- Tudo bem. Scooter me disse que um amigo empresário dele me viu cantando e quer que eu assine contrato com uma gravadora – falei duma vez e puxei o ar.

As três abriram a boca em um O perfeito.

- Jura mesmo? – Amy disse.

- Uhum – falei assentindo.

Ela gritou e veio me abraçar.

- Não esquece que quando você ganhar o Grammy tem que agradecer a nós, tá bom? – Clara falou rindo.

- Vocês pensam longe, hein? – revirei os olhos.

- Gente, o Ryan chamou a gente pra jantar que ele tem uma novidade – Lara disse desligando o celular e o colocando no bolso da calça.

- Que horas? – Clara.

- Oito. Estejam prontas e Amy – ela disse e Amy olhou pra ela – Nada chique, brilhante e fofo. Enfim, não se vista para um casamento, se vista pra sair com os amigos – avisou e nós rimos.

- Muito engraçado – Amy murmurou.

xxx

Chegamos ao restaurante italiano que Ryan escolheu para sua grande surpresa.

E para a minha surpresa, eles chamaram Justin. Chris me disse que ele precisava se divertir um pouco. Eu não me sentia nada confortável com isso.

Depois de pedirmos e comermos, Ryan pediu silêncio.

- Bom, eu chamei todos vocês para esse jantar, porque tenho um anúncio muito importante. Nos conhecemos a pouco tempo, mas eu já não consigo parar de pensar em você. Eu me apaixonei, por isso, Lara, quer namorar comigo? – falou mostrando um anel pra ela.

Clara, Amy e eu fizemos um coro de “Anw”. Lara quase chorava. Ela tinha as mãos na boca e os olhos marejados. Sorri. Os meninos só sorriam. Justin tinha um sorriso meio tristonho.

Lara assentiu e abraçou Ryan. Ela o beijou e pegou o anel.

- Anw! Que fofos! – Amy disse tombando a cabeça no ombro de Chaz.

- Justin, você está bem? – sussurrei perto dele.

- Claro, por que não estaria? – ele estreitou os olhos para mim.

Dei de ombros e voltei a me sentar direito. Ele abaixou a cabeça fitando seu prato.

Depois de muitos parabéns, os meninos pagaram a conta e saímos do restaurante.

- O que acham de um cineminha agora? – Chaz perguntou sorrindo pra Amy.

- Claro! – ela disse.

Revirei os olhos.

- Eu to meio cansada, acho que eu já vou pra casa – falei passando a mão no cabelo.

- Tem certeza? – Clara perguntou ao meu lado.

Assenti sorrindo.

- A gente se encontra lá. Tchau meninos. Obrigada pelo jantar – sorri me despedindo deles.

- Mas você vai a pé? – Amy perguntou.

- Vou, sem problemas – falei já começando a caminhar.

Segui reto olhando as luzes de Los Angeles. Era mesmo uma cidade muito linda, a cidade que eu sonhei a vida inteira. Lembro-me de sentar no quarto com Clara e Lara e ficar inventando estórias de como as coisas iriam acontecer. Eram tempos bons. Difíceis, mas ainda assim muito bons.

Uma brisa fria soprou e eu me abracei, arrependida de não ter trazido apenas um casaco.

- Com frio? – dei um pulo ao ouvir a voz conhecida.

- Justin, que susto! – falei respirando forte.

- Desculpe – ele murmurou ficando ao meu lado. Tirou seu casaco preto e me entregou – Pode pegar.

Olhei pra ele. Ele não sorria, mas também não estava bravo. Parecia... cansado.

Peguei o casaco e o vesti. O casaco continha o perfume dele.

- Obrigada – falei cruzando os braços.

- Tudo bem – deu de ombros e colocou as mãos nos bolsos.

- Por que não foi com eles? – falei apontando para trás.

- É muita melação pra mim. Não estou a fim de ficar de vela sozinho – ele falou e eu ri baixo – E alguém tinha que te acompanhar. É perigoso andar por aí sozinha à essa hora da noite.

- Bom saber que com você eu estou protegida – brinquei.

Consegui arrancar um sorriso dele.

Caminhamos silenciosamente até uma praça. Um saxofone soava ao longe. Reconheci a melodia de Moondance.

Comecei a cantarolar baixinho a letra enquanto passávamos pela praça. Justin sorriu e estendeu a mão.

Olhei pra ele e percebendo sua ideia eu ri.

- Jura? – falei rindo.

- Por favor – fez cara de cachorrinho abandonado.

Segurei sua mão e começamos a dançar no meio da praça. Ele sorria enquanto olhava pra mim. Pude ver um brilho em seus olhos.

- My Love, my love, I just want one more moondance with you, yes I do - ele cantou a última frase da música.

- Obrigada pela dança – falei fazendo uma espécie de reverência. Ele riu.

- Minha avó sempre ouvia essa música. Era uma de suas favoritas – ele disse quando começamos a caminhar de novo.

- Eu não me lembro de onde ouvi essa música pela primeira vez. Só me lembro de ouvi-la no orfanato pelo rádio que a secretária ouvia - dei de ombros.

Meu passado era meio confuso. Fui abandonada na porta do orfanato, mas não foi assim que nasci. Pelo menos era isso que Lili dizia quando eu perguntava. Ela dizia que nunca havia visto ninguém. Era uma noite chuvosa, ela estava apagando as luzes e indo para seu quarto quando alguém bateu na porta e ela me encontrou.

- Sam! – ouvi Justin me chamando e acordei.

- O que?

- Por que disse orfanato? – ele disse com as sobrancelhas juntas.

- Ah bom. Acho que nunca mencionei que sou órfã – murmurei – Mas é isso mesmo. Eu, Clara e Lara. Eu fui abandonada e os pais delas morreram.

- Por que nunca me disse? – perguntou.

- Nunca surgiu o assunto – dei de ombros – Não é algo com que eu me importe. Consegui sair de lá. Isso é importante! Justin, eu não gosto de falar sobre isso.

- Tudo bem – ele falou e suspirou.

O resto do caminho foi silencioso. Chegamos ao meu prédio.

- Não quer entrar e ficar aqui até os meninos virem? Eles vão trazer as garotas... – falei sorrindo amigável.

- Não, tudo bem. O meu hotel não é muito longe – ele disse dando de ombros.

- Ok. Obrigada por me acompanhar – disse o abraçando.

- De nada. Foi até bom, uma noite calma – ele disse sorrindo fraco.

- É, eu gostei de conversar com você. Sabe, sem aquele seu estresse todo – fiz uma careta.

- Hoje de manhã eu estava meio...

- Cansado? Nervoso? – sugeri.

- É por aí – assentiu pressionando os lábios – Acho que é só isso. Tchau.

- Tchau – falei e fitei ele caminhando.

Ele começou a cantarolar Moondance novamente e eu sorri.

Me virei para entrar no prédio, mas acabei trombando em alguém.

- Me desculpe – falei olhando quem eu havia trombado. Meus olhos se arregalaram – Cole! Cole Sprouse?

O garoto loiro sorriu.

- É, eu mesmo. E você é? – ele estendeu a mão.

- Samantha – peguei a mão dele sorrindo.

- Bom, Samantha, foi muito legal trombar em você, mas eu tenho que ir. Espero vê-la de novo – ele disse sorrindo pra mim.

Assenti e ele caminhou para fora do prédio.

Wow! Eu acabei de esbarrar em Cole Sprouse! Amy nem vai acreditar!

Well, it's a marvelous night for a Moondance
With the stars up above in your eyes