A Ultima Profecia escrita por EmyBS


Capítulo 7
Uma criança para mudar o mundo




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A nova base principal era uma casa grande e parcialmente inteira que Harry dividia com sua família e seus amigos mais chegados. O lugar possuía dois andares tendo os quartos no andar superior e uma sala ampla onde haviam reuniões no andar inferior. A cozinha bem equipada com equipamentos trouxas ficava nos fundos.

Luna não era conhecida por seus dotes culinários, mas gostava de passar um bom tempo naquele ambiente, a cozinha era ampla e arejada dando uma boa visão para o exterior onde várias barracas eram montadas conforme os soldados chegavam ao local.

Os gêmeos normalmente brincavam no chão frio com as mãozinhas cheias de tinta que Duda havia encontrado num dos cômodos abandonados do local. O som das risadas dos dois fazia o lugar criar uma atmosfera em que tudo parecia dar certo, mas naquele dia chovia forte.

Duda segurava os dois filhos no colo observando a esposa que fitava o céu com um olhar angustiado, ele sabia que alguma coisa iria acontecer. Conhecia a maneira como Luna se comportava e existam acontecimentos no universo que pareciam passar pelo corpo dela como um calafrio de premunição ou uma simples visão da Profetiza da Lua.

O cabelo loiro embaraçado até a cintura não estava preso na costumeira trança no alto da cabeça nesse dia e balançava conforme o vento entrava pela janela trazendo respingos de chuva e o cheiro de terra molhada. O céu escurecia mais a cada instante, como se trouxesse más notícias, apesar do horário vespertino.

O mais estranho da cena que Harry presenciou ao entrar na cozinha era o silencio, as crianças tinham o mesmo olhar perdido da mãe olhando para o céu escuro como se pudessem ver alguma coisa além dele. Até mesmo Duda se mantinha calado diante da figura de sua esposa com os dois no colo.

- bb... – os gêmeos balbuciaram batendo as mãozinhas felizes mudando drasticamente o clima do ambiente, mas foram as palavras de Luna em seguida que assustaram os dois homens.

- Sim meus amores... – com a voz suave ela se virou para os filhos – A criança nasceu!

**********

Draco estava mais uma vez no alto da torre, seu lugar preferido naquele inferno. Fazia nove meses que havia ido a sua ultima missão, que trouxera a esposa do Santo Potter para o seu quarto. Ainda sentia o cheiro dela impregnado em suas coisas e principalmente na sua pele.

Lembrava do olhar amargurado de Ginny quando a deixou nas fronteiras mágicas que não poderia ultrapassar. Aquela maldita grifinória tinha levado uma parte da sua alma com ela e tinha que admitir que deveria estar muito carente para deixar algo assim acontecer. Sentia falta do toque suave da pele dela apesar de só ter sentido uma única vez.

Nunca teve realmente inveja de Potter, talvez apenas da sua fama, mas invejava o fato daquele idiota ter tido uma mulher como Ginny na sua cama por todos aqueles anos. Seus olhos claros olhavam adiante tentando ver além da forte chuva que encharcava suas roupas e congelava seus ossos finos numa tentativa desespera de conseguir encontrá-la.

Tinha receio de descobrir que a mulher ruiva havia voltado para Resistência, para os braços do Potter. Raiva e impotência atingiam em cheio seu coração despedaçado e nesses momentos imaginava como teria sido se tivesse aceitado a mão delicada que lhe foi estendida.

E se tivesse fugido com Ginny Weasley?

Riu sem humor daquele pensamento tão Grifinório. Na certa teriam sido capturados, já que ele possuía um rastreador grudado no corpo, ele seria devolvido para o seu ‘quarto prisão’ e com certeza Ginny seria torturada barbaramente como Pansy foi. E se os Comensais da Morte estivessem com muito bom humor talvez até mesmo sua mãe participaria da festa.

Sua mãe.

Às vezes se sentia tão sozinho e abandonado que imaginava se ela não havia morrido em meio aqueles anos ou se ainda mantinha a sanidade. O anel da família em seu dedo lhe dizia que Narcisa Malfoy estava viva naquelas masmorras, mas nada podia lhe tirar a angustia de que talvez a mente dela estivesse perdida para sempre.

Abriu a boca deixando a água pura da chuva entrar saboreando aquele gosto agridoce de magia e destruição fazendo seu corpo vibrar e quase deixando os joelhos cederem se entregando definitivamente ao sombrio destino que o aguardava em todos os cantos daquela estranha vida, mas como um Malfoy não podia desistir tão fácil.

Um clarão no céu o fez abrir os olhos arregalando-os, que nem tinha percebido que havia fechado na entrega do momento, para fitar o anel de prata com o brasão dos Malfoy que tinha no seu dedo anelar da mão direita. Olhou atentamente para o anel sentindo um misto de medo e emoção.

Estava ficando louco ou o anel havia vibrado indicando o nascimento do seu primogênito?

**********

A chuva forte apenas fazia aumentar as pontadas que sentia na barriga e os gritos de Ginny. Lagrimas transbordavam de seus olhos. Ela estava numa cama improvisada na pequena casa onde uma velha senhora lhe havia abrigado poucas semanas atrás, quando chegou ao acampamento com sua enorme barriga gestante mal conseguindo caminhar direito. Agora, sua face se contorcia em agonia quando outra contração veio. A velha senhora que se chamava Marie estava do seu lado, uma mão segurando a dela, a outra em sua cabeça molhada.

Marie morava junto com outra moça naquele acampamento nômade e assim que colocou os olhos na moça ruiva de aspecto sujo e cansado pela longa viagem soube que tinha que ajudar. Ela havia tido um filho que morrera nos primeiros anos da guerra e desde então vivia fugindo daquela triste realidade.

A outra moça tinha os cabelos castanhos claros lisos presos num coque solto e ajudava a velha senhora a arrumar a casa e neste instante buscava por panos limpos e uma bacia de água para a realização do parto. Ela sabia quem era a moça ruiva, mas não havia dito nada quando Ginny pareceu não querendo revelar a ninguém sobre o seu próprio passado.

Astorie Greengras vivia entre os nômades desde a morte de sua irmã, Daphne, no campo de batalha. Aquilo a tinha feito acordar que não importava em que lado estavam a morte iria chegar em meio a guerra e com esse pensamento ela fugiu na calada da noite do acampamento da Resistência.

Ela sabia que seus pais não concordariam com isso, principalmente após a morte de sua filha mais velha. Astorie também sabia que sua fuga iria magoar a mãe, mas não podia pensar em mais nada a respeito. Não queria morrer e não queria matar. Fugir era a melhor alternativa.

Foi com muita astúcia e perseverança nos seus objetivos que ela havia conseguido encontrar aquele acampamento nômade longe de todas as atrocidades que a guerra impunha. Todos ali haviam sofrido com ela e tentavam esquecer e foi uma benção ter encontrado o colo da mãe distante no carinho que lhe foi dedicado por Marie.

Havia sido ingênua em achar que nada transformaria sua vida, mas no momento em que vira Ginny chegar grávida no local que considerava sagrado, sabia que toda a sua existência e paz haviam sido modificados. Não havia como explicar, porém ela sentia a importância daquela criança. Então se lembrou do murmúrio baixo de uma profecia que falava de uma criança e soube que estava diante do nascimento aguardado por todos que significaria esperança.

- Aaaaaah! - Ginny gritou ao sentir outra contração ricocheteando pelo seu corpo, tirando Astorie de seus pensamentos.

As contrações estavam cada vez mais fortes e Ginny cada vez mais perto da histeria. Em alguns momentos ela delirava baixo chamando por Harry e, para espanto de Astorie, chamava por Draco. O único Draco que a mulher conhecia era Draco Malfoy que estava desaparecido desde o dia da batalha em que aquele-que-não-era-nomeado havia sido derrotado.

O que seguiu foi um dos mais estranhos e memoráveis momentos da vida de Astorie. Ginny gritava com cada contração, e empurrava com tudo que tinha. Astorie se sentou atrás dela, suas mãos em cada lado de sua face. Uma criança estava realmente sendo trazida ao mundo, Astorie pensou fascinada. Ela estava vendo uma vida começar em meio a todas aquelas mortes. Era a primeira vez que via uma vida surgir e não se perder.

- A criança está virada, não dá para salvar as duas. – havia aflição na voz da mulher mais velha chamando a atenção de Astorie que sentiu seu coração se contrair.

- O bebê... – Ginny conseguiu dizer com uma voz fraca e distante – Salve o bebê!

As duas mulheres se olharam e sabiam que tinham que seguir as orientações da mãe, ambas sentiam a importância daquele nascimento. Foi um parto longo e demorado onde Ginny perdeu muito sangue, mas por fim o choro forte de criança foi ouvido por todo o vilarejo.

O pequeno bebê inspirou várias vezes antes de voltar a chorar alto. A velha senhora fez sinal para Astorie vir pegar o bebê e enrolá-lo em uma das toalhas que estavam estendidas perto da cama. Com mãos trêmulas, Astorie pegou o recém-nascido levando-o para perto da mãe enquanto tentava limpar seu rostinho.

- Meu pequeno Drarry... – Ginny sussurrou beijando levemente a criança.

- Eu não consigo parar o sangramento, mesmo com magia. – Marie olhou com os olhos brilhantes para Astorie que ainda tinha o bebê no colo junto a Ginny.

Ambas as mulheres permaneceram quietas vendo lentamente as forças o corpo de Ginny se perderem até que seus olhos se fecharam, as mãos caíram flácidas sobre a cama e a vida deixou o corpo frágil.

Nota da Autora:

Não tenho nada a dizer... Eu disse que ia atrasar para receber comentários, mas ninguém mais comentou... O que significa que a maioria não liga... Bem, eu escrevo pra mim e publico para mim...

Beijinhos e até a próxima quinta:

Um mundo que espera

Riu sem humor deixando o vento frio, cortante do início de inverno, castigar seu corpo e de alguma maneira trazer vida. Ele buscava uma vida, um novo começo naquele inferno. Queria acreditar que talvez houvesse esperança, que um dia iria rever sua mãe e que teria o filho nos braços.


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