Remenissions escrita por lucy_b


Capítulo 2
This is not the End


Notas iniciais do capítulo

Meu Deus, vocês me deixaram muito feliz com os comentários! Eu nunca pensei ver algumas das minhas autoras favoritas elogiando uma Fic minha *--* Se eu não responder todos, é porque eu realmente não sei o que falar. Muito obrigada. Enfim, boa leitura!



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   O sol entrava de maneira desconfortável pelas brechas que sua fina cortina de seda deixava, iluminando parcialmente o quarto. A luminosidade era irritante para a garota que já tinha os olhos inchados de tanto chorar. A culpa e o remorso latejaram em sua cabeça pela noite inteira, era repugnante saber que tudo aconteceu porque ela era uma criança mimada que não sabia dar valor ao que tinha. Mas não era bem assim, Annie não era uma assassina e de forma alguma fora a responsável por aquele acidente. Mas aconteceu, e desde que a noticia fora lhe dada seu mundo mudou, seu mundo caiu. Ela não sorria, não ria, não demonstrava qualquer emoção e chorava pelos cantos da casa quando tudo estava escuro. Aquela definitivamente não era a garota que se mostrava forte para todos, aquela estranha que via no espelho todas as manhãs não era ela, mas e se realmente fosse? Quer dizer então que ela sempre foi fraca? Assustava-lhe pensar uma coisa dessas.

   Abriu lentamente os olhos e se levantou preguiçosamente da cama. Ela queria ficar e dormir um pouco mais, porém sabia que sua mente a trairia e a levaria para o dia da morte dos seus... Espantou mais uma vez o pensamento, não se permitia pensar neles, não depois de tudo. Ela os amava tão profundamente... Porque isso teve de acontecer? Porque a vida estava-lhe testando tão cruelmente? Não via sentindo nisso, talvez porque não tivesse. Piscou algumas vezes, tanto para acordar quanto para espantar os assuntos mórbidos que pairavam dentro de sua mente inquieta. Já se passaram quatro meses, ela precisava viver um pouco a sua vida. Então ela jurou que hoje seria diferente, que hoje ela tentaria correr atrás de algum sonho e mudar, quem sabe, um pouco do seu destino. Mas ela também fez esse mesmo juramento ontem, também fez esse mesmo juramento semana passada, e também fez esse mesmo juramento mês passado. Ela era uma fraca, e custava-lhe admitir isso, mas admitiu.

   Caminhou até o banheiro e fez sua higiene matinal, evitando encarar muito o espelho, por mais que não conseguisse ignorar o fato de não gostar do que via. Não por questões físicas, mas sim por emocionais, ferimentos invisíveis que ninguém conseguia enxergar. E, além disso, também não gostava dos olhos inchados, dos cabelos negros grudados nas maçãs do rosto, graças às lágrimas. Ela não gostava dos olhos castanhos emanando a tristeza presa dentro de si. Era como se ver perdendo uma guerra, uma guerra seu próprio eu, com sua dor.

   Droga, ela estava fazendo de novo! Será que não podia ficar um pouco sem pensar na morte e coisas do tipo? Será que cair em depressão duas vezes já não fora o suficiente? Suspirou pesadamente e desceu as escadas em direção a cozinha. Não estava com vontade de comer, mas precisava de algo para sustentá-la pelo resto do dia. Engoliu o lanche que preparou e foi para a sala, sem qualquer sinal de animação. O sentimento monstruoso que acompanhava ela desde que seus pais morreram ainda continuava a martelar em seu coração: “não tem ninguém em casa, não tem ninguém em casa”. Era horrível.

   Um nó começou a se formar em sua garganta e ela fez questão de não deixá-lo passar, mesmo que tenha que tomar dois comprimidos para depressão, ela não ia chorar agora. Não podia. Ligou a TV em um canal qualquer e se virou para o telefone empoeirado ao lado do sofá, talvez pudesse ligar para alguém e sair um pouco, respirar ar puro e esquecer mesmo que seja por alguns minutos a morte de seus pais. Pegou o aparelho com receio, discando o primeiro numero que veio em mente. O barulho que o telefone fazia parecia ameaçador, como se todos aqueles “tus” estivessem a acusando de algo.

   - Alô? – Uma voz conhecida e animada atendeu, só então Annie se deu conta para quem tinha ligado. Não podia fazer escolha melhor.

   - Evelyn? – A garota perguntou, com poucos sinais de animação, por mais que estivesse alegre por ouvir novamente a voz da amiga.

   - Annie? Annie Marie? – A outra perguntou, descrente – Ah, meu Deus, Ann! É você! Porque não me ligou e nem deu noticias, menina? O que aconteceu para se desligar do mundo? Fiquei preocupada...

   - Não aconteceu nada – Mentiu. Ninguém mais sabia da morte de seus pais, a morena resolveu esconder, ficaria mais fácil – Mas eu estava pensando em sair. Como nos velhos tempos, sabe?

   - Eu vou a um show hoje – Contou, animada – E um amigo meu ficou doente e deu seu ingresso pra mim. Eu sei que você não gosta muito dessas coisas, é um show de Rock, mas você vai fazer um sacrifício pela sua amiga de todo o sempre, não é? Vamos, por favor?

   A garota se permitiu sorrir, aquela louca com quem falava no telefone fez muita falta durante tantos meses. Nem considerou a proposta, apenas queria rever sua melhor amiga. Queria ser feliz por algumas horas, mesmo que essa felicidade seja ir a um show de Rock.

   - Tudo bem – Respondeu sem hesitar – Nós vamos a esse tal show, só queria ver você mesmo – Deu um sorriso tímido.

   - Quem é você e o que você fez com a Ann? – Riu – Desde quando você aceita me acompanhar em algum show, garota? Enfim, não quer nem saber qual banda que vai tocar?

   - Fala - Deu de ombros, aquilo não importava muito.

   - Avenged Sevenfold! – Evelyn respondeu e, mesmo pelo telefone, Annie sabia que seus olhos estavam brilhando. Lembrava-se vagamente da amiga falando freneticamente sobre essa tal banda – E como você é um desastre para se vestir, eu vou passar na sua casa agora, okay? Quero chegar logo na fila – Falou, manhosa.

   Era tudo o que ela precisava: algumas horas com Evelyn dizendo o que ela devia vestir ou não. Antigamente ela achava chato e entediante, mas hoje tudo estava mudado e ela precisava da companhia da amiga. Um sorriso tímido e sincero brotou em seus lábios.

   - Por mim tudo bem – Respondeu – Você vai passar aqui agora?

   - Vou! Então trate de deixar a casa apresentável, ouviu? – Brincou, alegre, do jeito que sempre fora. Annie adorava aquela garota – Ann, seus pais estão em casa? Estou com saudade deles – Perguntou, inocentemente, mas fazendo o sorriso desaparecer do rosto da morena.

   - E-Eles viajaram – Gaguejou, segurando as lágrimas.

   - Ah – Suspirou, um pouco frustrada – Tudo bem, já ‘to indo ai.

   Evelyn desligou, deixando Annie sozinha escutando o barulho irritante que o telefone fazia. Como contar para a amiga tudo o que aconteceu? Com que palavras ela ia explicar que tudo foi culpa dela, Annie Marie Lee? Era complicado demais, por tanto optou por não contar para a garota o que realmente tinha acontecido. Ela não ia entender, uma vez que a própria Ann também não entendia.

   Passaram-se mais ou menos quarenta minutos e Evelyn já estava na porta da casa de Annie, sorridente e já devidamente vestida para o show, carregando uma sacola que a morena tinha medo de perguntar o que era. Evelyn não tinha mudado muita coisa, ainda tinha a pele com um tom moreno realmente forte, os cabelos lisos até um pouco abaixo do ombro e os olhos azuis que deixavam hipnotizados qualquer homem. Ela trajava uma calça jeans preta rasgada e desgastada, sendo tampada até quase abaixo do joelho por seu all star cano alto preto. A camisa era da banda, com o deathbat no centro e o nome Avenged Sevenfold escrito em volta da caveira, formando um circulo perfeito. Ela estava realmente muito bonita, afinal, era sua banda favorita.

   - Estou com medo – Annie admitiu quando a amiga já estava em seu quarto, procurando algo na sacola que levara – Sério, sempre tive medo quando você trás coisas da sua casa. Qual é o problema com o meu guarda-roupa, Miller? – Chamou-a pelo sobrenome, fingindo indignação.

   - Você é certinha demais – A garota fez uma careta – E quero que você esteja no nível certo para assistir a um show daqueles.

   - Não vejo o porquê.

   - Mas eu vejo, agora cale sua boca e dê um jeito nessas suas olheiras! Estão horríveis, Ann. Você andou chorando?

   - Computador – Mentiu.

   - Você nunca ficou muito no computador, senhorita Lee.

   - Passei a ficar.

   - Você não me engana! – Evelyn apontou o dedo indicador para Annie – Eu vou descobrir o que está acontecendo, quer você queira ou não.

   - Você me dá medo – Suspirou.

   - Vou dar mais medo ainda se você não se vestir logo, VAI! – Gritou, jogando uma calça jeans preta também rasgada e extremamente colada no corpo, um coturno, e uma camisa preta da banda (que deixava seu ombro direito exposto, enquanto o resto do tecido caía sobre seu corpo suavemente, moldando-o. No centro da camisa o slogan da banda estava quase que fora de foco, mas combinava perfeitamente com o visual). Ela tinha de admitir, ficou bem com aquela roupa.

   Saiu do banheiro um pouco tímida, recebendo as palmas calorosas da amiga que estava sentada na cama.

   - Parabéns! Doeu se vestir bem uma vez na sua vida? – Perguntou em tom de brincadeira – Agora vamos, temos que dar um jeito nessa sua cara amassada, ou você quer ir assim a um show com os caras mais fodasticos de todo o planeta? – Riu.

   - Pra falar a verdade: quero.

   - AH, CALA A BOCA, MULHER! – Evelyn gritou, tacando-lhe um travesseiro na cara. Annie riu verdadeiramente pela primeira vez em quatro meses. Talvez ela esteja se curando.

***

   O estádio estava lotado de jovens e até adultos, todos gritando frases de musica, tacando comida uns nos outros e gargalhando das besteiras que falavam. Apesar da fila estar uma verdadeira baderna, as amigas gostaram de estar lá no meio de tanta gente, só de olhar para aquele grupo de fãs elas sabiam que eram legais. Claro que a alegria acabou quando elas notaram que a fila dava voltas, virando o quarteirão inteiro. Devia ter mais de 5.000 pessoas ali.

   - Droga – Evelyn murmurou, irritada.

   - Você não me conhece mesmo, não é? – Annie piscou e andou até um rapaz que era um dos primeiros da fila, se aproximando dele perigosamente, quase que prensando-o contra a parede do estádio – Oi, meu nome é Annie – Se apresentou, usando uma falsa inocência – Eu e minha amiga estamos meio perdidas, sabe? Gostamos muito do... – A morena olhou para a blusa do rapaz – Avenged Sevenfold. Somos extremamente fãs, será que não podemos ficar com você na fila?

   - Olha... Annie, certo? Eu bem que queria, mas... – Ele começou.

   - Mas...? – A garota chegou mais perto, fazendo seus rostos ficarem a centímetros de distancia, e mesmo assim com a inocência no olhar – Por favor, eu queria muito ver eles de perto.

   O garoto suspirou e cedeu o lugar dele. Annie estava feliz por ter feito aquilo com o jovem, estava vivendo sua antiga vida, ela estava tentando ser feliz, por mais que isso envolva a covardia que ela fez. Sorriu quando o portão se abriu e Evelyn praticamente voou para dentro do estádio, arrastando-a junto. Ela devia mesmo ser fã desses caras. Conseguiram pegar um bom lugar, bem perto do palco, graças a Annie. Evelyn gritava como uma louca, e ao mesmo tempo explicava para Ann quem era quem na banda. Ela conseguiu entender um pouco.

   Mas foram quando os sinos de Nightmare começaram a tocar que os fãs ficaram loucos. Era muita gritaria, muita gente segurando o choro, muitos admirados, outros dizendo palavras bonitas para os ídolos. Então um cara forte, tatuado e com um Ray-ban se posicionou no meio do palco, seguido de outros três, e logo depois o baterista foi para seu devido lugar. Passaram-se poucos segundos e o vocalista começou a cantar. Se Ann se lembrava bem, aquele devia ser o M. Shadows.

   Do resto do show nenhuma das duas se lembrava muito, mas a energia que aqueles caras passavam era contagiante. Evelyn tinha razão de gostar deles. Além da musica ser boa, eles pareciam ser legais também. Mas a alegria durou pouco, quando começou a musica Save Me Annie começou a passar mal, não estava mais habituada a tanta gente em volta de si, em um lugar tão animado e, principalmente quente. Ela sabia que devia ter comido mais alguma coisa antes de ir para o show. Os olhos dela se encontraram com o do guitarrista Synyster Gates, então toda a consciência se esvaeceu de seu corpo. Definitivamente ela não servia para ir a shows de Rock.

***

   - Annie? Annie? – Uma voz praticamente berrava em seus ouvidos – Que droga, Annie Marie, quer fazer o favor de acordar, sua vaca?

   Lentamente a morena abriu os olhos, estava em um lugar claro, mas ainda estava tudo muito embaçado. A única pessoa que ela conseguia ver era Evelyn. E mais nada. Uma luz forte atingiu seus olhos e ela instantaneamente os fechou. Aquela não era uma situação muito confortável, afinal, não sabia onde estava e tudo aquilo a fazia lembrar do dia em que seus pais morreram, do dia em que sua vida mudou.

   - Vadia, você me fez perder o show! – Evelyn gritava, tentando bater em Ann, mas sendo impedida por alguém, que ria.

   - Seu amor me comove, Ev – Ironizou, ainda sem abrir os olhos.

   Quando finalmente os fez conseguiu ver que estava em uma sala que mais parecia um quarto de hospital, com várias “macas”. Algumas pessoas também estavam lá, desacordadas. Olhou em volta e viu um segurança parado em frente a uma entrada da onde era possível ver a equipe técnica do Avenged Sevenfold trabalhando. Ann olhou para frente e viu uma Evelyn descontrolada e uma mulher loura rindo da situação, tentou falar alguma coisa, mas foi interrompida pela mulher.

   - Você comeu alguma coisa antes de vim para cá? – Ela perguntou com uma voz doce, parecia preocupada.

   - A única coisa que eu comi foi um cereal, isso foi as duas da tarde – Admitiu, meio envergonhada – O que aconteceu?

   - Você desmaiou e me fez perder o show – Evelyn cruzou os braços, irritada, e bufou, parecendo uma criança.

   - Levamos as pessoas que passam mal pra cá, então damos alguma coisa para elas comerem e as liberamos – A loura explicou calmamente – Aliás, eu sou Valary – Ela estendeu a mão e sorriu.

   Annie apertou-a com um pouco de receio, mas retribuiu o sorriso, coisa que era difícil fazer a algum tempo atrás.

   - Annie Marie – Se apresentou formalmente.

   - Ela é namorada do M. Shadows, anta! – Alertou Evelyn, ainda irritada – Faça-me o favor de não me fazer passar vergonha.

   Valary riu e me ajudou a me levantar.

   - Não é pra tanto – Sorriu – Somos namorados como qualquer outro, se ele é cantor ou pedreiro, não importa. Eu apenas o amo. – Seu olhar ficou distante por algum momento e depois se direcionou para Ann – Vem, vamos comer alguma coisa. O show já acabou, então talvez vocês até possam encontrar os meninos andando por ai.

   Evelyn esboçou um grande sorriso e bateu palmas, alegre.

   - Eu te amo, Ann querida! Obrigada por passar mal! – Exclamou.

   - Eu não sou fã – Murmurou, um pouco envergonhada – Só acompanhei minha amiga porque faz tempo que não nos falamos.

   - Melhor – Valary suspirou, aliviada – Não temos tempo de ficar cuidando de fãs paranóicas – Sorriu – Sem ofensas, Evelyn. Nós sabemos o quanto isso é importante para os fãs, mas muitos querem tirar pedaço dos garotos – Riu – E não que eles não gostem de todo esse amor, mas tem vezes que fica demais – Seu olhar novamente ficou distante e depois ela sorriu, radiante – Se você não é fã e Evelyn parece se controlar e eu gostei de vocês, porque não comem alguma coisa conosco? Os garotos têm um banquete esperando por eles toda vez depois que terminam o show, deve sobrar alguma coisa pra vocês.

   - Seria maravilhoso – Sorriu – Mas não queremos ser um incomodo.

   - Queremos sim, Lee! – Evelyn murmurou, irritada.

   - Não vai incomodo nenhum – Valary sorriu – Gostamos de conhecer pessoas novas, e, aliás, me chamem apenas de Val.

   - Tudo bem – Annie e Ev responderam em coro, as duas estavam realmente com fome, e Ann tinha passado mal. Precisavam comer alguma coisa antes de ir para casa.

   As três caminharam entre os corredores dos bastidores e encontraram uma pequena placa que indicava que ali ficava o local para comer. Assustou um pouco Annie saber que aqueles homens tinham uma sala inteira reservada apenas para a comida, mas não se importou na hora, afinal, seu estomago já estava começando a reclamar.

   Val abriu a porta e as duas entraram. A sala estava vazia, o que deixou Ev meio que sem esperanças, mas mesmo assim começaram a comer. Valary disse que voltava depois, tinha ainda que fazer algumas coisas em relação ao show.

   - Você tem idéia do quando isso significa pra mim? – Evelyn começou a falar enquanto mordiscava um pedaço de carne – É meu sonho se tornando realidade, Ann, meu sonho desde de 1999!

   - Você é dramática – Concluiu – Eles são pessoas como outros qualquer, não tem motivos para achar que eles são Deuses.

   - Eu sei que não são – Suspirou – Mas eles são meus heróis, podem parecer meio vilões, mas ainda sim têm a minha admiração.

   - Vai ver eles nem são tudo isso.

   - Talvez não sejam, você tem razão, mas eu ainda acho que estou realizando meu sonho, que é conhecer os meus heróis.

   - Se você acha – Deu de ombros.

   Assim que a pequena conversa entre as duas terminou, Valary rompeu pela porta, gargalhando, sendo acompanhada de M. Shadows, Synyster Gates, Zacky Vengeance, Johnny Christ e Arin Ilejay. O coração de Evelyn parou naquele exato momento.

   - Cara, eu ‘to com MUITA fome! – Zacky gritou, correndo em direção a mesa – Não sei como o Gates ainda teima em ficar dando pirueta igual a uma gazela lá no palco. Você tem idéia da minha decepção?

   - Fica quieto, bolota – Rebateu, ainda sem notar a existência das duas garotas na sala – Você nem consegue se mover direito com tanta gordura. Pelo menos eu posso pular, mas e você? – Riu.

   - Vocês parecem duas crianças – Shadows suspirou – Querem fazer o favor de calarem essas suas bocas e comerem, logo? Alias... – Ele olhou para as duas garotas – Quem são vocês?

   - Minhas amigas. Conheci elas na emergência – Val sorriu e abraçou o namorado por trás – São legais, confie em mim.

   - Desculpem, nem notei vocês ai – Zacky falou, com a boca cheia – Como vocês se chamam?

   - Meu nome é Evelyn Miller e aquela é Annie Marie Lee – Ev respondeu, ainda sem acreditar que estava falando com eles.

   - Precisa falar o nome completo, anta? – Annie suspirou.

   - Mas... – Ela começou.

   - Continua comendo, Ev – Suspirou.

   - Gostei dela! – Johnny gritou, sentando-se ao lado de Ann.

   - Perdoe esse anão filho da puta – Synyster sorriu – Mas ele está passando pela adolescência e os hormônios estão à flor da pele.

   - Adolescência? – Perguntou, confuso.

   - Ah, me desculpe, você ainda é criança – Syn suspirou, como se estivesse mesmo errado – Sério, Johnny, eu só percebi agora que você tem 11 anos. Esse tamanho nunca me enganou.

   - CALA A BOCA, BRIAN! CACETE! – Johnny gritou.

   - Parece que a nossa puta ficou com raiva – Shadows gargalhou.

   Johnny bufou e cruzou os braços, fazendo biquinho e com os olhos fechados, parecendo uma criança birrenta.

   - Viu? Eu não disse que ele tinha 11 anos? – Synyster riu.

   - Vão tomar no cu – Johnny murmurou.

   - Vocês não comem, não? – Ann se deixou perguntar, tomando já seu terceiro copo de Coca Cola.

   - Não. É mais legal ficar zoando o Jojo – Zacky sorriu.

   Annie se permitiu rir da cena. Eles deixavam tudo mais leve, quase não se lembrava de seus pais. Talvez foi uma boa idéia ter saído de casa hoje e ter conhecido os meninos. Talvez tudo fique mais fácil a partir daquele dia. Talvez ela se liberte da culpa e da dor. De fato ela sabia que alguma coisa ia mudar, no momento em que ela olhou para aqueles rapazes ela sentiu um vinculo ser formado. Eles falavam como se a conhecessem há anos, zoavam uns aos outros, brigavam e estavam lá de novo, rindo das baboseiras. Evelyn tinha razão em admirá-los, Ann estava fazendo isso agora. Ela não estava com medo, não estava temendo o futuro. Ela só estava lá, gargalhando e brincando. A morena não conseguia se lembrar do dia em que aquelas risadas soaram tão verdadeiras em toda a sua vida. Era finalmente estava conseguindo. Ela estava se curando, a culpa ainda a acompanhava, mas dessa vez ela não estava sozinha. Graças aos meninos.


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Notas finais do capítulo

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