Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 44
Dr. Ares Smith


Notas iniciais do capítulo

Acho que todos nós sabemos que isso não vai acabar muito bem, não é mesmo?

Vamos ver se a Alice melhora, ou só se ferra mais ainda com o ferimento.

Peguem os baldes de pipoca!



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Enquanto Ares procurava a caixa de primeiro socorros, eu olhava freneticamente a sala de estar procurando uma única chance de escapar. Mas é claro que quando você tem um corte no seu abdômen de um lado ao outro, as coisas ficam meio difíceis.

- Achei! – Exclamou ele de algum outro cômodo. Provavelmente do banheiro, ou do meu quarto.

- Não... – Choraminguei, e tampei o rosto com a mão. Ele ia me cerrar ao meio, ou ia tentar limpar o ferimento com uma lixa de parede.

Ares andou até a sala com uma caixa de madeira bonita, e a colocou na mesinha de centro logo na frente do sofá. Tive vontade de chorar ao imaginar o que ia acontecer comigo.

- É sério... Chama o Apolo... – Pedi em um gemido.

- Deixa de ser fresca e cala essa boca. – Respondeu ele com toda a sua gentileza. Olhei para Ares, que analisava a caixa com uma cara de dúvida.

- Viu só? Não consegue ser gentil nem mesmo quando fala comigo. Imagina quando está cuidando de um corte! – Exclamei nervosa.

- Ah, desculpe. – Disse ele com em tom de deboche – Deixa de ser fresca e cala essa boca, por favor. Melhorou?

Tampei o rosto com a mão novamente, e Ares se ajoelhou na frente do sofá.

- Certo... Eu acho que deve ser isso aqui. – Comentou ele olhando para o frasco. Destampei o rosto e vi o que ele segurava. Era um frasco azul, mas eu não conseguia ler o rótulo, pois Ares o virara para si.

- Como é que você sabe? Pode ser água oxigenada. – Falei tensa. Ares olhou para mim, e não pode deixar de escapar de sorrir maldoso – O que? Por que está sorrindo assim para mim?

- Ah, por nada. – Respondeu ele inocente – Me diz uma coisa, Kelly... Você por acaso se lembra de quando uma garota desastrada e lesada cortou o meu braço? Aí essa mesma garota desastrada confundiu os remédios e passou água oxigenada no meu corte? Lembra disso?

Abri a boca incrédula e ao mesmo tempo com medo.

- Escuta... Se você quer fazer isso por pura vingança, nem chegue perto de mim! Não me toque! – Exclamei cobrindo o corte com as duas mãos, mas Ares continuou sorrindo para mim com uma cara de “eu posso fazer o que eu bem entender” deixando-me mais tensa e com medo – O-Olha... Eu já disse um milhão de vezes para você que aquilo foi sem querer! Eu não sabia!

- Eu também não sei se é o remédio certo, mas... Vamos descobrir não é? – Sorriu ele em resposta. Gelei ao ouvir aquilo. O corte já estava ardendo por si só, imagina com água oxigenada?!

- Não! É sério! Para! Nem pense nisso! – Exclamei ainda com as mãos sobre o ferimento, mas Ares as puxou para longe com um riso.

- Tsc. Fica quieta, Kelly. O máximo que vai acontecer é... Doer um pouco. – Comentou ele calmamente.

O que eu podia fazer? Não ia conseguir me livrar dele, por mais que eu tentasse. Por isso, quando vi que Ares estava abrindo o vidro azul e pegando um pedaço de gaze eu tampei o rosto com as mãos novamente e esperei pelo pior.

Fiquei parada daquele jeito uns 2 minutos, até que eu vi que nada aconteceu. Descobri o rosto lentamente e vi que Ares estava me encarando.

- Que houve? – Perguntei com uma voz trêmula.

- Você ia mesmo me deixar fazer isso? – Perguntou ele com vontade de rir.

- O que eu posso fazer?! – Exclamei sem entender – Não tem como eu te empurrar para longe ou coisa parecida.

- Mas não ia nem mesmo tentar. – Comentou ele. Desviei o olhar.

- Eu não ia poder fazer nada para te impedir, se ao invés de tentar me ajudar, você quisesse vingança por uma coisa besta me fazendo sofrer. – Respondi, e pude notar que ele ficou um pouco quieto.

- Estava só brincando. – Disse Ares colocando o vidro azul e a gaze encima da mesinha de centro. Olhei para ele pensando que estava magoado por eu pensar mal dele, mas vi que estava com um sorriso maldoso no rosto.

- Sei. – Respondi em sarcasmo – Você é realmente uma alma caridosa e doce, não é? Se importa com o bem estar de todo mundo, até mesmo das pessoas que você mais odeia. Que amor.

- Que bom que você sabe. – Rebateu ele com o mesmo sarcasmo. Ares parou e olhou para mim. Na verdade... Para a mancha de sangue. Olhei também, sem conseguir evitar e notei que estava ligeiramente maior do que antes. Droga... – Eu... Vou ter que puxar a sua camisa.

Meu rosto ficou inteiramente vermelho, e eu encarei Ares, incrédula.

- Como é que é? – Perguntei com a voz falhando. Ele fez uma careta para mim.

- Não para isso, inteligência! – Exclamou ele – Só me diz como eu vou cuidar do ferimento com a sua roupa por cima?!

- Você...! – Ele tinha razão, indelizmente. Ótimo! Apolo teria a maior vontade de tirar a minha camisa, e no único momento em que ninguém o atrapalharia, ele estava na droga do cinema discutindo com o meu pai! Argh – Não... Precisa tudo.

- Nem eu queria. – Respondeu ele com uma careta. Ares segurou a barra da camisa, e eu desviei o olhar – Avise se doer quando eu estiver cuidado do ferimento.

Assenti, e ele começou puxar a minha camisa para cima. Só que lentamente. Eu fiquei quieta, em completo silêncio e ele fez o mesmo. Desviei o olhar para as costas do sofá, que estavam do meu lado esquerdo, e esperei.

Ares puxou a camisa até metade da minha barriga, e eu senti o meu rosto ficar mais vermelho ainda. Assim que ele chegou na altura onde o corte começava (logo abaixo dos seios), eu acabei deixando escapar uma baixa exclamação.

- Ares...! – Foi tudo que consegui dizer com o meu rosto vermelho.

- Isso doeu? – Perguntou ele calmamente. Neguei com a cabeça, pois não conseguia responder. Ele parou ali e largou minha camisa.

Pude sentir quando ele passou o soro fisiológico gelado pela minha pele, e acabei tremendo de frio. Além disso, ele usava força demais, o que me machucava ás vezes.

- Uhm... Gelado. – Exclamei baixinho.

- Fresca. – Retrucou ele continuando. Acho que ele usou umas três gazes até conseguir limpar todo o sangue, o que demorou muito. Em meio do procedimento, ele comentou – Você ainda tem sorte de não estar de vestido.

Entendi o que ele queria dizer. Se estivesse, ele teria que levantá-lo para poder mexer no corte. Ah, não.

- Deve estar desapontando. – Comentei incomodada, e ele fez uma careta para mim – Se fosse o caso, eu nunca deixaria você de mim.

- E nem eu gostaria. Se bem que você não teria escolha também. – Rebateu ele. Olhei-o incrédula, e ele notou o que tinha acabado de dizer – Quero dizer... Por causa da sua saúde! Podia ter problemas se eu não...! Ah, cala essa boca, lesada!

- Eu, né? Ok. – Respondi irritada – Você é mesmo um grande aproveitador.

- Até parece que eu ia ter o mínimo de prazer vendo uma pirralha sem graça como você de roupas de baixo. – Rebateu ele em um resmungo. Revirei os olhos, e Ares parou de repente – Pronto. Limpo. Até que não foi tão profundo quanto eu pensei.

- Se preocupou demais? – Zombei.

- Ah, claro. Acho que vou até aproveitar para te dar um beijinho para você melhorar mais rápido. – Respondeu ele em sarcasmo. Ares pegou um outro vidro na caixa e molhou em outra gaze. Era um líquido vermelho e eu franzi o cenho. Não lembrava o nome daquilo – Fase dois agora.

Apreensiva, quando Ares tentou encostar a gaze no meu ferimento, eu encolhi a barriga o máximo que pude. Ele franziu o cenho e tentou de novo, mas eu virei-me para o lado.  Ares olhou diretamente para mim, e eu para ele.

- Quem é a criança agora por ficar tentando escapar, hein?! – Perguntou ele rindo – Admita, pirralha! Você adora reclamar comigo a toa!

- Eu reclamei com você da última vez, porque você ficou fugindo com o braço! E aquilo nem ia te machucar! – Exclamei de volta.

- Bem, isso também não vai! – Exclamou em resposta.

- Mas eu não acredito em você! – Respondi.

- Digo o mesmo. Agora fica quieta. – Exigiu ele perdendo a pouca paciência – A não ser que queira que eu sente encima de você para que não possa se mexer.

Pensei na possibilidade. Teria todos os meus ossos esmagados se ele fizesse isso, logo resolvi ficar parada mesmo. Ok... Talvez ele não estivesse mentindo. Não deveria doer nada...

- Aaah! – Gritei ao sentir o remédio tocar o corte. Estava ardendo muito! – Ares, seu...!

- O que foi?! – Exclamou ele sem entender – Não vai dizer que isso doeu!

- Claro que doeu! – Gritei de volta com raiva de dor.

- Então é melhor agüentar, porque falta muita coisa ainda. – Comentou ele. Eu neguei com a cabeça, mandei ele ficar longe de mim com aquilo, e estava prestes a xingá-lo de alguns nomes não muito bonitos, quando ele tampou a minha boca com a sua mão – Pronto. Pelo menos assim você fica quieta.

- Uhm! – Tentei falar, mas era impossível. Segurei a sua mão tentando tirá-la da minha boca, enquanto ele continuava a passar o remédio. Fechei os olhos, porque aquilo ardia muito, e apertei com força a sua mão.

Quando ele finalmente terminou, largou minha boca rapidamente, e passou uma mão sobre a outra.

- Ai! – Exclamou ele com a mão vermelha de tanto eu apertar e morder – Mas que droga, Kelly! Será que é incapaz de ficar quieta?!

- A culpa foi sua, seu grosso! – Exclamei de volta. Ares segurou os meus ombros, e eu pensei que ele fosse me atirar longe, mas ao invés disso... Ele me ajudou a ficar sentada. Franzi o cenho sem entender, mas quando ele me colocou costas para si eu me toquei do que ele estava pensando.

- Agora é só enfaixar. Consegue ficar quieta para isso, ou vai começar a chorar? – Perguntou ele de mau humor. Neguei com a cabeça, enquanto Ares começava a enfaixar o ferimento. Só que ele estava apertando demais, o que provocava (novamente!) dor.

- Ah! Será que não dá para ser mais delicado? – Perguntei incomodada.

- Ah, eu sinto muito. Quer que eu pare o que estou fazendo e comece uma massagem para você ficar melhor? – Perguntou ele em sarcasmo. Não respondi. Só continuei parada enquanto ele continuava a enfaixar toda a região do corte.

Suas mãos passavam pelas minhas costas, e depois para a minha barriga, levando e trazendo a gaze, enrolando-me. Podia sentir que seu rosto estava bem perto do meu pescoço, pois a sua respiração se confundia com a minha de vez em quando.

- O que aconteceu? – Perguntou ele quebrando o silêncio. Olhei para o lado, mas logo voltei o rosto para frente pensando que ele estava completamente vermelho.

- Eu fui ao cinema com o Apolo, só que quando saí de lá... O mantícore apareceu. Junto com o Jake. – Contei para ele, e Ares provavelmente arregalou os olhos.

- O que?! Jake?! Aquele imbecil do Hotel Holly Lake?! – Perguntou ele com raiva.

- É. – Confirmei – E ele levou o Scott. Mas... Isso foi culpa da Éris, pelo que parece. Só não tenho idéia do porque dela querer tanto ele.

Ares ficou em silêncio por alguns segundos, como se ele soubesse de algo que eu não sabia. Por fim, resolveu contar.

- Ela quer ele, porque o seu ex namoradinho é o favorito da Afrodite. – Contou Ares com um pouco de raiva – Éris quer arrumar encrenca com ela, ferrando ele.

- Como sabe disso? – Perguntei sem entender. Ares contou o que aconteceu na noite que eles brigaram com o Jake. Logo antes dele ter voltado com um gato para o quarto, chamando-o de Alice – Então é por isso? Você achou mesmo que ela tinha me transformado em um gato?

- Como é que eu ia saber?! – Exclamou ele com raiva – Podia ser você mesmo.

- Aham. E foi por isso que você ficou falando “Eu só queria que você me ouvisse”, “Me desculpa?” e também... “Eu tenho que ficar de olho em você.? – Perguntei achando aquilo um pouco estranho para Ares, mas ainda assim engraçado – Você então se importa comigo?

Ele, como resposta, apertou muito a última camada de gaze, fazendo que ter que prender a respiração e reprimir um grito de dor.

- Opa. Foi tão sem querer. Mas é claro que eu me importo. – Respondeu ele de um jeito inocente, mas estava mais do que na cara que não. Revirei os olhos, e ele me soltou. Eu puxei a camisa para baixo, feliz dele não ter precisado puxá-la até onde pudesse ver o meu sutiã, e virei-me para olhar Ares – Pronto. Agora é só ficar quieta, e tentar não arrumar mais confusão.

- Obrigada. – Respondi em um resmungo, e ele sorriu forçado.

 - Disponha. – Eu tentei me levantar, e Ares me impediu – Wow! Onde você pensa que vai?! Será que nunca me escuta?! Eu disse para você ficar sentada, droga!

- Eu tenho que ver onde o Scott está. Não vou deixar a Éris fazer mal á ele. – Respondi, mas ele me puxou para o sofá novamente – Ares!

- Não me venha com “Ares!”. – Reclamou ele imitando uma voz fininha e enjoada – Você vai ficar aqui e pronto. Aproveite que hoje é o dia do Apolo, e gaste o tempo que você quiser.

- Quer esquecer essa besteira de dias?! – Reclamei com raiva – Tem coisa mais importante para se preocupar no momento.

- Lembra do nosso acordo, pirralha? Tudo o que eu quiser. E eu quero que você fique sentada aqui mesmo sem se mexer! – Exclamou ele com o mesmo tom de raiva. Trinquei os dentes. Eu não podia simplesmente levantar, já que ele colocou as coisas daquele jeito. Ares riu para mim ao ver que eu não ia me levantar, e apertou a minha bochecha – Não fique tristinha. Mesmo você não tendo sido uma boa garota enquanto eu cuidava de você, pode ganhar um doce ou coisa do tipo mais tarde, ok?

Ares se levantou e começou a andar até o corredor, mas eu estava com tanta raiva que peguei uma das almofadas do sofá e lancei nele com toda a minha força. Isso o chamou atenção assim que a almofada chocou-se contra a sua nuca.

Ele virou-se e olhou para mim com um sorriso maldoso.

- Ótimo. Quer tornar as coisas mais difíceis? Então tudo bem. – Ele veio até o sofá e eu ergui uma sobrancelha sem entender o que ele faria. Ares sentou-se no sofá, pegou o controle remoto e ligou em um canal de luta. Pensei que ele ficaria parado ali, mas... – Ai! Me solta! O que você está fazendo?!

- Me certificando que, além de ficar quieta aqui, você ainda vai sofrer mais um pouco. – Respondeu ele feliz. Ares tinha me puxado contra ele, de modo que eu estava praticamente sentada em seu colo, de costas para ele, enquanto seus braços formavam um tipo de prisão. Não conseguia fugir dele – Agora comporte-se e veja uma luta bem violenta com o seu namorado favorito.

- Não mesmo! É sério, Ares! Ele pode estar em perigo! – Exclamei, mas ele continuou olhando a TV sem ligar para mim – Você só se importa com os seus interesses, não é?!

- É. Basicamente. – Confirmou ele sem ligar.

Trinquei os dentes de raiva, mas resolvi que não ficaria parada ali. Com toda a minha força, dei uma cotovelada nele, e Ares acabou me soltando. Caí para o lado no sofá, e me virei para ele.

- Sua lesada! – Exclamou ele com raiva – Já mandei você ficar quieta!

- Eu não vou ficar quieta enquanto Jake e Éris estiverem se dando bem! – Exclamei de volta. Ares veio na minha direção pelo sofá, mas eu desviei – Se tentar isso de novo, eu te dou outra cotovelada.

- Eu digo o mesmo! – Exclamou ele assim que eu lhe dei as costas. Ares me deu uma cotovelada. Tudo bem... Não era para doer tanto, mas...

- Ah! Seu animal! – Exclamei morrendo de dor. Caí deitada no sofá, e Ares fez uma cara de dor por mim. Ele coçou a nuca sem saber o que fazer, ao ver onde ele tinha atingido.

- Ahm... A culpa é sua. – Disse ao ver que tinha acertado o corte, e que ele tinha voltado a sangrar. Em um ataque nervoso, eu tampei os olhos com a mão e comecei a choramingar.

- Eu não acredito nisso... – Choraminguei – No mesmo lugar!

- É... – Disse Ares – Acho que vou ter que fazer tudo de novo.

Destampei os olhos e fuzilei seu rosto com raiva e irritação.

- Eu já disse que eu te odeio? – Perguntei rangendo os dentes. Ares riu e deu de ombros.

- Tsc. Você diz isso, mas no fundo deve ter uma quedinha por mim, benzinho. – Zombou ele. Com toda a minha força, eu chutei Ares. Para a minha felicidade enorme, ele caiu no chão de bunda.

- Quedinha. Aham. – Confirmei em sarcasmo. Estava ferrada de novo...


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?

Queria agradecer ás 69 pessoas que estão acompanhando a fic! Valeu gente, vocês arrasam.

Para aqueles que não costumam mandar review, espero que estejam gostando, certo?

Até o próximo capítulo! Beijos, gente.



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