Acordei, sentindo minha cabeça doer. Pisquei várias vezes, eu estava no meu quarto. Como fui parar ali se o ultimo lugar onde eu estava era no chão da sala chorando? Bem, não sei.

 Levantei e olhei-me no espelho, minha aparência estava monstruosa, a maquiagem preta havia sido inteiramente borrada, manchando meu rosto pálido. Eu havia dormido com a roupa da festa, esta estava completamente amassada.

 Fui até o banheiro, escovei meus dentes, despi-me e me joguei no chuveiro. Os flashes de tudo que haviam acontecido rodeavam a minha cabeça. Eu podia lembrar-me da voz do Gaara gritando comigo. Mas não era pra eu ficar tão mal assim, ah, droga, eu acho que gosto dele, deve ser pra ele ter tanta influência assim sobre mim.

 Eu geralmente não me abalo por palavras proferidas de mau jeito, mas, com ele foi diferente, eu me importei com o que ele disse, e o pior, eu chorei e fiquei mal. Eu não posso estar gostando daquele ogro-chapeuzinho-vermelho-bipolar.

 Bipolar sim! Uma hora grosso e outra hora completamente fofo. Agora eu estava me lembrando do beijo. Fora tão bom, pena que já era passado.

 Fiquei ali, deixando a agua cair, pensando na vida por um bom tempo.

 _ _ _

 Algum tempo depois desci até o primeiro andar, a sala estava impecavelmente arrumada, ah, agora só falta meu pai estar em casa para a minha vida acabar literalmente.

 - Maria – chamei-a.

 - Sim, senhorita Ino – disse ela, chegando na sala.

 - A sala estava uma bagunça, quem arrumou? – perguntei.

 - Eu e mais as ajudantes. A senhorita fez uma bela de uma festa, mas creio que não vá querer que seu pai saiba disso, não é? – perguntou ela.

 - Sinceramente não. Quero que este assunto morra. Você poderia cobrir minha barra desta vez? – perguntei.

 - Sim – ela sorriu – mas só desta vez – retomou seu humor frio.

 _ _ _

 Sai da sala até fui até o jardim. Esquecida completamente de que hoje era Sábado, olhei no visor do meu celular.

 “13:17 pm, Saturday – 21. “ [ O vinte e um ali é o dia, a autora nada inteligente em inglês resolveu fazer assim, então peço que não fiquem bravos. Ah, é março ainda lembra?]

 - AAAH, DEEUS, HOJE É SÁBADO E TEM JOGO AS TRÊS – berrei assustada - E o pior é que eu tenho que estar lá as duas – disse a ultima parte para mim mesma, já não gritando.

 Sai que nem louca correndo, e como já é bem típico meu, eu caí, ai pra levantar foi um tormento sabe?

 Ignorando o fato anterior, eu sai correndo em direção ao meu quarto, abri o guarda roupas, peguei uma calça jeans acinzentada, uma regata branca e uma blusa xadrez bem grande de frio e coloquei. Fui de All Star mesmo.

 Lembrei que o motorista estava de folga hoje, e eu não sabia pegar o ônibus, então pedi a Maria que ligasse pra algum Taxi.

 Quinze minutos depois o Taxi aparece em frente à casa. Sério, ele demorou demais, estou correndo contra o tempo. O jogo é as três, mas eu preciso estar lá as duas.

 Tá certo demorei uma meia hora pra chegar à escola. Esta estava começando a encher, pois era a abertura do campeonato regional, e seria ali, aquele dia seria importante se quiséssemos competir na regional de líderes de torcida.

 Olhei no visor do celular denovo, já eram duas e um. Corri o mais rápido que pude até a sala da treinadora.

 Todo mundo já estava lá, agora a maior dificuldade vai ser ignorar todos os comentários.

A nossa treinadora – Anko – e o treinador dos garotos – Ah to sem saco pra inventar nome- estavam lá, já dando orientações.

 -Senhorita Yamanaka, está atrasada outra vez – disse Anko, revirando os olhos.

 - Desculpa treinadora – disse eu, indo me sentar.

 Senti um olhar gélido de muitas pessoas, principalmente de Gaara, por isso tratei de sentar bem longe dele.

 - Hoje é a abertura das Regionais, e para nosso orgulho será no nosso colégio – disse o treinador – o Gaara estará substituindo o Kiba nesta partida na posição de capitão, mas no próximo jogo volta tudo ao normal – agora sim eu entendi o porquê do Gaara tornar-se o capitão justo em sua primeira partida, ele deveria ser bom mesmo.

 - Bem, agora de vocês garotas, eu quero o melhor de cada uma, e espero que tenha ficado realmente boa a nova coreografia – disse ela, e olhou para mim – certo Ino?

 Os ali presentes me encararam, a maioria deles estava na festa ontem, e viram o que aconteceu, então imaginem o quão difícil estava sendo ignorar todos os fatos.

- É – resmunguei baixo.

- É isso, estão liberados – dito isto, todos levantaram e saíram.

 Eu pude ouvir o treinador dizer ao Gaara “Os problemas pessoais ficam fora da quadra, lá é somente concentração”.

 Kuso! Até ele já sabe?

 Dirigi-me ao vestiário, colocando meu uniforme de líder de torcida. O das garotas era quase igual, só que o delas era de manga curta.

 Fiquei ali no corredor alongando, ignorando as cantadas [/poucomodesta.

 Entramos na quadra, esta estava completamente lotada, de alunos do nosso colégio, alunos de outros colégios, pais, professores e afins.

Apresentamos a nova coreografia, o que foi bem aceita por todos, pois os aplausos e assovios indicavam.

Poucos minutos os garotos entraram, o jogo iria começar logo.

As garotas logo foram “dar boas vindas” á eles. Eu fiquei ali, encarando o Gaara, ele olhava também, nossos olhares se cruzavam, meu olhar era triste, o dele eu não sei, era um pouco gélido.

Eu não iria ficar ali enquanto os flashes voltavam, virei para o banco onde ficávamos e dirigi-me até lá, ignorando-o.

 Sentei e por meio segundo fiquei ali, o que pareceu uma eternidade. Fui despertada de meus devaneios pelo treinador, que me chamou.

 - Ino, preciso que você vá até o microfone e dê a abertura dos jogos regionais, você sabe como é procedimento, certo? – disse ele. Sim, eu sabia, e o pior, eu sabia com quem teria que subir ali e dizer algumas palavras. Queria tanto, neste momento, ter nascido muda.

 Dirigi-me até Gaara, evitando ao máximo deixar aqueles flashes e aquelas lágrimas tomarem conta de mim. Fomos juntos até o meio da quadra, onde se encontrava o diretor e mais duas pessoas.

Kami-sama, e se minha voz não sair?

Senti algo apertar minha mão com uma força incrível, era ele.

  Peguei o microfone, todos olhavam para mim, esperavam algo. Tomei fôlego em uma fração de segundo e comecei a falar, procurando a animação em algum lugar.

- Yoo! E agora, o que todos nós estávamos ansiosamente esperando, que comece o campeonato regional! – falei bem alto, a plateia vibrou. Eu não sabia o que falar, estava nervosa.

Gaara pegou o microfone e disse algo, eu não entendi direito, não estava com cabeça pra isso. Tudo que eu queria é que esse garoto deixasse de ser tão bipolar e soltasse a minha mão, mas eu não o queria longe, eu o queria perto, eu queria seu abraço, eu queria estar com ele, mas não naquele clima. Kuso! O que eu estou pensando? Tratei de tirar aqueles pensamentos loucos de minha cabeça.

Soltei sua mão e dirigi-me até onde eu estava antes, sentando e começando a assistir o jogo que iria começar em poucos segundos.

Bem, o primeiro ponto foi marcado e comemorado por nós, assim como todos os outros consecutivos.

O Jogo acabou em 87 a 59 para nós, já na primeira uma vitória, isto seria ótimo.

Sai da quadra o mais rápido que pude, peguei minha mochila e fui para frente do colégio. Ninguém iria passar por ali, já que tinha saída na quadra, e esta era bem melhor.

Sentei na escada e fiquei olhando para fora, deixando toda aquela confusão na minha mente ir embora, junto com as milhares de lágrimas que saiam sem nenhum soluço ou algo do tipo, eu apenas precisava chorar, desabafar com alguém, mas quem? A verdade era certa, isto eu já tinha consciência, amiga verdadeira eu nunca havia tido, e nem tenho agora.

 Vi alguém sentando ao meu lado, mas não era o Gaara, era a, Sakura? O que ela estava fazendo ali? Ela deveria estar uma fera comigo, e com razão, eu havia sido uma pessoa ruim, eu deveria ter feito algo, mas não fiz.

- Não se preocupe a culpa não foi sua – disse ela – quer desabafar?

 Olhei para ela, eu estava mal mesmo, e sentia que nela eu podia confiar.

- Ele ta bagunçando com a minha cabeça, eu não aguento mais! – disse, deixando lágrimas mais fortes cair. Abracei-a, eu estava muito ruim.

- O que ele fez? – ela com certeza sabe quem é ele.

- Ele grita comigo, depois me beija, depois grita denovo, segura minha mão, me ajuda, poxa, isso confunde – desabafei.

- Você gosta dele? – ela perguntou.

Olhei para ela, esta pergunta era a que eu estou me fazendo mentalmente a tempos.

- Se eu disser que ele me tira o sono, me faz chorar, me faz rir, me faz sentir raiva, me faz pensar nele o tempo todo, quer dizer que eu o amo? – perguntei.

Ela sorriu.

- É, tudo indica – disse ela sorrindo.