“Eu vim para vencer, para lutar, para conquistar, para prosperar

Eu vim para vencer, para sobreviver, para prosperar, para subir

Para voar”

Fly, Nicki Minaj e Rihanna

- Espere, o que exatamente você está nos pedindo? – questionou Melanie. Estávamos em frente ao seu chalé enquanto eu tentava explcar à ela o meu plano.

- Olha, eu não tenho o verão inteiro – sentei-me nos degraus da entrada do Chalé № 1. Suspirei, abaixando a cabeça – A cada hora que passa, alguma coisa pode acontecer com meu irmão. E se ele... – preferi não terminar a frase. O já tão familiar incômodo na garganta estava voltando – Nunca me perdoaria. Eu preciso fazer alguma coisa. Não posso ficar aqui, simplesmente enrolando e deixando o tempo passar.

Melanie se sentou ao meu lado, colocando uma das mãos no meu ombro numa tentativa de consolo. Percy continuou em pé, encarando-nos, até resolver sentar-se a nossa frente.

Encarei a paisagem ao longe: O Sol, já alto na imensidão azul acima; A Casa Grande, campistas saindo à toda hora de seu interior, muitas vezes com algum pedaço do corpo coberto por ataduras; alguns outros adolescentes jogando vôlei na quadra, algumas meninas os observando e  acenando para os garotos.

Pensei em como minha vida tinha mudado tanto em tão pouco tempo, e em como tudo em que eu costumava acreditar agora já não fazia muito sentido. Sacudi a cabeça, tentando espantar os outros questionamentos que ameaçavam tomar contar da minha mente, amarrar-se em cada fio de pensamento que já tive e nunca mais sair.

- É por isso que estou pedindo para vocês me treinarem – continuei – Eu andei conversando com os Stoll, e eles mesmos me disseram que a maioria dos semideuses daqui nunca saiu em uma missão. Vocês dois já fizeram isso. Já os vi combatendo monstros, e outros semideuses também, e a prática e técnica de vocês é invejável. Não estou pedindo para me ensinarem tudo... Só o básico, digamos. O que eu realmente preciso saber para conseguir resgatar meu irmão.

Melanie ficou quieta por uns instantes, parecendo refletir sobre a situação,  e soltou um suspiro.

- Tudo bem – disse ela – Mas sozinha não conseguirá salvar o seu irmão. Nas missões, o líder sempre leva mais dois semideuses. E além do mais, sem muita prática você não conseguirá ir tão longe – ela fez uma pequena pausa – Eu vou com você.

- Não, eu não quero-

- Pode ir parando – interrompeu ela, erguendo uma das mãos – Eu tenho parte da culpa nisso tudo. Eu vou junto e não é você que irá me impedir – Mel apontou o dedo em minha direção.  Ela virou-se para Percy – O que me diz, Cabeçudo? Está dentro?

- Eu topo – respondeu Percy – Quando começamos?

Sorri.

- Você tem certeza disso, Aimee? – perguntaram-me Percy e Melanie.

Respirei fundo uma última vez, ajeitando a blusa laranja que haviam me dado mais cedo. Estava um pouco larga, embora isso realmente não me importasse muito naquele momento. Tentei controlar o ritmo do meu coração, que demonstrava todo meu nervosismo.

A Casa Grande parecia maior quando vista de perto, mas ainda assim possuía aquele ar de casa de avó, sabe? Algo nela dizia “aconchegante”,  “confortável”.  Um lugar seguro.

Subi os degraus da varanda; Quíron estava em sua cadeira de rodas, na mesa em que o vi pela primeira vez, aquela em que ele e o Sr. D jogavam uma partida de pôquer.

 - Boa tarde, srta. Fletcher – cumprimentou-me Quíron quando me aproximei. – Imagino o porquê de estar aqui.

- Boa tarde, Quíron – respondi. Puxei uma das cadeiras da mesa e sentei-me ao seu lado, minhas mãos respousando no colo, a cabeça baixa – Acho que precisamos conversar. Estive pensando e... Acho que tenho uma proposta a fazer.

- Bom, pode me dizer, srta. Fletcher – assegurou-me

- Aimee, por favor – o corrigi – Eu... – pensei no modo em como diria o queria.  Acabei decidindo da maneira mais direta, clara e rápida – Quero uma missão.

- Uma missão?

- Quero resgatar o meu irmão.