Quando acordei, sentia-me diferente. Não sabia direito o que acontecera de noite, mas, isso não importava. Abri os olhos e observei cautelosamente o quarto. O lugar ao meu lado, na cama, estava vazio, e Eu estava enrolada apenas com um cobertor branco, nem muito grosso, nem muito fino. Virei-me para ver as horas e acabei dando de cara com um ursinho abraçando um vaso com rosas vermelhas. Sorri, e peguei o cartão que estava junto.

“ Se eu fosse demonstrar todo o amor que sinto por você com rosas, teria que comprar todas desse planeta e ainda não seria o suficiente.  Estou te esperando com seu café da manhã.               

                                                                                       Eu te amo.”   

Corei um pouco com aquilo. Edward. Isso é bem a cara dele mesmo. Eu passei a gostar um pouco, do jeito que ele me mima. Desde que não fosse nada muito caro, pois eu ainda sou um pouco neurótica com presentes, eu aceitaria de bom grado. Sempre.  Sorri mais um pouco para o ursinho e as rosas, e fui até o banheiro fazer minha higiene matinal. Quando me olhei no espelho, tomei um susto pelo estado do meu cabelo. Estava todo descabelado e com alguns nós. Depois do que aconteceu na noite passada, eu não deveria estar surpresa que meu cabelo ficasse assim.  Assim que lavei o rosto e escovei os dentes, dei um jeito no meu cabelo selvagem, deixando-o solto mesmo. Edward gosta mais dele assim, e eu também. Coloquei uma roupa..normal, por incrível que pareça, hoje estava fazendo sol, e desci até a cozinha.      

  Ele estava lá, sentado, de olhos fechados. Fui até sua cadeira e o abracei por trás.

- Bom dia.- Eu disse suspirando.

- Bom dia.- Falou sentando-me em seu colo. Olhei para o café da manhã e sorri largamente. Estava tudo tão lindo.

- Isso tudo é pra mim? As rosas, o ursinho, esse café da manhã..- Perguntei.

- Sim, e ainda tem mais.- Respondeu beijando meu ombro.

- E esse “mais” tem haver com você ter ido numa loja?- Perguntei pondo suco de laranja num copo. Ele assentiu sorrindo.- E quando poderei ver?

- Depois do café da manhã.- Respondeu. Senti uma estranha necessidade de terminar o meu café para ver o que ele comprou. Eu podia ver em seu rosto, a ansiedade de me presentear.

- Tudo bem.- Falei para mim mesma, e peguei umas torradas, logo depois um pãozinho, pus mais suco para mim e dei um selinho em Edward, que passou a língua em meus lábios, degustando o sabor. Corei um pouco e bebi o resto do suco, terminando meu café da manhã.- Estava delicioso. Obrigada.- Comentei beijando-o.

 Os beijos ficaram demorados, e depois de alguns segundos, minhas mãos foram para o seu cabelo pedindo por mais, puxando-o para mim, e ele cedia tranqüilamente. Eu não podia perder o foco. Parei o beijo com muito esforço, e respirei fundo. Ele me olhava divertido, com a respiração levemente irregular, como a minha.

- Posso ver agora?- Pedi.

- Curiosa.- Sussurrou sorrindo.- Quero que me espere no jardim.- Pediu. Assenti rapidamente e desci do seu colo, indo para os fundos da casa.

 Depois de alguns minutos esperando, o vi se aproximar. Sua pele exposta ao sol começou a cintilar no mesmo instante. Ele se sentou no gramado, e eu o acompanhei curiosa. Havia uma caixa em suas mãos. O que será que tem dentro? – Perguntei em meus pensamentos.

- Como você sempre foi a dona do meu coração..- Começou me olhando.- Resolvi dá-lo de uma vez a você.- Concluiu afagando minha bochecha e abrindo a caixa, me mostrando o seu interior.

 Era lindo! Um colar com um pingente de um coração com um laço prata brilhante. Junto, havia dois brincos. Eram dois laços prata. Uma lágrima desceu por meu rosto. Aquilo era tão lindo.. e não estou me referindo apenas ao colar e aos brincos. Tudo o que Edward fazia era lindo. Toquei o pingente de coração sorrindo.

- O que achou?- Perguntou.

- É lindo.- Respondi. Ele pegou o colar e o colocou em meu pescoço.- Obrigada.- Sussurrei beijando-o.

      Fiquei sobre ele no gramado, olhando em seus olhos, e sorri, beijando-o novamente. Fui aprofundando o beijo mais e mais. Minhas mãos já percorriam por seu peito indo em direção aos botões de sua camisa. Ele me afastou delicadamente e ficou sobre mim, me provocando, subindo um pouco minha blusa, depois a abaixando. Será que um dia, eu não iria querê-lo? Ou a sede que tenho por ele, o desejo, o amor, só iria aumentar? 

  Quando suas mãos começaram a subir por dentro de minha blusa, pelas minhas costas, ouvi o barulho de um carro se aproximando. Eu sabia que Edward havia escutado, mas ele continuou sobre mim. Foi fazendo um caminho de beijos, subindo por minha barriga, indo até meu pescoço, e deu uma mordida leve no lóbulo de minha orelha, fazendo com que meu corpo "pulasse".

Ele sussurrou alguma coisa no meu ouvido, e saiu de cima de mim, se recompondo. Fechou sua camisa e me ajudou a levantar. Ajeite minha blusa e meu cabelo tentando acalmar minha respiração, que estava ofegante e peguei sua mão, entrelaçando nossos dedos e fomos até a sala. Ele ligou a TV e pôs num filme qualquer, enquanto eu ia até a porta ver o tal carro que eu ouvi. Era um táxi. Minha mãe e Phil saíram dele e vieram caminhando até mim. Entrei novamente em casa e deixei a porta aberta. Edward estava deitado no sofá fingindo assistir a algum filme.

- Quem é?- Ele se sentou para me perguntar. O encarei confusa e ele piscou para mim.

- Minha mãe e Phil.- Respondi sorrindo.

- Podemos entrar?- Minha mãe perguntou da porta. Assenti brevemente para ela, e a mesma entrou sorrindo, e logo depois, Phil também.- Não estamos atrapalhando nada, nem incomodando, estamos?- Ela perguntou inocentemente.

- Não. Estávamos assistindo um filme.- Menti descaradamente.

- Oh, que lindo!- Ela veio até mim e tocou o colar que Edward havia me dado.

- Eu falei.- Phil disse sorrindo ao seu lado.- Também presenteei alguém.- Falou para Edward.

- Cadê?- Perguntei ansiosa. Ela me mostrou sua mão, com um anel que as pedras formavam uma borboleta.- É lindo.- Afirmei.

- Seu marido sabe mesmo agradar uma mulher.- Ela comentou rindo. A olhei confusa. O que Edward tinha haver com isso?- Edward ajudou Phil a escolher.- Sorriu.
 

Depois de meio minuto lembrei o por que da vinda da minha mãe. O resultado dos exames. Fui até a cozinha beber um copo grande de água e quando ouvi passos, me virei rápido demais e acabei ficando tonta. Tentei me segurar em alguma coisa, mas nada! Só fui sentindo a inconsciência me levar.. 

Quando acordei, sentia-me sonolenta, então abri um pouco os olhos com muito esforço para ver onde eu estava. Era bem claro, dava dor de cabeça. Senti uma mão fria apertar a minha. 

- Edward?- Perguntei.

- Estou aqui.- Ele respondeu carinhosamente.

- Onde estamos? O que aconteceu?- Perguntei desorientada. Aos poucos, meus olhos foram se acostumando com a claridade e a sonolência foi diminuindo. Consegui ver Edward perto de mim, e vi onde estávamos.

- Estamos no hospital.- Respondeu.- Você desmaiou. Não se lembra?- Perguntou preocupado.

- Não muito, minha cabeça está doendo.- Respondi apertando sua mão. Ele parecia atordoado. Sempre preocupado demais.- Estou bem.- Tentei acalma-lo.  

- Bella..- Ele começou a falar, sendo interrompido por uma enfermeira que havia batido na porta. 

- Com licença. Aqui está o resultado dos exames da Sra. Isabella.- Disse entregando um envelope tamanho médio a Edward e indo em direção a porta. 

- Obrigado.- Ele agradeceu. Pigarreei e o olhei séria.- O que? 

- A Sra. Isabella citada um momento atrás sou eu.- Brinquei estendendo a mão. Ele sorriu e abriu o envelope, me ignorando.

- Impossível.- Ele disse encarando o resultado assustado.

- O que?!- Perguntei desesperada.

-.....- Ele fez silêncio.- Esses não são os seus exames.- Completou rindo. 

- Edward!- O repreendi rindo também.- Pensei que fosse alguma coisa séria.

 - É uma Isabella, mas não é você.- Me disse sorrindo.- Eu já volto.- Falou beijando minha testa, e em seguida saindo do quarto.    

 Suspirei e olhei o quarto, observando um cartaz. “Ciclo Menstrual” estava escrito. Pensei por um momento e fiz contas mentais. Fazia e refazia as contas pensando estar erradas. Minha menstruação estava atrasada! Não! Isso não pode ser possível! Eu? Estar grávida? De um vampiro? Refleti por um tempo..  

Vampiras não podem engravidar, pois seus corpos não são capazes de gerar uma criança. Eles não mudam. Estão "congelados". "Mortificados". Mas eu? Eu sou humana! Meu corpo pode mudar! Minha mãe estava certa, mas, como irei contar a Edward?! E como será que ele irá reagir?! Mas como...?! Eu precisava ligar para alguém, ou melhor, para Carlisle.

  Quando me sentei para procurar o celular, observei minha barriga. Havia um pequeno volume ali. Não era óbvio, se olhasse de apenas um ângulo, mas estava definido entre meus quadris. 

  De repente senti uma onda de felicidade. Agora, não importava mais se isso era possível ou não. Eu sabia que era. Eu sentia isso.  Passei a mão esquerda por minha barriga, observando-a maravilhada. Já podia imaginar um menininho parecido com Edward, sem nenhum traço meu para atrapalhar. Me deitei novamente, respirando fundo, fechando os olhos, e pousando minhas mãos ali, no pequeno volume. Quando a porta se abriu, cobri minha barriga novamente. Era Edward.  

 - Está tudo bem?- Sorriu sentando-se na beirada da cama..- Está chorando?- Perguntou preocupado.

 - Ah, estou?- Sorri. É claro que estava chorando. Puras lágrimas de felicidade.- Acho que sim.- Comentei secando-as.

 - Não se precoupe Bella. Vou descobrir o que está acontecendo com você.- Dizia me abraçando.

 - Edward, ja sei o que está acontecendo.- Afirmei olhando em seus olhos.

- Sabe?- Perguntou confuso.- Então.. o que é?

 - Bom.. eu acho que posso estar...- Comecei nervosa.-.....Grávida.- Terminei sussurrando.  

   Seus olhos congelaram em meu rosto. Seu foco era ali. Ele permaneceu parado por alguns minutos, me deixando preocupada, mas logo depois levantou, sem dizer uma palavra. Puxou o celular do bolso e me deixou no quarto sozinha.

Agora, as lágrimas que caíam, eram de preocupação. Depois de muitos minutos, Edward entrou com Carlisle.

  - Vamos..- Edward falou sem olhar para mim.

- Pedimos para te liberarem mais cedo.- Carlisle explicou vendo a confusão estampada em meu rosto.  

  Eu não sabia o que estava acontecendo. Por que Edward estava agindo assim? Não era isso que ele queria?  Quando chegamos na mansão, todos me fitavam preocupados. Menos..surpreendentemente, Rosalie.  

 Ninguem sabia se era possível, ou não. Então, Carlisle foi com Edward até a biblioteca, e seu escritório para procurarem uma explicação. Fiquei com os outros na sala, vezes vendo TV, vezes conversando. Eles não conseguiam esconder a preocupação, e era isso que eu não conseguia entender. Afinal, por que todos estavam tão preocupados? Essa não deveria ser uma notícia boa?

   Minha mãe veio me ver mais tarde, e depois voltou para a Flórida. Passei o dia inteiro só vendo todos preocupados comigo. Quando anoiteceu, mesmo  não estando com sono, me preparei para dormir. Fiquei olhando o céu pela janela do antigo quarto de Edward. 

Meus pensamentos iam e vinham, em tudo o que acontecera comigo, na minha vida, desde que cheguei em Forks. Segurei fortemente o pingente do colar que Edward havia me dado e senti algo, ou melhor, alguém se mexer em minha barriga. Era como se eu estivesse sendo cutucada. Levei uma das mãos a minha barriga e a afaguei, enquanto ainda segurava o pingente do colar com a outra.

 Me deitei na cama respirando fundo e fechei os olhos. Imaginei eu, Edward, e nosso filho ou filha. Nossa família. Conseguia imaginar um menininho com cabelos cor-de-bronze, a cópia fiel de Edward, correndo pela nossa casa, enquanto eu ficava desesperada tentando fazê-lo parar, com medo que se machucasse. Era um futuro feliz. Queria ter a capacidade de viver na minha imaginação.  

 Quando o sono chegou, a porta se abriu lentamente. Eu sabia quem era, e não queria encará-lo..mas era preciso. Eu teria que fazer isso. Mais cedo ou mais tarde..  

Ele se deitou ao meu lado sem dizer nada, então, quem deveria quebrar o silêncio era eu.  

 - Por que está agindo assim?- Perguntei me sentando. Quando ele abriu a boca, levantei um dedo em sinal que esperasse.- Não era isso que você queria? Não foi você quem disse uma vez, que queria um casamento forçado por uma gravidez?

- Não sei como reagir a isso Bella.- Admitiu.- Sim, eu queria, mas..

 - É uma experiência humana. Você queria que eu as tivesse.- Falei quase chorando.

 - Não aquelas que podem te matar.- Sussurrou.- É muito perigoso Bella. Já ouviu falar de algum vampiro que engravidou uma humana?- Assenti. Era ele.- E se já aconteceu... O que houve com a humana, ou com a criança?

- Eu não sei.- Admiti. Eu não podia culpá-lo, ou julgá-lo. Ele só estava preocupado. E eu entendia o porque.- Mas, não quero que veja a minha situação desse jeito. Algo perigoso e que pode me matar.- Pedi.- Veja, que o nosso amor resultou nisso.- Peguei sua mão e a coloquei sobre miha barriga.- Ou melhor, nele.- Sua mão acariciou o volume por um tempo. Havia um novo brilho em seu rosto. Algo esperançoso.- Eu vou sobreviver. Nós vamos.- Falei para meu pequeno cutucador.

 Edward assentiu, pensando consigo mesmo, e depois de me beijar calmamente, beijou minha barriga.  Ele sorriu para mim, tentando substituir a preocupação pela felicidade, e me envolveu em seus braços nos deitando na cama.

Enquanto ele sussurrava minha canção de ninar no meu ouvido, sua mão esquerda acariciava minha barriga.  Eu iria aguentar, pensei comigo mesma. Iria sobreviver para ver minha família completa e feliz!