A Menina que Colecionava Máscaras. escrita por Vivian
Notas iniciais do capítulo
Finalmente voltando a postar nessa história. Desculpem-me se demorei demais, provavelmente a história nem está mais tão envolvente, portanto pretendo finalizá-la em 20 capítulos.
Espero que gostem! ♥
Foi aquele momento que me fez perceber que as máscaras talvez nunca mais voltassem.
O beijo de Lucas sempre servira de entorpecente para mim e isso nunca fora um problema, mas naquele momento, do lado de fora do teatro Avalon, nossos lábios se uniram e a boca dele foi o antibiótico a todas as minhas máscaras. Ele passou um bom tempo com seus lábios colados aos meus enquanto acariciava minhas mãos. Depois parou e apenas olhou em meus olhos profundamente, da mesma maneira que o fez quando nos conhecemos. Sorri timidamente, tentando me esquivar de alguma outra coisa... Eu não estava com a guarda alta o suficiente para impedir que ele demonstrasse mais carinho.
E eu sei que ele sabia disso.
-Lucas, é melhor eu ir embora... - comecei, tentando arranjar uma desculpa. - Preciso... fazer as tarefas de casa... - disse, após pensar por algum momento.
-Ah, Carol... - ele riu. - Relaxe, está bem? Eu não mordo... Pelo menos hoje. - ele provocou. Eu devo ter ficado vermelha, porque ele lançou um olhar de deleite profundo. Desviei o olhar, fitando o chão.
-Pode parar, ok? - pedi, cabisbaixa. - Você sabe que eu não sou muito normal e ainda assim insiste em ficar enchendo a paciência com essas gracinhas. - suspirei, mudando um pouco de comportamento.
-Credo, que máscara baixou em você agora, querida? - ele retrucou com estranheza na voz. - Ficou brava comigo de repente... - deu um risinho irritante. Mas foi aí que me toquei que não havia máscara alguma dominando meu corpo naquele momento. Minha face irritada ficou espantada em questão de segundos.
-Acho que preciso ir agora. - murmurei. - Nos falamos... Algum dia. - despedi-me friamente, em estado de choque.
-Carol, espere. - ele exclamou e segurou meu braço com firmeza. Olhei para ele. - Você parece pálida, não quer que eu a acompanhe até sua casa? - ofereceu-se gentilmente.
-Sinto muito. - respondi e abri um pequeno sorriso. - Não estou indo para minha casa. - respondo polidamente e caminhei em direção à casa de Cameron, ele seria o único disposto a me ouvir pois era a única pessoa que realmente sabia das máscaras, excedendo Lucas obviamente. Dei uma olhada de soslaio para trás e me deparei com um Lucas atônito, parado e apenas me observando ir embora sem fazer sequer um movimento para me buscar. Sorri.
A casa de Cameron, apesar de um pouco longe, tinha um trajeto extremamente fácil de se seguir, mesmo que fosse um pouco distante de onde eu estava, o Teatro Avalon. Caminhei uma boa parte do tempo, mas depois os saltos altos começaram a me judiar e decidi pegar um táxi.
Cheguei à porta do simples apartamento e toquei a campainha na maior cara de pau.
-Sim? - ele atendeu após, penso eu, ter conferido quem era lá fora pelo olho mágico.
-Boa noite, Cam! - cumprimentei-o sorridente e cheia de energia.
-O que você está fazendo aqui a essa hora, mocinha? - ele perguntou e bocejou logo em seguida. - Achei que você tinha ido ao teatro ver o namorado.
-Sim, eu já fui. E... ele não é meu namorado. - retruquei e virei os olhos. - Eu resolvi sair de lá antes da peça começar... - comecei. - Eu senti necessidade de vir até aqui...
-Vai, menina, desembucha. Não, antes entra e senta, por favor. Quer alguma coisa? - ele disse enquanto ia até a cozinha. Sentei-me em seu sofá cor de champanhe e esfreguei uma mão contra a outra, pois estava esfriando.
-Chá e bolacha. - pedi.
-Você quer se comer, Bolacha? - ele perguntou na maior inocência. Eu ri durante um tempo, mas ele não entendeu a piada.
-O que foi? - devolvi, já que ele me encarava com estranheza.
-Você ainda não me respondeu.
-Ah, Cameron, dá um tempo. - eu ri de leve. - Claro que não vou me comer, né? Só quero uma bolacha. - pedi novamente.
-Eu também quero uma Bolacha. - ele suspirou e me entregou um pacote de biscoitos sem recheio.
-Sem recheio? Ah, pelo amor de Deus, Cam! - resmunguei e joguei um biscoito em seu rosto. - Vou comprar algo decente, já volto.
-Tudo bem. - ele sorriu e eu desci as escadas para ir a um mercadinho qualquer.
Retornei a sua casa cerca de quinze minutos depois de sair, com dois pacotes de bolacha (com recheio!) e uma lata de refrigerante.
-Consegui o que queria. Agora preciso te contar uma coisa. - anunciei.
-Diga.
-Minhas máscaras sumiram. - disse, desesperada.
-Como assim "sumiram"? Do nada, desapareceram? - ele respondeu, bastante impressionado.
-Não sei. Eu estava achando estranho, mas nenhuma me ocorreu desde hoje de manhã...
-Bom, Carol. Nesse caso, elas devem estar de férias. Ou resolveram partir para sempre.
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