Dia 5 de Fevereiro de 2008. Lucas, Erica e Fabio passaram a noite no apartamento de Fredo, o professor de Matemática. Ele não conseguia acreditar direito, mas por mais que achasse maluquice, queria ajudá-los. Fredo levou Fabio de carro até a casa dele para falar com a esposa de seu irmão e pegar a caixa e abri-la, para assim então, pegar o escaravelho. Enquanto isso, Lucas e Erica foram até a casa dele para contar a sua mãe o que está havendo.
- Você acha que a sua mãe vai acreditar em você? – Perguntou enquanto fixava Lucas.
- Não sei! Tipo, olha a situação dela. É muito difícil entender. Não quero nem imaginar o jeito que a dona Sandra vai reagir quando ouvir o que a gente tem para dizer. – Percebia que as pessoas olhavam para ele de modo estranho.
- As pessoas estão nos olhando diferente. – Sussurrou.
- Também... Depois de saber que ogros existem e que você atira raio-laser e que conseguiu sobreviver a todos os ataques deles, as pessoas devem estar preocupadas com você. Estão com medo! Isso é normal. Ainda mais que na TV deve estar passando direto, reportagens sensacionalistas sobre o que houve ontem. – Explicou.
- Isso aconteceu com você, Erica? As pessoas ficaram com medo de você? – Perguntou enquanto chutava uma latinha para fora da calçada.
- Aconteceu. As pessoas ficaram apavoradas. Mas naquela época ainda existiam animais estranhos. – Contava – As sociedades acreditavam em magia, bruxaria e tudo mais. Hoje, em que tudo é moderno, é meio difícil acreditar, né? Só que agora a sociedade ficou para crer.
- E por que eu? Por que eu sou o escolhido? – Indagou tirando a mão do bolso e arrumando a bandana – Logo eu? Por que tem que ser uma criança? Não poderia ser um adulto?
- Depois que seu pai morreu... Você virou o escolhido. Depois que seu pai morreu, você sempre foi o escolhido... Só que não precisou usar nenhum dos seus poderes e não recebia mensagens. Você só recebe agora por que o mundo está em perigo.
- Então, meu pai também era escolhido? – Perguntou surpreso.
- Sim, por isso ele devia ter sentido vontade de investigar a caverna. Queria resolver tudo. – Percebeu que uma pessoa se desviou deles com medo.
Eles estavam quase chegando quando a mesma jornalista que acompanhou a luta contra os ogros, localizou Lucas e Erica andando na rua.
- Ei! Garoto! Queremos falar um pouco com você! – Corria em sua direção para alcançá-lo.
Lucas e Erica param de andar e a jornalista e o câmera man conseguem fazer eles pararem.
- Qual o seu nome, garoto? – Começando a fazer uma entrevista ao vivo para o jornal.
- Lucas Rafma. – Falou meio tímido por saber que estava passando ao vivo.
- Então, Lucas? O que ocorreu ontem? Você pode explicar da onde saíram os ogros e o porquê de você tirar um raio avermelhado de seus olhos? O Governo está afim de falar com você. Todos estão com medo. Eles acham que você é um ET. – Fez milhões de perguntas e ergueu o microfone pra frente, quase batendo no nariz de Lucas.
- A única coisa que posso dizer é pro governo se preparar por que todos nós estamos em perigo. – Alertou.
- “Perigo”? Perigo de que?!
Erica cansou de tantas perguntas, levantou as mãos, uma em direção a jornalista e a outra na do câmera man. Os dois caíram desmaiados.
- Ei! Por que você fez isso? Eu estava ao vivo! – Indagou.
- Precisamos resolver outras coisas agora, Lucas. – Segurou sua mão e apressou o passo.
- Ohhh, Fabio! Que bom que você está vivo! – Abraçava o garoto – Eu pensava que você tinha morrido. Você já soube que seu irmão...
- Sim. Já sei! – Começava a chorar.
Márcia e Fabio eram muito unidos. Se abraçaram mais uma vez.
- E quem é esse? – Márcia se levantou olhando para o homem.
- Ele é o meu professor de Matemática. Foi ele que deixou dormir no apartamento dele para eu passar a noite. – Explicava olhando para as escadas.
- Fredo Tobin. – Cumprimentava.
- Prazer. Márcia Strunk Finor, ex-esposa de Samuel Strunk Finor, irmão de Fabio. – Secava as lágrimas.
- Bom, Sra. Strunk, a gente veio aqui por que precisamos de sua ajuda.
- Se lembra daquela caixa que meu irmão ganhou uma vez? Que é pra ser guardada a sete chaves? – Perguntou.
- Sim... Mas... E o que isso tem haver? – Perguntou desconfiada.
- A gente precisa do que tem dentro dela. – Concluiu arrumando os óculos.
- E por que você precisa do que está ali dentro? – Perguntou insistindo.
- O que tem dentro da caixa pode salvar o mundo. – Explicava o professor já sem paciência – Sabe os ogros?
Márcia balançou a cabeça positivamente.
- Então, eles são criaturas que estavam querendo causa o caos por aqui. Monstros que a sociedade imaginava que nem existiam estão surgindo e talvez nós consigamos acabar com eles.
- O que você está falando? “Salvar o mundo”? Você só pode estar louco! – Retrucou.
- “Louco”? Tem ogros invadindo a cidade. Eu sei que parece estranho acreditar, mas hoje quem invade é os ogros e depois? Não temos muito que falar nessa situação. Só precisamos de sua ajuda. Por favor, Márcia!
- Ele está dizendo a verdade, Márcia. Nós podemos ser úteis para ajudar a salvar o mundo desses monstros. – Reforçava o que Fredo já havia dito.
- Eu não sei se deveria, mas eu vou trazer a caixa. – Começou a subir as escadas.
- A geração Rafma é que são os escolhidos. Seu pai, agora você... Se você tiver um filho ele também será o escolhido e assim vai. – Explicava para Lucas, dobrando a esquina.
- Hum... Ei! Espera aí! Se quem é escolhido é da família Rafma e você foi escolhida, significa que você é...
-... da família Rafma? Sim. Sou sua parenta. – Concluiu antes de Lucas terminar.
- Eu não consigo acreditar. – Passou a mão pelo rosto – “Então, Erica é minha parente. Ela deve ser o que? Minha tataratata sabe lá das quantas, avó? Poxa, eu queria tanto namorar ela e agora descubro que é isso. Quer dizer, podemos até namorar, mas seria tão estranho.”
Lucas sentiu vontade de chorar, mas se segurou. Erica tinha revelado o motivo por qual não poderia ficar com ele. Ela era seu parente. Até chegarem a sua casa, Lucas não falou mais nada e Erica vendo que ele estava quieto depois do que ela disse, também não disse mais nada.
- Agora você vai abrir a porta e dizer para sua mãe que precisa fazer uma viagem. – Erica ajeitava a roupa de Lucas.
Lucas olhava fixamente para Erica.
“Poxa, Erica, você é tão delicada... Tão linda... Tão meiga, carinhosa... Tem um perfume tão bom. Será que importa ela ser minha parente?”
Lucas abriu a porta e Erica o seguiu logo atrás.
15 minutos se passaram e Márcia desceu com a tal caixa na mão.
- Eu não sei como você iram abrir isso, até por que, ela não tem fechadura nem nada. Não tem como abrir ela. – Mostrou a caixa branca para eles.
- Eu tenho uma idéia para tentar abrir essa caixa. – Dizia.
- Diz logo, Fabio. – Esperava ansioso – Eu tenho certeza que você vai abrir essa caixa.
Fabio olhou para trás e viu que Fredo estava torcendo e ele também estava na torcida. Estava rezando para o irmão não ter trocado a senha antes de morrer.
- Bom, é isso. Vamos pensar que irei conseguir. – Respirou fundo, enquanto Márcia já estava ficando aflita em ver a demora do rapaz – “Quando sete mais oito dá quatro”.
Fabio falou o mais alto possível para ver se a caixa conseguia captar a sua voz. Após ter falado a senha, ficou esperando. Fredo e Márcia fizeram o mesmo. Nada acontecia. A caixa ficou do mesmo jeito que estava antes e Fabio pensou logo de cara que a senha foi mudada antes dele morrer.
- Eu disse que não tinha como abrir essa caixa. Se tivesse uma fechadura... – Tentava achar opções para o que deveria ter para poder abrir a caixa.
- Eu acho que Samuel trocou a senha antes de morrer. – Deduziu.
- Será? – Perguntou frustrado por pensar que não saberia como era o tal escaravelho.
PLIMMMMMMMMMMMM!
- “Plim”? Que barulho foi esse? – Indagou Fredo.
- É a caixa! – Fabio se aproximou mais perto – Ela está se abrindo! A senha ainda é a mesma! – Disse animado.
Márcia olhava espantada. A caixa se abriu de forma que todos os lados fossem derrubados como um dominó. Após, os lados serem derrubados no centro se via um negócio. Era o escaravelho.
- Viva! Vinte vivas! Conseguimos pegar o escaravelho! – Ficava feliz por ter conseguido completar o objetivo da visita – “Não vejo a hora de mostrar para Erica que consegui o escaravelho! Ela verá que sou mais útil que o Lucas! Há! Há! Há!”
- Maravilha! Agora, só precisamos nos encontrar com Lucas e Erica para partimos para a Área Florestal de Santa Catarina. – Estava excitado com essa aventura que ia ser feita
- Partir? O Fabio não vai a lugar nenhum! – Exclamou puxando Fabio pelo braço.
- Então, tudo o que Natália falou era verdade? Ela tinha me falado sobre a expedição na caverna no qual seu pai morreu. Ela disse que acharam um portal e descobriram um mundo novo... Que seu pai era o escolhido para salvar o planeta. Ela até tinha me entregado um diário e quando comecei a ler tinha pensado que seu pai estava louco quando o escreveu. Só que mesmo eu achando loucura o que a Natália dizia eu não deixei nossa amizade acabar. – A mãe de Lucas explicou.
- E por achar loucura você não falou nada do diário para mim e nem da história que Natália contou, né? – Já entendendo a situação.
- E agora, Lucas? O que você vai fazer? – Perguntou Vanessa, enquanto almoçava.
- Bom, eu sou o escolhido. Terei que impedir o Salquetren de dominar o mundo. Desculpa, mãe, só que eu preciso ir. Eu necessito! Você precisa confiar em mim. – Pegou em suas mãos.
- Sabe quando seu pai dizia que era o escolhido e dizia um monte de histórias doidas eu nunca o apoiei. A Natália acreditava nele mais eu nunca consegui. E me arrependo por isso. Eu confio em você, meu filho. Eu acredito! E por mais que seja difícil para mim eu deixarei você tentar salvar o mundo. – Beijava sua testa – Mas, por favor, volte são e salvo.
- Pode deixar, mãe! Vou fazer o meu possível! Esse é o meu destino e cumprirei com ele. A Erica é a minha anja. Ela também é uma parenta nossa. Era da família Rafma e também já vou escolhida no tempo dela.
- Sério? Você parece tão jovem! – A abraçava.
- É que eu morri nova, dona Sandra. – Explicou.
- Nossa! Seu abraço! Me faz sentir tão bem. É algo inexplicável! – Se admirava.
- Que bom que você gostou. – Deu um sorriso.
- Mãe, além da Erica, tem o Fabio. Ele sabe de algumas coisas e nos ajudará. Também tem o meu professor de matemática, o Fredo, lembra? – Lembrava ela – Ele irá levar a gente até a área.
- “Fredo”? Seu professor? O Fredo Tobin? Ele vai te ajudar e levar vocês na Área Florestal? – Perguntou surpresa.
- Sim. Eu não sei se você viu na TV, mas naquela luta contra os ogros ele que me salvou de morrer.
- Graças a Deus ele pareceu bem na hora. E que história é essa de lançar raio-laser? O governo está louco atrás de você. Eles querem saber de tudo o que está acontecendo! – Avisava – Eu to com medo que eles te prendam e queiram descobrir da onde vem seu poder usando-o como cobaia de testes.
- Por isso mesmo queremos partir logo, Sra. Rafma. – Sentava-se à mesa, junto com Vanessa – Só estamos esperando Fabio e Fredo chegarem.
- Então você é a Erica? Lucas falou muito bem de você. – Sussurrava no ouvido da anja.
- Sério?
- Sim. Ele te ama! Ele até apanhou dos moleques lá por você. – Saiu da mesa e levou o prato até a pia.
“É... ele me ama!” – Pensava enquanto se focou de novo para Lucas – “Eu também te amo, Lucas. Só que... Não dá!”
- E por que eles estão demorando tanto? – Perguntava.
- É que eles foram pegar o escaravelho e voltariam pra cá. – Sentava-se à mesa junto com Erica.
- E o que esse escaravelho faz?
- Não sei muito bem por que eu ainda não li o diário todo, e acho que aqui explica, mas penso que outra pessoa também pode explicar sobre a importância dele para nós. A Natália parece saber muita coisa. Sua ajuda seria muito boa. – Explicava.
- Já sei! Vanessa! Prepara-se! A gente vai junto com Lucas! – Concluiu.
- O que?! Junto com a gente? Mas a viagem vai ser perigosa! – Falava desesperado – A gente pode enfrentar muito bichos! Acho que seria melhor vocês ficarem.
- Não mesmo! Se for pra enfrentar isso a gente vai enfrentar junto de você, meu filho. – Subia as escadas.
- Ok, então! – Com uma voz aflita – Quando a Sra. Rafma coloca uma coisa na cabeça ninguém tira.
Lucas e Erica viram Vanessa também subindo as escadas. No fundo, Vanessa estava louca para ir, mas pensava que a mãe nunca deixaria. Lucas se aproximou um pouco mais de Erica.
- Erica, eu queria te dizer que...
TOC! TOC!
- A porta! – Erica o interrompe.
- Ah... Eu abro! – Lucas quase abriu a porta quando Erica o impediu.
- E se for o governo ai fora, atrás de você? – Perguntou.
- Precisamos arriscar!
- Ok! Ok! No três você abre a porta!
- Um! – Começou a contagem.
- Dois!
BUMMMMM!
A parede da cozinha é explodida. Vários agentes entraram com armas especiais para caçar mutantes. Olharam ao redor e localizaram o alvo. Queriam capturar Lucas.