Conte até 3 - So What? escrita por Bea


Capítulo 2
Definições.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/148915/chapter/2

Se for comparar as estatísticas, a probabilidade de eu morrer com meu esputo é maior do que em uma queda de avião. Mas quando irão fazer a estatística sobre as chances de eu morrer durante essa viagem de carro até Washington DC com Penny dirigindo?

Ela não me deixa fazer os cálculos. Isso é tão inacreditável. Números não mentem. Tive que “aprender” a falar estupidamente. É como pedir para Leonardo Da Vinci desenhar a Monalisa em palitos.

Viajei com meus números na cabeça e Penny com uma combinação de vozes na dela. Três caras e uma mulher falando de sensações pré-programadas de uma noite boa (ou algo chulo como pressentimento?) e algo com bom bom pow que não vi utilidade em compreender.

Chegamos na frente do edifício onde Leonard e Hayley moravam. Um conjunto habitacional muito bem projetado com algumas características espanholas do século XVII. O carro de Penny perdeu a cor (metaforicamente falando. Olha como ela me faz pensar...) no meio de tantos modelos de fabricantes orientais. Claro que era apenas efeito de uma lataria bem conservada e uma iluminação impecável.

Hayley nos recepcionou. Eu a olhava e não conseguia atribuir ela a nenhum lugar do mundo. Pessoas caluniaram sobre minha aparência, dizendo que eu não parecia humano. Tenho todos os 206 ossos e músculos e órgãos e, obrigado Senhor, um cérebro avançado. Sou mais humano que ela, apenas um pouco à frente.

- Shenny! – Hayley sorriu dando pulinhos parecendo um filhote canguru na frente de algo novo. O que ela definia como novo?

- Hayley, como está bonita! – Penny a abraçou. O que ela definia como bonito?

- Obrigada!

Penny sorri e olha para mim tentando me falar alguma coisa. Mexia a cabeça na direção de Hayley... Ah! Cumprimentá-la, naturalmente.

- Boa Tarde Hayley Assov-Hofstadter. – Estendi a mão contra vontade – Magnífico conjunto habitacional. Aprecio os toques espanhóis na entrada.

- Ah, Leo falou que você gostaria.

Assenti mesmo sem entender a necessidade disso. Uma coisa que aprendi com Penny (me surpreendo cada vez que falo que aprendi algo com ela): assentir quando você não entende faz com que a pessoa mude o tópico da conversa.

Sr. Hofstadter apareceu no saguão do edifício, sustentando seu doutorado nos saltos (Penny está me estragando!) com elegância. Penny imediatamente enlaçou seu braço no meu. Eu já tinha me acostumado até em certo ponto com o toque dela. Olhei para ela que agora tinha as bochechas coradas. Busquei pelo motivo, mas antes que pudesse chegar a qualquer conclusão, constatei que ela temia por mim e a Sr. Hofstadter. Me perguntei como ele definiria isso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!