2 de Novembro de 1978

“Lily,

Estás novamente atrasada. Lembras-te da coruja do tamanho de um cão que eu disse que te iria mandar se isso acontecesse novamente? Bem, dou-te 5 minutos de avanço e depois mando-a. Sabes, acho que poderia tomar o lugar de despertador.

P.S. Desculpas-me?

Estou a contar o tempo,

J.”

“Querido J,

Ok, o teu plano resultou. Mas aquilo não era uma coruja, ERA UM CÃO ENORME!!! Eu quase morria de susto, sabes? Ainda estou a tremer… O que vale é que o Snuffles até era querido.

E como é que trouxeste um cão para Hogwarts?

P.S. Nunca mais me acordes assim, senão estás feito!

P.P.S. Estás desculpado. Mas para a próxima não me deixes com esperanças… Diz logo a verdade mesmo que doa.

Lily.”

“Querida Lily,

A ideia era essa. Tu acordares. E parece que resultou portanto acho que é óptimo começar a fazer isto todos os dias.

Estou cheio de medo de ti, Lily. O que é que me vai acontecer se te acordar assim novamente, diz lá?

Quem é o Snuffles? Deste um nome ao cão?

Como é que o trouxe? É segredo… Um dia conto-te.

Nem sabes o quão aliviado estou por teres escrito isso… Tenho saudades tuas, anjo.

Com amor,

J.”

“Querido J,

Sim, Snuffles é o nome do cão. Achei que lhe ficava bem!

Não te vou dizer o que te irei fazer mas podes ter a certeza que vai ser uma coisa muito marcante, nunca mais te irás esquecer.

Acabo agora de perceber que as aulas de História da Magia são a coisa mais horrível do mundo. Já estou farta das guerras dos duendes e dos goblins, das revoltas dos gigantes e das reuniões da comunidade de criaturas mágicas de há vinte séculos atrás.

A única coisa boa é que acabo por pôr a conversa em dia.

E sabes o que é que aconteceu hoje? O James Potter convidou-me para sair com ele. Novamente.

A Lene está a tentar roubar-me o pergaminho e o professor Binns já está a olhar para nós fixamente, é melhor parar de escrever.

Beijinhos,

Lily.”

“Querida Lily,

Como é que me vais fazer alguma coisa se nem sabes quem sou? Só se me mandares um gritador, tirando isso não vejo mais nada que possas fazer…

Não acredito que só agora é que te apercebeste disso. Desde a primeira aula com o professor Binns que acabo por fazer tudo na aula menos o que é suposto, ou seja, prestar atenção. Por exemplo, hoje acho que acabei por adormecer…

O James convidou-te para sair? E tu? Recusaste como sempre ou houve um milagre que te fez aceitar desta vez?

P.S. Fica atenta ao Sirius Black e à Lene McKinnon, começo a desconfiar que se passa alguma coisa entre aqueles os dois.

Com amor,

J.”

“Querido J,

Humm, esqueci-me desse pormenor. Mas estás feito na mesma, não te escapas.

Como é que consegues adormecer nas aulas, mesmo que seja na do Binns? A mesa e a cadeira são tão duras que tiram logo o sono todo.

Eu gritei outra vez com ele, a dizer que não. Mas acho que ele ficou mesmo triste, sabes? Fez uma carinha que metia dó. Tive quase a dizer-lhe que sim mas eu não quero ser usada só para ser mais uma na lista dele. Por isso não posso sair com ele.

O QUÊ? A Lene e o Sirius? Isso é humanamente impossível!

Lily.”

“Querida Lily,

Duvido mesmo disso.

Qualquer sítio é bom para dormir, Lily, até uma mesa da sala de aula. Especialmente se transfigurar um pergaminho numa almofada, assim ainda é mais confortável!

Percebo o que queres dizer, tenta mostrar-lhe que não queres sair com ele mas que podem ser amigos, talvez já seja um bom passo.

Não, juro que os vi. Não estou assim tão cegueta!

Com amor,

J.”

“Querido J,

Ah, já estou a perceber. Então quer dizer que tu passas as aulas na última fila da sala, não? Senão eras completamente apanhado pelo Binns, quer dizer, ele está morto mas não é cego.

Segui o teu conselho e acabei de falar com ele. Disse que tinha reparado que ele já não era tão imaturo e que tinha mudado. Disse-lhe também que podíamos ser amigos, mas fi-lo jurar que só o poderíamos ser se ele me parasse de convidar para sair e ele aceitou! Estou mesmo feliz!

Vou tentar extorquir informações à Lene assim que ele voltar para o dormitório, vamos ver se eu não adormeço entretanto!

Lily.”

“Querida Lily,

Desculpa, por hoje já não te posso escrever mais. Há um amigo meu que está com uns problemas e tenho de ir ajudá-lo. Se não estiver muito disponível esta semana, não te preocupes que não me esqueci de ti, não é nada de mais mas acho que vou estar um bocado ausente.

Bons sonhos, anjo.

Com amor,

J.”

“Querido J,

Deseja-lhe as melhoras por mim.

Tudo bem, não há problema.

Dorme bem, J.

Lily.”