Chama Branca escrita por kamis-Campos


Capítulo 1
Tormenta


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do cap! É a primeira fic que posto sobre Edward e então, espero imensamente que aceite-a com grande carinho.



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Capitulo 1 – Tormenta

POV Edward

Anos se passaram. Mas, para mim pareceram semanas lentas e monótonas. Romance, conflitos, sentimentos redescobertos, a familiar casa, tudo não pareceu mudar. Tinha o mesmo aspecto, a mesma rotina, o mesmo patamar. Sabia que minha existência precisava de algo mais, faltava uma peça chave para ser finalmente feliz. O que, eu não sei.

Amava ternamente a Bella, e tinha a plena consciência de que ela sentia o mesmo por mim. Mas, tudo estava definhando. No passado, quando humana, ela era tudo e mais um pouco para o meu ser. Quando se tornou vampira, não conseguia explicar tal sentimento absurdo que sentia por ela, era um amor exagerado e louco.

Mas, agora, tudo pareceu apenas felizes lembranças. Antes raramente brigávamos, hoje em dia, isso estava virando rotina. Aquele desejo abrasador que antes sentia por ela, parecia não existir. Vemo-nos pouco, trocamos palavras curtas e secas todos os dias, lido com a solidão de novo. Parece que ela não está ao meu lado, parece que ninguém está ao meu lado.

Estava novamente em meu mundo sem cor. E isso me dói, faz com que me arrependa de minhas escolhas e sabia que algo estava errado. Tinha alguma coisa que não se encaixava e não era Bella que havia mudado. Sou eu.

Nessas horas que me dá vontade de fugir pra bem longe, se tivesse que ficar sozinho seria de um jeito mais confortável e sadio. Era nessas horas que fugia, porque sabia que as coisas piorariam.

Se pudesse... Se, realmente, pudesse ir embora, iria. Mas seria imprudente. Havia uma criatura que me prendia aqui, minha filha. Reneesme já alcançara sua idade adulta, havia chegado ao seu auge de crescimento e agora era uma mulher. Uma extraordinária e linda mulher, que acabará de se casar com o homem de sua vida.

Poucos têm a sorte de ter alguém como Jacob e, minha filha teve essa sorte. Confiava nele mais do que tudo, sabia que iria cuidar e amar Reneesme mais do que todos ali, com Jake ela estaria segura. Mas, não estava preparado para largá-la e, mesmo que fosse ruim admitir, ainda amava Bella.

Não como antes, mas a amava o necessário para não deixá-la sozinha, sabia que iria sofrer com a minha partida e isso não me agrada. Tinha a abandonado antes e sabia que isso a machucou muito, na verdade aquilo quase nos matou. Mas o que fazer quando sente que ali não é seu lugar?

- Oi, Edward. – Alice senta-se ao meu lado, fitando-me esquisita. Em sua mente só havia uma coisa, uma terrível confusão de dúvidas, que naturalmente ela não tinha. Porque ele faria isso? Essa pergunta veio em sua cabeça e isso me despertou.

- O que eu faria pra você estar assim? – perguntei com as sobrancelhas unidas. Ela se limitava a pensar no assunto.

- Você é um mal-agradecido. – disse acusadoramente, espetando o dedo em meu peito. – Porque será que eu vejo você indo às escondidas para a Austrália?

Então, uma visão veio em sua mente. Eu estava desembarcando em um aeroporto sozinho e em meu rosto continha um grande sorriso de alegria. Logo, a visão muda e eu estava em uma das praias de Sidney, apenas observando o mar. A olho nos olhos e ela logo suspira, convicta.

- Olha, eu não sei o que se passa aqui dentro – Alice dá um peteleco em minha cabeça. – Mas, me prometa que não vai fazer nada de irresponsável e perigoso, ou que, certamente, machucará a Bella?

Eu a encarei sério. Aquela promessa eu não sabia se cumpriria, mas algo me dizia que devia me mandar o mais rápido o possível dali. O jeito mais coerente de sair sem mais problemas, é não fazer promessas que sabe que não cumprirá.

- Alice, me desculpa... – abaixei o olhar para o livro em minhas mãos. – Mas, isso eu não poderei cumprir. – disse em um sussurro.

- Então, você pretende ir mesmo embora? – pergunta desviando os olhos para a janela. Ela sofria tanto quanto eu. Ela amava Bella e Reneesme, sabia que ambas sofreriam muito. Só que ela tinha que entender que eu nunca seria feliz aqui, como um dia eu já fui.

- Ainda estou pensando em uma possibilidade. – consigo dizer, quando meu peito se enche de agonia e infelicidade ao cogitar a idéia de deixar minha família, a que eu tanto amo e prezo. Seria difícil abandoná-los, mas a dor seria maior se ficasse ali. Aquela solidão insuportável, a farsa de um casamento harmonioso e feliz.

Mas, valeria à pena jogar fora todo o esforço que tive pra ter aquilo? Seria o certo?

Nunca me senti tão dividido como naquele momento, na pequena sala do meu chalé. Alice me observou atenta e cuidadosa, seus pensamentos vinham como espadas, golpeando minha cara. Bella não iria agüentar te perder de novo. Pensou antes de sair, deixando-me sozinho.

Mas, eu não iria suportar viver uma mentira. Pensei, largando o livro sobre o sofá. Se continuasse ali, estaria mentindo pra mim mesmo. Isso era o mais errado, ninguém foi feito pra viver se baseando em uma tormenta de vida. Eu não fui criado para passar a minha longa existência sendo alguém que eu não sou.

Sem pensar muito ao respeito, corri de encontro à clareira de flores. Nunca mais tinha ido ali, desde que toda essa turbulência começou. Estava igual, intacta como eu e Bella deixamos na última vez que estivemos ali. Fora uma primavera colorida e alegre, tudo em que pensávamos era amor.

Naquela época sorria de qualquer coisa, mas hoje nem que a própria Piada viesse em carne e osso, eu não sorriria. Nunca pensei no futuro, já que pra mim ele era algo já decifrável e comum, mas agora sei que ele é um grande mistério. Mesmo com uma irmã vidente, ainda tento entender como eu vim parar naquela situação. Era previsível? Possivelmente, não.

- Posso falar com você? – A voz de Bella me alcançou. Ela vinha devagar, na velocidade humana por trás de mim. Estava de costas pra ela, sentado no meio da campina, enquanto a leve brisa balançava as delicadas flores a minha volta, sinuosamente.

- O que foi? – perguntei, já um pouco incomodado com a sua presença. Sempre que Bella pedia para conversar, sempre acabava em discussão. Já era comum isso entre nós e eu estava com minha paciência no limite. Aquele não era o melhor momento para ter-se uma conversa.

Alice já me contou. Deixou esse pensamento escapar, aproximando-se cautelosamente. Suspirei irritado. Alice poderia ser minha irmã, mas ela era a melhor amiga de Bella, claro que ela iria contar cedo ou mais tarde. No caso, foi mais cedo do que eu imaginava.

- É, eu devia saber disso. – murmurei ainda sem me virar para olhá-la. Tínhamos que esclarecer os fatos, era agora ou nunca. Ser sinceros um com outro, não dava pra conviver assim. – Bella, eu te amo, mas... Desse jeito, é impossível de se conviver.

- O que eu fiz de errado? – ela parou na minha frente, completamente desesperada. – Me transformei em vampira por você. Abri mão de tudo por você. – ela esbravejou, então seus olhos voltaram para mim tristes e angustiados. – O que mais devo fazer?

- Nada. – disse calmo, levantando-me. – Você não deve fazer nada. Bella, você é perfeita de todos os modos, fico grato por ter você ao meu lado, mas o errado aqui sou eu.

- O que? – ela me olhou confusa, um conflito que virava fúria.

- Nossas brigas, os desentendimentos, nosso afastamento... – levantei os olhos para o céu, nublado e cheio de nuvens cinzentas. – Tudo sou eu. Na verdade, eu não sou feliz.

- Como assim não é feliz? – Bella se sobressaltou, realmente assustada e furiosa.

- Eu não sou feliz com a existência que eu levo. – abaixo meu olhar para seus olhos, que estavam vagos. – Eu não agüento mais brigar com você todos os dias, estou sufocando...

- Mas, amor! – ela se aproximou pegando meu rosto entre suas mãos. – Eu te amo, você me ama, isso não basta?

- Não, não basta. – disse de olhos fechados, ignorando a dor que se passava nos seus olhos já caramelo. Suas mãos largaram meu rosto, impetuosamente.

- Você não me ama mais? – perguntou com a voz em agonia e tristeza. Fiquei em silêncio, não queria mais responder a suas perguntas tão vagas. Tinha que dá um ponto nisso, eu tinha que ser sincero e dizer o que eu realmente sentia. – Responde, Edward! – gritou em resposta ao meu silêncio.

- Sim... – Bella pareceu um pouco aliviada, enquanto eu abria os olhos lentamente. – Mas, de um jeito diferente. Eu te amo o necessário, para desejar vê-la feliz. Eu quero que esteja bem e realizada, mas não do meu lado. – a observei, tentando detectar qualquer raiva eminente, mas só havia dor. Alice tinha razão, ela não superaria.

- Pare de falar estupidez! – disse balançando a cabeça de um lado pro outro, como se tentasse compreender. – Eu já sou feliz e realizada com você. Edward, meu mundo é seu... Não posso apreciar outro a não ser você.

Aquilo só me irritou. Como ela pode amar um ser tão bipolar e simplório como eu? Bella merecia o melhor pra ela, sabia que ela não encontraria a felicidade ao meu lado, e nem eu ao lado dela.

- Entenda, eu não sou certo pra você. – respirei fundo antes de acrescentar. – E nem você pra mim. – eu vi seu rosto afundar.

- Não repita o mesmo erro do passado, Edward. – disse sem emoção e com olhar duro e frio. – Olhe pro que está falando, está contornando o passado novamente. Lembre-se que aquilo quase nos matou...

- Não estou voltando ao passado. – eu disse certo. Quando decidi ir embora, estava fazendo aquilo por ela, eu queria ela longe de meu mundo sombrio. Ainda a amava intensamente e queria que ela tivesse alternativa de uma vida digna. Mas o que estava preste a fazer era mais por mim. Bella nunca entenderia. – Apenas, quero ter a chance de descobrir o verdadeiro sentido da felicidade.

- Eu não te faço feliz? – disse em um tom baixo, quase sussurrado.

- De certa forma... – me aproximei para tocar seu rosto, fazendo-a me olhar. – Mas, não é o bastante.

- Você não me ama, né? – retornou a sua pergunta anterior, agora de forma mais calma e retórica. – Nunca me amou...

 - É claro que eu sempre amarei você... De certa forma. Mas, entenda que o que agora eu sinto, se dá a uma amizade enorme e um afeto de irmão. Quero vê-la feliz, mas se eu continuar aqui... Passarei a ser apenas um mero robô da vida, seria infeliz. – suspirei, abraçando-a. – Eu tenho que pensar em mim, também. Porque eu estou... Cansado de fingir ser uma pessoa que eu não sou, Bella. Cansado de me vê, novamente, sozinho.

- Quem disse que você está sozinho? – perguntou, pegando minha mão.

- O mundo disse. – respondi, beijando-lhe a testa e passando os braços pelos seus ombros. Bella naquele momento se dava melhor como uma amiga, e me sentia aliviado por ter, finalmente em anos, uma conversa civilizada com ela. Na verdade, por eu ter me controlado e transformado aquilo em uma boa conversa entre amigos. Sabia que ela não tinha culpa, e que eu era o vilão dali.

- E quem liga para que o mundo diz? – ela disse sorrindo e abraçando minha cintura. – Edward, se é isso mesmo que você quer, se não é uma de suas decisões precipitadas de certo ou errado, então... Vá! Eu não posso te impedir e só quero que não faça nada de perigoso que vá lhe machucar, se não eu morro. E...

- Prometo que tomarei cuidado e serei responsável. – a interrompi sorrindo, quando percebi que ela começaria com o seu discurso maternal. Bella havia adquirido esse instinto ao nascimento de Nessie.

- Bom saber! – assentiu autoritária e rimos. Havia nela uma expressão preocupada e sabia que ela estava aflita por saber que irei embora. Eu sabia que ela me esperaria e isso era errado.

 - Bella. – A chamei e ela parou, me olhando curiosa. – Me prometa que viverá sua eternidade sem se prender a mim?

- Mas, Edward...

- Você tem o direito. – disse calmo e riste. Não podia deixá-la se iludir por alguém que não poderá voltar, a dor seria pior. – Me promete?

- Sim. – sorriu triste, enquanto caminhávamos de volta a casa.

Bella tinha que aprender a ser forte e viver a sua eterna vida com alguém que a merecesse e que correspondesse plenamente ao seu amor, como um dia eu fui, ela teria que aprender a amar de novo. Ela não poderia se prender a mim, baseando-se em minhas lembranças, esperando pela minha volta ou se lamentando por não ter sido a melhor. Seria um desperdício, que a machucaria ainda mais.

Será que estava preparado para deixar tudo que eu lutei com tanto fervor?

Admito estar dividido. Não estava nada contente em deixar tudo isso pra trás, como se fosse apenas um papel amassado e riscado. Eu tinha uma vida e uma família que lutei para manter, meu esforço foi em vão?

Amei Bella incondicionalmente e lutei por tudo e todos para mantê-la segura e feliz; lutei contra o que sou, para ficar ao seu lado; tentei fugir e desaparecer de sua vida, como se eu nunca tivesse existido, mas acabou que nos condenado ao Volturi; derrotei James e Victoria, e isso não foi o bastante para mantê-la salva; lutei por seu coração contra Jacob e, parece que também não foi o bastante, afinal ele fazia parte da vida dela, tanto quanto eu.

Lutei contra os recém-criados por ela; fiquei ao seu lado, enquanto ela morria lentamente por causa de Reneesme. A condenei ao inferno, quando a transformei em vampira e enfrentei os Volturi por causa dela e, principalmente, por Nessie. Isso tudo foi em vão? Será que valeu a pena?

- Eu não sei. – sussurrei, esperando que Bella estivesse distraída demais para ouvir. Felizmente, ela fingiu não prestar atenção.

Sabíamos que tínhamos uma criatura final para enfrentar. Reneesme, ao contrário de Bella, tinha um gênio que poderia complicar minha decisão. Desejei que Jacob estivesse ao nosso lado, ele a reconfortaria melhor do que a gente. Minha filha não estava nada satisfeita com o rumo que seus pais estavam tomando.

Não podia ser fraco o bastante para poder desistir agora.


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Notas finais do capítulo

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