Coeur Faible escrita por NRamiro


Capítulo 17
Parte 12.2


Notas iniciais do capítulo

Essa parte é QUENTE!



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- Vamos fazer isso então – Concordei.

- Onde está o número dele? Vamos fazer isso agora?

- Você tem tal substância aqui, Francesca? – Disse Henrie dada às perguntas de Anthony.

- Não.

- Então devemos esperar até amanhã. Tenho em casa e sei como administrar. Mas, Francesca – Apontou para o telefone. – Ligue para ele e chame-o para um jantar.

Fui até minha biblioteca e peguei o pedaço de papel que havia guardado dentro de um livro. Passei o dedo pelo escrito enquanto pegava o telefone para logo em seguida discar os números. Algumas chamadas depois, então escutei sua voz:

- Quem é?

- Gabriela.

- Oh – Permaneci alguns segundos em silencio. – Pensei que não me ligaria mais.

- É... sei que demorei, mas agora estou ligando.

- E o que eu lhe devo a honra?

- Está livre para o jantar de amanhã? – Fiz o convite. – Seria aqui, em minha casa.

- Oh – Demonstrou surpresa uma única vez. – Mas é claro, apenas diga-me onde mora.

Ditei um falso endereço a ele. Era o de uma casa simples nos subúrbios, a proprietária era uma prima que já havia falecido, mas para o governo, ainda estava viva e residia lá.

- Esteja lá às oito.

- Não me atrasarei.

Um arrepio de apreensão passou pelo meu corpo assim que desliguei o telefone. Já estava de suspensão da coeur por duas semanas e não fazia ideia de quando voltaria, mas agora meu parceiro, Anthony e eu estávamos prestes a fazer algo por ela. Senti-me animada e útil, diferente dos dias anteriores.

- Feito – Disse.

- Vocês combinaram às oito, um bom horário. Henrie e eu chegaremos aqui pelas... quatro, pode ser? Então vamos juntos – Anthony perguntou para McMahon, que concordou com um aceno de cabeça. – Vou passar na casa dele e vir. Agora o guarda-costas sou eu – Riu debochado.

O inccubus me dava raiva, mas seria bom ele acompanhar Henrie. Deixaria-o mais seguro.

Os dois ficaram até o final da tarde em minha casa, foi bom parar retirar de mim a sensação de aprisionamento. Quando eles saíram, pedi a Anthony que acompanhasse Henrie no caminho de volta a casa dele. Ant disse que o faria de bom grado e sorriu-me, apenas agradeci com sinceridade.

Francesca O’Hanoly estava tremendamente ansiosa. Sim, eu estava. Não tomei café de noite, pois com certeza perderia o sono, portanto apenas fiquei com um cigarro nos dedos e um copo de suco na outra mão, até que decidi ir para cama. Surpreendentemente quando me deitei, não precisei lutar contra minha mente e me obrigar a dormir. Acabei por adormecer logo.

Naquela manhã o dia nasceu chuvoso. Clima tipicamente londrino. Preparei algo quente para tomar e permaneci sentada na cama por um tempo enquanto observava minha parede cheia de estrelas. Teria que acrescentar uma hoje, talvez.

Após minha bebida quente, peguei meu contrabaixo e toquei por aproximadamente uma hora. Essa era uma atividade que me acompanhava desde a adolescência. Henrie já havia me dito que meu gosto pelo instrumento era minha única característica normal ao senso social comum, pois, além disso, o que eu gostava mais de fazer era eliminar meus inimigos e logo após tomar um café.

Anthony e Henrie chegaram na minha casa pouco depois de eu comer qualquer coisa de almoço. Meu parceiro segurava uma maleta pequena na qual se encontrava o principio que administraríamos em Abraham.

- Temos que ir para o endereço que você informou, Francesca – Anthony disse. – Temos que preparar tudo.

- Sim, esperem só um pouco.

Fui até meu quarto e peguei a OTS-38. Hoje era uma espécie de missão informal, portanto com a arma me sentiria mais segura caso algo dê errado.

- Vamos.

Saímos os três da casa e entramos no meu porshe. Dirigi até a antiga casa da minha prima. Era pequena, mas limpa e de péssimo mal gosto, pois havia por todos os cantos ornamentos latinos horríveis.

- Gostei da casa – Observou o inccubus.

- Apenas você – Retruquei. – Bem, como vai ser?

- Precisamos desacordá-lo no momento em que entrar na casa. Ele não pode nos ver, Anthony e eu. O princípio já está pronto para ser administrado, cuidei disso ontem – Henrie disse. Deu uma volta pela sala em silêncio, observando-a. Parou ao lado da estante de livros que ficava perto da porta e ao lado da parede, quase encostando, mas como não o fazia, criava um vão. – Eu vou ficar aqui – Indicou o vão. – Quando ele entrar, afligirei um golpe na nuca fazendo-o desmaiar. Logo após só precisamos amarrá-lo em uma cadeira e aplicar.

- Parece conciso – Comentei e Anthony concordou. – Certo, faremos assim.

- Fran, você tem que deixar tudo parecendo de fato o encontro. Quer que eu cozinhe?

- Como assim, Anthony? Cozinhar?

- Você convidou o seu affair para um jantar, mas não vai fazê-lo? – Girei os olhos com a menção do “affair”. Quando eu estou próxima de conseguir suportar e criar afeição pelo inccubus, ele faz questão de me irritar com o seu jeito irreverente e irônico.

- Ainda quero amassar seu rosto, Ant. Bem, você quer cozinhar?

- Vou comprar alguma comida – E saiu pela porta.

Bufei. Bem, por um lado ele estava certo. Se Abraham for nada mais que um civil, vamos ter o nosso jantar.

- Esses demônios podem ter filhos com humanos?

- Não, Henrie. Por que a pergunta?

- Adoraria ver filhos seus com o Anthony – Riu e piscou para mim.

- Idiota.

Enquanto o inccubus estava fora, meu parceiro abriu a pequena maleta e me mostrou o princípio que em breve seria usado. Uma seringa pequena com pouco conteúdo, mas que manteria Abraham sobre seus efeitos por aproximadamente trinta minutos. Anthony não tardou a chegar com algumas sacolas, segundo ele o que mais sentia falta da vida humana era cozinhar. Tais demônios não se alimentam de sólidos, mas podem continuar ingerindo da vida humana, por exemplo, o álcool.

- Você era cozinheiro? – Perguntei ao sentar-me em dos bancos altos da cozinha. Anthony misturava alguma coisa nas panelas.

- Amador. A menina que era minha namorada em Salismouthh tinha um estabelecimento. Eu cozinhava para ela, então acabei por aprender algumas coisas. Eu tenho jeito nisso, você vai ver – Riu.

- Você sente falta?

- Dela?

- Não, da vida humana.

- Sim, mas o que posso fazer? – Deu de ombros. – Pelo menos agora posso fazer mulheres se ajoelharem para mim.

Ri e permaneci em silêncio apenas observando Anthony cozinhar. Estava cheirando bem, comprovando que, de fato, ele era bom na cozinha. Pouco depois, Henrie se juntou a mim e ficamos ali, esperando o inccubus acabar com o que fazia.

Às 7:40 já estava tudo preparado. O que me preenchia era a ansiedade. A comida de Anthony já estava preparada, todas as janelas foram fechadas com o intuito de bloquear a visão de quem estivesse do lado de fora e, por fim, Henrie segurava um dos – horríveis – ornamentos latinos que usaria para acertar a nuca do nosso convidado.

8:00 horas em ponto marcou o relógio no mesmo momento em que a campainha tocava. Pontual. Henrie e Anthony se esconderam e eu fui até a porta. Abri-a e encontrei o homem de olhos heterocromáticos. Vestia uma pólo branca e uma calça jeans comum. Uh, bonito.

- Gabriela – Sorriu-me. – Permita-me dizer, está bonita.

Vestia um vestido branco até os joelhos e uma jaqueta de couro preta na qual a OTS-38 estava escondida.

- Entre – Disse deixando um espaço para ele entrar. Assim que o fez, Henrie se aproximou e o golpeou na cabeça. Abraham caiu desacordado no chão.

Anthony correu para pegar uma cadeira. Colocamo-lo sentado nela e amarramos seu punho para trás. Henrie abriu sua maleta e pegou o princípio, logo em seguida injetando nele. Aos poucos Abraham começou a soltar murmúrios, não demorou a acordar.

- O que está acontecendo? Por que estou preso aqui? – Perguntou tentando se soltar.

- Nem pense em sair daí, querido – Puxei minha arma e a apontei na sua cabeça. – O jogo acabou. Nós já sabemos de tudo. Fingir não é mais uma opção.

- O-o que vo-você está falando?

- Por que não começa a narrar tudo desde Salismouthh?

- Gabriela, eu... Não sei do que... – Respirou fundo. - ...Está falando. Por favor, eu-

Aproximei-me ainda mais dele e encostei a arma na sua testa, segurando ao mesmo tempo seu queixo fortemente, fazendo-o olhar diretamente para mim. Evitei seus olhos e mantive minha voz firme e direta.

- É melhor você começar a me falar, Abraham. Ou qualquer que seja seu nome verdadeiro.

- Quem é você Gabriela? E por que está fazendo isso comigo? – Engoliu a seco. Isso não estava adiantando.

- Você sabe quem eu sou e sei que está atrás de Vector. Vai me falar ou será preciso enfiar uma bala na sua cabeça?

- Gabriela, por fa-favor – Sua voz começou a falhar. – Não sei do que está falando. Eu sou Abraham Wilson. Você está me confundindo com alguém.

Vi seus olhos bonitos começarem a ficar molhados. Soltei seu rosto e bufei com raiva. Chamei Anthony com os dedos para me acompanhar até a cozinha. Henrie cuidaria de Abraham agora.

- Ele não está falando nada – Reclamei.

- Você acha que ele está fingindo quando diz que não sabe de nada?

- Não sei, mas vou ter a certeza agora.

Tirei as balas da OTS-38, porém deixei apenas uma. Voltei até a sala e com determinação apontei mais uma vez a arma para o homem.

- Estou cansada. Você já me trouxe vários danos, desde Salismouthh. Não vou mais tolerar isso. Quer dizer alguma coisa?

- Ga-gabriela?

Apontei para um dos ornamentos latinos e atirei, quebrando-o e espalhando seus pedaços pelo chão. Assim gastei a única bala, mas Abraham não sabia disso. Ele tremia e eu vi uma lágrima escapar do olho azul.

- Adeus, Abraham – Puxei o gatilho, mas obviamente nada aconteceu. – Ele está limpo – Concluí.

Henrie suspirou e apertou meu ombro concordando: - Sorte dele. Bem, ainda temos dez minutos. Eu vou limpar isso – Apontou para os estilhaços do ornamento no chão.

Fui até a cozinha e peguei um pano limpo. Sequei o molhado no seu rosto.

- O que foi isso? – Perguntou com a voz fraca.

- Desculpe. Isso já vai acabar.

Passei a mão pelos seus cabelos para arrumá-los e afrouxei o nó que prendia seus punhos. Henrie já havia limpado toda a bagunça que fiz.

- Temos quanto tempo? – Perguntei ajeitando meu vestido.

- Dois.

- Desacorde ele – Pedi e fui até a estante, puxei uma caixa média e escondi minha arma nele. Escutei o barulho seco de quando Henrie descordou Abraham.

Desamarramos seu punho e o deixamos deitado no chão. Anthony deixou a cadeira na cozinha enquanto eu ajeitava o tapete de modo que eu teria uma história a contar para explicar como ele havia caído.

- Estamos indo Francesca – Meu parceiro sussurrou. Abracei-o e em seguida Anthony.

- Cuide do McMahon – Falei baixinho e fechei a porta assim que saíram por ela.

Se eu estava contente? Sim, estava. Havia conseguido a prova de que Abraham não passava de um civil, então todas as minhas suspeitas sobre ele estavam destruídas.

Esperei que ele começasse a soltar murmúrios, mostrando que estava acordando. Comecei com o meu teatro.

- Abraham? Abraham? – Virei-o de lado e segurei seu rosto com delicadeza. – Você está bem?

- Gabriela? – Gemeu de dor passando a mão pelo pescoço. – O que aconteceu?

- Um desses meus ornamentos caiu em você, então perdeu o equilíbrio por culpa desse tapete e caiu!

- Desculpe, às vezes sou muito desastrado – Ajudei-o a levantar.

- Não se desculpe. Você está bem? Quer que eu busque gelo para colocar ai?

- Não, não precisa. Não está tão ruim assim.

- Ainda bem – Forcei um sorriso. Era incrível perceber que o homem que eu tentava retirar informações não se lembrava de nada que havia acontecido com ele nos últimos trinta minutos. – Vamos comer então?

- Claro – Riu. – Vamos.

Levei Abraham até a cozinha e começamos a comer o que Anthony havia cozinhado. Estava muito bom, preciso confessar. Ficamos conversando o tempo todo. Sentia-me leve e despreocupada por ele estar limpo, poderia vê-lo mais vezes se quisesse. Abraham era engraçado além de bonito, conseguindo me deixar confortável na sua presença.

Quando foi embora eram quase onze horas. Havíamos tomado uma dose de conhaque antes e acabei por receber um beijo na bochecha de despedida.

- Até mais, Abraham.

Esperei um intervalo de uma hora desde a ida de Abraham Wilson e saí daquele lugar. Dirigi até a minha verdadeira casa e fui direto para a cama. O dia havia sido muito cansativo.


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Notas finais do capítulo

E agora, hein?



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