Ouço um barulho irritante tocar ao lado do meu ouvido. Abro meus olhos contragosto e viro meu rosto ao lado oposto do barulho. Cubro meus ouvidos com o travesseiro com a intenção de abafar aquele toque ensurdecedor. Mas como eu sempre pago com o que falo, ouço outro barulho, que é mil vezes pior do que o barulho do despertador.

- Geórgia, levante menina! E desliga esse despertador antes que seu irmão acorde e brigue contigo. – disse minha mãe, aos berros.

Aposto tudo que meu irmão já tinha acordado com os berros dela. Eu não tive escolha, levantei, desliguei aquele troço que eu mais odiava e me dirigi ao banheiro. Era sexta, eu bem que podia ter alguns minutos de paz! Eu estava cursando meu terceiro ano no colegial e tudo estava uma merda. Certo, só o fato do menino que eu amo estar de gracinha com a vaquinha da escola, não quer dizer que tudo está uma merda. Eu ainda tinha meus amigos... Ah, que bela bosta. Tentei relaxar e fiz minha limpeza matinal, vesti minha calça jeans e minha blusa regata branca com meu bolero rosa, calcei minha sapatilha branca e fiz um rabo de cavalo. Estava bem simples, não tinha o porquê de me emperiquitar toda.

Desci para cozinha, afim que ninguém me notasse, mais vi o olhar fulminante do meu pai para mim, quando ele tirou o jornal do rosto. Eu peguei uma maça e um mini suco de caixinha e me dirigi para a porta.

- Não vai comer o café da manhã conosco? – Ouvi a voz piedosa da minha mãe

- Ah mãe, não posso... Tenho que chegar cedo hoje. Gio deve estar se descabelando sem mim. – Fiz a minha melhor cara de “Nossa, como eu queria comer com vocês” e sai.

Claro que menti e isso não é tão pecador assim... Eu só não queria ficar em casa ouvindo meu pai me perguntar o porquê de eu chegar tão tarde em casa. Qual é, festas não acabam onze e meia. Bufei e mordi minha maça, caminhava calmamente;

- Você continua comendo na rua? – Senti a aproximação e virei meu rosto para encará-lo.

Com o susto, deixei minha maça cair e suspirei, ele até que tentou pegar com aquele jeito desengonçado.

- Me desculpe, não queria te assustar. – Ele coçou a cabeça sem graça

- Imagina Danny. Eu que sou bobona. – Dei meu sorrisinho amarelo pra ele. Adorava o jeitinho dele.

- Então... Já que estou aqui, posso te fazer companhia? – Ele hesitou em perguntar aquilo, eu já comecei a estranhar.

- Claro que pode. – Levantei uma sobrancelha, abri a boca pra tentar puxar algum assunto mais logo a fecho.

- Hm... Você viu o jogo de ontem a noite? Perdemos feio! – Ele fazia uma careta.

- Eu não assisto jogo, Danny – Soltei uma risada – Vai logo, me fala de uma vez o que você quer perguntar.

- É que... – Eu sabia! -  Lembra da Laura? Aquela menina que eu tava ficando? Então... Ela quer algo sério comigo.

Levei um susto com aquilo, Danny namorando estava fora dos meus planos, fechei meus olhos, pensei por um pouco, e logo suspirei.

- E você quer? – Confesso que estava meio receosa com a resposta.

- Sei lá, Geo. Eu nunca namorei, mas eu quero experimentar...

Ótimo, quer experimentar? Experimente comigo! ; Isso estava explodindo em minha mente, quase querendo gritar essas palavras na cara dele. Mas eu me segurei.

- Então ... Tente Danny, só assim você vai saber. – Cuspi aquelas palavras e logo avistei o colégio.

- Verdade, bom, depois eu te conto tudo. – Ele sorriu e foi pra perto do grupinho daquela vaquinha.

Fazia um tempo que ele deixou o nosso grupo pra ficar no grupo da Laura, eu já havia me conformado com aquilo. Tava tudo bem. Eu só queria passar minha sexta em paz, sem Danny e sem Laura pra me esquentar. Entrei na escola e vi a Giovanna e o Tom brigando, é ... Não vou ter sossego. É hoje!. E me dirigi para a sala de aula, em busca de paz.