Carta de Angeline Turner para Justin Bieber

Eu parava para olhar as estrelas e imaginava o meu anel de rubis como sendo mais brilhante que elas.
As estrelas.
Todas tão brilhantes e perfeitas, quem poderia imaginar que são feitas de uma concentração tão grande de gazes tóxicos e fedidos? O conteúdo delas nunca foi tão relevante, afinal, já que o exterior era o que mais importava.
Há alguns anos atrás alguém poderia chegar até mim e dizer que me entregaria as estrelas e a lua, e eu poderia me deixar levar pela tentação. Lembro de como era boba, fútil. Aliás, tendo em vista as condições em que fui criada, era de se esperar esse meu comportamento. Uma cobertura luxuosa em Los Angeles e tudo do bom e do melhor sempre foram os meus bens mais invejados por todos.
Meus olhos escuros combinados com a cascata negra de meu cabelo eram armas que poderiam ser usadas para conseguir qualquer coisa. Com uma linha rosada fina e dentes bem alinhados, poderia conseguir bem mais do que um simples sorriso de retribuição. Eu queria mais. E tudo que eu queria eu conseguia.
Minhas fotos sempre tão perfeitas foram espalhadas uma vez pelos corredores da escola, talvez para um concurso de beleza, não me recordo. Lembro-me bem de ouvir Zig e Pete conversarem a respeito de “como meu nariz levemente arrebitado dava um toque delicado às imagens.” Lembro-me também de escutar vagamente Sienna e Fern falando mal de minhas curvas acentuadas. Invejosas.
Eu era poderosa, bonita, forte... Apenas para minha turma da escola. Eu era como uma estrela, então; sempre vista como a mais linda das meninas, e meu conteúdo nunca fora importante.
Acho que nunca contei a ninguém sobre as noites que fiquei acordada, chorando, pensando em como seria bom ter amigos verdadeiros e um ombro para chorar.
Eu tive um namorado uma vez. Eu o amava, e ele amava a mim. Mas ele se foi, levado pelas outras estrelas, as reais.
E a culpa foi minha.
Desde então eu nunca mais amei ninguém, e minha vida desmoronou. E nunca passou pela minha cabeça que eu poderia amar alguém novamente.
Até te conhecer.
Você se lembra de como foi?