11 de Dezembro de 1978

“Querida Lily,

Bom dia! Dormiste bem?

Isso não é bem assim… Apesar da maior parte das vezes eu provavelmente ficar muito mais contente por conversar contigo do que ficar a observar as estrelas, de certeza que existem vezes em que em preferia ficar a ver as estrelas.

Não quero agoirar, mas tu já tens dezassete anos, não vais crescer assim tanto, mais um centrímetozinhos… Isso é que não, Lily, não vais nada crescer para os lados, que ideia ridícula!

Está para breve o dia em que finalmente irás descobrir a minha identidade. O Dumbledore decidiu organizar um baile de máscaras dia 20 de Novembro. No baile vou mostrar-te quem sou, acabam-se logo os mistérios todos. O que achas? E aí vamos saber se realmente me vais aceitar ou não!

Porque é que dizes isso, Lily? Até parece que desenho assim tão mal… Um bocadinho, talvez. Ensinas-me? Fixe! Vais precisar de muita paciência…

Com amor,

J.”

“Querido J,

Sim, dormi muito bem! E tu?

Em que dias é que não irias ficar contente por falares comigo?

Então, desde um metro e sessenta e sete e meio até um metro e setenta são 2,5 centímetros, não é muito portanto ainda devo conseguir… Sim, para os lados não me parece muito boa ideia…

Como é que tu soubeste ontem à noite que o Dumbledore ia organizar um baile dia 20 se ele só disse isso hoje de manhã ao pequeno-almoço?

Ok, passada a fase de perplexidade perante os teus conhecimentos…

Vais mostrar-me quem és? FINALMENTE! Estou tão tão tão tão tão tão tão tão tão tão curiosa! Eu acho isso muito bem, vamos finalmente conhecermo-nos! Uau!

Eu sei que vou precisar de muita paciência mas vai ser muito divertido!

Beijinhos,

Lily.”

“Querida Lily,

Sempre que falo contigo à noite durmo bem, portanto ontem também dormi optimamente bem.

Não sei, talvez num dia em que quisesse ficar afastado de toda a gente  pôr pensamentos em ordem ou talvez quando estivesse zangado contigo por um motivo qualquer.

Não tenho bem a certeza de que isso aconteça mas seja como for, tu não és baixa. A tua altura é bastante razoável, até!

Eu soube disso ontem à noite devido aos meus contactos que ouviram o professor Dumbledore a informar os restantes professores da escola.

Sim, eu disse que seria em breve e chegou a ocasião perfeita portanto é melhor aproveitar. Eu também estou curioso, quero ver como vais reagir… Lily, nós já nos conhecemos. Sem ser por carta, quero dizer. Já falei contigo directamente.

Vai ser divertido para ti, para mim nem sei… Talvez corra tudo bem, só pela tua presença já vale a pena enfrentar o pergaminho, a pena e a minha falta de jeito mas aviso já que duvido que me consigas ensinar alguma coisa…

Com carinho,

J.”

“Querido J,

Tenho uma super-notícia para te contar: O Amos Diggory – sim, o Amos – convidou-me para ir com ele ao baile que o Dumbledore organizou! Ainda não disse nada, porque já tinha combinado coisas contigo e quero mesmo conhecer-te lá portanto não posso estar com o Amos nessa altura. Acho que lhe vou dizer que no baile não posso mas que podemos sair um dia destes depois das aulas. Estou tão entusiasmada! É o Amos! Uau, ele é super giro e toda a gente diz que também é muito simpático!

Humm, e porque é que te zangarias comigo?

Então porque é que o James e o Sirius me chamam baixinha?

Contactos? Que contactos?

Claro, temos de aproveitar para fazer desta ocasião o momento perfeito. Eu sei que nós já nos conhecemos mas vamos ter de nos apresentar novamente, afinal eu continuo sem saber quem és? O que eu acabei de escrever fez sentido? É que acho que a frase ficou um bocado esquisita…

Vais sair de Hogwarts um pró a desenhar, tudo devido às coisas que te vou ensinar, vais ver!

Beijinhos,

Lily.”

“Querida Lily,

Deveria ficar entusiasmado com o teu possível encontro com o Diggory?

Não há problema se quiseres ir com ele à festa, por mim tudo bem. Falamos noutra altura, quando estiveres mais disponível e assim não tens de abrir mão de uma coisa que queres tanto.

Lily, não consigo imaginar um motivo que me fizesse ficar zangado contigo, pelo menos não agora.

O James e o Sirius chamam-te baixinha para te provocar, obviamente. Nunca reparaste como eles se divertem imenso com isso?

Não posso contar quem são os contactos, àquela hora ninguém devia andar fora da cama e ainda apanham uma detenção.

Acho que não percebi a frase mas faz de conta que sim!

Eu estou ‘pra ver… Só se fizeres milagres!

Com amor,

J.”

“Querido J,

Não sei, devias? És meu amigo e eu estou contente por ele me ter convidado, portanto se calhar devias. Mas não há problema se não estiveres… Não gostas dele?

Ah, eu tenho de pensar. Mas se eu eventualmente concordasse com isso, quando é que me mostravas quem és?

A sério? Não consegues imaginar uma razão que te fizesse ficar assim? Uau! Isso é bom, penso eu.

Não, acho que estava demasiado ocupada a ficar zangada e a refilar com eles do que a prestar atenção para ver se eles estavam a rir. Idiotas.

Não confias em mim, J?

Acho que nem eu percebi o que queria dizer com o que escrevi, eu devo estar a ficar maluquinha, é melhor começares a ter cuidado comigo!

Eu faço milagres… verás!

P.S. Senhor Psicólogo, aqui vai o problema para a consulta nº2: Acabei de discutir com o James e agora fechei-me no dormitório para responder à tua carta. Eu estava na sala comum a falar com a Mary e a Lene sobre o baile e elas perguntaram-me com quem é que eu ia. Eu respondi que o Amos me tinha convidado mas que ainda não tinha decidido e entretanto o James apareceu a meio da conversa e disse que não gostava do Amos, que ele era um idiota e que usava as pessoas e eu respondi-lhe à letra, disse-lhe que ele não conhecia o Amos e ele respondeu-me que eu também não conhecia. Eu disse-lhe para ele parar com a cena de ciúmes e vim cá para cima. Já não tínhamos uma discussão assim há muito tempo. Não sei porquê mas os meus olhos estão molhados e eu estou com imensa vontade de chorar, apetece-me ir lá abaixo falar com ele e resolver as coisas todas.

Beijinhos,

Lily.”

“Querida Lily,

Acho que não estou propriamente feliz, mas não sei… Não, eu nunca gostei muito dele, parece-me um bocado fingido. Já ouvi boatos (ou rumores ou o que queiras chamar) sobre ele que não eram propriamente simpáticos. Talvez seja mentira e fosse só exagero, não sei.

Não sei, depois veríamos isso… Mas vais mesmo fazer isso ou não?

Claro que confio em ti, Lily. Se eu pudesse dizia-te mas o segredo não é meu. Se eles me deixassem contar, eu contava, mas assim não posso… não vou trair os meus amigos.

Apetece-te fazer as pazes porque ele se tornou teu amigo, tornou-se uma pessoa muito importante para ti nos últimos tempos. Quem é que achas que estava errado, ele ou tu? Acho que ambos têm parte da culpa. Ele queria proteger-te, queria que não te magoasses com o Diggory e tu querias que ele não se metesse na tua vida, mas tens de aprender uma coisa, Lily. Os amigos estão cá para nos ajudar, e talvez ele tivesse razão no que estava a dizer.

E eu acho que tu começas a gostar dele, Lily.

Com amor,

J.”

“Querido J,

Que tipo de coisas é que ouviste? Estás-me a deixar preocupada…

Ainda não sei, posso dizer-te amanhã? Por favor.

Ok, eu compreendo. Também não trairia os meus amigos por nada deste mundo, eles significam tudo para mim. Além disso, não é preciso fazeres isso só por uma coisinha que eu queria saber…

Tu só dizes isso porque também não gostas do Amos, não é? J, podias ser imparcial, por favor, de forma a que me pudesses dizer o que fazer? Estou completamente à toa…

Não estou nada a gostar dele. Sinto-me estranha em relação a ele mas não pode ser isso, não pode. Acho que vou sair com o Amos.

Falamos amanhã, boa noite e dorme bem.

Beijinhos,

Lily.”