Coeur Faible escrita por NRamiro


Capítulo 10
Parte 8


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse cap.



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- Francesca... - Alguém me chamava baixo. - Vamos, Fran. Francesca! - A voz urgente, que eu descobri pertencer ao Henrie, acordou-me. Com a cabeça ainda latejando em pontos específicos, abri meus olhos e fui me levantado lentamente. Percebi estar deitada no chão, mas as cordas que antes me prendiam, agora estavam jogadas ao meu lado.

- Eles nos soltaram - Henrie concluiu o óbvio. Olhei para ele e vi a coloração vermelha em seu pescoço decorrente aos golpes que ali sofrera. Com certeza minha nuca não estaria muito diferente.

- Nós... Precisamos ir até o hotel - Comecei com a voz fraca, levantando-me do chão. - Precisamos informar sobre o que aconteceu.

- Sim, sim. Vamos.

Revistei os bolsos internos na jaqueta e descobri neles que minha OTS-38 ainda estava lá. Os últimos acontecimentos estavam impossíveis de aceitar e até mesmo de entender. Os seqüestradores de Janester e Spork haviam capturado meu parceiro e eu, mas ao invés de nos finalizar – como obviamente deveriam ter feito –, nos soltaram após uma conversa rápida e extremamente incomum.

Saímos da casa com cautela e com passos rápidos nos dirigimos até o hotel. Ao passarmos pelo bar onde fomos atacados, percebemos que estava fechado. Em poucos minutos chegamos ao hotel, a atendente nos olhou estranho, talvez pelo estado físico no qual Henrie e eu nos encontrávamos.

- Preciso fazer uma ligação - McMahon disse assim que chegamos em nosso quarto. Discou um número em seu telefone e logo estava contando com os maiores detalhes possíveis os acontecimentos daquela noite. - Nós estamos no hotel agora. Sim. Claro - E então desligou.

- Quais são as novas ordens? - Perguntei urgente.

- Vamos precisar ficar aqui por mais alguns dias.

- Teremos que tentar achá-los? Aqueles dois homens?

- Sim.

Suspirei. Já fazia idéia de onde começar a nossa busca. Pelo bar, é claro, mas grande parte do meu corpo ainda doía devido as pancadas sofridas. Sentei-me na cama enquanto Henrie se matinha parado no meio do quarto com os olhos vagos.

- Vou buscar café, você quer? - Perguntou brevemente. Apenas concordei com um aceno.

Saí da posição em que estava para me deitar. Meu corpo pareceu agradecer por enfim deixar descansá-lo. Fechei os olhos num suspiro; fazia tanto tempo que não me sentia assim, cansada, derrotada... Mas isso não ficaria assim, ainda colocaria as mãos naqueles dois homens.

Não sei ao certo o momento no qual adormeci, já que o sono me pegou em meu primeiro descuido.






O céu estava colorido em um crepúsculo claro quando acordei. O café que Henrie trouxera para mim estava no criado mudo, gelado e intacto. Ergui meu corpo e observei McMahon analisar sua Colt.

- Está preparada pra sair? - Perguntou.

- Nunca estive tão preparada.

Eu estava. Uma corrente elétrica cruzou o meu corpo e me fez levantar da cama rapidamente, as dores de antes sentia pareciam ter desaparecido por completo. A única dor que afligia meu corpo era a vingança. Vingança por mim, por Henrie e pelos protegidos. Só de pensar no corpo de Jenester chegando em Londres meu sangue fervia.

Enquanto meu parceiro descia para o hall, troquei o vestido branco que ainda usava por uma calça de couro que me dava flexibilidade e uma blusa clara. O cinto que abrigava minha OTS-38 era escondido por uma jaqueta. Nos pés, um tênis qualquer, mas que me permitia correr se fosse preciso.

Desci para o hall onde Henrie já me esperava. Saímos sem dar muita atenção para a balconista que nos dirigiu a palavra, na verdade nem prestei atenção no que ela dizia.

- Eu só preciso de café, Hen.

- Também acho que preciso de um.

Passamos pela mesma lanchonete do dia anterior e pedimos dois cafés, estes que não tardaram a chegar.

- Ouch! - Queimei meus lábios no primeiro gole. Ignorei a dor passageira e passei a bebericar o líquido escuro, dessa vez com mais cuidado.

Eram 6:42pm quando olhei o relógio em meu pulso. Muito cedo para se passar em um bar, no entanto, meus motivos eram totalmente diferentes dos usuais. Após pagar pelo café, Henrie e eu saímos da lanchonete e com passos firmes seguimos até o nosso destino.

Diferente de horas mais cedo, o bar estava fechado. Tentei forçar a porta, porém, sem resultado algum.

- Estranho estar fechado, não acham? - Um homem de cabelos escuros se aproximou. -Sempre esteve aberto. O tempo todo. Não sei o que deu na Lilly para fechá-lo, está perdendo dinheiro, isso sim - Não sabia quem ele era, mas poderia nos ser útil.

Virei para ele com um sorriso gentilmente forçado.

- Lilly é a proprietária do bar?

- Vocês não são daqui, certo? - Perguntou. Henrie e eu concordamos com um aceno. - Claro que não são... Esse bar é famoso aqui, sabem? Ela é a dona sim, mas às vezes fica no balcão para observar a clientela. Mulher bonita ela, a Lilly.

De fato aquele homem estava sendo útil na nossa procura. A barman que havia nos atacado se chamava Lilly e era a proprietária do bar, agora só precisávamos descobrir onde ela morava, o que não seria muito difícil já que, pelo o que parecia, aquele bar era famoso na região.

- Nós somos velhos amigos da Lilly - Henrie apressou em dizer. Sorri. Isso seria uma boa idéia.

- É - Concordei. - Viemos de Londres para visitá-la, esperávamos encontrá-la aqui.

- É uma pena que não tenham a encontrado - O homem sorriu se desculpando.

- Você não saberia dizer onde ela mora? Queríamos realmente vê-la - Enfatizei. - Já faz tanto tempo...

O homem pareceu pensar por um momento. Talvez estivesse se decidindo se deveria passar ou não o endereço de uma amiga para estranhos. Forcei ainda mais o sorriso pedinte.

- Saberia sim - Então acabou por optar por nos dizer. Grande erro. Sorri de modo generoso. Ele puxou um pequeno pedaço de papel que estava amassado em seu bolso e rabiscou lá o endereço da barwoman. - Aqui está.

- Muitíssimo obrigado, senhor - Henrie agradeceu enquanto puxava o papel para si.

- Até mais - E nos afastamos dele.

Depois de atingirmos uma distância razoável do homem, Henrie colocou o pedaço de papel diante dos olhos e leu o que estava escrito nele: “Penny Street. Número 79”

- Tivemos sorte.

- Ela sempre esteve ao nosso lado, de qualquer maneira - Sorri e peguei o papel observando o endereço rabiscado toscamente nele. Agora era uma questão de tempo até chegarmos ao nosso alvo e talvez com mais um golpe de sorte, conseguiríamos chegar nos dois homens que precisávamos executar.

Penny Street, número 79. Depois de alguns minutos dentro do táxi escutando o motorista comentar sobre um programa matinal – lamentável –, chegamos até a Penny Street. A rua estava calma, o número “79” era feito de madeira e pendia numa casa pequena com pintura clara, o jardim tinha flores mal cuidadas e um cachorro dormia em um dos cantos.

Depois de bater três vezes na porta uma mulher morena e de olhos levemente inchados abriu a porta.

- Quem são vocês? - Perguntou com a voz fraca.

- Amigos de Lilly - Respondi amigavelmente. - Ela está?

- Ela ainda não... deu notícias - Respondeu-me. A mulher parecia segurar o choro e sua voz falhou mais uma vez quando continuou: - Vocês sabem dela?

- O que aconteceu com Lilly? - Henrie perguntou temeroso. Precisávamos da garota para obtermos mais informações, um possível desaparecimento dela apenas complicaria o nosso dever. Meu parceiro parecia pensar o mesmo, já que suas mãos agora estavam inquietas. Isso era um sinal de ansiedade. Meus anos trabalhando ao lado de Henrie me fizeram reparar neste pequeno detalhe.

- Ela... foi embora - Respondeu num suspiro. - Apenas nos deixou um bilhete dizendo que ia para Londres... E pior... - Soluçou. - Que não voltaria para casa! - Agora a mulher não prendia mais o choro, suas lágrimas escorriam livremente pelo rosto. Um homem de idade mediana se aproximou e a consolou dizendo palavras de conforto.

- Nós... estamos indo - Henrie se apressou em dizer, não podíamos mais perder tempo ali. A mulher - que deduzi ser mãe de Lilly – apenas concordou com um aceno e fechou a porta.

Estávamos na estaca zero mais uma vez. Meu parceiro e eu saímos da casa em silêncio, só tínhamos um lugar para ir agora: A casa onde fomos levados após sermos atacados. Era óbvio que os dois homens não estavam mais lá, não seriam tolos a esse ponto, no entanto, talvez tivessem tido algum descuido e deixado alguma pista que nos ajudaria a chegar neles.

Henrie chamou um táxi e após entramos no automóvel pedi ao motorista que rondasse a cidade, afinal não sabíamos o endereço da casa. Era uma cidade relativamente pequena, então não tardamos a achar a casa de fachada azul clara.

A porta não estava trancada, então adentramos com os sentidos aguçados e armas em punho. Tudo estava exatamente igual à hoje mais cedo. As cordas espalhadas pelo chão e o completo silêncio.

O primeiro andar estava vazio e nenhuma pista que nos remetesse a eles, então subimos as escadas com cautela. O andar superior possuía quatro cômodos, um banheiro e três quartos. Vasculhamos um por um, estávamos no último aposento quando Henrie chamou pelo meu nome.

- Fancesca. Olhe isso - Abaixou a arma e se virou para mim. Seu braço estava estendido e um pequeno papel dobrado em mãos.

- O que é isso? - Perguntei antes de pegar o objeto.

- Apenas olhe.

Peguei o papel, que descobri ser uma foto, e o abri. Prendi a respiração enquanto franzia o cenho. Era uma foto minha e havia uma anotação por cima, Francesca O’Hanoly. Não entendia mais nada.

- Acho que sei para onde vamos agora - Henrie chamou-me. - De volta para Londres. Precisamos de Lilly, ela deve ter respostas.

Minha boca estava seca e eu ainda observava aquela foto. Não sabia que conclusão tirar de tudo isso, não fazia sentido. As últimas horas haviam sido as mais incomuns, nada tinha saído como planejado.



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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de deixar uma review!
xx