Coeur Faible escrita por NRamiro


Capítulo 16
Parte 12.1


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Desculpem a demora, mas sabem como é. Cada parte de coeur tem que ficar perfeita, então não consigo fazer rápido demais.



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Contando com os dois primeiros dias, estava quase perto de fazer duas semanas desde a suspensão da coeur. Não havia saído mais como no dia em que encontrei com Abraham no bar, pois quando cheguei em casa e me sentei no sofá de couro, refleti melhor sobre os últimos acontecimentos. Minha atitude fora totalmente imprudente. Sair de casa sendo que há aproximadamente 72 horas Henrie havia sido seqüestrado. Desde pequena escutei de Vector que coincidências eram algo perigoso, eu deveria sempre suspeitar, todavia uma muito estranha me havia acontecido – o homem de olhos bonitos no bar – e eu apenas a ignorei.

O pequeno pedaço de papel com o número dele ainda estava comigo. Guardei-o dentro de um livro velho na minha pequena biblioteca. Não o jogaria fora, pois poderia precisar futuramente. Toda minha confiança depositada em Abraham havia se esvaído, agora eu desconfiava de suas intenções. O que ele queria comigo? Talvez fizesse parte daqueles que querem nos destruir e, com certeza, não conseguiriam isso por meu intermédio. Eu não os deixaria.

Minas maiores companhias nesses dias havia sido minha xícara de café e o maço de cigarros. Dentro da dispensa havia vários maços que comprei no começo do ano e deixei ali caso precisasse. Minha sala estava começando a se impregnar com o cheiro de tabaco. Odiei-me por isso, mas não parei de fumar pelo menos dois cigarros por dia. Não era viciada no tabaco, apenas gostava da sensação que ele me dava. Vícios não se relacionam bem comigo, muito menos paixões.

Sentei-me no sofá com o primeiro cigarro do dia nos lábios. Estava tudo quieto até a campainha soar. Fui até a porta e olhei pelo olho mágico, era Kathe O’Hanoly, minha mãe.

- Olá querida – Disse-me quando abri a porta. Dei espaço para ela entrar, quando o fez voltei a trancar a porta. – Fiquei sabendo da sua suspensão.

- Você anda indo demais à Coeur Faible, está pensando em voltar?

- Francesca, você sabe que não.

Kathe havia saído da organização pouco depois do meu ingresso e, desde então, separou-se de Vector e afastou-se de tudo que se relacionava à coeur.

- Fran, isso tudo te faz mal. Como não consegue ver isso? Você é tão bonita, pode conhecer alguém e ter uma vida normal.

- Eu não sou normal, mamãe – Respondi ironicamente. – Coeur é quem eu sou, não posso sair como a senhora fez. Essa não é uma organização que permite tantas entradas e saídas, você teve sorte em conseguir. Se não fosse por Vector, não teria conseguido – Suspirei. – Não vou ter uma vida normal, e nem quero ter.

- Vice poderia, essas criaturas não precisam da sua proteção.

- Não precisariam se não houvesse aqueles que querem os exterminar. E, além disso, eu gosto dos privilégios que tenho e eu pretendo crescer lá dentro, Kathe.

- Eu pensava como você – Suspirou. – Mas olhe para mim agora. Daria tudo para apagar o que fiz.

Permanecemos um tempo em silêncio. Essa não era a primeira vez em que minha mãe tentava me convencer a deixar a organização. Já havia tentado algumas até com convites de passarmos um tempo no exterior, longe de tudo. Contudo, não conseguira me convencer e, provavelmente, não conseguirá. Fui criada para isso, não saberia viver uma vida normal.

- Deveria ter te dado mais atenção querida, quando era uma criança. Ter te ensinado um pouco do amor – Kathe suspirou. Não respondi a sua observação, apenas a encarei enquanto ela me dava um último sorriso antes de sair pela porta.

Permaneci alguns segundos em pé, refletindo sobre o que acabara de ouvir. Era um fato que Kathe O’Hanoly não foi uma mãe presente, assim como seu ex-marido e meu pai, Vector. Talvez por conta da ausência deles, acostumei-me com a falta do amor. Afinal, o que essa palavra significava? Amor? Esse sentimento não existe. É apenas o nome que se dá a necessidade de estar com alguma pessoa para que não se afogue na solidão. Pessoas fracas precisam disso, amor. A solidão, desde pequena, andara ao meu lado fazendo-me aprender que era melhor estar assim, sozinha.

Sentei-me no sofá e estiquei o braço para alcançar o telefone. Não tinha notícias de Henrie fazia dias, ou melhor, quase duas semanas. O telefone chamou algumas vezes até sua voz grossa soar pelo aparelho. Sorri em alívio.

- Oi Hen – Sussurrei.

- Oi Fran. É tão estranho ficar tanto tempo sem ver você.

- De fato é. Desde que fomos designados como parceiros, não nos separamos por muito tempo. No máximo uma semana...

Dois trabalhos não aconteciam normalmente um após o outro, mas freqüentar a coeur mesmo quando não se é designado a algo, é importante. Por isso meu parceiro e eu nos víamos sempre.

- Nunca pensei que seria um dia suspenso – Disse com voz pensativa. Estava pronta para responder “Eu também”, mas escutei alguns barulhos acompanhados de uma voz que, infelizmente, eu conhecia.

- O que Anthony está fazendo ai?

- Ele apareceu na minha porta e saiu entrando. Segundo ele, está entediado.

- Que vontade de matá-lo – Bufei ao jogar a cabeça para trás.

Henrie riu: - Preciso confessar que aprecio a birra de vocês, é no mínimo engraçada.

- Engraçada? Birra? – Exaltei-me por um momento. – Esse inccubus insolente é um estorvo pra mim!

- Duas crianças se alfinetando... – Riu largamente.

- Henrie! – Exclamei, mas acabei por rir junto a ele.

- É a Francesca no telefone? Shhh Anthony. Deixe-me falar com ela, Sr. McMahon, obrigado. Olá Fran, saudades?

- Muitas – Girei os olhos.

- Estou tentando convencer seu amiguinho a sair de casa. Acha uma boa ideia? Dar um pulinho ai, huh? – Perguntou com a voz preguiçosa.

Era uma ideia idiota a do inccubus, mas eu realmente gostaria de ver meu parceiro. Mordi os lábios antes de responder: - Diga a ele que está tudo bem em vir aqui.

- Ela concordou, garanhão. Saia – Alguns barulhos e a voz de Henrie voltou a soar. – Não acha que pode ser perigoso?

- Apenas venha rápido e sem parar em nenhum lugar.

- Tudo bem, estou indo, Fran.

- Até, Hen.

Desliguei e coloquei o telefone em seu devido lugar. Anthony me irritava de um modo como nunca antes havia me acontecido. Seu jeito de falar, o olhar de indiferença... Entretanto, às vezes meu quase ódio por ele se substitua por algo que, se trabalhado, poderia se transformar em algo parecido ao que sinto por Henrie.

Os dois homens não demoraram a chegar na minha casa. Imprudentes, era o que todos nós estávamos sendo. Porém até agora ninguém havia saído ferido. Como havíamos sido designados à reclusão, deveríamos permanecer em casa, local no qual provavelmente estaríamos mais seguros do que freqüentando a sociedade. Sair de nossa casa não era certamente uma quebra de regras, era apenas um ato perigoso que deveria ser evitado.

 Abracei Henrie e fui abraçada por Anthony.

- Você deveria para de fumar, vai te fazer morrer cedo – Disse o inccubus.

- Quer um? – Ofereci o maço.

- Não, obrigado.

Estávamos sentados no sofá da sala, por enquanto em silêncio. Todavia, Henrie pronunciou-se dizendo que não agüentava mais esse afastamento; queria voltar para a ativa e que estava sendo bom sair de casa pela primeira vez desde a reclusão. Estralei os lábios.

- Eu saí nos primeiros dias – Confessei.

- Desobedeceu? Não ficou afastada como deveria?

- Não foi uma desobediência, se tivesse sido com certeza alguém teria aparecido para me trazer de volta – Dei de ombros. – Apenas fui a um bar. Precisava refrescar minha mente, Henrie, eu necessito descobrir o que está acontecendo.

- Te entendo Francesca, apenas não podemos nos arriscar. Essa reclusão é para nossa proteção. Tudo vem sendo muito estranho desde Salismouthh.

- Salismouthh? – Anthony perguntou um pouco surpreso.

- O que tem lá? – Perguntei, o inccubus parecia ter reconhecido o nome da pequena cidade.

- Eu sou lá – Deu de ombros.

- Coincidência – Henrie analisou. Olhei em seus olhos por alguns segundos e então mordi o lábio antes de falar:

- Essas coincidências estão começando a ficar freqüentes demais.

- Como assim? – Meu parceiro me perguntou ajeitando-se no sofá.

- Lembra que disse que saí há uns dias? Encontrei com Abraham lá, aquele civil que de um jeito estranho conseguiu nos ajudar quando foi seqüestrado, Hen.

Após minhas palavras todos ficamos em silêncio. Analisando de fora ficava claro que não era apenas uma coincidência, portanto tentei explicar minha opinião sobre o homem de olhos heterocromáticos; até disse que possuía o telefone dele, mas não havia ligado ainda.

- Francesca, convenhamos, com tudo o que está acontecendo a probabilidade desse Abraham ser apenas um civil comum são mínimas.

- Por que não ligamos para ele? – Propôs Anthony. – Aí tentamos puxar a verdade dele.

- E se ele for apenas um civil? Teríamos que matá-lo depois – Contra-pus. Não queria ter que matar Abraham.

- Poderíamos aplicar algo com o mesmo princípio ativo do propofol nele.

Propofol é uma substância muito utilizada em procedimentos médicos curtos ou prolongados. Suas propriedades amnésicas fazem que ele seja utilizado para quase todo tipo de sedação. Após a aplicação, em apenas trinta segundos seu efeito começa. A pessoa continua consciente, mas seu cérebro é impedido de guardar imagens e informações, ou seja, quando o efeito do Propofol passar, a pessoa não vai se lembrar de nada do que lhe aconteceu nos últimos trinta e cinco minutos.

Usar uma substância com o mesmo princípio ativo do Propofol em Abraham poderia ser uma boa alternativa. Se ele fosse, de fato, apenas um civil, não precisaríamos matá-lo depois do interrogatório. Entretanto, se ele fosse um intruso – alguém que quer nos derrubar –, ele confessaria e depois não se lembraria de tê-lo feito, assim apenas precisaríamos levá-lo até a Coeur Faible. Internamente gostaria de que Abraham se encaixasse na primeira opção.

- Vamos fazer isso então – Concordei. 


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Notas finais do capítulo

(1) Curtiram? Deixem reviews!
*
(2) Gente, eu fiz um BLOG e um TRAILER para Coeur Faible, deem uma olhadinha: http://coeurfaible.blogspot.com.br/ Ficou bom? Não deixem de seguir :)



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