_Heather ? Poderia ficar ?

Ela fechou a porta, caminhou devagar e parou de frente a ele.

Ele não conseguiu encará – la.

Mudou de posição, cruzou os dedos na nuca e fixou seus olhos no teto.

Ela se sentou do lado dele, sem tocá – lo e cruzou as mãos no colo.

_Grissom ….

Ele continuou encarando o nada.

_Você não vai encontrá – la em mim …. e isso é traição !

Nesse momento ele se virou e a olhou por um segundo apenas.

_Traição ?

_Sim, se fizer isso vai trair a si mesmo, meu amigo …. e vai se arrepender ! Vai acabar e olhar para dentro de você e se sentir mais perdido do que já está. Eu nunca vou ser ela. Não vai conseguir arrancá – la do peito, ela está aí, faz parte de você !

A angústia dele aumentou, os fantasmas o rondavam feito guardiões de um castelo muito antigo, aquela imagem tão nítida o acompanhava e o prendia numa masmorra, e tudo por culpa dele mesmo.

_Você acha mais fácil aceitar o fim, “mesmo não aceitando”, que lutar por um novo começo. É o homem mais sensato que conheço e talvez o mais inteligente, mas não aprendeu a lidar consigo mesmo. Não tem habilidade nem inteligência emocional. O homem sábio está brigando com o homem fraco e apaixonado ! Aceite ! Você não precisa ser forte o tempo todo. Os homens da sua “espécie”, não conseguem aceitar suas fraquezas, elas existem ... e a sua é a Sara ! Vocês estão a todo momento querendo se esconder, algumas vezes conseguem, mas outras, entram em confronto, e são infelizes uma vida inteira. Se arrisque, Grissom ! Você sabe o que vai ter que fazer para se sentir melhor …. Olhe para você, é só mais um garoto assustado com o tamanho do amor que sente por ela.

Ela se acomodou ao lado dele, se ajeitou na cabeceira alta e aconchegou sua cabeça em seus braços.

_Se permita a ser fraco, vai te fazer bem. - "Ele precisava chorar"

Ela sentiu seu corpo grande estremecer. Ele estava chorando … em silêncio !

Então, ela apenas o embalou como a um bebê frágil e esperou os tremores cessarem ... aquele foi o desabafo dele que durou um longo momento. Depois sentiu sua respiração regular e saiu muito devagar, ele iria agradecer a ela por não ter tido coragem. Conhecia os homens, embora fossem diferentes, no fundo eram todos iguais !

O dia amanheceu, ele abriu os olhos devagar, uma cama estranha, um cheiro de um perfume muito doce, ele ficou enjoado.

Se levantou depressa. Precisava sair dali.

Desceu as escadas rapidamente a chamando. Ninguém respondeu.

Ele precisava ir embora dali, o quanto antes, mas sair assim sem falar com ela, era um despropósito, ela tinha sido tão amiga ...mas não a encontrou em lugar nenhum. Ela não estava. Talvez tivesse feito de caso pensado, sabia que ele estaria desorientado e, encontrá -la seria desconcertante.

Ele partiu.

Uma sombra surgiu na janela, escondida atrás das grossas cortinas, ele precisava acordar consigo mesmo, sem ninguém por perto. Ela tinha feito a coisa certa.

_Adeus Grissom … seja feliz … meu amigo !

O carro deslizava pela pista molhada, ainda chovia muito, sua cabeça estava pesada, seus olhos ardiam. As palavras dela martelavam no fundo de seu subconsciente.

Ela tinha razão. Se tivesse feito uma besteira ... aquela insensatez o levaria para as profundezas de um lugar frio, que congelaria sua alma, talvez para sempre. Sabia, agora que o arrependimento o trituraria em pedacinhos tão minúsculos, que seria impossível juntá - los depois.

Se tivesse sucumbido a angústia, nesse momento iria querer estar morto.