A Maldição da Caça escrita por reallystrange


Capítulo 2
minha palavra já é o suficiente


Notas iniciais do capítulo

Olá,desculpem pela demora.



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Saí da sala com o peito doendo e minha cabeça começando a latejar sem trégua. Entrei no carro coloquei um comprimido na boca e fiquei parada no estacionamento por alguns instantes até ouvir uma batida na minha janela, olhei pro lado e Dean me encarava sério com Sam e Bobby ao lado.

Mesmo com o comprimido minha cabeça começou a doer mais ainda, eu não pude controlar minha raiva e senti algo quente descer como um filete por meu rosto vindo de meu nariz; coloquei a mão ali e sangue rubro descia fazendo tudo começar a rodar. Dei a partida e acelerei o máximo que pude pela cidade até chegar ao hotel.

Estacionei já me sentindo grogue e entrei no quarto indo direto por banheiro, olhei no espelho e meu rosto estava todo manchado de sangue e meus olhos marejados de dor. Ajoelhei-me no chão do banheiro e deixei a dor me tomar por completo, a dor que eu suplantei por longos dez anos.

Minha cabeça estourava e eu sentia o sangue correr cada vez mais, lágrimas frias caíam misturando-se ao sangue quente. Não!Eu não podia ficar assim, não podia me entregar ao que todos os anos eu suplantei, ao que todos esses anos eu fingi não existir.

E na ala Winchester:

-Bob, o que foi aquilo, era... Sangue?- Sam perguntou entrando no carro.

-É a cabeça dela, pelo visto a dor voltou- Bobby respondeu sério.

-Fica calmo Bobby, nós vamos achá-la e fazê-la conversar com você nem se for à marra- Dean disse enquanto entrava no estacionamento do hotel.

-Dean, aquele não é o carro dela?- Sam perguntou apontando pra Ferrari Dino Concept parada de mau jeito num dos cantos em frente a um quarto ocupado.

Voltando a mim...

A dor tinha passado e eu já tinha me livrado das roupas banhadas em sangue, estava fraca e quase inconsciente enquanto me deitava na cama vagabunda e dura do hotel. Joguei-me e me senti caindo lentamente no sono enquanto minha porta era arrombada violentamente.

Ainda grogue eu me joguei em baixo da cama e peguei a arma na mão preparada pra matar o que fosse.

-Dean, tem certeza que é esse quarto aqui mesmo?

Rosnei enquanto me levantava e apontava a arma pra Dean, Sam e Bobby parados ao lado da cômoda.

-O que fazem aqui?Não podiam ao menos bater na porta ao invés de arrombarem?- eu disse irritada.

-Você cresceu tanto, virou uma linda garota desde que sumiu daquele jeito- Bobby disse- senti tanto a sua falta.

-Mentira!Se tivesse sentido realmente não teria me prendido naquele maldito lugar, não teria deixado aquilo acontecer, e não teria me trocado por eles. Os cartões de natal, de aniversário e todos os outros que eu mandava e nunca recebia de volta, as lágrimas que eu derramei quando via você ensinando os dois a atirar e quando os consolava, não, você nunca sentiu a minha falta, mais sentiu a deles. Eu cresci, construí a minha vida revezando entre minha profissão e a caça, sempre sozinha, mais sabe o melhor?O tempo passou e eu percebi que você era descartável e que estava muito melhor sem você!- eu desabafei encarando seus olhos- agora saiam todos vocês daqui!

Eles me encaravam buscando por palavras.

-Isso não é verdade Annice!- Bobby sussurrou.

-É? E quantas vezes você foi me visitar?Ou melhor, quantas vezes ele falou de mim?Aposto que nenhuma- eu olhei pra Dean.

-O que você quer dizer com isso?-Ele perguntou sério.

-Quero dizer que esse assunto já foi encerrado há muito tempo e que não voltará à tona nunca mais, e se não se importam eu tenho que ir embora, há algumas criaturas que devo caçar- eu disse indo pra porta- adeus pra todos vocês.

Senti uma mão forte me puxando pra trás e depois eu estava presa na parede. Zacharias estava ali e se divertia me travando ali.

-Seu desgraçado, solte minha filha!- Bobby gritou.

-Olhe quem quer uma de pai de última hora pra filhinha rebelde não é?Pois eu vim pra cá acabar com ela, então assinta um verdadeiro trabalho de mestre. Nem um demônio faria melhor.

A mão dele subiu e eu fechei os olhos conformada com a situação, pagaria pelo que fiz, ou pelo que acham que eu fiz, pelo menos assim aquela merda toda acabaria.

Um estrondo e uma luz cegante invadiram o quarto. A figura de um homem alto e forte me fez estremecer. Miguel estava ali.

-Saia daqui Zacharias, eu resolvo daqui- ele ordenou.

Todos estavam estáticos dentro da sala, Miguel me olhava diretamente nos olhos.

-Você se acha muito forte ou resistente não?Vou te contar uma velha novidade: você não é!Precisamos de você viva e bem e você sabe disso, você vai dizer sim querendo ou não!Agora, já que eu preciso de você muito bem protegida os Winchesters vão ser úteis.

Miguel me olhava de cima e eu ainda estava travada na parede, ele veio se aproximando majestosamente com um tipo de colar em mãos. Pequenas pedras reluzentes entremeavam-se numa corrente de prata.

-Isso foi útil muitos anos atrás minha querida, agora será de novo, e já sei a quem te confiar- ele sussurrou prendendo o colar em meu pescoço. - pena que isso não pode te coagir através da dor, mais ao menos você ficará bem. Parabéns Dean, você agora é responsável por ela.

Miguel imobilizou Dean e colocou um anel em seu indicador com algum tipo de inscrição nele, segundos depois eu caí no chão tentando arrancar a corrente de meu pescoço.

-O que foi isso?Que merda de responsável é essa?- Dean esbravejou. - Cas!

Outro clarão e depois um anjo de capa apareceu no canto do quarto, seus olhos azuis observando cada canto, e eu quase me sufocando pra arrancar aquilo de meu pescoço.

-Olá Dean, anel legal- ele brincou- belo colar Annice.

Rosnei quando vi com que anjo eu estava lidando. O anjo mais submisso que o mundo já viu.

-Por que eu estou com isso no pescoço e ele tem um anel?- eu sibilei.

-Dean, eu quero que você dê sete passos em qualquer direção- ele disse.

Ele obedeceu e meu corpo parecia estranho, quando dei por mim eu estava em pé onde ele estava parado inicialmente.

-O que é isso?- Sam perguntou.

-É um guia, é uma forma de manter a pessoa a quem você foi confiado por perto, nesse caso manter Annice perto de Dean- ele explicou.

-Tá dizendo que isso é um tipo de... Coleira mágica, ela vai ter que me seguir pra onde eu for?- Dean perguntou parecendo imaginar alguma coisa.

-Como eu tiro isso de mim?!- eu perguntei beirando o pânico.

-Dean tem que te libertar- ele respondeu mecanicamente- agora eu tenho que ir, mais você também pode ir a lugares longe dele, isso se ele autorizar é claro.

-Libertar, tá achando que eu sou o que?Uma escrava?!- eu gritei puxando mais ainda a corrente.

Castiel tinha saído e eu fiquei ali parada beirando o desespero, meu celular tocando exigente.

-Cliff?O que você descobriu, ah, isso eu já sabia. Você sabe aonde é o ninho?-eu disse escutando as coordenadas e desligando o celular.

-Precisa sair gracinha, vai ter que me pedir!-Dean exclamava vitorioso.

Minha raiva já estava no máximo.

-Ariel!- eu gritei.

Outro clarão e um anjo em corpo de criança estava em minha frente, eu queria matá-lo.

-Eu não posso me opor a Miguel Annice!- ele se justificou- mais eu posso dar um jeito nisso pelo menos pra quando você caçar.

Assenti e o pequeno anjo puxou a corrente arrancando algumas pedras dos lados. Parecia que correntes tinha saído de mim.

-Ele sempre saberá onde você está, mais quando você caçar é só isso que posso fazer por enquanto- ele disse já desaparecendo.

Precisava caçar, precisava arrancar uma cabeça ou duas pra me sentir bem. Matar alguns vampiros de Laurence me faria muito bem.

-Você não pode fugir de nós se não estiver caçando, mas mesmo assim eu vou saber onde você está você ouviu seu anjo- Dean zombou.

-Cale a boca!- eu rebati saindo.

Entrei no carro e saí acelerando desenfreadamente pude ouvir ao longe o velho motor do Impala se aproximando. Deixei os carros ficarem lado a lado e aí sim comecei a acelerar deixando-os pra trás. Bobby jazia soturno no banco de trás.

Parei o carro num galpão velho e peguei uma faca de corte longo e um punhal fino. Saí do galpão e cortei minha mão deixando um filete de sangue escapar da ferida correndo vermelho até o chão.

-Caramba, nunca imaginei que vampiros dispensassem um jantar tão... Fácil- eu sussurrei sensualmente abrindo mais um pequeno talho em minha mão.

-Hum... Um jantar assim não é pra ser dispensado, posso sentir até pena quando nós te matarmos- um vampiro velho disse enquanto alisava meu pescoço- Ou você podia se juntar a nós, ser uma de minhas mulheres.

Olhei em volta e vi quatro vampiras maltrapilhas em círculo, sibilando pra mim, ao lado delas dois homenzarrões rosnando abertamente pra mim.

-Acho que não, foi mal Nosferatu mais eu realmente não aceito tratos assim, você precisava ao menos oferecer-me fortuna e boas noites de sexo- eu sussurrei antes de atacar.

Senti minha raiva explodir e comecei a analisar meus oponentes. O que vampiros eram?Fortes mais pores extremamente burros.

Corri as mãos pelo cabo da faca e rodei em torno do próprio eixo desferindo o primeiro golpe. A primeira vampira não passava de um cadáver inanimado.

Um grito agoniado e mais golpes certeiros e totalmente fatais. A faca rodando em minha mão e a pequena adaga cortando o que havia pela frente. Uma sensação de liberdade causada pela destruição, à delícia do sofrimento horrorizado de minha caça, por fim eles estavam acabados mais rápido do que eu queria. Nem o mais velho foi rápido o bastante, conseguindo apenas torcer um dedo ou três num momento de distração. O sangue negro e podre voando e todas as direções e me banhando completamente.

Contei todos os corpos, sete. Faltava um.

Uma sensação de estar sendo observada; virei-me e os Winchesters e Bobby estavam parados ali, armas apontadas e olhos atentos. O vampiro correndo insano em minha direção e minha arma louca pra acabar com quem entrasse em meu caminho.

Sorri de canto e corri de encontro com o vampiro e pulei jogando minhas pernas em seu pescoço e virando, o baque satisfatório arrebentando tudo pela frente, o corpo voltando alucinado na minha frente e meu melhor sorriso de satisfação. Com a mão que não estava torcida fiz sinal pra que ele avançasse e terminássemos nossa dança sem mais delongas.

Corri até o vampiro rodando a espada por cima da cabeça e ouvi o suave tilintar e o doce som da carne lacerada, um novo banho de sangue me envolveu por completo. Soluços incontidos vindos de algum lugar familiar; olhei pra poça de sangue negro na minha frente e vi que os soluços eram meus.

Olhei pra cima e vi todos ali me encarando sem expressão, o rio ao meu lado resolveria um de meus problemas por enquanto. Dei alguns passos e me joguei na água fria da meia noite, o sangue saindo de meu cabelo fazendo-o retornar ao branco original. A posição animalesca tomando conta de mim enquanto eu me limpava.

Saí da água depois de ver uma enorme fogueira ganhar vida, eles tinham queimado meus troféus antes de eu contemplá-los.

Meus olhos se vida encaravam os de Bobby. Os dele cheio de dor, não me importei nem um pouco com isso e sorri docemente antes de contorná-los até meu carro.

-Volte aqui agora!- um grito de Dean me fez olhar pra trás.

Sorri e continuei andando na direção contrária a dele. Uma sensação estranha, uma sensação de quase estar sendo arrastada pra perto deles sem meu consentimento, minha mente querendo avançar e meu corpo querendo retroceder.

-Mais não mesmo!Ariel venha já aqui!- eu berrei furiosa.

Ele apareceu na sombra da noite me olhando assustado, um sorriso raivoso brotando em meu rosto.

-Vocês me querem viva?Pois me tirem dessa maldição agora ou eu mesma acabo com isso!- eu disse apontando a adaga pro pescoço.

-Você não teria coragem, e mesmo se o fizéssemos nós te ressuscitaríamos.

-Ah, Miguel. Quantas vezes eu voltar significam quantas vezes eu vou me matar então, já disse e vou repetir: Libere-me disso agora!- eu sibilei.

-Isso na cabe a mim, cabe a Dean- ele respondeu encarando o homenzinho petulante ao meu lado.

Estiquei um pulso e comecei a abrir um pequeno talho, mais um filete de sangue correndo por mim.

-Preciso que você fique com eles!Uma semana!Uma semana é o que eu te peço!- Miguel praticamente implorou.

-Me liberte agora!- eu gritei encarando Dean furiosamente.

-Tudo bem, mais você tem que prometer!Mas mesmo se o fizer, o que me garante que você não vai fugir?-ele perguntou.

-Minha palavra já é o suficiente – rebati seca.

-Pode ir, está livre- ele disse firme, Sam e Bobby me encarando.

A corrente e o anel caíram e eu entrei no carro acelerando ao máximo.


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Notas finais do capítulo

e ai,o que acharam?