tudo. Eles teriam que improvisar.

-ELIZABETH! –Gritaram ambos, tentando acordar a moça.

Miteru estava desesperado, o que fazia a cena mais interessante, já que parecia tudo real. Siegfried teve uma idéia. Segurou a “dama” em seus braços e a puxou para um beijo, devolvendo o ar a ela. Satoshi acordou com o beijou e corou um monte.

As cortinas vermelhas os tamparam e eles saíram de cena. Satoshi estava incrivelmente longe dos dois parceiros de teatro e sem a peruca. Ele não conseguia encarar Siegfried, e deu graças aos Deuses por não ter continuado a cena por muito tempo.

-Você está bem? –Perguntou Miteru.

-T-To sim, tirei o espartilho. –Riu.

-Entendo...

Miteru estranhou o comportamento do amigo, mas estava se corroendo de ciúmes por dentro. Já Siegfried pensou que o beijo foi ótimo, e que talvez estivesse apaixonado pelo garoto das duas madeixas vermelhas.

Para cobrir a peça mal terminada e que deixou todo mundo com um gostinho na boca de “quero mais”, Michiru entrou no palco, feminina e irreconhecível. Minoru chegou com um teclado. Eles se posicionaram e uma música começou.

Todos se impressionaram pela velocidade de Michiru na canção.³

Os alunos de intercambio acharam ambos muito belos, e no final do show, pediam número de telefone e etecetera. Hiroshi tirou sua namorada do centro das atenções e Hizaki puxou Minoru pela gravata, o beijando, e deixando bem claro que ele era o dono daquela beldade.

Minoru ficou surpreso e envergonhado, e depois saíram das atenções.

-Ahozaki, não faça isso em tão publico assim!

-Você é minha propriedade, quietinho. –Brincou, dando um beijo na testa do amado- Você é só meu, e não deixarei que te peçam nem mesmo número de telefone ou e-mail.

-Own, que lindo.

Eles riram e ficaram no love-love. Enquanto Miteru se corroía de ciúmes e Siegfried pensava se gostava mesmo de Satoshi.