"A confiança é um acto de fé, e esta dispensa raciocínio."

Andrade , Carlos Drummond de

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- RONY TRÁS LOGO SEU MALÃO PRA BAIXO! GINA QUE TANTO VOCÊ DEMORA NESSE QUARTO VEM LOGO! HARRY VAI CHAMAR O RONY POR FAVOR! HERMIONE PRECISO FALAR COM VOCÊ AQUI EMBAIXO...

Era dia primeiro de setembro, e como todos os anos a senhora Weasley gritava que todos estavam atrasados, e invariavelmente aquilo não adiantava nada. Hermione desceu os degraus da escada já prevendo o que ia acontecer. A senhora Weasley tinha uma ideia errada do que Hermione significava para os amigos. Só porque ela era mais responsável e organizada do que eles não significava que tinha autoridade de mandar eles se arrumarem mais depressa. Eles não a ouviam mais do que ouviam a senhora Weasley.

- Vem aqui querida.

Hermione foi guiada para a cozinha enquanto Rony mandava Pichitinho voando escada abaixo na gaiola.

- Hermione eu preciso falar com você.

- Sim, senhora.

- Querida eu estou muito feliz que vocês tenham escolhido voltar pra Hogwarts, eu sempre disse que isso seria importante pra vocês, não seria certo abandonar a educação escolar dessa maneira, como Fred e Jorge fizeram, não que eu possa reclamar afinal eles estão ganhando muito bem na loja mas um raio não cai duas vezes no mesmo lugar não é? Pra mim eles estão tendo muita sorte, mas vocês precisam seguir uma carreira séria.

Hermione passou o peso de uma perna para a outra, ia ficar ali um longo tempo ouvindo o quanto aquela escolha era a melhor para eles. Era incrível como a senhora Weasley se esquecia que estava atrasada quando lhe convinha.

- ... Mas eu não posso evitar me preocupar com vocês. Quero dizer, com todos aqueles comensais da morte lecionando, quero dizer, Arthur acha que eles não estão lá pra lecionar e sim pra espionar os alunos e suas famílias. E também com esse mistério sobre quem vai ser o próximo diretor, não me admiraria que fosse o próprio você-sabe-quem.

Hermione se divertiu pensando em Lord Voldemort ocupando a posição de diretor da escola. Depois lembrou-se de que ele ambicionou o cargo de professor de DCAT, por isso o cargo era amaldiçoado. Mas era impossível que ele se revelasse tão abertamente assim.

-... Eu temo por vocês, e gostaria de pedir uma coisa Hermione.

Pedir uma coisa? Aquilo estava ficando cada vez pior.

- O que eu puder fazer senhora Weasley...

- Quero que fique de olho neles por mim. – e visto que Hermione arregalava os olhos – Não que os espione mas, você é mais responsável Hermione, tente mantê-los longe do perigo sim?

Hermione engoliu em seco, como prometer que os manteria longe de perigos se já haviam até planejado a fuga.

- Senhora Weasley, não creio que se eles quiserem fazer alguma coisa eu possa impedi-los.

- Eu sei querida, mas só quero que os aconselhe a fazerem o que for mais seguro. Ficarei mais tranqüila se me prometer que vai avisá-los do perigo que correm.

- Sim, senhora, acho que posso prometer isso.

- Obrigado querida. VAMOS LOGO, POR QUE AS MALAS NÃO ESTÃO NO CARRO AINDA?

Algumas horas depois estavam novamente entrando no castelo. Era sempre reconfortante voltar pra lá, mesmo com todas aquelas mudanças. Alguns alunos não freqüentavam mais a escola, a maioria nascidos trouxas. A Sonserina havia voltado em peso, a exceção era Draco Malfoy, que provavelmente achou que seguir os Comensais era melhor do que estudar com eles. Porque era isso que ela ia fazer, pelo menos por enquanto.

Harry, Rony e Hermione entraram no Salão Principal e tomaram seus lugares na mesa da Grifinória. A mesa estava mais vazia do que de costume. Hermione olhou em volta e seus olhos pararam na mesa dos professores. Poucas mudanças haviam ocorrido. Hagrid não estava mais lá, os professores estavam todos com cara de quem estava sentindo um mau cheiro e suas cadeiras estavam bem recuadas das duas figuras sentas a direita e a esquerda da cadeira do diretor. Sentados nelas estavam Amico e Aleto Carrow. “Comensais da morte lecionando em Hogwarts, não faltava nada.” Pensou Hermione.

A cadeira do centro continuava vazia, o novo diretor ainda não tinha chegado, de volta a realidade Hermione percebeu que esse era o assunto de todas as conversas em sua volta, quem seria o novo diretor? Era ele que inaugurava o ano letivo fazendo um discurso, mas onde ele estava afinal.

- Cadê esse cara, tô morrendo de fome.

- Rony provavelmente o diretor é um Comensal da Morte e você fica aí pensando em comer?

- O que o fato de ele ser um Comensal tem a ver como fato de eu estar com fome?

- Esquece. Só acho incrível como você não dá a mínima pras coisas ao seu redor quando tem um prato na sua frente, esse diretor é quem vai ditar as regras nessa escola Rony já pensou o que pode acontecer se...

- Ah, não pode ser...

Harry olhava para a mesa dos professores com um misto de choque e fúria. Hermione se voltou pra olhar e viu, caminhando até a cadeira no centro da mesa, a última pessoa que ela queria que assumisse o posto de diretor: Severo Snape.

Hermione não queria acreditar nos seus olhos, o homem que matou Alvo Dumbledore sentado na cadeira dele como diretor de Hogwarts. Rony segurava Harry enquanto Snape discursava, a mesa da Sonserina estava radiante mas o resto da escola antipatizava completamente com Snape, mesmo sem saber que ele havia assassinado Dumbledore, Snape percebeu a antipatia e terminou logo o discurso dando lugar para a professora McGonagall selecionar os alunos para suas casas.

O jantar foi péssimo, parecia que todos os alunos comiam olhando para os comensais na mesa dos professores se perguntando se os colegas deles estariam matando suas famílias agora. O que quer que acontecesse Hermione sabia que não seria fácil para Snape controlar a revolta dos alunos. O jantar acabou e os alunos foram dispensados para suas casas. Rony ainda segurava Harry temendo que o amigo fizesse alguma bobagem, Hermione também temia isso.

- Tá tudo bem Rony, me larga, não é como se eu fosse matar o Snape agora. Embora a vontade seja grande.

- Harry se acalma por favor, é isso que eles querem, uma desculpa pra punir você. E além do mais...

- Senhorita Granger?

Hermione olhou para trás pra ver quem era a dona da voz cheia de ironia que chamara seu nome. Era Aleto Carrow.

- O que foi?

Aleto sorriu e apontou o dedo pra ela em um gesto digno de Dolores Umbridge

- Não, não querida. Agora sou sua professora, você deve dizer o que deseja senhora?

Hermione usou todo seu tom irônico para responder.

- O que deseja senhora?

Aleto não parecia feliz em transmitir o recado. Quando falou foi com todo o seu veneno.

- O Excelentíssimo Senhor Diretor deseja falar com a senhorita.

- Desde quando virou menina de recados Aleto?

Era Harry que ainda não conseguia se conter olhando pra nova professora. Rony voltou a segurá-lo. O rosto de Aleto se contorceu de fúria, mas logo se suavizou em um sorriso que não ficava nada bem nela.

- Cuido de você mais tarde Potter. Venha Granger.

Hermione a seguiu pelos corredores até a passagem em forma de fênix. Hermione ainda não acreditava no que estava acontecendo. Snape nunca destinara muita atenção a ela, até costumava ignorá-la nas aulas de poções, agora no primeiro dia como diretor a chamava ao seu escritório? Pra quê? Aleto bateu na porta, virou-se e foi embora furiosa, aparentemente ela não gostou de ser tratada como menina de recados. Hermione ficou sozinha encarando a porta fechada sem saber o que esperar. Depois do que pareceu uma eternidade uma voz chamou de dentro do escritório:

- Entre.

Como coração aos pulos, Hermione segurou o trinque e entrou.